(Ver também Visão geral dos distúrbios plaquetários Visão geral das disfunções plaquetárias As plaquetas são fragmentos de células circulantes que funcionam no sistema de coagulação. A trombopoietina ajuda a controlar o número de plaquetas circulantes estimulando a medula óssea a produzir... leia mais .)
Síndrome do desconforto respiratório agudo
Pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo Insuficiência respiratória hipoxêmica aguda (IRHA, SARA) Define-se insuficiência respiratória hipoxêmica aguda como hipoxemia grave (PaO2 (Ver também Visão geral da ventilação mecânica.) O preenchimento dos espaços aéreos na insuficiência respiratória... leia mais podem evoluir com trombocitopenia não imunológicia, provavelmente secundária ao depósito de plaquetas no leito capilar pulmonar.
Transfusões de sangue
Púrpura pós-transfusional causa destruição imunológicia das plaquetas indiferenciável da trombocitopenia imunológicia Trombocitopenia imunitária (TPI) A trombocitopenia imune (TPI) é um distúrbio hemorrágico geralmente sem anemia nem leucopenia. Tipicamente, é crônica em adultos, mas quase sempre é aguda e autolimitada em crianças. O tamanho... leia mais , exceto pela história de hemotransfusão nos últimos 7 a 10 dias. O paciente, normalmente do sexo feminino, não apresenta o antígeno plaquetário (PLA-1, platelet antigen) que está presente na maioria das pessoas. A transfusão com plaquetas PLA-1 positivas estimula a formação de anticorpos anti-PLA-1, os quais (por um mecanismo desconhecido) podem reagir com os pacientes com plaquetas anti-PLA-1 negativas. Trombocitopenia grave é o resultado, levando 2 a 6 semanas para diminuir. O tratamento com imunoglobulina IV (IgIV) geralmente é bem-sucedido.
Distúrbios do tecido conjuntivo e linfoproliferativos
Doenças do tecido conjuntivo (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico Lúpus eritematoso sistêmico (LES) O lúpus eritematoso sistêmico é um distúrbio inflamatório, crônico e multissistêmico, de provável etiologia autoimune e que ocorre predominantemente em mulheres jovens. As manifestações comuns... leia mais , síndrome de anticorpos antifosfolipídeos Síndrome antifosfolipídica (SAF) A síndrome antifosfolipídica é uma doença autoimune caracterizada por trombose venosa e arterial ou complicações na gestação (p. ex., aborto recorrente) e autoanticorpos persistentes para proteínas... leia mais ) ou doenças linfoproliferativas [p. ex., leucemia linfocítica crônica (LLC) Leucemia linfocítica crônica (LLC) A leucemia linfocítica crônica (LLC) é caracterizada pelo acúmulo progressivo de linfócitos B malignos fenotipicamente maduros. Os locais primários da doença incluem sangue periférico, medula... leia mais ] podem causar TPI secundária. Corticoides e os tratamentos usuais para trombocitopenia imune Tratamento A trombocitopenia imune (TPI) é um distúrbio hemorrágico geralmente sem anemia nem leucopenia. Tipicamente, é crônica em adultos, mas quase sempre é aguda e autolimitada em crianças. O tamanho... leia mais costumam ser eficazes; tratar a doença subjacente nem sempre prolonga a remissã.
Destruição plaquetária imunológica induzida por fármacos
Os fármacos comumente utilizados que, às vezes, induzem trombocitopenia incluem
Carbamazepina
Clorpropamida
Inibidores da glicoproteína IIb/IIIa (p. ex., abciximabe, eptifibatida, tirofibana)
Heparina
Hidroclorotiazida
Quinina
Ranitidina
Rifampina
Sulfametoxazol/trimetoprima
Vancomicina
Exceto pela heparina, a trombocitopenia induzida por fármacos ocorre tipicamente quando um fármaco ligado à plaqueta ou uma proteína transportadora cria um antígeno novo e “estranho”, causando reação imunitária. Esse distúrbio é indiferenciável da ITP, exceto pela história de ingestão de fármaco. Quando se interrompe o fármaco, a contagem de plaquetas começa a aumentar dentro de 1 a 2 dias e volta ao normal em 7 dias.
Trombocitopenia induzida por heparina
A trombocitopenia induzida por heparina (TIP) ocorre em cerca de 1% dos pacientes tratados com heparina não fraccionada. A trombocitopenia induzida por heparina pode ocorrer mesmo ao utilizar doses muito baixas de heparina (p. ex., utilizada em um fluxo para manter os acessos venosos ou arteriais pérvios). O mecanismo normalmente é imunológicio. Sangramento raramente ocorre, porém, mais comumente as plaquetas se agrupam excessivamente, causando obstrução no vaso, provocando tromboses paradoxais arteriais e venosas, que podem ser potencialmente fatais (p. ex., oclusão tromboembólica das artérias dos membros, acidente vascular encefálico Visão geral do acidente vascular encefálico Os acidentes vasculares cerebrais são um grupo de distúrbios que envolvem interrupção focal e súbita do fluxo sanguíneo encefálico, que causa deficits neurológicos. Acidentes vasculares encefálicos... leia mais , infarto agudo do miocárdio Infarto agudo do miocárdio (IAM) Infarto agudo do miocárdio é necrose miocárdica resultante de obstrução aguda de uma artéria coronária. Os sintomas incluem desconforto torácico com ou sem dispneia, náuseas e/ou diaforese.... leia mais ).
Deve-se interromper imediatamente a heparina em qualquer paciente que se torna trombocitopênico e desenvolve nova trombose ou naqueles em que a contagem de plaquetas diminui em mais de 50%, enquanto se aguardam os resultados dos testes feitos para detectar anticorpos à heparina ligada ao fator plaquetário 4. Deve-se substituir a anticoagulação com um anticoagulante sem heparina (p. ex., argatroban, bivalirudina, fondaparinux) pelo menos até a recuperação plaquetária.
Heparina de baixo peso molecular (HBPM) é menos imunogênica do que a heparina não fracionada, mas não pode ser utilizada como anticoagulante para os pacientes com trombocitopenia induzida por heparina porque a maioria dos anticorpos da TIP tem reação cruzada com a HBPM. O fondaparinux é uma alternativa aceitável em muitos pacientes, mas dada sua meia-vida de 17 horas, não é apropriado para os pacientes que em breve podem precisar de um procedimento ou têm alto risco de sangramento. Não se deve substituir a varfarina pela heparina para os pacientes com trombocitopenia induzida por heparina e, se for necessária anticoagulação prolongada. Deve-se iniciar a varfarina somente após a recuperação da contagem de plaquetas.
Infecções
Infecção por HIV Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) resulta de 1 dos 2 retrovírus similares (HIV-1 e HIV-2) que destroem linfócitos CD4+ e prejudicam a imunidade mediada por células, aumentando... leia mais pode provocar trombocitopenia imunológicia indistinguível da trombocitopenia imunitária Trombocitopenia imunitária (TPI) A trombocitopenia imune (TPI) é um distúrbio hemorrágico geralmente sem anemia nem leucopenia. Tipicamente, é crônica em adultos, mas quase sempre é aguda e autolimitada em crianças. O tamanho... leia mais , exceto pela associação a esse vírus. A contagem de plaquetas pode aumentar durante a administração de glicocorticoides. Mas os glicocorticoides costumam ser mantidos, exceto se a contagem plaquetária cair para < 20.000/mcL (< 20 × 109/L), porque esses fármacos podem deprimir ainda mais a função imunitária. A contagem de plaquetas também aumenta geralmente após o tratamento com fármacos antivirais.
A infecção pelo vírus da hepatite C Hepatite C, aguda A hepatite C é causada por um vírus de RNA que é muitas vezes transmitido parentericamente. Ele às vezes causa sintomas típicos de hepatite viral, incluindo anorexia, mal-estar e icterícia,... leia mais é comumente associada com trombocitopenia. A infecção ativa pode promover uma trombocitopenia indiferenciável da trombocitopenia imunitária com plaquetas < 10.000/mcL. Graus mais leves de trombocitopenia (contagem de plaquetas de 40.000 a 70.000/mcL [40-70 × 109/L]) podem ocorrer por causa do comprometimento hepático reduzindo a produção de trombopoietina, o fator de crescimento hematopoiético que regula o crescimento dos megacariócitos e a produção de plaquetas. A trombocitopenia induzida pela hepatite C responde aos mesmos tratamentos que a trombocitopenia imunitária Tratamento A trombocitopenia imune (TPI) é um distúrbio hemorrágico geralmente sem anemia nem leucopenia. Tipicamente, é crônica em adultos, mas quase sempre é aguda e autolimitada em crianças. O tamanho... leia mais .
Outras infecções, tais como infecções virais sistêmicas (p. ex., vírus de Epstein-Barr Mononucleose infecciosa A mononucleose infecciosa é causada pelo vírus Epstein-Barr (herpes-vírus humano tipo 4) e caracteriza-se por fadiga, febre, faringite e linfadenopatia. A fadiga pode persistir durante semanas... leia mais , citomegalovírus Infecção por citomegalovírus (CMV) Citomegalovírus (CMV, human herpesvirus type 5) pode causar infecções que têm uma ampla extensão de gravidade. Uma síndrome de mononucleose infecciosa que não apresenta faringite grave é comum... leia mais ), infecções riquetsiais (p. ex., febre maculosa das Montanhas Rochosas Febre maculosa das Montanhas Rochosas (FMMR) A febre maculosa das Montanhas Rochosas é causada por Rickettsia rickettsii e transmitida por carrapatos ixodídeos. Os sintomas são febre alta, tosse e exantema. (Ver também Visão geral... leia mais ) e sepsia bacteriana são normalmente associadas à trombocitopenia.
Gestação
Trombocitopenia, tipicamente assintomática, ocorre no final da gestação em cerca de 5% de gestaçãoes normais (trombocitopenia gestacional); ela é quase sempre leve (contagem de plaquetas inferior a < 70.000/mcL [< 70 × 109/L] é rara), não requer tratamento e se resolve após o parto. Mas trombocitopenia grave pode-se desenvolver em gestantes com pré-eclâmpsia Pré-eclâmpsia e eclampsia Pré-eclâmpsia é o ressurgimento ou agravamento da hipertensão e proteinúria após 20 semanas de gestação. Eclâmpsia é a ocorrência de convulsões generalizadas e inexplicadas em mulheres com pré-eclâmpsia... leia mais e síndrome HELLP (hemolysis, elevated liver enzymes, and low platelets; no acrônimo em inglês); essas mulheres tipicamente têm indicação de parto imediato e considerar a transfusão de plaquetas se a contagem for < 20.000/mcL (20 × 109/L) ou < 50.000/mcL (< 50 × 109/L) se o parto for cesáreo.
Sepse
Sepse Sepse e choque séptico A sepse é uma síndrome clínica de disfunção de órgãos com risco de vida, causada por uma resposta desregulada a infecções. No choque séptico há uma redução crítica da perfusão tecidual; pode... leia mais produzem, com frequência, trombocitopenia não imunológicia, cuja gravidade se compara à da infecção. A trombocitopenia tem múltiplas causas:
Ativação do complemento
Deposição de plaquetas em superfícies endoteliais danificadas
Formação de complexos imunes que podem se associar a plaquetas
Apoptose plaquetária
Remoção do ácido siálico da superfície das plaquetas, resultando em aumento da eliminação das plaquetas pelo fígado mediada pelos receptores CLEC4F de células de Ashwell-Morell ou células de Kupffer