Coriomeningite linfocitária é causada por um arenavírus. Em geral, produz uma doença semelhante a infuenza ou meningite asséptica, às vezes com exantema, artrite, orquite, parotidite, ou encefalite. O diagnóstico é feito por isolamento viral, PCR (polymerase chain reaction) ou imunofluorescência indireta. O tratamento é de suporte.
O vírus da coriomeningite linfocítica é endêmico em roedores em diversas regiões do mundo, principalmente nas Américas, Austrália, Europa e Japão. Infecções humanas provavelmente são significativamente subdiagnosticadas. Infecções resultam mais comumente de exposições à poeira ou alimentos contaminados por camundongos cinzentos domésticos (Mus musculus) ou hamsters, que abrigam o vírus e o secretam na urina, nas fezes, no sêmen e em secreções nasais. A porcentagem de camundongos domésticos infectados em uma população pode variar de acordo com a localização geográfica; em algumas áreas urbanas dos Estados Unidos, 9% dos camundongos selvagens capturados carregavam o vírus (1, 2). Quando transmitida por camundongo, a doença ocorre principalmente durante o outono e o inverno.
Referências gerais
1. Bonthius DJ. Lymphocytic choriomeningitis virus: an underrecognized cause of neurologic disease in the fetus, child, and adult. Semin Pediatr Neurol. 2012;19(3):89-95. doi:10.1016/j.spen.2012.02.002
2. Centers for Disease Control and Prevention: Lymphocytic Choriomeningitis: About Lymphocytic Choriomeningitis. January 30, 2025. Accessed June 17, 2025.
Sinais e sintomas da coriomeningite linfocítica
O período de incubação para coriomeningite linfocítica é 1 a 2 semanas.
A maioria dos pacientes é assintomática ou apresenta sintomas mínimos. Alguns desenvolvem doença semelhante à influenza. Febre, geralmente de 38,5 a 40° C, é acompanhada por calafrios, mal-estar, fraqueza, mialgia (em especial lombar), cefaleia retro-orbitária, fotofobia, anorexia, náuseasn cefaleia, fotofobia, anorexia, náuseas, vômitos e atordoamento. Os pacientes às vezes podem ter dor de garganta, tosse, dor torácica, dor testicular e dor nas glândulas parótidas.
Após 5 dias a 3 semanas, os pacientes podem melhorar por 1 a 2 dias. Muitos apresentam recaídas com recorrência de febre, cefaleia, exantema, edema de articulações metacarpofalângica e interfalagiana proximal, sinais meníngeos, orquite, parotidite, ou alopecia do couro cabeludo.
Meningite asséptica ocorre na minoria dos pacientes. Raramente ocorre encefalite franca, paralisia ascendente, paralisia bulbar, mielite transversa ou outros sintomas neurológicos. Sequelas neurológicas são raras nos pacientes com meningite, mas ocorrem mais frequentemente nos pacientes com encefalite.
A infecção durante a gestação pode provocar anormalidades, incluindo hidrocefalia, coriorretinite e deficiência intelectual. As infecções que ocorrem durante o 1º trimestre podem resultar em morte fetal.
Diagnóstico da coriomeningite linfocítica
PCR (polymerase chain reaction), análise do líquido cefalorraquidiano, detecção de anticorpos e isolamento viral
Suspeita-se de coriomeningite linfocitária em pacientes com exposição a roedores e doença aguda, particularmente meningite asséptica ou encefalite.
Em pacientes com meningite, a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) pode revelar uma leve diminuição da glicose no LCR (ocasionalmente tão baixa quanto 15 mg/dL [0,83 mmol/L]) e contagens de leucócitos no LCR variando de 100 a alguns milhares de células, predominantemente linfócitos (> 80%). O hemograma completo durante a primeira semana da doença pode mostrar leucopenia e trombocitopenia leves (contagem de leucócitos entre 2000 e 3000/mcL [2 a 3 × 109/L] e contagem de plaquetas de 50.000 a 100.000/mcL [50 a 100 × 109/L]) (1, 2).
O diagnóstico pode ser feito por:
PCR ou por isolamento do vírus do sangue ou do líquido cefalorraquidiano durante a fase aguda da doença
Teste de imunofluorescência indireta de cultura de células inoculadas, embora seja mais provável que esses testes sejam utilizados em laboratórios de pesquisa
Testes que detectam seroconversão dos anticorpos para o vírus
Referências sobre diagnóstico
1. Centers for Disease Control and Prevention: Lymphocytic Choriomeningitis: About Lymphocytic Choriomeningitis. January 30, 2025. Accessed June 17, 2025.
2. Lendino A, Castellanos AA, Pigott DM, Han BA. A review of emerging health threats from zoonotic New World mammarenaviruses. BMC Microbiol 2024;24(1):115. Publicado em 2024 Abr 4. doi:10.1186/s12866-024-03257-w
Tratamento da coriomeningite linfocítica
Cuidados de suporte
O tratamento da coriomeningite linfocítica é de suporte. Se ocorrer meningite asséptica, encefalite, ou meningoencefalite, os pacientes devem ser hospitalizados e o tratamento com ribavirina pode ser considerado, embora sua eficácia seja incerta (1).
Os anti-inflamatórios (p. ex., glicocorticoides) podem ser considerados, mas não há evidência de eficácia.
Treatment reference
1. Hickerson BT, Westover JB, Jung KH, Komeno T, Furuta Y, Gowen BB. Effective Treatment of Experimental Lymphocytic Choriomeningitis Virus Infection: Consideration of Favipiravir for Use With Infected Organ Transplant Recipients. J Infect Dis 218(4):522-527, 2018. doi:10.1093/infdis/jiy159
Pontos-chave
Nos seres humanos, a coriomeningite linfocítica é geralmente adquirida através da exposição à poeira ou consumo de alimentos contaminados por ratos ou excrementos de hamster.
A maioria dos pacientes tem sintomas mínimos ou nenhum, mas alguns apresentam doença semelhante à gripe, e outros desenvolvem meningite asséptica.
A infecção durante a gestação pode causar anomalias fetais; se a infecção ocorrer durante o 1º trimestre, o feto pode morrer.
