Coqueluche

(Coqueluche)

PorLarry M. Bush, MD, FACP, Charles E. Schmidt College of Medicine, Florida Atlantic University
Revisado/Corrigido: abr 2022 | modificado set 2022
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A coqueluche é uma infecção altamente contagiosa causada pela bactéria Gram-negativa Bordetella pertussis que resulta em ataques de tosse que, em geral, terminam em uma inspiração prolongada, aguda e profunda (o guincho).

  • A coqueluche geralmente afeta crianças e adolescentes.

  • Sintomas brandos semelhantes aos do resfriado são seguidos por intensas crises de tosse e recuperação gradual.

  • O diagnóstico se baseia na tosse característica da coqueluche e no exame do muco do nariz e da garganta.

  • A maioria das crianças com coqueluche se recupera lenta, mas completamente.

  • Vacinação pode ajudar a prevenir essa infecção.

  • Crianças muito doentes são hospitalizadas e recebem antibióticos para eliminar a infecção.

(Consulte também Considerações gerais sobre bactérias).

A coqueluche, outrora descontrolada nos Estados Unidos, agora está mais bem controlada, mas não foi erradicada. Em 2019, houve mais de 18.600 casos de coqueluche nos Estados Unidos. Epidemias locais entre pessoas não imunizadas ocorrem a cada três a cinco anos.

A coqueluche continua a ser um problema importante em áreas do mundo onde a cobertura vacinal é baixa.

A coqueluche está se tornando mais comum, mesmo que possa ser prevenida por uma vacina. Este aumento pode resultar de

Antes do uso disseminado das vacinas, a coqueluche era uma doença de crianças pequenas. Atualmente, ela pode acometer pessoas de qualquer idade. Mais de metade dos casos ocorrem em adolescentes e adultos. Entretanto, a coqueluche é mais séria em crianças com menos de 2 anos, e quase todas as mortes ocorrem em crianças com menos de 1 ano. A maioria das mortes é causada por pneumonia e complicações que afetam o cérebro. A coqueluche também é séria em pessoas idosas.

Uma infecção de coqueluche nem sempre proporciona imunidade plena por toda a vida, mas uma segunda infecção, caso ocorra, é geralmente leve e nem sempre é reconhecida como coqueluche. De fato, alguns adultos com “pneumonia ambulante” na verdade estão com coqueluche.

Uma pessoa infectada dissemina bactérias de coqueluche no ar em gotículas produzidas na tosse. Qualquer pessoa ao redor pode inalar essas gotículas e se infectar. A coqueluche em geral não é contagiosa após a terceira semana de infecção.

Sintomas de coqueluche

A doença começa cerca de uma ou duas semanas após a exposição. Se não surgirem complicações, a coqueluche persiste por aproximadamente seis a dez semanas, avançando por três estágios:

  • Sintomas leves semelhantes aos do resfriado

  • Intensos ataques de tosse

  • Recuperação gradual

Os sintomas semelhantes aos do resfriado incluem espirros, corrimento nasal, perda de apetite, apatia, tosse seca à noite e uma sensação geral de indisposição (mal-estar). As pessoas podem ficar roucas, mas raramente têm febre.

As crises de tosse se desenvolvem após dez ou catorze dias. Esses ataques normalmente consistem em cinco ou mais tosses consecutivas forçadas, frequentemente seguidas pelo guincho (uma inspiração prolongada, de tom agudo e profunda). Apenas metade das pessoas apresentam os guinchos típicos. Crianças vacinadas podem ficar menos sujeitas a ter guinchos. Após um ataque, a respiração fica normal, mas outro ataque de tosse se segue logo depois.

A tosse com frequência produz grandes quantidades de muco espesso (em geral engolido pelos bebês e crianças ou visto como grandes bolhas no nariz).

Em crianças menores, o vômito com frequência segue um longo ataque de tosse. Nos bebês, ataques de sufocação e pausas na respiração (apneia), que possivelmente fazem a pele ficar azul, podem ser mais comuns do que guinchos.

Cerca de um quarto das crianças desenvolve pneumonia, o que resulta em dificuldade para respirar. Infecções de ouvido (otite média) também se desenvolvem com frequência. Em casos raros, a coqueluche afeta o cérebro dos bebês. Sangramento, inchaço e/ou inflamação do cérebro podem causar convulsões, confusão, danos cerebrais e incapacidade intelectual. As convulsões são comuns em bebês, mas são raras em crianças mais velhas.

Após cerca de quatro semanas, as crises de tosse diminuem gradualmente, mas por muitas semanas ou até meses as crianças podem continuar a apresentar crises de tosse.

A maioria das crianças com coqueluche se recupera completamente, ainda que de maneira lenta. Mas algumas crianças com menos de 1 ano de idade morrem.

Diagnóstico de coqueluche

  • Cultura de uma amostra de muco

  • Às vezes, outros testes em uma amostra de muco

Os médicos suspeitam de coqueluche devido à típica tosse comprida ou outros sintomas. Eles confirmam o diagnóstico cultivando uma amostra de muco do interior do nariz ou da garganta. Em pessoas com coqueluche, os resultados da cultura são geralmente positivos durante as primeiras duas etapas da doença, mas muitas vezes negativos depois de várias semanas de doença. Os resultados das culturas podem demorar até sete dias.

O teste de reação em cadeia da polimerase (PCR), realizado em amostras do nariz ou da garganta, constitui-se no teste mais útil. Ele aumenta a quantidade de DNA das bactérias para que estas possam ser detectadas mais rapidamente e identificadas mais facilmente.

Prevenção da coqueluche

Vacinação

As crianças são rotineiramente vacinadas contra coqueluche. A vacina contra a coqueluche (P) é em geral combinada com as vacinas contra difteria (D) e tétano (Ta) como a DTaP. A DTaP é administrada aos 2, 4 e 6 meses de idade, aos 15 a 18 meses e dos 4 aos 6 anos de idade ( see figure Cronogramas de vacinação infantil). A imunidade da vacina tende a diminuir 5 a 10 anos após a última dose ser administrada; portanto, uma dose de reforço de Tdap (tétano-difteria-coqueluche) é recomendada aos 11 a 12 anos de idade (consulte Vacina contra difteria-tétano-coqueluche).

Após exposição à coqueluche

Certos grupos de pessoas, independentemente de terem sido vacinadas ou não, recebem antibióticos após terem sido expostas a uma pessoa com coqueluche. Esses antibióticos (chamados antibióticos pós-exposição) são administrados no intervalo de 21 dias após a pessoa com coqueluche ter desenvolvido tosse pela primeira vez a:

  • Contatos domésticos (pessoas que moram na mesma unidade residencial) de uma pessoa que tenha coqueluche

Antibióticos pós-exposição também são administrados a determinadas outras pessoas de alto risco em até 21 dias após a exposição a uma pessoa com coqueluche:

  • Bebês com menos de 12 meses de idade

  • Mulheres no terceiro trimestre de gravidez

  • Todas as pessoas em estado de saúde que possa ser agravado por coqueluche (como asma moderada a grave, doença pulmonar crônica ou distúrbios que debilitem o sistema imunológico).

  • Pessoas em contato próximo com bebês de menos de 12 meses de idade, gestantes ou pessoas com quadros que possam resultar em doença grave ou complicações se contraírem a infecção.

  • Todas as pessoas em ambientes que incluam bebês com menos de 12 meses de idade ou mulheres no terceiro trimestre de gravidez (como ocorre em creches, alas de maternidades e unidades de cuidados intensivos neonatais)

O antibiótico eritromicina (ou, às vezes, claritromicina ou azitromicina) é administrado como medida preventiva. Para bebês com menos de 1 mês de idade, é preferível administrar azitromicina.

Se crianças com menos de 7 anos de idade tiverem recebido menos que quatro doses da vacina e tiverem contato próximo com alguém que tenha coqueluche, elas também devem ser vacinadas.

Tratamento da coqueluche

  • Para bebês seriamente enfermos, hospitalização e isolamento

  • Antibióticos

Bebês seriamente enfermos são geralmente hospitalizados porque sua respiração pode se tornar tão difícil que eles precisam de ventilação mecânica através de um tubo colocado na traqueia. Em alguns pode ser necessário fazer a sucção do muco de sua garganta. Outros podem precisar de oxigênio extra e líquidos administrados por via intravenosa. Bebês seriamente enfermos são geralmente mantidos em isolamento (para evitar que outras pessoas sejam expostas a gotículas infectadas no ar – chamado isolamento respiratório) até que os antibióticos tenham sido administrados por cinco dias. Uma vez que qualquer distúrbio pode desencadear um ataque de tosse, esses bebês são mantidos em um quarto escurecido, tranquilo, e perturbados o mínimo possível.

Crianças mais velhas com uma forma leve da doença são tratadas com antibióticos em casa. As crianças tratadas em casa devem ser isoladas durante pelo menos quatro semanas depois que os sintomas começaram até que eles cessem.

Medicamentos contra a tosse são de valor questionável e em geral não são usados.

O antibiótico eritromicina ou azitromicina, tomado por via oral, costuma ser usado para erradicar a bactéria causadora da coqueluche.

Antibióticos também são usados para tratar infecções que acompanham a coqueluche, como pneumonia e infecção do ouvido.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): Coqueluche : Um recurso que fornece informações sobre coqueluche, incluindo surtos e vacinação

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