Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDA, TDAH)

PorStephen Brian Sulkes, MD, Golisano Children’s Hospital at Strong, University of Rochester School of Medicine and Dentistry
Revisado/Corrigido: fev 2022
Visão Educação para o paciente

Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma síndrome de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Há 3 tipos de TDAH, os que são predominantemente desatentos, hiperativo/impulsivos e combinados. Os critérios clínicos dão o diagnóstico. O tratamento inclui medicação com estimulantes, terapia comportamental e intervenções educacionais.

Distúrbio de deficit de atenção/hiperatividade é considerado um distúrbio de neurodesenvolvimento. Distúrbios de neurodesenvolvimento são condições neurológicas que aparecem precocemente na infância, geralmente antes da idade escolar, e prejudicam o desenvolvimento do funcionamento pessoal, social, acadêmico e/ou profissional. Normalmente envolvem dificuldades na aquisição, retenção ou aplicação de habilidades ou conjuntos de informações específicas. Transtornos no desenvolvimento neurológico podem envolver disfunções em um ou mais dos seguintes: atenção, memória, percepção, linguagem, resolução de problemas ou interação social. Outros distúrbios de neurodesenvolvimento comuns incluem distúrbios do espectro do autismo, distúrbios de aprendizagem (p. ex., dislexia) e deficiência intelectual.

Alguns especialistas anteriormente consideravam o transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) um transtorno comportamental, provavelmente porque as crianças costumam apresentar comportamento negligente, impulsivo e excessivamente ativo, e porque transtornos comportamentais comórbidos, particularmente o transtorno opositivo-desafiador e o transtorno de conduta, são comuns. Entretanto, o transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) tem bases neurológicas bem estabelecidas e não é simplesmente "mau comportamento"

TDAH afeta cerca de 5 a 15% das crianças (1). Entretanto, muitos especialistas acreditam que o TDAH é superdiagnosticado, em grande parte porque os critérios são aplicados de forma imprecisa. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5), há 3 tipos:

  • Desatenção predominante

  • Hiperatividade/impulsividade predominante

  • Combinado

No geral, o transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é cerca de duas vezes mais comum em meninos, embora os índices variam de acordo com o tipo. O tipo predominantemente hiperativo/impulsivo ocorre 2 a 9 vezes mais entre os meninos, embora o tipo predominantemente desatento ocorra com igual frequência em ambos os sexos. O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) não tem uma única causa específica conhecida.

O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) não tem uma causa única específica. Potenciais causas do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) incluem fatores genéticos, bioquímicos, sensório-motores, fisiológicos e comportamentais. Alguns fatores de risco incluem baixo peso < 1.500 g no nascimento, traumatismo craniano, deficiência de ferro, apneia obstrutiva do sono, exposição ao chumbo e também exposição fetal a álcool, tabaco e cocaína. O TDAH também está associado a experiências adversas na infância (ECA; 2). Pouco mais de 5% das crianças portadoras da transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) apresentam evidências de lesão neurológica. Evidências apontam para diferenças nos sistemas dopaminérgicos e noradrenérgicos com diminuição ou estimulação da atividade do tronco cerebral superior e tratos médio-frontais cerebrais.

Referências gerais

  1. 1. Boznovik K, McLamb F, O'Connell K, et al: U.S. national, regional, and state‑specific socioeconomic factors correlate with child and adolescent ADHD diagnoses. Sci Rep 11:22008, 2021. doi: 10.1038/s41598-021-01233-2

  2. 2. Brown N, Brown S, Briggs R, et al: Associations between adverse childhood experiences and ADHD diagnosis and severity. Acad Pediatr 17(4):349–355, 2017. doi: 10.1016/j.acap.2016.08.013

Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos

Embora o TDAH seja considerado um transtorno de crianças e sempre comece durante a infância, as diferenças neurofisiológicas subjacentes persistem durante a vida adulta e os sintomas comportamentais continuam evidentes na idade adulta em cerca de metade dos casos. Embora o diagnóstico às vezes só possa ser reconhecido na adolescência ou na idade adulta, algumas manifestações deveriam ter ocorrido antes dos 12 anos de idade.

Em adultos, os sintomas incluem

A hiperatividade em adultos geralmente se manifesta como agitação e inquietação, no lugar da clara hiperatividade motora que ocorre em crianças pequenas. Adultos com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) tendem a ter maior risco de desemprego, menor realização educacional e maiores taxas de uso abusivo de substâncias e criminalidade. Acidentes e violações de trânsito são mais comuns.

O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) pode ser mais difícil de diagnosticar durante a vida adulta. Os sintomas podem ser semelhantes aos de transtornos do humor, transtornos de ansiedade, e transtornos por uso abusivo de substâncias. Como autorrelatos dos sintomas na infância podem não ser confiáveis, os médicos talvez precisem rever os registros escolares ou entrevistar os familiares para confirmar a existência de manifestações antes dos 12 anos.

Adultos com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) podem se beneficiar dos mesmos tipos de fármacos estimulantes utilizados pelas crianças com TDAH. Eles também podem se beneficiar do aconselhamento para melhorar o manejo do tempo e outras habilidades de enfrentamento.

Sinais e sintomas de TDAH

O início ocorre geralmente antes dos 4 anos e invariavelmente antes dos 12. O pico para o diagnóstico fica entre 8 e 10 anos, entretanto os que apresentam deficit de atenção predominante só são diagnosticados após a adolescência.

Os sinais e sintomas centrais da transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) envolvem

  • Desatenção

  • Impulsividade

  • Hiperatividade

A desatenção tende a aparecer quando a criança está envolvida em tarefas que necessitam vigilância, reação rápida, investigação visual e perceptiva e atenção sistemática e constante.

Impulsividade refere-se a ações precipitadas com o potencial de um desfecho negativo (p. ex., em crianças, atravessar a rua sem olhar; em adolescentes e adultos, abandonar de repente a escola ou o trabalho sem pensar nas consequências).

A hiperatividade envolve atividade motora excessiva. Crianças, especialmente as mais pequenas, podem ter problemas para permanecer sentadas calmamente quando for esperado que o façam (p. ex., na escola ou igreja). Pacientes idosos podem ser simplesmente agitados, inquietos ou falantes—às vezes ao ponto de fazer com que as outras pessoas se sintam cansadas só de observá-los.

A desatenção e a impulsividade impedem o desenvolvimento de habilidades acadêmicas e estratégias de pensamento e raciocínio, motivação escolar e exigências sociais. Crianças com deficit de atenção predominante tendem a desistir diante de situações que exigem desempenho contínuo para complementação de tarefas.

Em geral, cerca de 20 a 60% das crianças com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) têm deficits de aprendizagem, mas alguma disfunção escolar ocorre na maioria das crianças com TDAH decorrente de falta de atenção (o que resulta em perda de detalhes) e impulsividade (o que resulta em respostas sem pensar na pergunta).

A história do comportamento pode revelar baixa tolerância para frustrações, discordâncias, temperamento teimoso, agressividade, habilidades sociais deficientes e relacionamentos com seus pares, distúrbios do sono, ansiedade, disforia, depressão, temperamento indeciso.

Embora não haja exame físico ou laboratorial específico associado ao transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH), os sinais e sintomas podem incluir

  • Incoordenação motora, postura desajeitada

  • Disfunções neurológicas leves não localizadas

  • Disfunções de percepção motora

Diagnóstico de TDAH

  • Critérios clínicos com base no DSM-5

O diagnóstico do TDAH é clínico e se baseia em avaliações médicas, desenvolvimentais, educacionais e psicológicas abrangentes (ver também a diretriz prática da American Academy of Pediatrics [2019 clinical practice guideline] para o diagnóstico, avaliação e tratamento do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade em crianças e adolescentes).

Critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH)

Os critérios diagnósticos do DSM-5 incluem 9 sinais e sintomas de desatenção e 9 de hiperatividade e impulsividade. O diagnóstico que utiliza esses critérios requer ≥ 6 sinais e sintomas de um ou ambos os grupos. Além disso, é necessário que os sintomas

  • Estejam presentes muitas vezes por ≥ 6 meses

  • Sejam mais pronunciados do que o esperado para o nível de desenvolvimento da criança

  • Ocorram em pelo menos 2 situações (p. ex., casa e escola)

  • Estejam presentes antes dos 12 anos de idade (pelo menos alguns sintomas)

  • Interfiram em sua capacidade funcional em casa, na escola ou no trabalho

Sintomas de desatenção:

  • Não presta atenção a detalhes ou comete erros descuidados em trabalhos escolares ou outras atividades

  • Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas na escola ou durante jogos

  • Não parece prestar atenção quando abordado diretamente

  • Não acompanha instruções e não completa tarefas

  • Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades

  • Evita, não gosta ou é relutante no envolvimento em tarefas que requerem manutenção do esforço mental durante longo período de tempo

  • Frequentemente perde objetos necessários para tarefas ou atividades escolares

  • Distrai-se facilmente

  • É esquecido nas atividades diárias

Sintomas de hiperatividade e impulsividade:

  • Movimenta ou torce mãos e pés com frequência

  • Frequentemente movimenta-se pela sala de aula ou outros locais

  • Corre e faz escaladas com frequência excessiva quando esse tipo de atividade é inapropriado

  • Tem dificuldades de brincar tranquilamente

  • Frequentemente movimenta-se e age como se estivesse "ligada na tomada"

  • Costuma falar demais

  • Frequentemente responde às perguntas de modo abrupto, antes mesmo que elas sejam completadas

  • Frequentemente tem dificuldade de aguardar sua vez

  • Frequentemente interrompe os outros ou se intromete

O diagnóstico do tipo desatenção predominante exige ≥ de 6 sinais e sintomas de desatenção. O diagnóstico do tipo hiperativo/impulsivo exige ≥ 6 sinais e sintomas de hiperatividade e impulsividade. O diagnóstico do tipo combinado requer ≥ 6 sinais e sintomas de cada critério de desatenção e hiperatividade/impulsividade.

Outras considerações diagnósticas

A diferenciação entre transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e outras condições podem ser desafiadora. O sobrediagnóstico deve ser evitado, e outras condições devem ser identificadas com precisão. Muitos sinais de transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) expressos no período da pré-escola podem refletir um problema de comunicação que também ocorre em outras disfunções do neurodesenvolvimento (p. ex., doenças do espectro autista) ou em certos distúrbios de aprendizado, ansiedade, depressão ou distúrbios de comportamento (p. ex., distúrbios de conduta).

O médico precisa observar se a criança está distraída por fatores externos (isto é, ocorrências no ambiente) ou por fatores internos (isto é, pensamentos, ansiedades, preocupações). Entretanto, no período da infância tardia, os sinais do TDAH tornam-se mais qualitativamente distintos; crianças com o tipo hiperativo/impulsivo ou o tipo combinado frequentemente exibem continuamente movimentos motores persistentes dos membros inferiores (p. ex., movimentos desorientados e contorção das mãos), falar compulsivamente e aparente falta de atenção com o ambiente. Crianças com o tipo predominantemente desatento podem não ter sinais físicos.

A avaliação médica tem por foco a identificação de condições que possam contribuir potencialmente e sejam tratáveis, ou identificar sinais e sintomas que possam piorar. A avaliação deve incluir pesquisar a história de exposição pré-natal (p. ex., fármacos, álcool, tabaco), complicações ou infecções perinatais, infecções do sistema nervoso central, traumatismo cranioencefálico, doença cardíaca, respiração durante o sono, falta de apetite e/ou alimentação seletiva e história familiar de TDAH.

A avaliação do desenvolvimento focaliza a determinação do início e da evolução dos sinais e sintomas. A avaliação inclui a verificação dos marcos de desenvolvimento, particularmente marcos da linguagem e o uso de escalas de avaliação específicas do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) (p. ex., Vanderbilt Assessment Scale, Conners Comprehensive Behavior Rating Scale, ADHD Rating Scale IV). Versões dessas escalas estão disponíveis tanto para famílias quanto para funcionários de escolas, possibilitando a avaliação ao longo de diferentes situações, como exigido pelos critérios do DSM-5. Observar que as escalas não devem ser utilizadas isoladamente para fazer um diagnóstico.

A avaliação educacional documenta sinais e sintomas centrais que possam envolver a revisão de registros educacionais e o uso de escalas de avaliação. Entretanto, estas escalas, isoladamente, não conseguem distinguir transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) de outros distúrbios do desenvolvimento ou de comportamento.

Prognóstico de TDAH

As tradicionais salas de aula e atividades acadêmicas exacerbam os sinais e sintomas da criança com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) não tratada ou inadequadamente tratada. A imaturidade social e emocional pode ser persistente. A má aceitação pelos pares e a solidão tendem a aumentar com a idade e com a exposição dos sintomas. O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) pode levar a uso abusivo de substâncias se aquele não for identificado e tratado adequadamente porque muitos adolescentes e adultos com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) se automedicam tanto com substâncias legais (p. ex., cafeína) quanto ilegais (p. ex., cocaína, anfetaminas).

Embora os sinais e sintomas da hiperatividade tendam a diminuir com a idade, adolescentes e adultos podem exteriorizar dificuldades residuais. Indicadores de maus resultados no adolescente e adultício incluem

  • Coexistência de pouca inteligência

  • Agressividade

  • Problemas sociais e de relacionamento

  • Problemas psicopatológicos dos pais

Os problemas entre os adolescentes e adultos se manifestam predominantemente como deficiências acadêmicas, baixa autoestima e dificuldades para assimilar um comportamento social adequado. Adolescentes e adultos que apresentam transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) predominantemente impulsivo podem ter incidência aumentada de distúrbios de personalidade e comportamento antissocial, podem continuar a exteriorizar impulsividade, agitação e deficientes habilidades sociais. Pessoas portadoras de transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) parecem ajustar-se melhor no trabalho do que em situações acadêmicas e caseiras, particularmente se encontrarem trabalho que não exige atenção para realizar.

Tratamento de TDAH

  • Terapia comportamental

  • Terapia medicamentosa com estimulantes como metilfenidato ou dextroanfetamina (em preparações de curta e longa ação)

Estudos randomizados e controlados mostram que somente a terapia comportamental é menos eficiente do que a terapia somente com fármacos para crianças em idade escolar, mas a terapia comportamental e de combinação é recomendada para crianças menores. Embora a correção das diferenças neurofisiológicas de base, em pacientes com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH), não ocorra com fármacos, estes são eficientes no alívio dos sintomas do TDAH e permitem a participação em atividades anteriormente inacessíveis por causa da atenção deficiente e impulsividade. Os fármacos interrompem o ciclo do comportamento inapropriado, melhorando a conduta e intervenções acadêmicas, motivação e autoestima.

O tratamento do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos segue princípios semelhantes, mas a seleção e dosagem farmacológicas são determinadas individualmente, dependendo de outras doenças médicas.

Drogas estimulantes

Os mais largamente utilizados são os sais de metilfenidato e anfetamina. As respostas são muito variáveis e as doses dependem da gravidade do comportamento e da tolerância ao fármaco. Ajusta-se a quantidade e frequência da dose até alcançar um equilíbrio ótimo entre a resposta e os efeitos adversos.

A dose inicial de metilfenidato é 0,3 mg/kg uma vez ao dia por via oral (forma de liberação rápida), que é aumentada toda semana para cerca de 2 a 3 vezes ao dia ou a cada 4 horas durante as horas de vigília; muitos médicos tentam administrar a dose pela manhã e ao meio-dia. A dose pode ser aumentada se ela foi inadequada, mas é bem tolerada. A maioria das crianças atingem um equilíbrio ótimo entre os efeitos benéficos e adversos nas doses entre 0,3 e 0,6 mg/kg. O isômero dextro do metilfenidato é a porção ativa e está disponível para prescrição na metade da dose.

A dose usual de dextroanfetamina (frequentemente em combinação com anfetamina racêmica) é 0,15 a 0,2 mg/kg, uma vez ao dia por via oral, que pode ser aumentada para 2 ou 3 vezes ao dia ou a cada 4 horas durante as horas de vigília. Doses individuais na faixa de 0,15 a 0,4 mg/kg são geralmente eficazes. Deve-se balancear a eficácia vs. efeitos adversos ao titular a dose; as doses reais variam significativamente entre os indivíduos, mas, geralmente, doses mais altas aumentam a probabilidade de efeitos adversos inaceitáveis. Em geral, as doses de dextroanfetamina são cerca de dois terços das doses de metilfenidato.

Uma vez alcançada a dose ideal, uma dose equivalente do mesmo fármaco é substituído por uma forma de longa ação para evitar a necessidade de administrar o fármaco na escola. As preparações de longa ação incluem comprimidos de liberação lenta, cápsulas bifásicas contendo o equivalente de 2 doses e pílulas de liberação osmótica, adesivos transdérmicos que permitem uma cobertura de até 12 horas. Preparações líquidas de ação curta e prolongada estão agora disponíveis. Preparações dextro puras (p. ex., dextrometilfenidato) são muitas vezes utilizadas para minimizar efeitos adversos como ansiedade; as doses normalmente são metade daquelas das preparações mistas. Preparações pró-fármacos também são às vezes utilizadas devido à sua liberação mais harmoniosa, maior duração de ação, menor quantidade de efeitos adversos e menor potencial de uso abusivo. O aprendizado melhora com doses baixas, mas o comportamento requer doses mais altas.

Os esquemas das doses dos fármacos estimulantes podem ser ajustados para cobrir dias e horários especiais (p. ex., horário de escola e das tarefas escolares). Drogas ilícitas podem se experimentadas nos fins de semana, feriados ou durante férias escolares de verão. Por outro lado, para garantir a confiabilidade das observações são recomendados períodos de administração de placebo (5 a 10 dias), para determinar se a medicação é ainda necessária.

Os efeitos colaterais mais comuns são

  • Distúrbios do sono (p. ex., insônia)

  • Cefaleia

  • Dor de estômago

  • Perda de apetite

  • Taquicardia e elevação da pressão arterial e frequência cardíaca

A depressão é um efeito adverso menos comum e muitas vezes pode representar uma incapacidade de mudar facilmente o foco (hiperfoco). Pode se manifestar como um comportamento entorpecido (às vezes descrito pelos familiares como "semelhante ao de um zumbi") em vez de uma verdadeira depressão infantil clínica em si. Na verdade, às vezes utilizam-se fármacos estimulantes como tratamento adjuvante para a depressão. Um comportamento entorpecido pode, às vezes, ser abordado diminuindo a dose do fármaco estimulante ou tentando um fármaco diferente.

Estudos mostraram que o crescimento em altura diminui ao longo de 2 anos do uso de fármacos estimulantes e a desaceleração aparentemente persiste até a idade adulta com o uso crônico de fármacos estimulantes.

Fármacos não estimulantes

Atomoxetina, um inibidor seletivo da recaptação da noradrenalina, também é utilizado. O fármaco é eficaz, mas os dados são ambíguos quanto à sua eficácia em comparação o fármacos estimulantes. Algumas crianças apresentam náuseas, sedação, irritabilidade, crises de birra; raramente toxicidade hepática e ideação suicida. A dose inicial é de 0,5 mg/kg por via oral, uma vez ao dia, titulada semanalmente para 1,2 a 1,4 mg/kg, uma vez ao dia. Sua longa meia-vida permite o uso de uma dose única diária, mas requer uso continuado para ser eficaz. A máxima dose diária recomendada é de 100 mg.

Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da noradrenalina como a bupropiona e a venlafaxina, agonistas alfa-2 como a clonidina e guanfacina e outros fármacos psicoativos são às vezes utilizados nos casos de ineficácia dos estimulantes ou efeitos colaterais inaceitáveis, porém são menos eficientes e não são recomendados como fármacos de primeira linha. Algumas vezes esses fármacos são utilizados em combinação a estimulantes para alcançar efeitos sinérgicos; é essencial monitorar atentamente se há efeitos adversos.

Interações medicamentosas adversas são uma preocupação no tratamento do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Fármacos que inibem a enzima metabólica CYP2D6, incluindo certos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) que às vezes são utilizados em pacientes com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH), podem potencializar o efeito dos fármacos estimulantes. Revisar as potenciais interações medicamentosas (em geral, utilizando um programa de computador) é uma parte importante do tratamento farmacológico de pacientes com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH).

Controle do comportamento

Aconselhamento, incluindo terapia cognitiva- comportamental (p. ex., definição de objetivos, automonitoramento, modelagem, interpretação de papéis), é geralmente eficiente e ajuda a criança a entender o transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e como enfrentá-lo. Organização e rotina são essenciais.

O comportamento na sala de aula melhora com o controle do barulho no ambiente e estimulação visual, duração apropriada de tarefas, novidades, treinamento e proximidade com o professor.

Quando em casa as dificuldades persistem, os pais devem ser encorajados a pedir assistência profissional e treinamento em técnicas de controle comportamental. Além disso, incentivos e recompensas simbólicas reforçam as condutas e são geralmente eficientes. No ambiente de casa, as crianças portadoras de transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) com predomínio da hiperatividade e mau controle dos impulsos são ajudadas quando o ambiente é organizado, as técnicas dos pais são firmes e os limites são bem definidos.

Restrições dietéticas, tratamento multivitaminado, uso de antioxidantes, ou outros compostos, intervenções nutricionais e bioquímicas (p. ex., administração de produtos químicos) não têm o menor efeito. A biorretroação pode ser útil em alguns casos, mas não é recomendada rotineiramente porque faltam evidências de benefícios sustentáveis.

Pontos-chave

  • O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) envolve desatenção, hiperatividade/impulsividade, ou uma combinação; ele normalmente aparece antes dos 12 anos, inclusive na idade pré-escolar.

  • A causa é desconhecida, mas há vários fatores de risco suspeitos.

  • Diagnosticar utilizando critérios clínicos e manter-se em alerta para outras doenças que podem inicialmente se manifestar de forma semelhante (p. ex., doenças do espectro do autismo, certos distúrbios de aprendizagem ou comportamento, ansiedade, depressão).

  • As manifestações tendem a diminuir com a idade, mas adolescentes e adultos podem ter dificuldades residuais.

  • Tratar com fármacos estimulantes e terapia cognitivo-comportamental; somente terapia comportamental pode ser apropriada para crianças em idade pré-escolar.

Informações adicionais

Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. American Academy of Pediatrics: Clinical Practice Guideline for the Diagnosis, Evaluation, and Treatment of Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder in Children and Adolescents (2019)

  2. National Institute for Children's Health Quality: Vanderbilt Assessment Scale (used for diagnosing ADHD)

  3. Attention Deficit Disorder Association (ADDA): An organization providing resources for adults with ADHD

  4. Children and Adults with Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder (CHADD): uma organização que fornece recursos educacionais, apoio e tratamento para todas as pessoas com TDAH

  5. Learning Disabilities Association of America (LDA): uma organização que fornece recursos educacionais, apoio e defesa para pessoas com deficiências de aprendizagem

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