Ruminação é a regurgitação repetida de alimentos após a ingestão; esse fenômeno pode ser voluntário e não decorre de náuseas nem de vômito involuntário.
Pacientes com transtorno de ruminação regurgitam repetidamente os alimentos depois de ingeri-los, mas não têm náuseas ou ânsia de vômito involuntária. A comida pode ser cuspida ou reengolida; alguns pacientes mastigam novamente a comida antes reengolir. A regurgitação pode ser intencional ou involuntária e muitas vezes pode ser observada diretamente pelo médico. A regurgitação ocorre várias vezes/semana, normalmente todos os dias (1).
O transtorno de regurgitação pode ocorrer em lactentes, crianças, adolescentes ou adultos. É descrito tanto como um transtorno psiquiátrico alimentar e da alimentação pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª ed., Texto Revisado (DSM-5-TR), bem como um transtorno gastroduodenal da interação intestino-cérebro pela Fundação Roma, uma organização que apoia a pesquisa e a capacitação profissional sobre essas interações (2, 3).
Alguns pacientes estão cientes de que o comportamento é socialmente indesejável e tentam disfarçá-lo colocando a mão sobre a boca ou limitando a ingestão de alimentos. Alguns evitam comer com outras pessoas e não comem antes de uma atividade social ou profissional para que não regurgitem em público.
Pacientes que cospem o material regurgitado ou que limitam significativamente a ingestão podem perder peso ou desenvolver deficiências nutricionais.
Referências
1. Absah I, Rishi A, Talley NJ, Katzka D, Halland M. Rumination syndrome: pathophysiology, diagnosis, and treatment. Neurogastroenterol Motil. 2017;29(4):10.1111/nmo.12954. doi:10.1111/nmo.12954
2. American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5th ed, Text Revision. American Psychiatric Association Publishing; 2022:374-375.
3. Drossman DA. Functional Gastrointestinal Disorders: History, Pathophysiology, Clinical Features and Rome IV. Gastroenterology. Publicado online 19 de fevereiro de 2016. doi:10.1053/j.gastro.2016.02.032
Diagnóstico do transtorno da ruminação
Avaliação psiquiátrica
O transtorno de ruminação é diagnosticado quando os seguintes critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª ed., Texto Revisado (DSM-5-TR) são atendidos (1):
Pacientes repetidamente regurgitam os alimentos durante um período de ≥ 1 mês.
Têm-se excluído distúrbios gastrointestinais que podem levar à regurgitação (p. ex., refluxo gastroesofágico, divertículo de Zenker) ou outros transtornos de alimentação e da ingestão (p. ex., anorexia nervosa) nos quais a ruminação às vezes ocorre.
Se a regurgitação ocorre em um paciente com outro distúrbio, ela é grave o suficiente para justificar atenção específica.
Médicos podem observar a regurgitação diretamente ou o paciente pode relatá-la.
Médicos também avaliam o estado nutricional para verificar se há perda ponderal e deficiências nutricionais.
Referência sobre diagnóstico
1. American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5th ed, Text Revision. American Psychiatric Association Publishing; 2022:374-375.
Tratamento do transtorno da ruminação
Modificação comportamental
Técnicas de modificação comportamental, incluindo respiração diafragmática guiada por biofeedback, bem como estratégias cognitivo-comportamentais, podem ser úteis (1).
Treatment reference
1. Murray HB, Juarascio AS, Di Lorenzo C, Drossman DA, Thomas JJ. Diagnosis and Treatment of Rumination Syndrome: A Critical Review. Am J Gastroenterol. 2019;114(4):562-578. doi:10.14309/ajg.0000000000000060
Pontos-chave
Ruminação é regurgitação repetida de alimentos após a ingestão, mas não envolve náuseas ou ânsia de vômito involuntária.
Alguns pacientes com transtorno de ruminação estão cientes de que o comportamento é socialmente inaceitável e tentam disfarçá-lo ou ocultá-lo.
Alguns limitam o quanto comem (para evitar que os outros vejam que estão regurgitando), às vezes resultando em perda ponderal ou deficiências nutricionais.
Diagnosticar o transtorno da ruminação em pacientes que relatam repetidamente regurgitação de alimentos por ≥ 1 mês após a exclusão de outras possíveis causas (p. ex., distúrbios gastrointestinais, outros transtornos alimentares e da alimentação).
Tratar com técnicas de modificação comportamental.
