Visão geral do cuidado geriátrico

PorDebra Bakerjian, PhD, APRN, University of California Davis
Revisado/Corrigido: out 2022
Visão Educação para o paciente

A cada 4 anos, o US Department of Health and Human Services (HHS) atualiza seu plano estratégico e define sua missão e objetivos. O plano estratégico do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) para 2022 a 2026 consiste nos 5 objetivos a seguir (1):

  • Objetivo estratégico 1: proteger e fortalecer o acesso equitativo a cuidados de saúde financeiramente viáveis e de alta qualidade

  • Objetivo estratégico 2: salvaguardar e melhorar os desfechos e as condições de saúde norte-americanas e globais

  • Objetivo estratégico 3: fortalecer o bem-estar social, a equidade e a resiliência econômica

  • Objetivo estratégico 4: restaurar a confiança e acelerar os avanços em ciências e pesquisas para todos

  • Objetivo estratégico 5: avançar no gerenciamento estratégico para construir confiança, transparência e responsabilização

O Center for Medicare and Medicaid Services (CMS), em seguida, atualiza seu plano estratégico com base no plano estratégico do HHS e define sua agenda de qualidade para os próximos 5 a 10 anos. O plano estratégico do CMS para 2022 consiste nos pilares a seguir (2):

  • Equidade avançada

  • Expandir o acesso

  • Envolver os parceiros

  • Impulsionar a inovação

  • Proteger os programas

  • Promover excelência

Profissionais que prestam cuidados a idosos devem estar cientes de todos esses objetivos e pilares e incorporá-los em sua abordagem ao atendimento geriátrico. O objetivo universal é melhorar a experiência do paciente e fornecer atendimento de alta qualidade e cuidado seguro com uma boa relação custo-benefício. É essencial abordar as disparidades de saúde e avançar na equidade de saúde.

O envolvimento com pacientes e familiares de modo a torná-los parceiros no cuidado leva a um cuidado centrado na pessoa mais significativo e a planos de prevenção e tratamento mais eficazes com melhores desfechos. Os médicos precisam coordenar os cuidados entre as várias instituições que atendem os pacientes e estabelecer uma comunicação eficaz com outros médicos, bem como com os pacientes e seus familiares. Além disso, os geriatras precisam trabalhar com as comunidades para criar e implementar as melhores práticas que incorporem estratégias de prevenção com o objetivo de manter os pacientes e as populações mais saudáveis. Por fim, profissionais e equipe de saúde, acadêmicos e pesquisadores devem trabalhar com os formuladores de políticas para tornar os cuidados de saúde mais equitativos e acessíveis.

Como os idosos tendem a apresentar múltiplas doenças crônicas e também podem ter problemas sociais, cognitivos ou funcionais, a necessidade deles de assistência de saúde é maior e usam uma quantidade significativamente desproporcional de recursos ligados aos atendimentos de saúde:

  • Pessoas ≥ 65 anos têm a maior taxa de internação hospitalar, mais de 2,5 vezes maior que aqueles com 45 a 64 anos (3).

  • O Medicare aumentou de forma constante sua quota nos custos para internações não maternas e não neonatais para 25,1% em pessoas de 45 a 64 anos e para 97% em pessoas de 65 anos ou mais (3).

  • Pessoas com 65 anos ou mais têm o maior uso per capita dos departamentos de emergência (538,3 consultas por 1.000 habitantes) (4).

  • Metade dos beneficiários tradicionais do Medicare com 65 anos ou mais, gastaram 14% ou mais das respectivas rendas totais em despesas com saúde, com um ônus ainda maior para aqueles com mais de 85 anos (5).

  • 88% dos adultos mais velhos tomam pelo menos um fármaco sob prescrição e 36% tomam 5 ou mais fármacos prescritos (6).

Por causas das várias doenças crônicas que os idosos apresentam, é muito provável que procurem vários profissionais de saúde e migrem de uma instituição de cuidados de saúde para outra. Portanto, a prestação consistente e integrada de cuidados por instituições específicas, algumas vezes denominadas estabelecimentos de cuidados continuados, é particularmente importante para o paciente idoso. A comunicação entre os médicos de cuidados primários, especialistas, outros profissionais de saúde, pacientes e seus familiares, particularmente quando os pacientes são transferidos entre instituições, é fundamental para garantir que os pacientes recebam cuidados apropriados em todos os estabelecimentos. Prontuários médicos eletrônicos podem ajudar a facilitar a comunicação.

Referências gerais

  1. 1. U.S. Department of Health & Human Services (HHS): Strategic Plan FY 2022–2026.

  2. 2. Center for Medicare and Medicaid Services (CMS): CMS Strategic Plan 2022.

  3. 3. Sun R, Karaca Z, Wong HS: Trends in hospital inpatient stays by age and payer, 2000–2015. HCUP Statistical Brief #235. Agency for Healthcare Research and Quality, 2018.

  4. 4. Moore BJ, Stocks C, Owens PL: Trends in emergency department visits, 2006–2014. HCUP Statistical Brief #227. Agency for Healthcare Research and Quality, 2017.

  5. 5. Cubanski J, Neuman T, Damico A, et al: Medicare beneficiaries’ out-of-pocket health care spending as a share of income now and projections for the future. Kaiser Family Foundation, 2018.

  6. 6. Qato DM, Wilder J, Schumm LP, et al: Changes in prescription and over-the-counter medication and dietary supplement use among older adults in the United States, 2005 vs 2011. JAMA Intern Med 176(4):473–482, 2016. doi: 10.1001/jamainternmed.2015.8581

Ambientes de cuidados de saúde

Os cuidados podem ser prestados em:

  • Consultório médico: as razões mais comuns para as visitas são problemas crônicos rotineiros, diagnóstico e tratamento de problemas agudos e crônicos, promoção de saúde e prevenção de doenças e avaliação pré e pós-cirúrgica. O Medicare paga uma consulta anual de bem-estar para idosos inscritos no Medicare Part B por mais de 12 meses (ver em Medicare Coverage os limites e as exceções). A consulta anual foca na identificação de áreas de risco, prevenção de doenças e incapacidades, rastreamento à procura de comprometimento cognitivo e elaboração de um plano de prevenção.

  • Domicílio do paciente: usa-se com mais frequência a assistência domiciliar após a alta hospitalar, mas a hospitalização não é um pré-requisito. Além disso, um pequeno, mas crescente, número de profissionais de saúde prestam cuidados para problemas agudos e crônicos e, às vezes, para o tratamento no final da vida na casa do paciente. Um modelo chamado Independence at Home Demonstration presta atendimento a pessoas com limitações funcionais significativas e múltiplas doenças crônicas. Os cuidados são prestados por equipes compostas por médicos, enfermeiros, farmacêuticos e assistentes sociais. Esse modelo mostrou economia significativa no programa Medicare e tem alta satisfação do paciente e do profissional.

  • Instituições de cuidados prolongados: essas instituições incluem instituições de vida assistida, instituições de internamento e cuidados, instituições de enfermagem especializada, e residências comunitárias para idosos. A magnitude dos cuidados requeridos pelo paciente em uma determinada instituição de longa permanência dependerá, em parte, de seus desejos e necessidades, assim como da capacidade da família em atender às necessidades do paciente. Como a tendência de estadias hospitalares é por períodos mais curtos, algumas unidades de cuidados de longa duração também prestam cuidados pós-agudos (p. ex., reabilitação e serviços de enfermagem especializados de alto nível) anteriormente realizados durante a hospitalização.

  • Instituições de cuidados diários: essas instituições prestam serviços médicos, de reabilitação, cognitivo e sociais por algumas horas ao dia e em vários dias da semana.

  • Hospitais: apenas os pacientes idosos em estado grave devem ser hospitalizados. A hospitalização por si só representa risco para pacientes idosos devido ao confinamento, imobilidade, exames diagnósticos e exposição a organismos infecciosos. Alguns hospitais desenvolveram programas que prestam serviços de nível hospitalar no ambiente domiciliar. Esses programas são particularmente úteis para pacientes que exigem terapias a longo prazo que precisam ser administradas por enfermeiros licenciados e podem reduzir o risco de doenças adquiridas em hospitais, como algumas infecções e delirium.

  • Hospitais de longa permanência: essas instituições prestam recuperação hospitalar e cuidados de reabilitação mais extensos a pacientes com lesões graves e doenças clinicamente complexas (p. ex., acidente vascular encefálico grave, trauma grave, múltiplos problemas agudos e crônicos). Essas instituições são para pacientes nos quais espera-se que melhorem e voltem para casa, mas precisam de um período de tempo mais longo.

  • Centros de cuidados paliativos (hospice): os centros de cuidados paliativos prestam assistência ao doente terminal. O objetivo é aliviar os sintomas e manter a pessoa confortável em vez de curar uma determinada doença. Os cuidados paliativos podem ser prestados em casa, por uma enfermeira domiciliar ou uma unidade de internação.

De modo geral, devem ser usados os níveis mais baixo e mínimo restritivos de cuidados adequados às necessidades do paciente. Essa abordagem conserva os recursos financeiros e ajuda a preservar a independência e o funcionamento do paciente.

Equipes geriátricas interdisciplinares

As equipes geriátricas interdisciplinares consistem em profissionais de diferentes áreas que prestam cuidados coordenados e integrados aos objetivos estabelecidos coletivamente e recursos e responsabilidades compartilhadas.

Nem todos os indivíduos idosos necessitam de uma equipe interdisciplinar geriátrica formal. No entanto, se o paciente mostrar necessidades médicas, psicológicas e sociais complexas, tais equipes são mais eficazes na avaliação de suas necessidades e na criação de um plano de cuidados efetivos do que os profissionais que trabalham isoladamente. Se os cuidados interdisciplinares não estão disponíveis, uma alternativa é o tratamento por um geriatra ou enfermeiro geriátrico ou médico generalista com experiência e interesse em medicina geriátrica.

O objetivo das equipes interdisciplinares é assegurar:

  • Que os pacientes se locomovam com segurança e facilidade de um ambiente de cuidados para outro e de um médico para outro

  • Que o médico mais qualificado preste os cuidados para cada problema

  • Que o cuidado não seja duplicado

  • Que o cuidado seja abrangente

Para criar, monitorar ou revisar o plano de cuidados, as equipes interdisciplinares devem se comunicar de maneira aberta, livre e regular. Os membros do núcleo da equipe devem colaborar, com confiança e respeito em relação às contribuições dos demais, e coordenar o plano de cuidados (p. ex., delegando, compartilhando a responsabilidade, articulando a implementação). Os membros da equipe podem trabalhar juntos no mesmo local, tornando a comunicação informal e rápida. Entretanto, com o maior uso da tecnologia (isto é, celulares, computadores, internet, telessaúde), não é incomum que os membros da equipe trabalhem em locais diferentes e usem várias tecnologias para melhorar a comunicação.

Uma equipe tipicamente inclui médicos, enfermeiros, profissionais de enfermagem farmacêuticos, assistentes sociais, psicólogos e, às vezes, dentista, nutricionista, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, estudioso da ética ou profissionais especializados em cuidados paliativos. Os membros da equipe devem ter conhecimento de medicina geriátrica, familiaridade com o paciente, dedicação ao processo da equipe e habilidades de boa comunicação.

Para funcionar com eficiência, as equipes necessitam de uma estrutura formal. As equipes devem desenvolver uma visão compartilhada dos cuidados, identificar objetivos centrados no paciente e estabelecer prazos para atingir os objetivos, agendar reuniões regulares (para discutir a estrutura, processos e comunicação da equipe) e monitorar continuamente o progresso (adotando medidas de melhoria da qualidade).

Em geral, a liderança da equipe deve ser alternada, dependendo das necessidades do paciente; é o fornecedor principal dos registros de cuidados do progresso do paciente. Por exemplo, se a principal consideração é a condição médica do paciente, o médico ou profissional de enfermagem conduzirá a reunião e apresentará o paciente e os membros da família à equipe. O médico, profissional de enfermagem e o assistente do médico costumam trabalhar em conjunto determina as condições médicas que o paciente apresenta (incluindo diagnósticos diferenciais) e explica como essas condições afetam os cuidados. Se o paciente e os familiares precisarem de ajuda para coordenar os cuidados, o assistente social pode ser o mais bem-informado e, portanto, assumir a liderança da equipe. Paralelamente, se houver problemas de medicação, o farmacêutico pode ser a melhor pessoa para liderar a equipe. Por outro lado, se a principal preocupação está relacionada aos cuidados de enfermagem, como tratamento de feridas, então o enfermeiro deve assumir o comando.

As informações da equipe são incorporadas aos pedidos médicos. O médico ou um dos membros da equipe de assistência deve escrever os pedidos em consonância com o processo da equipe e discutir as decisões da equipe com o paciente, membros da família e cuidadores.

Se uma equipe interdisciplinar formalmente estruturada não estiver disponível ou prática, pode ser usada uma equipe virtual. Essas equipes geralmente são lideradas pelo médico de cuidados primários, mas podem ser organizadas e administradas por uma enfermeira com experiência avançada, um coordenador de cuidados ou um gestor de casos. A equipe virtual usa informações tecnológicas (p. ex., dispositivos portáteis, e-mail, videoconferência e teleconferência) para se comunicar e colaborar com os membros da equipe na comunidade ou com um sistema de cuidados de saúde.

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. Center for Medicare and Medicaid Services (CMS): Independence at Home Demonstration: Information about this care-in-the-home test model

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