(Ver também Visão geral das imunodeficiências Visão geral das imunodeficiências Imunodeficiências estão associadas com ou predispõem os pacientes a várias complicações, como infecções, doenças autoimunes, linfomas e outros tipos de câncer. Imunodeficiências primárias são... leia mais e Abordagem ao paciente com distúrbios de imunodeficiência Abordagem ao paciente com suspeita de imunodeficiência Em geral, as imunodeficiências se manifestam pelo aparecimento de infecções recorrentes. Entretanto, as infecções recorrentes têm maior probabilidade de ter outras causas além da imunodeficiência... leia mais .)
Síndrome linfoproliferativa ligada ao X (XLP) é uma imunodeficiência primária Imunodeficiências primárias Imunodeficiências estão associadas com ou predispõem os pacientes a várias complicações, como infecções, doenças autoimunes, linfomas e outros tipos de câncer. Imunodeficiências primárias são... leia mais que envolve imunodeficiências celulares Imunodeficiências celulares Imunodeficiências estão associadas com ou predispõem os pacientes a várias complicações, como infecções, doenças autoimunes, linfomas e outros tipos de câncer. Imunodeficiências primárias são... leia mais . Ela é causada por mutações em um gene no cromossomo X. É uma doença recessiva e, assim, se manifesta apenas em homens.
XLP tipo 1 é o tipo mais comum (cerca de 60% dos casos). Ela é causada por uma mutação no gene que codifica a proteína associada à molécula de sinalização de ativação de linfócitos (SLAM) (SAP, também chamada proteína 1A do domínio SH2 [SH2D1A] ou DSHP). Sem a SAP, os linfócitos proliferam-se desordenadamente em resposta ao vírus Epstein-Barr Mononucleose infecciosa A mononucleose infecciosa é causada pelo vírus Epstein-Barr (herpes-vírus humano tipo 4) e caracteriza-se por fadiga, febre, faringite e linfadenopatia. A fadiga pode persistir durante semanas... leia mais e as células NK não funcionam.
XPL tipo 2 é clinicamente semelhante ao tipo 1 e predispõe à linfoistiocitose hemofagocítica Linfoistiocitose hemofagocítica (LHF) Linfoistiocitose hemofagocítica (LHF) é um distúrbio incomum que causa disfunção imunitária em lactentes e crianças pequenas. Muitos pacientes têm um distúrbio imunitário subjacente, embora... leia mais , um distúrbio incomum que causa imunodeficiência em lactentes e crianças pequenas. XLP2 é causada por mutações em um gene que codifica a proteína inibidora da apoptose ligada ao X (XIAP).
Sinais e sintomas
A síndrome linfoproliferativa ligada ao X costuma ser assintomática até que haver infecção por vírus Epstein-Barr. Então, a maioria dos pacientes desenvolve mononucleose infecciosa fulminante ou fatal, com insuficiência hepática (causada por linfócitos T citotóxicos que reagem às células B infectadas pelo vírus Epstein-Barr ou outras células teciduais). Os sobreviventes da infecção inicial desenvolvem linfomas de célula B Visão geral dos linfomas São um grupo heterogêneo de neoplasias que surgem nos sistemas reticuloendotelial e linfático. Os principais tipos são Linfoma de Hodgkin Linfoma não Hodgkin Ver tabela Comparação entre linfoma... leia mais , anemia aplásica, Anemia aplásica Anemia aplásica é uma doença das células-tronco hematopoiéticas que resulta na perda dos precursores dos eritrócitos, hipoplasia ou aplasia da médula óssea e citopenia de duas ou mais linhagens... leia mais hipogamaglobulinemia (lembrando a da imunodeficiência variável comum Imunodeficiência comum variável (IDCV) A imunodeficiência comum variável (adquirida ou hipogamaglobulinemia iniciada na idade adulta) caracteriza-se por baixos níveis de Ig com células B fenotipicamente normais que se proliferam... leia mais ), esplenomegalia ou uma combinação desses distúrbios.
Diagnóstico
Exame genético
Deve-se considerar o diagnóstico de síndrome linfoproliferativa ligada ao cromossomo X em homens jovens com infecção grave pelo vírus Epstein-Barr, linfoistiocitose hemofagocítica, história familiar sugestiva ou outras manifestações comuns.
O exame genético é o teste padrão ouro para a confirmação do diagnóstico (antes e depois da infecção por EBV e de os sintomas se desenvolverem), bem como o estado de portador. No entanto, exames genéticos podem levar semanas para serem concluídos, de modo que se faz outro teste se o diagnóstico precisar ser facilitado (p. ex., citometria de fluxo para avaliar a expressão da proteína SH2D1A).
Resultados sugestivos incluem
Diminuição da resposta de anticorpos aos antígenos (particularmente ao antígeno nuclear do EBV)
Respostas prejudicadas das células T proliferativa a mitógenos
Diminuição da função das células NK
Razão CD4:CD8 invertida
Esses achados são típicos antes e depois da infecção por vírus Epstein-Barr. Biópsia da medula óssea pode ajudar a confirmar a linfoistiocitose hemofagocítica.
Em sobreviventes, testes laboratoriais e de imagem são realizados anualmente para verificar linfoma e anemia.
Exames genéticos são feitos em parentes quando um caso ou portador é identificado em uma família. Recomenda-se o rastreamento pré-natal para a pessoa se for identificada na família uma mutação que causa XLP.
Tratamento
Transplante de células-tronco hematopoiéticas
O tratamento da síndrome linfoproliferativa ligada ao cromossomo X consiste no transplante de células-tronco hematopoiéticas Transplante de células-tronco hematopoiéticas O TCTH é uma técnica de evolução rápida, que oferece potencial de cura para cânceres hematológicos ( leucemias, linfomas, mielomas) e outras doenças hematológicas (p. ex., imunodeficiência primária... leia mais . Aproximadamente 75% dos pacientes morrem aos 10 anos de idade e todos morrem aos 40 anos, a menos que seja feito transplante de células-tronco hematopoiéticas Transplante de células-tronco hematopoiéticas O TCTH é uma técnica de evolução rápida, que oferece potencial de cura para cânceres hematológicos ( leucemias, linfomas, mielomas) e outras doenças hematológicas (p. ex., imunodeficiência primária... leia mais . Cerca de 80% dos pacientes que recebem um transplante sobrevivem. O transplante é curativo se feito antes da infecção pelo vírus Epstein-Barr ou antes que outras doenças se tornem irreversíveis.
Rituximabe pode ajudar a prevenir infecção grave por EBV antes do transplante.