A trepanação das unhas consiste na criação de um orifício na unha do dedo ou artelho para liberar um hematoma subungueal sob a unha.
Indicações para trefinação ungueal
Hematoma subungueal simples (sangue sob o leito ungueal com unha e prega intactas) que é doloroso e tipicamente abrange > 50% do leito ungueal
Hematomas subungueais que são relativamente indolores, pequenos, ou que drenaram espontaneamente (p. ex., sob a borda distal da unha) não requerem trefinação.
Contraindicações à trefinação ungueal
Avulsão da unha do leito ungueal, divisão da unha ou extensão de uma laceração do leito ungueal à pele: essas lesões exigem remoção da unha.
Intervalo de mais de 1 a 2 dias desde a lesão: a essa altura, o sangue dentro de um hematoma subungueal provavelmente apresentará coágulos e a trepanação não será eficaz.
Complicações da trefinação ungueal
Infecção (raramente)
Lesão menor do leito ungueal resultante de aparelho de trefinação
Tipicamente, os pacientes perdem uma unha que tinha hematoma subungueal, mas isso ocorre por causa do hematoma em vez da trefinação. A unha volta a crescer, mas pode deformar-se caso o leito ungueal tiver sido danificado pela lesão original. O contato inadvertido do dispositivo de trepanação com o leito ungueal é doloroso, mas não causa dano suficiente para produzir deformidade ungueal.
Equipamento para trefinação ungueal
Solução de limpeza como solução de clorexidina
Luvas não estéreis
Seringas e agulhas para administrar anestesia local
Dispositivo de cauterização ou agulha de grande calibre (p. ex., calibre 18).
Alternativas: agulha de insulina de calibre 29 com seringa acoplada ou dispositivo de mesocissão (que determina a profundidade da perfuração da unha utilizando eletrodos cutâneos)
Gaze estéril
Considerações adicionais para trefinação ungueal
A presença de uma fratura no dedo da mão ou do pé não contraindica a trepanação da unha; a trefinação não aumenta o risco de infecção.
Deve-se suspeitar de fraturas da falange distal dos dedos da mão ou dos pés, diagnosticáveis por radiografia, quando o hematoma subungueal envolver mais de 50% da matriz ungueal.
Anatomia relevante para trefinação ungueal
A unha acima de um hematoma não apresenta sensibilidade, mas a sensibilidade no leito ungueal é excelente.
A matriz ungueal sob a base da unha fixa a derme ao periósteo da falange distal e possibilita o crescimento ungueal. A matriz distal termina na lúnula (crescente branco). Cicatrizes na unha desaparecem com o tempo, mas as cicatrizes da matriz ungueal podem levar à deformidade ungueal ou perda permanente da unha.
Posicionamento para trefinação ungueal
Posição para fornecer excelente exposição da unha
Mão apoiada em uma superfície firme
Descrição passo a passo da trefinação ungueal
Avaliar o comprometimento neurovascular do dígito ou artelho e o tendão extensor à procura de evidências de ruptura do tendão na articulação interfalângica distal (IFD) (dedo ou artelho em martelo).
Limpar a unha e o dedo delicadamente com gaze e água e sabão, ou com um limpador antibacteriano suave para feridas, como clorexidina.
Tranquilize o paciente de que a trepanação leva apenas alguns segundos e é quase indolor — muito menos dolorosa que um bloqueio do nervo digital.
Se não é possível tranquilizar o paciente, anestesiar o dedo distal com um bloqueio digital.
Estabilizar a mão operante na mesma superfície da mão do paciente.
Ao utilizar um cautério, posicionar o aparelho sobre o centro do hematoma subungueal, pressionar levemente com controle até sentir um “avanço” e o sangue sair da incisão. O procedimento é muito rápido, geralmente < 1 segundo.
Ao utilizar uma agulha de calibre grande, utilize um movimento de rotação com pressão moderada para perfurar cuidadosamente através da unha.
Após penetrar a placa ungueal, o leito ungueal deve ser minimamente contatado.
Alternativa: em vez do cautério ou da agulha de grosso calibre, é possível inserir uma agulha de insulina de calibre 29 sob a unha no hiponíquio distal e avançá-la proximalmente e paralela à placa ungueal com uma leve sucção na seringa até que o hematoma comece a drenar na seringa acoplada.
Com a drenagem bem-sucedida, há diminuição imediata e acentuada da dor e redução visível do hematoma.
Se a dor não for significativamente aliviada, considere se outra área do hematoma exige drenagem (em geral, uma única incisão bem posicionada é suficiente).
Cuidados posteriores para trefinação ungueal
Cobrir com gaze estéril. Informar o paciente que a drenagem através do orifício pode continuar por 24 a 36 horas.
O retorno da dor pode indicar coágulo no local da trefinação. Banho quente pode ajudar a remover o coágulo e aliviar a dor.
Antibióticos profiláticos não são rotineiramente necessários, mesmo se houver fratura (1).
Alertas e erros comuns para trefinação ungueal
Certifique-se de controlar a ponta do cautério ou agulha à medida que ela passa através da placa ungueal para que o contato com o leito ungueal seja mínimo.
Certificar-se de não introduzir o cautério de maneira muito superficial ou lenta, fazendo com que a área esquente.
Evitar cauterização quente em unhas artificiais, que podem ser inflamáveis.
Referência
1. Metcalfe D, Aquilina AL, Hedley HM. Prophylactic antibiotics in open distal phalanx fractures: systematic review and meta-analysis. J Hand Surg Eur Vol. 2016;41(4):423-430. doi:10.1177/1753193415601055
