Ginseng é uma família de plantas. Os suplementos alimentares derivam do ginseng americano (Panax quinquefolius) ou asiático (Panax ginseng). O ginseng da Sibéria (Eleutherococcus senticosus) é de um gênero diferente e não contém os ingredientes que se acredita serem ativos nas 2 formas utilizadas de suplementos.
O ginseng pode ser administrado como raiz seca ou fresca, extratos, soluções, cápsulas, comprimidos, bebidas, refrescos e chás ou utilizado como cosmético. Os ingredientes ativos no ginseng americano são panaxosídeos (glicosídios saponinas). Os ingredientes ativos no ginseng asiático são ginsenosídeos (glicosídios triterpenoides).
Vários produtos à base de ginseng contêm pouco ou nenhum ingrediente ativo detectável. Em pouquíssimos casos, alguns produtos de ginseng da Ásia são misturados propositalmente com raiz de mandrágora, que tem sido utilizada para induzir vômitos ou com os fármacos fenilbutazona ou aminopirina. Esses fármacos foram tirados do mercado nos Estados Unidos devido aos efeitos adversos significativos.
Alegações sobre o ginseng
Acredita-se que o ginseng reduza os níveis de glicose plasmática, aumente os níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL), hemoglobina e proteínas, e melhore o sistema imunológico. Outras alegações são de que o ginseng tem efeitos anticancerígenos, cardiotônicos e estrogênicos; atua diretamente nos sistemas endócrino e nervoso central; melhora o desempenho físico (inclusive sexual) e a função mental; e é descrito como tendo efeitos adaptogênicos, isto é, aqueles que aumentam a energia e a resistência aos efeitos prejudiciais do estresse e do envelhecimento.
Evidências sobre o ginseng
Estudos sobre o ginseng propuseram vários benefícios, incluindo:
Aumento da função imunológica (1, 2)
Redução da duração dos sintomas de resfriado (3)
Efeitos anticarcinógenos (4)
Diminuição da glicose sanguínea em pacientes com diabetes e pré-diabetes (5)
Melhora da função cognitiva (6)
Fatiga (7)
Um ensaio clínico randomizado utilizando uma combinação de ginseng asiático e americano relatou melhora na pressão arterial e parâmetros glicêmicos, incluindo hemoglobina A1C, bem como lipídios, possivelmente demonstrando efeitos complementares do tratamento combinado (8).
Uma revisão Cochrane que incluiu 9 estudos (587 participantes) sugeriu que o ginseng pode melhorar a função erétil quando comparado a um placebo (9).
Estudos maiores são necessários para avaliar a eficácia do ginseng. Além disso, é necessária uma avaliação mais profunda das substâncias encontradas nos suplementos para determinar os componentes responsáveis pelos efeitos benéficos observados. Pode haver efeitos variáveis, dependendo se o suplemento utilizado continha ginseng americano ou Panax ginseng e, às vezes, os ensaios clínicos utilizaram combinações de ginseng. Não há evidências embasando outras alegações de saúde para o ginseng.
Efeitos adversos do ginseng
Pode ocorrer nervosismo e excitabilidade, mas se reduzem após os primeiros dias. A capacidade de concentração pode diminuir e a glicemia pode se tornar anormalmente baixa (causando hipoglicemia). Em razão de o ginseng possuir um efeito semelhante ao estrogênio, gestantes e amamentando não devem utilizá-lo, assim como as crianças. Ocasionalmente, há relatos de efeitos colaterais mais graves, como crises de asma, aumento da pressão arterial, palpitação e, em mulheres na pós-menopausa, sangramento uterino. Para muitos indivíduos, o gosto do ginseng é desagradável.
Interações medicamentosas com o ginseng
O ginseng pode interagir com medicamentos anti-hiperglicêmicos, aspirina, outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), corticosteroides, digoxina, estrogênios, inibidores da monoamino oxidase e varfarina.
O ginseng também pode aumentar as concentrações séricas de certos fármacos. Por exemplo, o ginseng pode aumentar os níveis séricos de imatinibe e raltegravir, causando toxicidade hepática. Se o ginseng for combinado com certos fármacos antiarrítmicos, como amiodarona ou tioridazina, podem ocorrer arritmias.
(Ver também tabela Algumas interações possíveis entre suplementos alimentares e fármacos.)
Referências
1. Kim JH, Yi Y-S, Kim M-Y, et al. Role of ginsenosides, the main active components of Panax ginseng, in inflammatory responses and diseases. J Ginseng Res.41(4):435-443, 2016. doi: 10.1016/j.jgr.2016.08.004
2. Ratan ZA, Youn SH, Kwak YS, Han CK, Haidere MF, Kim JK, Min H, Jung YJ, Hosseinzadeh H, Hyun SH, Cho JY. Adaptogenic effects of Panax ginseng on modulation of immune functions. J Ginseng Res. 2021 Jan;45(1):32-40. doi: 10.1016/j.jgr.2020.09.004
3. Seida JK, Durec T, Kuhle S. North American (Panax quinquefolius) and Asian ginseng (Panax ginseng) preparations for prevention of the common cold in healthy adults: a systematic review. Evid Based Complement Alternat Med. 2011:282151, 2011. doi: 10.1093/ecam/nep068
4. Yun TK, Zheng S, Choi SY, et al. Non-organ-specific preventive effect of long-term administration of Korean red ginseng extract on incidence of human cancers. J Med Food. 13(3):489-494, 2010. doi: 10.1089/jmf.2009.1275
5. Naseri K, Saadati S, Sadeghi A, Asbaghi O, Ghaemi F, Zafarani F, Li HB, Gan RY. The Efficacy of Ginseng (Panax) on Human Prediabetes and Type 2 Diabetes Mellitus: A Systematic Review and Meta-Analysis. Nutrients. 2022 Jun 9;14(12):2401. doi: 10.3390/nu14122401
6. Lho SK, Kim TH, Kwak KP, et al. Effects of lifetime cumulative ginseng intake on cognitive function in late life. Alzheimers Res Ther.10(1):50, 2018. doi: 10.1186/s13195-018-0380-0
7. Arring NM, Millstine D, Marks LA, et al. Ginseng as a treatment for fatigue: a systematic review. J Altern Complement Med. 24(7):624-633, 2018. doi: 10.1089/acm.2017.0361
8. Jovanovski E, Smircic-Duvnjak L, Komishon A, Au-Yeung FR, Sievenpiper JL, Zurbau A, Jenkins AL, Sung MK, Josse R, Li D, Vuksan V. Effect of coadministration of enriched Korean Red Ginseng (Panax ginseng) and American ginseng (Panax quinquefolius L) on cardiometabolic outcomes in type-2 diabetes: A randomized controlled trial. J Ginseng Res. 2021 Sep;45(5):546-554. doi: 10.1016/j.jgr.2019.11.005
9. Lee HW, Lee MS, Kim TH, et al. Ginseng for erectile dysfunction. Cochrane Database Syst Rev. 4(4):CD012654, 2021. Publicado em 2021 Abr 19. doi:10.1002/14651858.CD012654.pub2
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
