A presença de massa escrotal indolor geralmente é observada pelo paciente, mas pode ser um achado incidental no exame de rotina.
Dor escrotal e massas escrotais dolorosas ou edema podem ser causados por torção testicular, torção de apêndice testicular, epididimite, orquiepididimite, abscesso escrotal, trauma, hérnia inguinal estrangulada, orquite e gangrena de Fournier.
Etiologia
Há várias causas (ver tabela Algumas causas de massa escrotal indolor) de uma massa escrotal indolor, mas as mais comuns são:
Causas menos comuns incluem espermatocele, hematocele, sobrecarga de líquidos e, ocasionalmente, câncer de testículo. O câncer de testículo é a causa mais preocupante de massa escrotal indolor. Apesar de raro em comparação com as outras condições listadas, é o câncer sólido mais comum em homens < 40 anos; como responde bem ao tratamento, é importante o diagnóstico precoce.
Algumas causas de massa escrotal indolor
Causa |
Achados sugestivos |
Abordagem diagnóstica |
Hidrocele (comunicante) geralmente em pacientes com hérnias inguinais |
Edema cístico Aumento do tamanho quando em pé ou há aumento da pressão intra-abdominal Geralmente congênita Transilumina |
Avaliação clínica Ultrassonografia se o diagnóstico for incerto |
Hidrocele (não comunicante) |
Edema cístico Não altera o tamanho nas mudanças de posição ou aplicação de pressão intra-abdominal Geralmente, anormalidade escrotal simultânea (p. ex., tumor, epididimite) Transilumina |
Avaliação clínica Geralmente ultrassonografia |
Espermatocele |
Massa cística no polo superior do testículo, adjacente ao epidídimo Transilumina |
Avaliação clínica Ultrassonografia se o diagnóstico for incerto |
Hérnia inguinal |
Aumento do tamanho quando em pé ou há aumento da pressão intra-abdominal Pode desaparecer ao se deitar ou ser redutível ou compressível Possivelmente ruidos hidroaéreos Ausência de estruturas do cordão espermático normal sobre a massa Possivelmente palpável no canal inguinal |
Avaliação clínica |
Varicocele |
Palpável quando em pé (salientada com Valsalva), sensação de saco de vermes Geralmente do lado esquerdo Possivelmente dor e sensação de plenitude em posição ortostática Possível atrofia testicular |
Avaliação clínica |
Hematocele |
Edema doloroso Fatores de risco (p. ex., trauma, cirurgia, alteração da coagulação ou uso de anticoagulantes) |
Geralmente ultrassonografia |
Sobrecarga de líquidos |
Aumento bilateral difuso do escroto Frequentemente edema depressível nos membros inferiores Geralmente com causa evidente (p. ex., insuficiência cardíaca, ascite) Transilumina |
Avaliação clínica Ultrassonografia se o diagnóstico for incerto |
Linfedema (p. ex., por filariose, congênito, idiopático, após irradiação pélvica ou câncer [p. ex., próstata, vesicular, testicular) |
Edema difuso da bolsa escrotal Geralmente não compressível |
Avaliação clínica Exames de imagem (TC/ultrassonografia) se o diagnóstico não estiver claro |
Massa ligada ou parte do testículo Sólida ou não transilumina Possivelmente indolor, com dor leve ou aguda devido à hemorragia |
Ultrassonografia da bolsa escrotal Alfafetoproteína Gonadotrofina coriônica beta-humana Desidrogenase láctica TC de abdome |
Avaliação
História
História da doença atual deve verificar a duração dos sintomas, o efeito da posição supina e o aumento da pressão intra-abdominal, bem como a presença e as características dos sintomas associados, como, por exemplo, dor.
Revisão dos sistemas deve-se buscar sinais e sintomas que sugiram as possíveis causas, como dor abdominal, anorexia ou vômitos (hérnia inguinal com estrangulação intermitente); dispneia e edema nos membros inferiores (insuficiência cardíaca direita); distensão abdominal (ascite); diminuição da libido, feminilização e infertilidade (atrofia testicular com varicocele bilateral).
A história clínica deve identificar doenças existentes que podem causar massas (p. ex., insuficiência cardíaca direita, ascite causando linfedema); doenças escrotais conhecidas (p. ex., tumor testicular ou epididimite que causa hidrocele); história de cirurgia pélvica e hérnia inguinal.
Exame físico
O exame físico abrange a avaliação das doenças sistêmicas que possam causar edema (p. ex., insuficiência cardíaca, ascite) e exame detalhado da região inguinal e dos órgãos genitais.
O exame inguinal e dos genitais deve ser realizado com o paciente em pé e deitado. A área inguinal é inspecionada e palpada, particularmente quanto à presença de massas reduzíveis. Os testículos, epidídimos e cordões espermáticos devem ser palpados; a presença de espessamento, massas e dor à palpação deve ser verificada. A palpação cuidadosa geralmente pode localizar uma massa pequena em uma dessas estruturas. Massas não redutíveis devem ser transiluminadas para auxiliar a determinar se são císticas ou sólidas.
Sinais de alerta
Interpretação dos achados
Massa não redutível que altera as estruturas normais do cordão espermático sugere hérnia inguinal encarcerada. Se a massa faz parte ou está ligada ao testículo e não se transilumina, deve-se pensar na possibilidade de câncer testicular.
Outras características clínicas podem fornecer pistas importantes (ver tabela Algumas causas de massa escrotal indolor). Por exemplo, uma massa que transilumina provavelmente é cística (p. ex., hidrocele, espermatocele). Massa que desaparece ou reduz de tamanho no momento em que o paciente se deita pode sugerir varicocele, hérnia inguinal ou hidrocele comunicante. A presença de hidrocele pode dificultar o exame de outras massas escrotais. Raramente, uma varicocele persiste quando o paciente se deita ou está presente no lado direito; qualquer um dos achados sugere obstrução da veia cava inferior.
Exames
A avaliação clínica pode ser diagnóstica (p. ex., varicocele, linfedema, hérnia inguinal); se não, são realizados exames complementares. A ultrassonografia é realizada quando
Se a ultrassonografia confirmar massa testicular sólida, são necessários mais exames para detectar câncer do testículo (ver Câncer testicular: diagnóstico), incluindo:
Tratamento
O tratamento é direcionado para a causa. Nem todas as massas requerem tratamento. Se houver suspeita de hérnia inguinal, pode-se tentar a redução (ver Hérnias da parede abdominal).