As luxações do joelho costumam ser acompanhadas de lesão arterial ou nervosa. Luxações do joelho ameaçam a viabilidade do membro. Esses luxações podem reduzir espontaneamente antes de avaliação médica. Normalmente, o diagnóstico é realizado por radiografia. É necessária avaliação vascular e neurológica; identifica-se lesão vascular por angiografia por TC. O tratamento imediato é redução fechada e tratamento das lesões vasculares.
A maioria das luxações anteriores do joelho resulta de hiperextensão; a maioria das luxações posteriores do joelho resulta de força direcionada posteriormente à parte proximal da tíbia com o joelho levemente flexionado. A maioria das luxações de joelho resulta de trauma grave (p. ex., acidentes envolvendo veículos motorizados em alta velocidade), mas traumas aparentemente leves como pisar em um buraco e fazer um movimento de torção podem deslocar o joelho, com complicações vasculares e neurológicas, especialmente nos pacientes com obesidade classe III (índice de massa corporal ≥ 40 kg/m2) (1).
As luxações do joelho quase sempre danificam pelo menos um dos ligamentos (p. ex., cruzado anterior, cruzado posterior, colateral medial, colateral lateral) do joelho (2).
Instabilidade articular por lesão ligamentar extensa é uma complicação comum a longo prazo da lesão no joelho.
Outras estruturas que são comumente lesadas são:
A artéria poplítea (particularmente na luxação anterior)
Os nervos fibular e tibial
A lesão da artéria poplítea pode inicialmente atingir somente a camada íntima e, portanto, não causa isquemia distal até a artéria ficar ocluída. A lesão arterial não diagnosticada tem alto risco de complicações isquêmicas, que podem levar à amputação.
(Ver Visão geral das luxações.)
Referências gerais
1. Vaidya R, Roth M, Nanavati D, Prince M, et al: Low-velocity knee dislocations in obese and morbidly obese patients. Orthop J Sports Med 3 (4):2325967115575719, 2015. doi: 10.1177/2325967115575719
2. Randall ZD, Strok MJ, Mazzola JW, et al. The known and unknown reality of knee dislocations: A systematic review. Injury. 2024;55(11):111904. doi:10.1016/j.injury.2024.111904
Sinais e sintomas das luxações do joelho
Luxações do joelho causam deformidade clinicamente evidente. Algumas luxações reduzem-se espontaneamente antes da avaliação médica; nesses casos, o resultado é um edema extenso e instabilidade acentuada do joelho.
O preenchimento da fossa poplítea sugere hematoma ou lesão da artéria poplítea.
Diagnóstico das luxações do joelho
Radiografias
Avaliação vascular e neurológica
Deve-se suspeitar de luxação de joelho (bem como de ruptura do ligamento cruzado anterior [LCA] e/ou ligamento cruzado posterior [LCP]) se o joelho lesionado estiver muito instável (ver também Entorses de joelho e lesões meniscais). As radiografias ântero-posteriores e laterais são diagnósticas para as luxações que não se reduzem espontaneamente.
A avaliação vascular e neurológica são particularmente importantes.
Deve-se suspeitar de lesão da artéria poplítea independentemente de haver isquemia evidente. A avaliação clínica dos pulsos distais não pode excluir completamente uma lesão da artéria poplítea, mesmo que os pulsos estejam normais ao longo de um período de tempo.
Deve-se determinar a PA do índice tornozelo-braquial (ITB) para verificar lesão vascular; valores ≤ 0,9 são muito sensíveis de lesão vascular. Se não for possível obter o ITB, pode-se comparar a pressão arterial no tornozelo abaixo do joelho lesionado com a pressão arterial no tornozelo do lado contralateral. No entanto, a angiografia por TC é o padrão-ouro para avaliação vascular após luxação do joelho. Alguns especialistas também recomendam angiografia por TC mesmo se o ITB for > 0,9 e nenhum achado físico no exame sugere isquemia.
Se o ITB é ≤ 0,9 ou se algum achado sugere isquemia, é necessário consulta imediata com um cirurgião vascular. Os médicos devem verificar de forma proativa a lesão vascular porque a duração da isquemia afeta significativamente o resultado. Se a cirurgia para corrigir a lesão vascular não for realizada em 8 horas, as taxas de amputação são mais altas.
Se houver qualquer déficit sensorial ou motor, deve-se fazer uma avaliação cirúrgica imediatamente. O nervo fibular é o mais comumente lesionado (1).
Referência sobre diagnóstico
1. Randall ZD, Strok MJ, Mazzola JW, et al. The known and unknown reality of knee dislocations: A systematic review. Injury. 2024;55(11):111904. doi:10.1016/j.injury.2024.111904
Tratamento das luxações do joelho
Redução imediata
Em caso de lesão vascular, reparo vascular imediato e fasciotomia
Reconstrução ligamentar eletiva ulteriormente
O tratamento das luxações de joelho consiste na redução imediata a 15º de flexão.
As lesões vasculares são corrigidas imediatamente; deve-se consultar um cirurgião vascular sobre como corrigi-las. Se há isquemia tecidual, fasciotomia pode ser necessária.
Em caso de instabilidade flagrante, algumas vezes aplica-se um fixador externo. Radiografias ântero-posterior e lateral costumam ser feitas para confirmar a redução.
Os ligamentos do joelho podem ser reconstituídos mais tarde, depois de o edema ter regredido.
Pontos-chave
Muitas luxações no joelho são acompanhadas de lesão na artéria ou no nervo poplíteo.
As luxações no joelho sempre comprometem as estruturas que suportam a articulação do joelho, causando instabilidade articular.
A maioria das luxações do joelho é clinicamente evidente, mas podem sofrer redução espontânea antes de serem avaliadas; assim, suspeitar de luxação se uma lesão no joelho for muito instável.
Sempre medir o índice tornozelo-braquial e fazer angiografia por TC porque a artéria poplítea costuma ser lesada na luxação do joelho.
Reduzir imediatamente o joelho deslocado e consultar um cirurgião vascular sobre como corrigi-las.
