Alho

PorLaura Shane-McWhorter, PharmD, University of Utah College of Pharmacy
Reviewed ByEva M. Vivian, PharmD, MS, PhD, University of Wisconsin School of Pharmacy
Revisado/Corrigido: modificado jul. 2025
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Visão Educação para o paciente

Os dentes de alho (Allium sativum) são extraídos e transformados em comprimido, pó e óleo; o principal ingrediente ativo é alicina ou S-alilcisteína, aminoácido subproduto do processo. O alho também pode ser ingerido cru ou cozido. Como os ingredientes ativos são voláteis e destruídos pelo ato de esmagamento, a quantidade do ingrediente ativo nas várias formas do alho varia muito. Os suplementos são mais bem normalizados pela quantidade do composto ativo. O extrato de alho envelhecido (EAE), produzido com um alho que envelhece por pelo menos 20 meses, tem compostos ativos mais estáveis do que a maioria das formas. Consumir suplementos de alho dessa forma parece conferir os melhores benefícios para a saúde, sem de efeitos adversos.

Alegações sobre o alho

Alega-se que o alho apresenta efeito favorável em vários fatores de risco cardíacos, incluindo redução da pressão arterial, concentrações de lipídios séricos e glicose e inibe a agregação plaquetária in vitro. Acredita-se que o alho proteja também contra cânceres de laringe, gástrico, colorretal e de endométrio e contra pólipos adenomatosos colorretais. Também se diz que o alho previne resfriado comum e trata doença do fígado gorduroso não alcoólica (DFGNA).

Evidências sobre o alho

O alho foi avaliado em numerosos estudos por seus efeitos nos fatores de risco de doença cardiovascular. Uma metanálise de 12 ensaios clínicos randomizados concluiu que o alho pode ter efeitos benéficos nas lipoproteínas de alta densidade (HDL) e no escore de calcificação da artéria coronária (1).

Alguns estudos sugerem que a suplementação com alho reduz a pressão arterial, mas a evidência é mista. Por exemplo, uma grande metanálise de 20 ensaios (970 pacientes) com duração do estudo variando de 2 a 24 semanas descobriu que pacientes tomando uma variedade de preparações de alho (por exemplo, pó de alho, extrato de alho envelhecido) resultaram em diminuições médias da pressão sistólica e diastólica de 5,1 mmHg e 2,5 mmHg, respectivamente (2). Outra metanálise com 12 ensaios clínicos randomizados (553 pacientes hipertensos) com duração de pelo menos 2 meses concluiu uma diminuição média de 8,3 mmHg na pressão sistólica e 5,5 mmHg na pressão diastólica (3). Contudo, outras metanálises não relataram efeitos estatisticamente significativos de redução da pressão arterial (1).

Os resultados dos efeitos redutores de lipídios da suplementação com alho têm sido inconsistentes. Uma metanálise com 39 estudos randomizados (2.298 participantes) concluiu que o alho reduzia o colesterol total em 17 mg/dL (0,4 mmol/L) e o LDL (lipoproteína de baixa densidade) em 9 mg/dL (0,2 mmol/L) (4).

Uma metanálise feita em 2015 com 7 estudos (513 participantes) verificou a eficácia do alho na redução da glicemia de jejum (5). Uma metanálise de 2019 de 33 estudos em 1273 indivíduos com diabetes encontrou melhora nos parâmetros lipídicos e glicose em jejum, e uma pequena diminuição na hemoglobina A1C (6).

Um ensaio clínico randomizado e controlado por placebo concluiu que o alho pode melhorar a esteatose hepática em pacientes com doença hepática esteatótica associada a disfunção metabólica (DHEADM, anteriormente chamada doença do fígado gorduroso não alcoólica [DHGNA]), evidenciada por alterações nos achados ultrassonográficos. O alho também diminuiu significativamente o peso corporal e as enzimas hepáticas (7).

Evidências científicas da ingestão de qualquer tipo de alho, ou uso de suplementos de alho, mostram pouca ou nenhuma proteção contra o câncer. Uma revisão sistemática e uma metanálise avaliando a ingestão de alho em relação à incidência de câncer colorretal não encontrou nenhum efeito protetor (8).

O alho consumido em altas doses parece ter efeitos antimicrobianos gerais in vitro (9). Em um ensaio clínico randomizado, 146 participantes foram tratados com um suplemento de alho contendo alicina ou placebo, uma cápsula por dia, durante 12 semanas. Durante as 12 semanas do estudo, aqueles tratados com alho tiveram significativamente menos resfriados do que o grupo tratado com placebo (24 versus 65, P < 0,001). Os autores concluíram que um suplemento de alho contendo alicina pode prevenir o ataque do vírus do resfriado comum (10).

A maioria desses estudos não têm a especificação dos detalhes do suplemento e/ou a concentração dos princípios ativos no suplemento, o que pode responder pela variação dos resultados.

Efeitos adversos do alho

Podem ocorrer mau hálito, odor corporal e náuseas; doses altas podem causar queimação na boca, no esôfago e no estômago.

Interações medicamentosas com alho

Teoricamente, o alho está contraindicado para pacientes com diáteses hemorrágicas ou que utilizem anti-hipertensivos, fármacos antiplaquetários ou varfarina. Pode reduzir as concentrações sanguíneas de saquinavir. O alho pode interagir com os hipoglicemiantes, possivelmente causando hipoglicemia. (Ver também tabela Algumas interações possíveis entre suplementos alimentares e fármacos.)

Referências

  1. 1. Gadidala SK, Johny E, Thomas C, Nadella M, Undela K, Adela R. Effect of garlic extract on markers of lipid metabolism and inflammation in coronary artery disease (CAD) patients: A systematic review and meta-analysis. Phytother Res. 2023 Jun;37(6):2242-2254. doi: 10.1002/ptr.7729

  2. 2. Ried K. Garlic lowers blood pressure in hypertensive individuals, regulates serum cholesterol, and stimulates immunity: an updated meta-analysis and review. J Nutr. 146(2):389S-396S, 2016. doi: 10.3945/jn.114.202192

  3. 3. Ried K. Garlic lowers blood pressure in hypertensive subjects, improves arterial stiffness and gut microbiota: a review and meta-analysis. Exp Ther Med. 19(2):1472-1478, 2020. doi:10.3892/etm.2019.8374

  4. 4. Ried K, Toben C, Fakler P. Effect of garlic on serum lipids: an updated meta-analysis. Nutr Rev .71(5):282-299, 2013. doi: 10.1111/nure.12012

  5. 5. Hou LQ, Liu YH, Zhang YY. Garlic intake lowers fasting blood glucose: meta-analysis of randomized controlled trials. Asia Pac J Clin Nutr. 24(4):575-582, 2015. doi: 10.6133/apjcn.2015.24.4.15

  6. 6. Shabani E, Sayemiri K, Mohammadpour M. The effect of garlic on lipid profile and glucose parameters in diabetic patients: A systematic review and meta-analysis. Prim Care Diabetes. 2019 Feb;13(1):28-42. doi: 10.1016/j.pcd.2018.07.007

  7. 7. Soleimani D, Paknahad Z, Rouhani MH. Therapeutic effects of garlic on hepatic steatosis in nonalcoholic fatty liver disease patients: a randomized clinical trial. Diabetes Metab Syndr Obes. 13:2389-2397, 2020. doi:10.2147/DMSO.S254555

  8. 8. Chiavarini M, Minelli L, Fabiani R. Garlic consumption and colorectal cancer risk in man: a systematic review and meta-analysis. Public Health Nutr. 19(2):308-317, 2016. doi: 10.1017/S1368980015001263

  9. 9. Filocamo A, Nueno-Palop C, Bisignano C, et al.Effect of garlic powder on the growth of commensal bacteria from the gastrointestinal tract. Phytomedicine. 19(8-9):707-711, 2012. doi: 10.1016/j.phymed.2012.02.018

  10. 10. Josling P. Preventing the common cold with a garlic supplement: a double-blind, placebo-controlled survey. Adv Ther. 18(4):189-193, 2001. doi:10.1007/BF02850113

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. National Institutes of Health (NIH), National Center for Complementary and Integrative Health: Garlic

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