Câncer bucal refere-se ao câncer que ocorre na borda dos lábios e na junção dos palatos duro e mole, ou terço posterior da língua. Mais de 95% das pessoas com carcinoma oral de células escamosas são tabagistas e/ou consomem álcool. Lesões precoces e curáveis são raramente sintomáticas; portanto, para prevenir doença fatal é necessária detecção precoce por triagem. O tratamento é com cirurgia, radioterapia, ou ambos, embora a cirurgia desempenhe um papel mais importante no tratamento da maioria dos cânceres da cavidade bucal. A taxa de sobrevida global em 5 anos (todos os locais e estádios combinados) é 50%.
(Ver também Visão geral dos tumores de cabeça e pescoço.)
Carcinoma de células escamosas afeta cerca de 35.000 americanos a cada ano (1). Nos Estados Unidos, 3% dos cânceres em homens e 2% em mulheres são carcinomas orais de células escamosas, a maioria dos quais ocorre depois dos 50 anos de idade. Assim como acontece com a maioria dos locais cefálicos e cervicais, o carcinoma de células escamosas é o câncer bucal mais comum.
Os principais fatores de risco de carcinoma de células escamosas são
Tabagismo (especialmente > 2 maços/dia)
Uso de álcool
O risco aumenta drasticamente quando o uso de álcool ultrapassa 6 oz de bebida destilada, 15 oz de vinho ou 36 oz de cerveja/dia. A combinação de tabagismo intenso e abuso de álcool é estimada para aumentar em 100 vezes o risco desse câncer em mulheres e 38 vezes em homens.
O carcinoma de células escamosas da língua também pode ser resultado de qualquer irritação crônica, como cáries dentais, abuso de enxaguatórios bucais, ato de mascar tabaco ou rolo de bétel. O papilomavírus humano (HPV), geralmente adquirido por contato orogenital, pode desempenhar um papel na etiologia de alguns cânceres bucais; mas identifica-se HPV no câncer bucal bem menos frequentemente do que no câncer orofaríngeo e sua presença no tecido ressecado não implica necessariamente causa.
Cerca de 40% dos carcinomas de células escamosas intraorais se iniciam no assoalho da boca ou nas porções lateral e ventral da língua. Aproximadamente 38% de todos os carcinomas orais de células escamosas ocorrem no lábio inferior; estes são, geralmente, cânceres relacionados à exposição solar na superfície externa do lábio.
Referência geral
1. Siegel RL, Miller KD, Jemal A: Cancer statistics, 2020. CA Cancer J Clin. 2020;70(1):7-30. doi:10.3322/caac.21590
Sinais e sintomas do carcinoma oral de células escamosas
As lesões orais são, no início, assintomáticas, destacando a necessidade de triagem oral. A maioria dos profissionais de odontologia examina cuidadosamente a cavidade oral e a orofaringe em seu dia a dia e podem fazer biópsia com escova das áreas anormais. As lesões podem se manifestar como áreas de eritroplaquia, ou leucoplaquia, e podem ser exofíticas ou ulceradas. Os cânceres são muitas vezes endurecidos e firmes, com a borda arredondada. À medida que o tamanho das lesões aumenta, dor, disartria e disfagia podem resultar.
CLINICA CLAROS/SCIENCE PHOTO LIBRARY
Imagem fornecida por Jonathan A. Ship, DMD.
Imagem fornecida por Jonathan A. Ship, DMD.
Diagnóstico do carcinoma oral de células escamosas
Biópsia
Endoscopia para detectar segundo tumor primário
Radiografia o TC de tórax e TC de cabeça e pescoço
Deve-se fazer biopsia de quaisquer áreas suspeitas. Pode-se fazer biópsia incisional ou com uma escova dependendo da preferência do cirurgião. Laringoscopia direta e esofagoscopia são feitas em todos os pacientes com câncer na cavidade oral para excluir um segundo tumor primário simultâneo. Costuma-se fazer TC de cabeça e pescoço e realiza-se TC ou radiografia de tórax; mas como na maioria dos locais cervicais e cefálicos, PET/TC começou a desempenhar um papel mais importante na avaliação de pacientes com câncer da cavidade oral. (Ver tabela Estadiamento do câncer labial e bucal.)
Prognóstico para carcinoma oral de células escamosas
Se o carcinoma da língua for limitado localmente (sem invasão linfonodal), a taxa de sobrevida em 5 anos é superior a 75%. Para o carcinoma localizado do assoalho da boca, a sobrevida em 5 anos é de 75%. A metástase linfonodal reduz a taxa de sobrevida pela metade. As metástases alcançam primeiramente os linfonodos cervicais e depois os pulmões.
Para lesões do lábio inferior, a taxa de sobrevida em 5 anos é de 90% e metástases são raras. O carcinoma do lábio superior tende a ser mais agressivo e metastático.
Tratamento do carcinoma oral de células escamosas
Cirurgia, com a radio ou quimioterapia pós-operatória conforme necessário
Para a maioria dos cânceres da cavidade oral, a cirurgia é o tratamento inicial de escolha. Acrescenta=se-se quimioterapia ou radioterapia após a cirurgia se a doença estiver mais avançada ou tiver características histológicas de alto risco. (Ver também the National Cancer Institute’s summary Lip and Oral Cavity Cancer Treatment.)
O esvaziamento cervical seletivo é indicado se o risco de metástase linfonodal exceder 15 a 20%. Embora não haja um consenso firme, normalmente se fazem esvaziamentos cervicais para quaisquer lesões com profundidade de invasão > cerca de 3,5 mm.
A reconstrução cirúrgica de rotina é a chave para minimizar as sequelas orais funcionais pós-operatórias; os procedimentos variam desde retalhos locais de tecido a implantações de enxertos complexos livres. As terapias de fala e deglutição podem ser necessárias após grandes ressecções.
A radioterapia é tratamento alternativo. A quimioterapia não é utilizada rotineiramente como a terapia primária, mas é recomendada como terapia adjuvante juntamente com radioterapia em pacientes com doença nodal avançada.
O tratamento do carcinoma de células escamosas do lábio é a sua exérese cirúrgica com reconstrução, para maximizar a função no pós-operatório. Quando grandes áreas do lábio exibem lesões pré-malignas, pode-se realizar o shaving ou decorticação do lábio, ou a remoção da mucosa afetada com laser. Pode-se utilizar cirurgia de Mohs. Sendo assim, a aplicação adequada de filtro solar é recomendada após o procedimento.
Pontos-chave
Os principais fatores de risco de carcinoma de células escamosas são tabagismo e consumo de álcool.
O câncer bucal costuma ser inicialmente assintomático, assim exames bucais (tipicamente por profissionais de medicina dentária) são úteis para o diagnóstico precoce.
Fazer laringoscopia direta e esofagoscopia para excluir um segundo tumor primário simultâneo.
Depois de o câncer ser confirmado, fazer TC de cabeça e pescoço, testes de imagem do tórax (TC ou radiografia) e, às vezes, PET/TC.
O tratamento inicial costuma ser cirúrgico.
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
National Cancer Institute’s Summary: Lip and Oral Cavity Cancer Treatment