Distúrbio do movimento periódico dos membros (DMPM) e síndrome das pernas inquietas (SPI)

PorRichard J. Schwab, MD, University of Pennsylvania, Division of Sleep Medicine
Revisado/Corrigido: mai 2022
Visão Educação para o paciente

O distúrbio do movimento periódico dos membros (DMPM) e a síndrome das pernas inquietas (SPI) caracterizam-se por movimentos anormais e, para SPI, às vezes sensações nos membros superiores e inferiores, que podem interferir no sono.

(Ver também Abordagem ao paciente com transtorno do sono ou da vigília.)

DMPM é mais comun durante a meia-idade e na velhice; > 80% dos pacientes com SPI também apresentam DMPM.

O mecanismo é incerto, mas pode envolver anormalidades da neurotransmissão de dopamina no sistema nervoso central. DMPM e SPI podem ocorrer

Na SPI primária, a hereditariedade pode estar envolvida; mais de um terço dos pacientes com SPI tem história familiar de SPI. Os fatores de risco podem incluir vida sedentária, tabagismo e obesidade.

Transtorno periódico do movimento do membro inferior é comum entre pessoas com narcolepsia e transtorno comportamental do sono REM.

Sinais e sintomas do distúrbio do movimento periódico dos membros (DMPM) e síndrome das pernas inquietas (SPI)

O distúrbio do movimento periódico dos membros caracteriza-se por espasmos ou pontapés repetitivos (geralmente a cada 20 a 40 segundos) dos membros inferiores ou superiores durante o sono. Em geral, os pacientes queixam-se de interrupção do sono noturno ou de sonolência diurna excessiva. Normalmente, não percebem os movimentos e os breves despertares que ocorrem em seguida e não apresentam sensações anormais nos membros. Parceiros de cama podem queixar-se de serem chutados.

A síndrome das pernas inquietas é uma doença sensoriomotora caracterizada pela necessidade irresistível de mover as pernas, braços, ou menos comumente, outras partes do corpo acompanhada de parestesias (p. ex., sensação de arrepio ou de formigamento) e, algumas vezes, dor nos membros inferiores e superiores; os sintomas são mais proeminentes quando os pacientes estão inativos ou se reclinam e tem intensidade máxima ao deitar. Para aliviar os sintomas, os pacientes movimentam o membro afetado estendendo-o, chutando ou caminhando. Em consequência, apresentam dificuldade para dormir, despertares noturnos frequentes, ou ambos. Os sintomas podem ser agravados pelo estresse. Os episódios podem ocorrer ocasionalmente, causando poucos problemas, ou diariamente.

Diagnóstico do distúrbio do movimento periódico dos membros (DMPM) e síndrome das pernas inquietas (SPI)

  • Para SPI, apenas história

  • Para distúrbio do movimento periódico dos membros (DMPM), polissonografia

O diagnóstico do DMPM e da SPI pode ser sugerido pelo relato do paciente ou do cônjuge. Por exemplo, pacientes com DMPM normalmente têm insônia, sonolência diurna excessiva e/ou contrações excessivas um pouco antes do início do sono ou durante o sono.

A polissonografia geralmente é necessária para confirmar o diagnóstico de DMPM, geralmente evidente por surtos repetitivos de atividade eletromiográfica. A polissonografia também pode ser realizada após SPI ser diagnosticada para verificar se o paciente também apresenta DMPM, porém a polissonografia não é necessária para o diagnóstico da SPI.

Os pacientes com ambos os distúrbios devem ser avaliados clinicamente (p. ex., com exames de sangue para anemia e deficiência de ferro e testes de funções hepática e renal).

Tratamento do distúrbio do movimento periódico dos membros (DMPM) e síndrome das pernas inquietas (SPI)

  • Para SPI: pramipexol, ropinirol, um adesivo de rotigotina ou enacarbil gabapentina, além de suplementos de ferro se ferritina for < 50 ng/mL

  • Para DMPM: normalmente os mesmos tratamentos que para SPI

Para a síndrome das pernas inquietas e o distúrbio do movimento periódico dos membros, utilizam-se diversos fármacos (p. ex., fármacos dopaminérgicos, benzodiazepinas, anticonvulsivantes, vitaminas e minerais).

Fármacos dopaminérgicos, embora muitas vezes eficazes, podem ter efeitos adversos como aumento (sintomas de SPI que pioram antes de a próxima dose do fármaco ser dada e que afetam outras partes do corpo como os membros superiores), rebote (sintomas que pioram após o fármaco ser interrompido ou depois que os efeitos do fármaco se dissipam), náuseas, hipotensão ortostática, atividade compulsiva e insônia.

Três agonistas da dopamina, pramipexol, ropinirol e rotigotina (usados como um adesivo), são eficazes e têm poucos efeitos adversos graves, exceto intensificação:

  • Administra-se 0,125 mg de pramipexol por via oral 2 horas antes do início dos sintomas moderados a graves e aumenta-se, quando necessário, 0,125 mg por via oral a cada 2 noites até que os sintomas sejam aliviados (dose máxima: 0,5 mg).

  • Administra-se 0,25 mg de ropinirol por via oral, 1 a 3 horas antes do início dos sintomas, e aumenta-se, se necessário, 0,25 mg a cada noite (dose máxima: 4 mg).

  • O adesivo de rotigotina (1 mg/24 horas) é inicialmente aplicado em qualquer hora do dia; a dosagem é aumentada conforme necessário para 1 mg/24 horas em intervalos semanais, até 3 mg/24 horas.

A levodopa/carbidopa pode ser usada, mas outros fármacos, que são menos susceptíveis de causar os sintomas de intensificação e rebote, são geralmente preferidos.

Gabapentina pode ajudar a aliviar os sintomas da SPI e é utilizada quando a SPI é acompanhada por dor. A dosagemcomeça com 300 mg ao deitar e pode ser aumentada para 300 mg semanalmente (dose máxima de 900 mg por via oral 3 vezes ao dia). Mas gabapentina não está aprovado para o tratamento da SPI.

Enacarbil gabapentina, um pró-fármaco da gabapentina, pode ajudar a aliviar os sintomas da SPI; está aprovada para o tratamento da SPI. A dose recomendada é 600 mg, uma vez ao dia tomada com as refeições aproximadamente às 17 h. Seus efeitos adversos mais comuns são sonolência e tontura. É menos provável que cause aumento do que os dopaminérgicos.

Pregabalina, um ligando alfa-2-delta não dopaminérgico, pode ajudar a aliviar os sintomas da SPI; é menos provável que ocorra a intensificação do que com pramipexol. A pregabalina pode também ser útil para SPI acompanhada de dor. Para SPI, foi usada uma dose de 300 mg uma vez ao dia. Tontura e sonolência são os efeitos adversos mais comuns. Entretanto, a utilização desse fármaco para o tratamento da SPI não foi extensivamente estudada.

Os benzodiazepinas podem melhorar a continuidade do sono, mas não reduzem os movimentos dos membros; devem ser usados com cautela para evitar tolerância, exacerbação da apneia do sono (se presente) e sonolência diurna.

Também pode-se indicar opioides para pacientes com SPI e dor graves, mas são usados com cautela por causa da tolerância, efeitos adversos e potencial de uso abusivo.

As concentrações de ferritina devem ser medidas e, se forem baixas (< 50 mcg/L), a suplementação com sulfato ferroso 325 mg mais 100 a 200 mg de vitamina C ao deitar.

Os pacientes devem implementar uma boa higiene do sono.

Pontos-chave

  • DMPM é contração ou abalo repetitivo dos membros inferiores ou superiores durante o sono, muitas vezes interrompendo o sono noturno e causando sonolência diurna excessiva.

  • A SPI é caracterizada pela necessidade irresistível de mover as pernas, braços e, com menos frequência, outras partes do corpo, geralmente acompanhada de parestesias, frequentemente dificultado o adormecer e/ou causando despertares noturnos repetidos.

  • Diagnosticar a SPI clinicamente, mas se há suspeita de distúrbio do movimento periódico dos membros (DMPM), considerar polissonografia.

  • Para SPI ou distúrbio do movimento periódico dos membros (DMPM) usar dopaminérgicos ou enacarbil gabapentina, ambos os quais são eficazes.

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