Cardiomiopatia ligada à lâmina A/C (cardiolaminopatia)

PorL. Brent Mitchell, MD, Libin Cardiovascular Institute of Alberta, University of Calgary
Revisado/Corrigido: jan 2023
Visão Educação para o paciente

As cardiolaminopatias são doenças genéticas que causam cardiomiopatia dilatada, diversos tipos de arritmias, distúrbios de condução e risco aumentado de morte súbita. O diagnóstico inclui ECG, exames de imagem cardíacos e testes genéticos. Em geral, o tratamento é com um cardioversor-desfibrilador implantável (CDI), fármacos antiarrítmicos e medidas padrão para insuficiência cardíaca.

(Ver também Visão geral das cardiomiopatias arritmogênicas e Visão geral das arritmias)

A lâmina A e a lâmina C são proteínas de filamento estrutural no núcleo celular, codificadas pelo gene LMNA. Mutações nesse gene produzem um grupo de doenças chamadas laminopatias. Muitas laminopatias causam uma cardiomiopatia grave, geralmente dilatada, caracterizada por progressão rápida, taquiarritmias atriais, bloqueios atrioventriculares (AV), taquiarritmias ventriculares e morte súbita. As cardiolaminopatias são responsáveis por cerca de 5 a 10% das cardiomiopatias dilatadas idiopáticas.

A maioria das cardiomiolaminopatias tem herança autossômica dominante com alta penetrância; portanto, os familiares dos pacientes são frequentemente afetados.

Algumas mutações LMNA estão associadas a outras doenças, como certas distrofias musculares (p. ex., distrofia de Emery-Dreifuss), neuropatias, envelhecimento prematuro e anormalidades metabólicas como resistência à insulina, hipertrigliceridemia e lipodistrofia.

Os pacientes geralmente apresentam primeiro sintomas de bloqueios cardíacos e/ou arritmias, como palpitações, síncope ou parada cardíaca. Em geral, manifesta-se antes dos 40 anos de idade. As manifestações de insuficiência cardíaca (p. ex., dispneia aos esforços, fadiga, edema periférico) normalmente se desenvolvem mais tarde, mas o momento é variável. Uma proporção significativa de pacientes também apresenta sintomas musculares esqueléticos, p. ex., fraqueza, que pode até preceder as manifestações cardíacas.

Diagnóstico de cardiolaminopatia

  • ECG

  • Exames de imagem do coração (p. ex., ecocardiografia, RM cardíaca)

  • Exame genético

  • Triagem dos familiares de primeiro grau

Suspeita-se do diagnóstico em pacientes jovens com palpitações, síncope ou reanimação por parada cardíaca inexplicável, especialmente se também tiverem fraqueza em músculos esqueléticos e/ou história familiar de arritmias e/ou insuficiência cardíaca.

Os pacientes devem realizar ECG, monitoramento ambulatorial do ritmo cardíaco e exames de imagem cardíacos, geralmente ecocardiografia e/ou RM cardíaca.

Se forem detectados distúrbios de condução, taquiarritmias e/ou cardiomiopatia, fazem-se testes genéticos. O rendimento dos testes genéticos sobe de 5% para 10% na população geral de pacientes com cardiomiopatia dilatada idiopática para aproximadamente um terço nos pacientes com distúrbios de condução AV e história familiar de cardiomiopatia.

Familiares de primeiro grau dos pacientes têm risco significativo de ter a doença. Eles devem passar inicialmente por avaliação clínica (isto é, para detectar sintomas sugestivos de arritmia, fraqueza muscular e/ou insuficiência cardíaca), ECG, monitoramento ambulatorial do ritmo cardíaco e ecocardiografia e devem repetir esses exames a cada 1 a 3 anos. Realizam-se testes genéticos se o caso índice tem uma mutação identificada. Familiares que não são portadores dessa mutação não exigem repetição dos testes.

Tratamento de cardiolaminopatia

  • Moderação da atividade física

  • Normalmente, cardioversor desfibrilador implantável (CDI)

  • Às vezes, terapia antiarrítmica

  • Tratamento para a insuficiência cardíaca (incluindo transplante) conforme necessário

O tratamento é voltado à prevenção da morte súbita e de taquiarritmias ventriculares sintomáticas.

Os pacientes devem evitar esforço físico porque essas atividades podem acelerar a progressão da cardiomiopatia e podem promover arritmias potencialmente fatais.

Por causa do alto risco de morte súbita, um CDI é tipicamente implantado mais precocemente no curso da doença em pacientes com cardiolaminopatias do que em outros com cardiomiopatia dilatada (ver tabela Indicações para cardioversores desfibriladores implantáveis). Além das recomendações normais para uso de CDI em pacientes com cardiomiopatia dilatada e fração de ejeção ventricular < 35% e em pacientes com TV/FV sustentada ou reanimação por parada cardíaca, a inserção de um CDI também pode ser útil (recomendação de classe IIa) para pacientes com cardiolaminopatias que têm síncope inexplicada, uma indicação independente de marcapasso permanente, ou dois ou mais outros fatores de risco para morte súbita (fração de ejeção do ventrículo esquerdo intermediária [entre 35% a 44%], sexo masculino, taquicardia ventricular não sustentada, mutações não missence).

Deve-se usar um betabloqueador na maioria dos pacientes, mas este pode aumentar a possibilidade de bloqueio AV.

A terapia antiarrítmica com um fármaco da classe III, especialmente sotalol ou amiodarona, pode reduzir as taquiarritmias ventriculares sintomáticas, mas não é um substituto ao CDI. Entretanto, esses fármacos podem beneficiar pacientes que precisam de descargas frequentes e apropriadas do CDI, apesar de tratamento adequado com betabloqueadores.

Usam-se medidas padrão para tratamento da cardiomiopatia dilatada, conforme necessário.

Pontos-chave

  • As cardiolaminopatias são doenças genéticas que causam taquiarritmias, bloqueios cardíacos e insuficiência cardíaca.

  • Algumas dessas mutações também afetam o músculo esquelético.

  • O diagnóstico baseia-se em fatores clínicos e eletrocardiográficos, exames de imagem cardíacos e testes genéticos.

  • Familiares de primeiro grau têm risco significativo da doença e exigem triagem.

  • Em geral, o tratamento exige um cardioversor desfibrilador implantável e um betabloqueador.

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