Lesões vasculares gastrointestinais

PorParswa Ansari, MD, Hofstra Northwell-Lenox Hill Hospital, New York
Reviewed ByMinhhuyen Nguyen, MD, Fox Chase Cancer Center, Temple University
Revisado/Corrigido: modificado jun. 2025
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Visão Educação para o paciente

Várias síndromes distintas congênitas ou adquiridas envolvem vasos sanguíneos mucosos e submucosos do trato gastrointestinal. Esses vasos podem causar sangramentos recidivantes, que raramente são maciços. Seu diagnóstico se faz por endoscopia e, às vezes, angiografia. O tratamento é por hemostasia endoscópica e ocasionalmente é necessária embolização por angiografia ou ressecção cirúrgica.

Ectasias vasculares (angiodisplasias, malformações arteriovenosas) são vasos dilatados e tortuosos que tipicamente se desenvolvem no ceco e colo ascendente. Ocorrem principalmente em indivíduos com > 60 anos de idade e são a causa mais comum de sangramento gastrointestinal (GI) nesse grupo etário (1). São tidas como lesões degenerativas e não ocorrem em associação com outras anormalidades. Muitos pacientes apresentam 2 ou 3 lesões, geralmente com 0,5 a 1,0 cm, de cor vermelho-viva, planas ou discretamente elevadas e recobertas por epitélio bastante delgado.

Ectasias vasculares também ocorrem em associação com várias doenças sistêmicas (p. ex., insuficiência renal, estenose aórtica, cirrose, síndrome CREST [calcinose, fenômeno de Raynaud, dismotilidade esofágica, esclerodactilia e telangiectasias]) e após irradiação no intestino.

Angiodisplasia
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Esta foto mostra ectasia vascular na parede do intestino.

Image provided by David M. Martin, MD.

Ectasia vascular antral gástrica (estômago em melancia ou GAVE) consiste em grandes veias dilatadas correndo linearmente ao longo do estômago, criando uma aparência de faixas sugestiva de uma melancia. A condição ocorre principalmente em idosos e é de etiologia desconhecida, embora tenha sido fortemente associada à cirrose (2, 3).

Ectasia vascular do antro gástrico (estômago em melancia)
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As ectasias vasculares do antro gástrico (EVAGs) consistem em grandes veias dilatadas correndo linearmente ao longo do estômago, em um padrão que lembra uma melancia.

Image provided by David M. Martin, MD.

Telangiectasia hemorrágica hereditária (síndrome de Rendu-Osler-Weber) é uma doença autossômica dominante que causa múltiplas lesões vasculares em várias partes do organismo, incluindo todo o trato gastrointestinal. O sangramento gastrointestinal raramente ocorre antes dos 50 anos de idade (4).

A lesão de Dieulafoy consiste em uma artéria anormalmente grande que penetra a parede intestinal, ocasionalmente erodindo até a mucosa e causando sangramento maciço. Ocorre principalmente no estômago proximal.

Lesão de Dieulafoy
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A lesão de Dieulafoy é uma grande artéria que penetra a parede gástrica. É significativa porque pode erodir através da mucosa e causar hemorragia maciça.

Image provided by David M. Martin, MD.

Malformações arteriovenosas e hemangiomas, ambos distúrbios congênitos dos vasos sanguíneos, podem ocorrer no trato gastrointestinal, mas são raros.

Referências

  1. 1. Bermont A, Abu-Freha N, Cohen DL, Abu-Kaf H, Abu Juma A, Abu Galion F, Aminov R, Shirin H. Epidemiology and risk factors for angiodysplasias of the upper and lower gastrointestinal tract: A large population-based study. Dig Liver Dis. 2025 Jan;57(1):220-224. doi: 10.1016/j.dld.2024.07.037

  2. 2. Thomas A, Koch D, Marsteller W, Lewin D, Reuben A. An Analysis of the Clinical, Laboratory, and Histological Features of Striped, Punctate, and Nodular Gastric Antral Vascular Ectasia. Dig Dis Sci. 2018 Apr;63(4):966-973. doi: 10.1007/s10620-018-4965-z

  3. 3. Selinger CP, Ang YS. Gastric antral vascular ectasia (GAVE): an update on clinical presentation, pathophysiology and treatment. Digestion. 2008;77(2):131-7. doi: 10.1159/000124339

  4. 4. McDonald J, Stevenson DA. Hereditary Hemorrhagic Telangiectasia. 2000 Jun 26 [updated 2021 Nov 24]. In: Adam MP, Feldman J, Mirzaa GM, Pagon RA, Wallace SE, Amemiya A, editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993–2025.

Sinais e sintomas das lesões vasculares gastrointestinais

As lesões vasculares são indolores.

Os pacientes muitas vezes apresentam fezes heme-positivas ou quantidades modestas de sangue vermelho vivo do reto. O sangramento geralmenteé intermitente, algumas vezes com longos períodos entre os episódios. As lesões do trato digestório alto podem se apresentar como melena.

Sangramentos maiores são incomuns, exceto em pacientes com sangramento resultante de lesão de Dieulafoy.

Diagnóstico das lesões vasculares gastrointestinais

  • Endoscopia

Lesões vasculares são comumente diagnosticadas por via endoscópica.

Caso a endoscopia de rotina não seja diagnóstica, podem ser necessárias enteroscopia, cápsula endoscópica, endoscopia intraoperatória ou angiografia visceral.

A cintilografia com eritrócitos marcados com 99mTc é menos específica, mas pode ajudar a localizar a lesão o suficiente para facilitar uma endoscopia ou angiografia.

Tratamento das lesões vasculares gastrointestinais

  • Coagulação endoscópica

A coagulação endoscópica (com sonda aquecida, laser, plasma de argônio ou eletrocoagulação bipolar) é eficaz para várias lesões vasculares. Ectasias vasculares são tratadas com coagulação endoscópica se forem consideradas a causa do sangramento. Clipes endoscópicos podem ser aplicados a algumas lesões. Lesões vasculares frequentemente recorrem, embora haja alguma evidência de que análogos da somatostatina como octreotida podem reduzir transfusões e procedimentos endoscópicos necessários (1, 2).

O risco de ressangramento após intervenção endoscópica para lesões vasculares foi estimado em aproximadamente um terço dos pacientes (1). O sangramento discreto recorrente pode ser tratado simplesmente por meio de reposição crônica de ferro.

Sangramentos maiores que não respondem aos procedimentos endoscópicos podem requerer embolização angiográfica ou ressecção cirúrgica. O risco de ressangramento é menor do que após intervenção endoscópica (3).

Referências sobre tratamento

  1. 1. Sengupta N, Feuerstein JD, Jairath V, et al. Management of Patients With Acute Lower Gastrointestinal Bleeding: An Updated ACG Guideline. Am J Gastroenterol. 2023;118(2):208-231. doi:10.14309/ajg.0000000000002130.

  2. 2. Becq A, Sidhu R, Goltstein LCMJ, Dray X. Recent advances in the treatment of refractory gastrointestinal angiodysplasia. United European Gastroenterol J. 2024;12(8):1128-1135. doi:10.1002/ueg2.12648

  3. 3. Omori J, Kaise M, Nagata N, Aoki T, et al. Characteristics, outcomes, and risk factors of surgery for acute lower gastrointestinal bleeding: nationwide cohort study of 10,342 hematochezia cases. J Gastroenterol. 2024 Jan;59(1):24-33. doi: 10.1007/s00535-023-02057-9.

Pontos-chave

  • Uma variedade de anomalias vasculares herdadas e adquiridas pode causar sangramento gastrointestinalleve a moderada (geralmente baixa).

  • O tratamento preferido consiste em endoscopia com coagulação das lesões.

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