Toracostomia com agulha, também chamada descompressão por agulha, é a inserção de uma agulha no espaço pleural para descomprimir o pneumotórax hipertensivo.
A toracostomia com agulha é um procedimento de emergência que tem o potencial de salvar vidas e pode ser realizada se não for possível fazer rapidamente uma toracostomia com dreno.
Indicações para toracostomia com agulha
Deve-se descomprimir o pneumotórax hipertensivo antes que a toracostomia com dreno possa ser feita, geralmente em pacientes com instabilidade hemodinâmica devido à compressão de grandes vasos sanguíneos (1).
Contraindicações à toracostomia com agulha
Nenhum
Não há contraindicações, pois este procedimento só é realizado diante de ameaça imediata à vida (geralmente instabilidade hemodinâmica), a qual prevalece sobre outras considerações, como diátese hemorrágica ou anomalias anatômicas da parede torácica.
Complicações da toracostomia com agulha
Laceração pulmonar ou diafragmática
Neuralgia intercostal devida a lesão do feixe neurovascular abaixo de um arco costal
Sangramento
Infecção
Pneumotórax iatrogênico (se o procedimento foi realizado por causa de uma suspeita equivocada de pneumotórax)
Raramente, perfuração de outras estruturas no tórax ou abdome
Equipamento para toracostomia com agulha
Uma agulha de calibre 14 ou 16 (um catéter sobre a agulha é melhor); agulhas de 8 cm são mais eficazes do que aquelas de 5 cm (2), mas aumentam o risco de lesões nas estruturas subjacentes
Roupas, máscara e luvas estéreis
Solução antisséptica para limpeza da área, como solução de clorexidina a 2% ou iodopovidona
Caneta de marcação de pele (opcional)
Considerações adicionais sobre a toracostomia com agulha
Determina-se a urgência do procedimento pela condição do paciente. Hipotensão sugere pneumotórax hipertensivo mais avançado que requer tratamento mais urgente.
Anatomia relevante para toracostomia com agulha
Os feixes neurovasculares estão localizados na borda inferior de cada arco costal. Portanto, a agulha deve ser inserida sobre a borda superior do arco costal para evitar danos ao feixe neurovascular.
Posicionamento para toracostomia com agulha
O paciente deve estar em decúbito dorsal (deitado de costas).
Descrição passo a passo da toracostomia com agulha
Selecionar o local de inserção: historicamente, o ponto preferido é o segundo espaço intercostal, na linha médio-clavicular do hemitórax afetado, pela facilidade de acesso. Entretanto, este local tem uma alta taxa de falha em paredes torácicas mais espessas. Locais alternativos específicos, como o quarto ou quinto espaço intercostal ao longo da linha axilar anterior, foram sugeridos devido a taxas de falha mais baixas (3).
Se houver tempo suficiente, preparar a área em torno do local de inserção utilizando uma solução antisséptica como clorexidina ou iodopovidona.
Raramente há tempo para aplicar anestesia local, mas, se houver, injetar lidocaína a 1% na pele, tecido subcutâneo, periósteo do arco costal (do arco costal abaixo do local de inserção) e a pleura parietal. Injetar uma grande quantidade de anestésico local em torno do periósteo altamente sensível à dor e pleura parietal. Antes de injetar a lidocaína, aspire a seringa para verificar a presença de sangue; essa etapa é necessária para evitar injeção intravascular Confirma-se a localização apropriada pelo retorno de ar ao entrar no espaço pleural.
Inserir a agulha de toracostomia, perfurar a pele acima do arco costal imediatamente abaixo do espaço intercostal alvo, então direcionar a agulha cefalicamente sobre o arco costal até a pleura ser perfurada (geralmente indicada por um estouro e/ou diminuição repentina da resistência).
Depois de fazer uma toracostomia com agulha, fazer os preparativos para toracostomia com dreno o mais rápido possível.
Cuidados posteriores para toracostomia com agulha
Fazer radiografia de tórax para confirmar a reexpansão do pulmão e o posicionamento adequado do dreno de tórax.
Alertas e erros comuns para toracostomia com agulha
Dependendo da espessura da parede torácica, uma agulha mais longa ou um local alternativo pode ser necessário.
Recomendações e sugestões para toracostomia com agulha
Referências
1. Lyng JW, Ward C, Angelidis M, et al: Prehospital Trauma Compendium: Traumatic Pneumothorax Care: Position Statement and Resource Document of NAEMSP. Prehosp Emerg Care Publicado online 4 de dezembro de 2024. doi:10.1080/10903127.2024.2416978
2. Aho JM, Thiels CA, El Khatib MM, et al: Needle thoracostomy: Clinical effectiveness is improved using a longer angiocatheter. J Trauma Acute Care Surg 80(2):272–277, 2016. doi: 10.1097/TA.0000000000000889
3. Laan DV, Vu TD, Thiels CA, et al: Chest wall thickness and decompression failure: A systematic review and meta-analysis comparing anatomic locations in needle thoracostomy. Injury 47(4):797–804, 2016. doi:10.1016/j.injury.2015.11.045
4. Clemency BM, Tanski CT, Rosenberg M, et al: Sufficient catheter length for pneumothorax needle decompression: A meta-analysis. Prehosp Disaster Med 30(3):249–253, 2015. doi: 10.1017/S1049023X15004653
5. Beckett A, Savage E, Pannell D, et al: Needle decompression for tension pneumothorax in Tactical Combat Casualty Care: Do catheters placed in the midaxillary line kink more often than those in the midclavicular line? J Trauma 2011 71(5 Suppl 1):S408–S412, 2011. doi: 10.1097/TA.0b013e318232e558
