Erva-de-são-joão

PorLaura Shane-McWhorter, PharmD, University of Utah College of Pharmacy
Reviewed ByEva M. Vivian, PharmD, MS, PhD, University of Wisconsin School of Pharmacy
Revisado/Corrigido: modificado jul. 2025
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Visão Educação para o paciente

As flores da erva-de-são-joão (Hypericum perforatum) contêm em seus ingredientes biologicamente ativos hipericina e hiperforina. A erva-de-são-joão pode aumentar serotonina no sistema nervoso central e em doses muito elevadas atua como um inibidor da monoamino-oxidade (IMAO).

Alegações sobre a erva-de-são-joão

Os achados dos estudos são variáveis, mas a erva-de-são-joão parece ser benéfica para pacientes com depressão leve e moderada e sem ideações suicidas. Um grande estudo bem projetado foi feito sobre a ESJ para o tratamento de depressão grave. As formulações recomendadas incluem preparações padronizadas com 0,2 a 0,3% de hipericina, com 1 a 4% de hiperforina, ou com ambas (geralmente).

Diz-se também que a erva-de-são-joão é útil para o tratamento da infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV), uma vez que a hipericina inibe uma variedade de vírus encapsulados, incluindo o HIV; no entanto, foram comprovadas interações adversas com inibidores de proteases e inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa (INNTRs), de modo que sua utilização deve ser evitada (1, 2).

Alega-se também que a erva-de-são-joão trata doenças de pele (incluindo psoríase) e o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em crianças. Também se atribui a ela a redução de sintomas da menopausa.

Evidências sobre a erva-de-são-joão

Inúmeros estudos randomizados e controlados com placebo avaliaram a segurança e eficácia da erva-de-são-joão no tratamento da depressão leve a moderada e, recentemente, dos transtornos depressivos maiores (3–8). A erva-de-são-joão também foi comparada a antidepressivos tricíclicos (amitriptilina e imipramina) e, mais recentemente, aos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) fluoxetina, sertralina e paroxetina (4–8). A maioria dos estudos controlados com placebo demonstrou que extratos padronizados da erva-de-são-joão em doses de 300 mg a 900 mg uma vez ao dia tem eficácia moderada no tratamento de sintomas depressivos leves a moderados. Alguns estudos mostraram equivalência de 900 mg da erva-de-são-joão a uma dose baixa de imipramina e uma dose baixa de fluoxetina. Um estudo de pacientes com depressão maior não demonstrou melhora significativa em relação ao placebo ou a doses convencionais da sertralina ao longo de um curto período de tempo (7). No entanto, os autores afirmam que tanto a erva-de-são-joão como a sertralina foram igualmente eficazes ao longo de grandes períodos de tempo, indicando potencial valor econômico alternativo da erva-de-são-joão como tratamento terapêutico da depressão quando tomado em doses baixas e quando as interações medicamentosas não estão em questão (7).

No geral, alguns estudos mostram eficácia da erva-de-são-joão no tratamento da depressão leve, enquanto na depressão maior a maioria dos estudos não mostrou eficácia. Diferenças no desenho do estudo (falta de controle ativo e placebo), populações de estudo (depressão maior comparada a depressão leve e/ou moderada), período de tempo e posologia da erva-de-são-joão ou dos agentes comparativos são prováveis responsáveis por parte da variação dos resultados.

Uma revisão sistemática feita em 2016 com 35 estudos (6.993 indivíduos) comparou a erva-de-são-joão com placebo ou antidepressivos convencionais (9). A erva-de-são-joão foi superior ao placebo, mas sem nenhuma diferença em relação aos antidepressivos convencionais para depressão leve a moderada. No entanto, os estudos foram heterogêneos e não se estudou depressão grave (9). Uma metanálise feita em 2017 com 27 estudos (3.808 participantes) comparou a erva-de-são-joão aos ISRSs. A erva-de-são-joão foi comparável aos ISRSs em termos da resposta e remissão para depressão leve a moderada, mas com taxas mais baixas de suspensão do tratamento (10).

Diretrizes clínicas da Federação Mundial das Sociedades de Psiquiatria Biológica (WFSBP) e da Força-Tarefa da Rede Canadense para Tratamentos de Humor e Ansiedade (CANMAT) declararam que a monoterapia com erva-de-são-joão pode ser utilizada para depressão unipolar leve a moderada (11).

Uma metanálise de 6 ensaios incluindo 717 mulheres na menopausa avaliou monoterapia com ESJ ou em combinação com cimicífuga ou agnocasto versus placebo no tratamento de sintomas da menopausa. Embora os autores tenham concluído que a ESJ ou sua combinação com outras fitoterapias pode ajudar com sintomas da menopausa, eles notaram grande heterogeneidade nos estudos avaliados e recomendaram mais pesquisas (12). Um ensaio clínico randomizado em 80 mulheres pós-menopáusicas com depressão leve demonstrou algum benefício não apenas para sintomas da menopausa, mas também para depressão (13).

Dois pequenos estudos-piloto mostraram possível melhora das lesões cutâneas com a aplicação tópica de hipericina, quando utilizada em doenças de pele (p. ex., psoríase) (14, 15). Outro pequeno ensaio clínico mostrou que a erva-de-são-joão (hipericina padronizada, mas não hiperforina) não aliviou os sintomas de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em crianças (16).

Efeitos adversos da erva-de-são-joão

Fotossensibilidade, boca seca, obstipação, tontura, confusão e mania (em pacientes com doença bipolar) podem ocorrer. Relatou-se um caso raro de taquicardia supraventricular (17). A ESJ não deve ser utilizada por gestantes e em lactação.

Interações medicamentosas com erva-de-são-joão

Ocorrem potenciais interações adversas com a ciclosporina, digoxina, suplementos de ferro, inibidores da monoaminoxidase (IMAOs), inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa (INNTRs), contraceptivos orais, opioides, inibidores da protease, inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), antidepressivos tricíclicos e varfarina, bem como alguns anticoagulantes orais de ação direta (18–20). (Ver também tabela Algumas interações possíveis entre suplementos alimentares e fármacos.)

Referências

  1. 1. Maury W, Price JP, Brindley MA, et al. Identification of light-independent inhibition of human immunodeficiency virus-1 infection through bioguided fractionation of Hypericum perforatum. Virol J. 6:101-113, 2009. doi:10.1186/1743-422X-6-101

  2. 2. Kakuda TN, Schöller-Gyüre M, Hoetelmans RM. Pharmacokinetic interactions between etravirine and non-antiretroviral drugs. Clin Pharmacokinet. 50(1):25-39, 2011. doi: 10.2165/11534740-000000000-00000

  3. 3. Solomon D, Adams J, Graves N. Economic evaluation of St. John's wort (Hypericum perforatum) for the treatment of mild to moderate depression. J Affect Disord. 148(2-3):228-234, 2013. doi: 10.1016/j.jad.2012.11.064

  4. 4. van Gurp G, Meterissian GB, Haiek LN, et al. St John's wort or sertraline? Randomized controlled trial in primary care. Can Fam Physician. 48:905-912, 2002

  5. 5. Woelk H. Comparison of St John's wort and imipramine for treating depression: randomised controlled trial. BMJ. 321(7260):536-539, 2000. doi: 10.1136/bmj.321.7260.536

  6. 6. Fava M, Alpert J, Nierenberg AA, et al. A double-blind, randomized trial of St John's wort, fluoxetine, and placebo in major depressive disorder. J Clin Psychopharmacol. 25(5):441-447, 2005. doi:10.1097/01.jcp.0000178416.60426.29

  7. 7. Sarris J, Fava M, Schweitzer I, et al. St John's wort (Hypericum perforatum) versus sertraline and placebo in major depressive disorder: continuation data from a 26-week RCT. Pharmacopsychiatry. 45(7):275-278, 2012. doi: 10.1055/s-0032-1306348

  8. 8. Seifritz E, Hatzinger M, Holsboer-Trachsler E. Efficacy of Hypericum extract WS(R) 5570 compared with paroxetine in patients with a moderate major depressive episode - a subgroup analysis. Int J Psychiatry Clin Pract. 20(3):126-32, 2016. doi: 10.1080/13651501.2016.1179765

  9. 9. Apaydin EA, Maher AR, Shanman R, et al. A systematic review of St. John's wort for major depressive disorder. Systematic Reviews. 5:148, 2016. doi: 10.1186/s13643-016-0325-2

  10. 10. Ng QX, Venkatanarayanan N, Ho CY. Clinical use of Hypericum perforatum (St John's wort) in depression: a meta-analysis. J Affect Disord. 210:211-221, 2017. doi: 10.1016/j.jad.2016.12.048

  11. 11. Sarris J, Ravindran A, Yatham LN, et al. Clinician guidelines for the treatment of psychiatric disorders with nutraceuticals and phytoceuticals: The World Federation of Societies of Biological Psychiatry (WFSBP) and Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (CANMAT) Taskforce. World J Biol Psychiatry. 2022 Jul;23(6):424-455. doi: 10.1080/15622975.2021.2013041

  12. 12. Liu YR, Jiang YL, Huang RQ, Yang JY, Xiao BK, Dong JX. Hypericum perforatum L. preparations for menopause: a meta-analysis of efficacy and safety. Climacteric. 2014 Aug;17(4):325-35. doi: 10.3109/13697137.2013.861814

  13. 13. Eatemadnia A, Ansari S, Abedi P, Najar S. The effect of Hypericum perforatum on postmenopausal symptoms and depression: A randomized controlled trial. Complement Ther Med. 2019 Aug;45:109-113. doi: 10.1016/j.ctim.2019.05.028. Epub 2019 May 31. PMID: 31331546.

  14. 14. Najafizadeh P, Hashemian F, Mansouri P, et al. The evaluation of the clinical effect of topical St Johns wort (Hypericum perforatum L.) in plaque type psoriasis vulgaris: a pilot study. Australas J. 53(2):131-135, 2012. doi: 10.1111/j.1440-0960.2012.00877.x

  15. 15. Rook AH, Wood GS, Duvic M, et al. A phase II placebo-controlled study of photodynamic therapy with topical hypericin and visible light irradiation in the treatment of cutaneous T-cell lymphoma and psoriasis. J Am Acad Dermatol. 63(6):984-990, 2010. doi: 10.1016/j.jaad.2010.02.039

  16. 16. Weber W, Vander Stoep A, McCarty RL, et al:. Hypericum perforatum (St John's wort) for attention-deficit/hyperactivity disorder in children and adolescents: a randomized controlled trial. JAMA. 299(22):633-2641, 2008. doi: 10.1001/jama.299.22.2633

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  18. 18. Borrelli F, Izzo AA. Herb-drug interactions with St John's wort (Hypericum perforatum): an update on clinical observations. AAPS J. 11(4):710-727, 2009. doi: 10.1208/s12248-009-9146-8

  19. 19. Nadkarni A, Oldham MA, Howard M, et al. Drug-drug interactions between warfarin and psychotropics: updated review of the literature. Pharmacotherapy. 32(10):932-942. 2012. doi: 10.1002/j.1875-9114.2012.01119

  20. 20. Tsai HH, Lin HW, Simon Pickard A, et al. Evaluation of documented drug interactions and contraindications associated with herbs and dietary supplements: a systematic literature review. Int J Clin Pract. 66(11):1056-1078, 2012. doi: 10.1111/j.1742-1241.2012.03008.x

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. National Institutes of Health (NIH), National Center for Complementary and Integrative Health: St. John’s Wort

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