O selênio (Se) é uma parte da enzima glutationa peroxidase, a qual metaboliza os hidroperóxidos formados pelos ácidos graxos poli-insaturados. Selênio é também uma parte das enzimas que fazem a desiodação dos hormônios tireódeos. Em geral, o selênio age como um antioxidante que funciona com a vitamina E. As principais fontes alimentares de selênio são pães, grãos, carne, aves, frutos do mar e ovos (1).
Alguns estudos epidemiológicos associam baixos níveis de selênio ao câncer (2). Entretanto, um estudo mostrou que os suplementos de selênio não preveniram adenomas colorretais futuros nos pacientes com história de remoção de adenomas colorretais (3) e, geralmente, nenhuma evidência sugere que os suplementos de selênio previnem o câncer (4).
Os níveis plasmáticos de selênio variam de 8 a 25 mcg/dL (0,1 a 0,3 micromol/L), dependendo da ingestão de selênio.
A deficiência de selênio é rara, mesmo na Nova Zelândia e na Finlândia, onde o consumo de selênio é de 30 a 50 mcg/dia, em comparação a 100 a 250 mcg/dia nos Estados Unidos e no Canadá.
Em algumas áreas da China, onde a média de consumo é de 10 a 15 mcg/dia, a deficiência de selênio predispõe os pacientes à doença de Keshan, uma cardiomiopatia viral endêmica que afeta principalmente crianças e mulheres jovens. Essa cardiomiopatia pode ser prevenida, mas não curada, com 50 mcg/dia de suplementos de selenita de sódio por via oral.
Pacientes que recebem NPT a longo prazo têm desenvolvido deficiência de selênio com dor e sensibilidade muscular que responde a um suplemento de selenometionina (5).
Na Rússia siberiana e na China, as crianças em fase de crescimento com deficiência de selênio podem desenvolver osteoartropatia crônica (doença de Kashin-Beck).
A deficiência de selênio pode contribuir com a deficiência de iodo para o desenvolvimento de bócio e hipotireoidismo (6).
O diagnóstico da deficiência de selênio é feito com base na história clínica e no exame físico ou, às vezes, medindo a atividade da glutationa peroxidase ou o selênio plasmático, mas nenhum desses testes está prontamente disponível.
O tratamento consiste em 100 mcg/dia de selenita de sódio por via oral.
Referências
1. National Institutes of Health, Office of Dietary Supplements. Selenium Fact Sheet for Professionals. Accessed March 21, 2025.
2. Hughes DJ, Duarte-Salles T, Hybsier S, et al. Prediagnostic selenium status and hepatobiliary cancer risk in the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition cohort. Am J Clin Nutr.2016 Aug;104(2):406-14. doi: 10.3945/ajcn.116.131672
3. Thompson PA, Ashbeck EL, Roe DJ, et al. Selenium supplementation for prevention of colorectal adenomas and risk of associated type 2 diabetes. J Natl Cancer Inst. 108 (12), 2016. doi: 10.1093/jnci/djw152
4. Vinceti M, Filippini T, Del Giovane C, et al: Selenium for preventing cancer. Cochrane Database Syst Rev 1 (1):CD005195, 2018. doi:10.1002/14651858.CD005195.pub4
5. van Rij AM, Thomson CD, McKenzie JM, Robinson MF. Selenium deficiency in total parenteral nutrition. Am J Clin Nutr. 1979 Oct;32(10):2076-85. doi: 10.1093/ajcn/32.10.2076
6. Winther KH, Rayman MP, Bonnema SJ, Hegedus L: Selenium in thyroid disorders—essential knowledge for clinicians. Nat Rev Endocrinol 16:165–176, 2020. doi: 10.1038/s41574-019-0311-6
