Febre hemorrágica da dengue/síndrome do choque da dengue

PorStefania Carmona, MD, University of Alabama at Birmingham
Reviewed ByChristina A. Muzny, MD, MSPH, Division of Infectious Diseases, University of Alabama at Birmingham
Revisado/Corrigido: modificado ago. 2025
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Visão Educação para o paciente

A febre hemorrágica da dengue (também chamada de febre hemorrágica filipina, tailandesa ou do sudeste asiático) é uma variante da apresentação da infecção por dengue que ocorre principalmente nas crianças com < 10 anos de idade que vivem em áreas endêmicas. A febre hemorrágica da dengue ocorre com mais frequência em pessoas com infecção prévia pelo vírus da dengue.

A febre hemorrágica da dengue é uma doença imunopatológica; complexos imunes dos anticorpos do vírus da dengue desencadeiam a liberação dos mediadores vasoativos pelos macrófagos. Os mediadores aumentam a permeabilidade vascular, provocando extravasamento vascular, manifestações hemorrágicas, hemoconcentração e derrames serosos, que podem levar ao colapso circulatório (isto é, síndrome de choque da dengue).

Sinais e sintomas da febre hemorrágica da dengue

A febre hemorrágica da dengue frequentemente começa com febre e cefaleia de início abrupto, sendo inicialmente indiferenciável da dengue clássica. Os sinais de alerta que preveem possível progressão para dengue grave são:

  • Sensibilidade e dor abdominal intensa

  • Vômitos persistentes

  • Hematêmese

  • Epistaxe ou sangramento das gengivas

  • Fezes escuras (melena)

  • Edema

  • Letargia, confusão ou agitação

  • Hepatomegalia

  • Derrame pleural ou ascite

  • Alteração acentuada na temperatura (de febre à hipotermia)

O colapso circulatório e a falência de múltiplos órgãos, chamada síndrome de choque da dengue, pode se desenvolver rapidamente em 2 a 6 dias após o início dos sintomas.

As diáteses hemorrágicas se manifestam da seguinte forma:

  • Púrpura, petéquias ou equimoses em locais de injeção (habitual)

  • Hematêmese, melena ou epistaxe

  • Hemorragia subaracnoide (menos comum)

Broncopneumonia com ou sem derrames pleurais bilaterais é comum. Miocardite pode ocorrer.

A mortalidade é geralmente de < 1% em pacientes tratados em centros com experiência no tratamento da febre hemorrágica da dengue (1), embora seja mais elevada em pacientes não tratados.

Referência sobre sinais e sintomas

  1. 1. Adams LE, Wong JM, Paz-Bailey G. Dengue. JAMA. 2024;332(24):2109-2110. doi:10.1001/jama.2024.21094

Diagnóstico da febre hemorrágica da dengue

  • História, exame físico e critérios laboratoriais

Suspeita-se da febre hemorrágica da dengue em crianças com os critérios clínicos definidos pela OMS para o diagnóstico (1):

  • Febre repentina que permanece alta por 2 a 7 dias

  • Manifestações hemorrágicas

  • Hepatomegalia

As manifestações hemorrágicas incluem pelo menos uma prova do laço positiva e petéquias, púrpura, equimoses, sangramento gengival, hematêmese, ou melena. A prova do laço é realizada aplicando-se pressão (média entre a pressão sistólica e a diastólica) no membro superior do paciente, por 15 minutos. O número de petéquias que se forma dentro de um círculo de 2,5 cm de diâmetro é contado; o aparecimento de > 20 petéquias sugere fragilidade capilar.

Devem ser obtidos hemograma completo, testes de coagulação, análise de urina, testes hepáticos e testes de sorologia para dengue. Anormalidades de coagulação incluem:

  • Trombocitopenia (≤ 100.000 plaquetas/mcL [≤ 100 x 109/L])

  • Tempo de protrombina (TP) prolongado

  • Tempo de tromboplastina parcial (TTP) ativada prolongado

  • Diminuição de fibrinogênio

  • Aumento da quantidade de produtos de degradação da fibrina

Outras anormalidades laboratoriais incluem hipoproteinemia, proteinúria leve, níveis elevados de aspartato aminotransferase (AST) e hemoconcentração (hematócrito aumentado em 20%).

Pode-se realizar o diagnóstico sorológico utilizando o ensaio imunoenzimático para captura de IgM (MAC-ELISA). A combinação de testes sorológicos e do teste de amplificação do RNA do vírus da dengue é utilizada para estabelecer o diagnóstico entre o 1º e o 7º dia da doença. O teste de neutralização por redução de placas (PRNT) é específico e sensível. Títulos nas amostras de soro das fases aguda e convalescente podem estabelecer de forma confiável a infecção pelo vírus da dengue e podem indicar o tipo de vírus específico envolvido. O PRNT requer vírus vivos da dengue para o teste e é trabalhoso e caro. Muitos laboratórios não conseguem realizar o PRNT.

Presume-se que os pacientes que apresentam critérios clínicos definidos pela Organização Mundial da Saúde mais trombocitopenia ou hemoconcentração sejam portadores da doença (2).

Referências sobre diagnóstico

  1. 1. Dengue: Guidelines for Diagnosis, Treatment, Prevention and Control. Geneva: World Health Organization; 2009.

  2. 2. Centers for Disease Control and Prevention: Dengue: Clinical Testing Guidance for Dengue. May 1, 2025. Accessed June 16, 2025.

Tratamento da febre hemorrágica da dengue

  • Cuidados de suporte

Pacientes com febre hemorrágica da dengue precisam de tratamento intensivo para manter a euvolemia. Devem ser evitadas hipovolemia (que pode produzir choque) e hiperhidratação (que pode produzir síndrome do desconforto respiratório agudo). O volume intravascular é monitorado pela diurese e pelo grau de hemoconcentração.

Medicamentos antivirais não demonstraram melhorar o desfecho.

Pontos-chave

  • A febre hemorrágica da dengue ocorre principalmente em crianças < 10 anos que vivem em áreas onde a dengue é endêmica e exige infecção anterior pelo vírus da dengue.

  • A Febre hemorrágica da dengue pode inicialmente lembrar a dengue, mas alguns resultados (p. ex., sensibilidade e dor intensa abdominais, vômitos persistentes, hematêmese, epistaxe, melena) indicam uma possível progressão para dengue grave.

  • O colapso circulatório e a falência de múltiplos órgãos, chamada síndrome de choque da dengue, pode se desenvolver rapidamente em 2 a 6 dias após o início.

  • O diagnóstico baseia-se em critérios clínicos e laboratoriais específicos.

  • Manter a euvolemia é crucial.

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