Clonorquíase

(Infecção hepática por trematódeo oriental ou chinês)

PorChelsea Marie, PhD, University of Virginia;
William A. Petri, Jr, MD, PhD, University of Virginia School of Medicine
Revisado/Corrigido: ago 2023
Visão Educação para o paciente

Clonorquíase é a infecção causada no fígado pelo trematódeo Clonorchis sinensis. Em geral, adquire-se a infecção ingerindo peixe de água doce cru. A maioria das infecções é assintomática, mas quando presentes, os sintomas incluem dor abdominal no hipocôndrio direito, indigestão, fadiga e diarreia. O diagnóstico é feito pelo achado de ovos nas fezes ou no conteúdo duodenal. O tratamento é feito com praziquantel ou albendazol.

Trematódeos são parasitas achatados que infectam várias partes do corpo (p. ex., vasos sanguíneos, trato gastrointestinal, pulmões, fígado) dependendo da espécie.

Clonorchis é endêmica no leste da Ásia (China, Coreia do Sul, norte do Vietnã, Taiwan e partes da Rússia), e a infecção ocorre em outros lugares entre imigrantes e pessoas que comem peixe cru ou mal cozido ou, às vezes, camarão, de áreas endêmicas. O número de pessoas infectadas por C. sinensis está crescendo, de cerca de 7 milhões na década de 1990 para 15-20 milhões na década de 2010 em todo o mundo (1, 2).

Ver também informações sobre clonorquíase nos seguintes endereços: World Health Organization (WHO) e Centers for Disease Control and Prevention (CDC).

Referências

  1. 1. Fürst T, Keiser J, Utzinger J: Global burden of human food-borne trematodiasis: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infect Dis 12(3):210-221, 2012. doi:10.1016/S1473-3099(11)70294-8

  2. 2. Tang ZL, Huang Y, Yu XB: Current status and perspectives of Clonorchis sinensis and clonorchiasis: epidemiology, pathogenesis, omics, prevention and control. Infect Dis Poverty 5(1):71, 2016. Publicado em 6 de julho de 2016. doi:10.1186/s40249-016-0166-1

Fisiopatologia da clonorquíase

As formas adultas de C. sinensis vivem nos ductos biliares. Os ovos são eliminados nas fezes e ingeridos por caracóis. As cercárias (livres na água) liberadas dos caracóis infectados infectam subsequentemente vários peixes e camarões de água doce. Seres humanos são infectados ao ingerirem peixes crus, mal cozidos, secos, salgados, peixes em conserva ou, menos comumente, camarão de água doce contendo metacercárias encistadas (estágio de repouso ou maturação). Metacercárias são liberadas no duodeno, entram no ducto biliar comum através da ampola de Vater e migram para os ductos intra-hepáticos menores (ou, ocasionalmente, na vesícula biliar e nos ductos pancreáticos), onde amadurecem até adultos em aproximadamente 1 mês. Os adultos podem viver 25 anos e crescer até cerca de 10 a 25 mm por 3 a 5 mm. Por exemplo, alguns veteranos norte-americanos da guerra do Vietnã tiveram evidências sorológicas de exposição à infecção pelo trematódeo hepático quando testados 5 décadas depois do fim da guerra. Contudo, nenhum teve esses parasitas detectáveis por exame fecal (1).

Referência sobre fisiopatologia

  1. 1. Psevdos G, Ford FM, Hong S-T: Screening US Vietnam veterans for liver fluke exposure 5 decades after the end of the war. Infectious Diseases in Clinical Practice 26(4):208–210, 2018. doi: 10.1097/IPC.0000000000000611

Sinais e sintomas da clonorquíase

Em geral, infecções leves são assintomáticas; os sintomas geralmente ocorrem em pacientes com maior carga de vermes e maior duração da infecção. Na fase aguda, infecções mais graves podem causar febre, calafrios, dor epigástrica, hepatomegalia dolorosa, icterícia leve e eosinofilia. A diarreia pode ocorrer em seguida. Os sintomas costumam perdurar por 2 a 4 semanas.

Colangite crônica nas infecções graves pode evoluir para atrofia do parênquima hepático e fibrose portal. Icterícia pode ocorrer se uma massa de trematódeos obstruir a árvore biliar.

Outras complicações são colangite supurativa, colelitíase, pancreatite crônica e, mais tardiamente, colangiocarcinoma [câncer de ducto biliar (1)]. Veteranos da guerra do Vietnã que desenvolvem colangiocarcinoma podem ter sido infectados por Clonorchis sinensis ou Opisthorchis viverrini durante o serviço militar no sudeste da Ásia (2). O risco de colangiocarcinoma é maior em regiões do Sudeste Asiático e a mortalidade é mais comum em homens entre 40 e 65 anos.

Referência sobre sinais e sintomas

  1. 1. Xia J, Jiang SC, Peng HJ: Association between liver fluke infection and hepatobiliary pathological changes: A systematic review and meta-analysis. PLoS One 10 (7):e0132673, 2015. doi: 10.1371/journal.pone.0132673

  2. 2. Psevdos G, Ford FM, Hong S-T: Screening US Vietnam veterans for liver fluke exposure 5 decades after the end of the war. Infectious Diseases in Clinical Practice 26(4):208–210, 2018. doi: 10.1097/IPC.0000000000000611

Diagnóstico da clonorquíase

  • Exame microscópico das fezes

O diagnóstico da clonorquíase é feito pelo achado de ovos nas fezes ou no conteúdo duodenal. Os ovos só se tornam detectáveis nas fezes 3 a 4 semanas após a infecção. Os ovos são difíceis de serem distinguidos daqueles de Opisthorchis. Os ovos não podem ser detectados nas fezes durante a obstrução biliar. Ocasionalmente, o diagnóstico se faz pela identificação de vermes adultos em amostras cirúrgicas ou por meio de CPTH.

Outros testes não fazem o diagnóstico, mas podem ser anormais; fosfatase alcalina e bilirrubina podem estar elevadas. Níveis elevados de eosinófilos circulantes e IgE séricos também são comuns. A eosinofilia distingue a infecção por trematódeo da hepatite viral aguda.

Ocasionalmente, uma radiografia abdominal simples mostra calcificação intra-hepática. Ultrassonografia, TC, RM, colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPER) ou colangiografia pode mostrar irregularidade ductal e evidência de cicatrização.

A ultrassonografia à procura de fibrose periductal em pacientes de alto risco (homens, > 50 anos) em regiões endêmicas pode melhorar a detecção precoce do colangiocarcinoma e, portanto, a taxa de sobrevida (1).

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Chamadol N, Khuntikeo N, Thinkhamrop B, et al: Association between periductal fibrosis and bile duct dilatation among a population at high risk of cholangiocarcinoma: a cross-sectional study of cholangiocarcinoma screening in Northeast Thailand [published correction appears in BMJ Open 9(5):e023217corr1, 2019]. BMJ Open 9(3):e023217, 2019. Publicado em 20 de março de 2019. doi:10.1136/bmjopen-2018-023217

Tratamento da clonorquíase

  • Praziquantel ou albendazol

O tratamento da clonorquíase é com um dos seguintes:

  • Praziquantel, 25 mg/kg por via oral 3 vezes ao dia, por 2 dias

  • Albendazol 10 mg/kg por via oral uma vez ao dia durante 7 dias

Obstrução biliar pode requerer cirurgia.

A prevenção envolve cozimento total dos peixes e camarões de água doce de águas endêmicas e evitar comê-los crus, em conserva ou embebidos em vinho. Em regiões endêmicas, o tratamento com praziquantel reduziu a carga de clonorquíase (1). Deve-se avaliar os familiares das pessoas infectadas à procura a infecção, utilizando microscopia fecal e hemograma em busca de eosinofilia.

Referência sobre o tratamento

  1. 1. Choi MH, Park SK, Li Z, et al: Effect of control strategies on prevalence, incidence and re-infection of clonorchiasis in endemic areas of China. PLoS Negl Trop Dis 4(2):e601, 2010. doi:10.1371/journal.pntd.0000601

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