Cancroide

PorSheldon R. Morris, MD, MPH, University of California San Diego
Revisado/Corrigido: jan 2023
Visão Educação para o paciente

Cancroide é uma infecção da pele ou das mucosas genitais causada por Haemophilus ducreyi e caracterizada por pápulas, úlceras dolorosas e aumento dos linfonodos inguinais, provocando supuração. O diagnóstico é geralmente clínico em razão da dificuldade de se cultivar o microrganismo. O tratamento é feito com um macrolídeo (azitromicina ou eritromicina), ceftriaxona ou ciprofloxacino.

(Ver também Visão geral das infecções sexualmente transmissíveis.)

Haemophilus ducreyi é um bacilo Gram-negativo curto e delgado, com extremidades arredondadas.

Cancroide é uma infecção sexualmente transmissível rara nos Estados Unidos e em outros países ricos, ocorrendo principalmente em epidemias locais ocasionais. O cancroide é uma causa comum de úlceras genitais em regiões pobres em recursos da Ásia, da África e do Caribe. Como outras infecções sexualmente transmissíveis que provocam ulceração genital, o cancroide aumenta o risco de transmissão do HIV.

O H. ducreyi também pode causar úlceras cutâneas não genitais em crianças e adultos, o que foi relatado em países da região do Pacífico Sul e Indonésia (1, 2).

Referências gerais

  1. 1. Mitjà O, Lukehart SA, Pokowas G, et al: Haemophilus ducreyi as a cause of skin ulcers in children from a yaws-endemic area of Papua New Guinea: A prospective cohort study. Lancet Glob Health 2:e235–41, 2014. doi: 10.1016/S2214-109X(14)70019-1

  2. 2. van Hattem JM, Langeveld TJC, Bruisten SM, et al: Haemophilus ducreyi cutaneous ulcer contracted at Seram Island, Indonesia, presented in the Netherlands. PLoS Negl Trop Dis 12(4):e0006273, 2018. doi: 10.1371/journal.pntd.0006273

Sinais e sintomas do cancroide

Após um período de incubação de 3 a 7 dias, aparecem pequenas pápulas dolorosas nos genitais que rapidamente se rompem e se tornam úlceras rasas, amolecidas, dolorosas, com margens granulares e escavadas (isto é, com saliência no tecido) e borda avermelhada. As úlceras variam em tamanho e frequentemente coalescem. Erosão profunda ocasionalmente provoca nítida destruição tecidual.

Os linfonodos inguinais formam um bubão (grupo ampliado e sensível de linfonodos regionais). Às vezes, tornam-se emaranhados, flutuantes ou supurativos, em alguns casos formando um abscesso. A pele sobre o abscesso pode se tornar vermelha e brilhante e se romper para formar uma fístula. A infecção pode se disseminar para outras áreas da pele, resultando em novas lesões. Fimose, estenose de uretra e fístula uretral podem ser resultados do cancroide.

Diagnóstico do cancroide

  • História e exame físico

  • Algumas vezes, cultura ou reação em cadeia de polimerase (PCR)

Suspeita-se de cancroide em pacientes com úlceras genitais ou bubões inexplicáveis (linfonodos edemaciados e sensíveis que podem supurar ou formar abscessos) e que estão ou estiveram em áreas endêmicas. Úlceras genitais com outras causas (ver tabela Diferenciação das lesões genitais sexualmente transmissíveis comuns) podem lembrar cancroides.

O diagnóstico geralmente baseia-se somente em achados clínicos porque a cultura do organismo é dificultosa (requer meio contendo hemina e albumina e o crescimento é lento) e a identificação microscópica é confundida com flora mista em úlceras.

Se disponível, uma amostra de pus de um bubão ou exsudato da extremidade de uma úlcera deve ser enviada para um laboratório com recursos para identificar H. ducreyi. Testes de PCR não estão disponíveis comercialmente, mas várias instituições têm testes disponíveis altamente sensíveis (98,4%) e específicos (99,6%) para H. ducreyi. O diagnóstico clínico apresenta baixas sensibilidade (53 a 95%) e especificidade (41 a 75%).

Sorologias para sífilis e HIV e cultura para herpes devem ser realizadas para excluir outras causas de úlceras genitais. Entretanto, a interpretação dos resultados desses testes é complicada pelo fato de que as úlceras genitais decorrentes de outras condições podem estar coinfectadas por H. ducreyi.

Tratamento do cancroide

  • Antibióticos (vários)

O tratamento do cancroide deve ser iniciado imediatamente, sem esperar pelos resultados dos exames. É recomendado um dos seguintes:

  • Dose única de azitromicina, 1 g, por via oral, ou ceftriaxona, 250 mg, por via intramuscular (IM)

  • Eritromicina, 500 mg por via oral 3 vezes ao dia, durante 7 dias

  • Ciprofloxacino, 500 mg por via oral duas vezes por dia durante 3 dias

Se não for possível realizar exame laboratorial para cancroide, os pacientes tratados de outras causas de úlceras genitais devem ser tratados com esquemas de antibióticos que também abranjam cancroide.

O tratamento de pacientes com coinfecção por HIV em particular com esquemas de dose única, pode ser ineficaz. Nesses pacientes, as úlceras podem exigir até 2 semanas para curar, e linfadenopatia pode desaparecer de forma mais lenta.

O mais seguro, no caso de bubões, é fazer aspiração, para diagnóstico, ou incisão, para alívio sintomático, em associação à terapêutica antimicrobiana eficaz.

Deve-se examinar e tratar parceiros sexuais se tiveram contato sexual com o paciente durante os 10 dias antes do início dos sintomas do paciente.

Pacientes com cancroide devem passar por sorologia para sífilis e HIV 3 meses após o diagnóstico de cancroide.

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