(Ver também Visão geral das infecções fúngicas.)
Na América do Norte, a área endêmica de blastomicose engloba
Raramente, a infecção ocorre no Oriente Médio e na África.
Pessoas imunocompetentes podem contrair essa infecção. Embora blastomicose possa ser mais comum e mais grave em pacientes imunocomprometidos, ela é uma infecção oportunista menos comum do que histoplasmose ou coccidioidomicose.
B. dermatitidis cresce como fungo à temperatura ambiente em solo enriquecido com excretas de animais e em material úmido e deteriora-se com ácidos orgânicos, quase sempre perto de rios.
Nos pulmões, esporos inalados convertem-se em grandes leveduras invasivas (15 a 20 micrômetros) que formam brotamentos característicos.
Uma vez nos pulmões, a infecção pode
A disseminação hematogênica causa infecção focal em vários órgãos, incluindo pele, próstata, epidídimo, testículos, rins, vértebras, extremidades de ossos longos, tecidos subcutâneos, cérebro, mucosa oral ou nasal, tireoide, linfonodos e medula óssea.
Sinais e sintomas
Pulmonar
A blastomicose pulmonar pode ser uma doença aguda, autolimitada, que frequentemente evolui sem ser reconhecida. Pode também se apresentar com início insidioso, progredindo para uma infecção crônica e progressiva. Os sintomas incluem tosse produtiva ou seca, dor no peito, dispneia, febre, calafrios e sudorese profusa.
Derrame pleural ocorre ocasionalmente. Alguns pacientes apresentam infecções rapidamente progressivas, podendo desenvolver a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA).
Extrapulmonar
Na blastomicose extrapulmonar disseminada, os sintomas dependem do órgão envolvido.
Lesões cutâneas são, de longe, o local mais comum de disseminação; podem ser únicas ou múltiplas e podem ocorrer com ou sem envolvimento pulmonar clinicamente aparente. Pápulas ou papulopústulas geralmente aparecem em superfícies expostas e se disseminam lentamente. Abscessos indolores, variando de um ponto a 1 mm de diâmetro, desenvolvem-se nas bordas. Papilas semelhantes à verrugas podem se formar nas superfícies. Algumas vezes aparecem bolhas. À medida que as lesões aumentam, os centros se curam, formando cicatrizes atrofiadas. Quando se desenvolve totalmente, aparece uma lesão única, completamente desenvolvida, na forma de tecido verrucoso elevado, geralmente com ≥ 2 cm de diâmetro, com borda elevada e avermelhada, lembrando um abscesso. Ulceração pode ocorrer se infecção secundária bacteriana estiver presente.
Algumas vezes, áreas que se sobrepõem às lesões ósseas ficam edemaciadas, quentes e sensíveis.
Lesões genitais apresentam-se como edema doloroso de epidídimo, desconforto profundo de períneo ou sensibilidade prostática ao exame retal.
O comprometimento do sistema nervoso central pode se manifestar como abscesso cerebral, abscesso epidural ou meningite.
Diagnóstico
Se suspeitar-se de blastomicose, deve-se fazer radiografia de tórax. Infiltrados focais ou difusos podem estar presentes, algumas vezes como áreas de broncopneumonia saindo do hilo. Esses resultados devem ser distinguidos de outras micoses, tuberculose e tumores.
Lesões de pele podem ser confundidas com esporotricose, tuberculose, intoxicação por iodo, ou carcinoma de células basais. O envolvimento genital pode mimetizar a tuberculose.
Culturas de material infectado são obtidas, sendo definitivas quando positivas. Como a cultura de Blastomyces pode representar um risco biológico importante para a equipe do laboratório, o laboratório deve ser notificado sobre a suspeita diagnóstica. Muitas vezes, a aparência das características do microrganismo ao exame microscópico faz também o diagnóstico.
A sorologia não é sensível, mas é útil quando positiva.
Teste do antígeno na urina é útil, mas sua reatividade cruzada com o Histoplasma é alta.
Testes de diagnóstico molecular [p. ex., reação em cadeia da polimerase (PCR)] estão se tornando disponíveis.
Tratamento
(Ver também Antifungal Drugs and the Infectious Diseases Society of America’s Practice Guidelines for the Management of Blastomycosis.)
Sem tratamento, a blastomicose costuma ser lentamente progressiva e raramente leva ao óbito.
O tratamento da blastomicose depende da gravidade da infecção.
Para doença leve a moderada, é usado itraconazol, em dosagem de 200 mg VO 3 vezes ao dia, durante 3 dias, então 200 mg VO uma vez ao dia ou 2 vezes ao dia por 6 a 12 meses. O fluconazol parece ser menos efetivo, mas 400 a 800 mg VO uma vez ao dia, podem ser tentados em pacientes intolerantes ao itraconazol, com doença leve.
Para infecções graves com risco de vida, anfotericina B costuma ser eficaz. As diretrizes da Infectious Diseases Society of America recomendam formulação lipídica de anfotericina B em uma dose de 3 a 5 mg/kg 1 vez/dia ou desoxicolato de anfotericina B 0,7 a 1,0 mg/kg 1 vez/dia por 1 a 2 semanas ou até observar-se melhora.
Altera-se a terapia para itraconazol oral depois que os pacientes melhoram; a dosagem é 200 mg 3 vezes ao dia por 3 dias, então 200 mg 2 vezes ao dia por ≥ 12 meses.
Deve-se tratar pacientes com blastomicose do sistema nervoso central, gestantes e pacientes imunocomprometidos com anfotericina B IV (preferencialmente anfotericina B lipossomal), usando o mesmo regime de dose que para infecção potencialmente fatal.
Voriconazol e posaconazol são ativos contra B. dermatitidis, mas há poucos dados clínicos e o papel desses fármacos ainda não foi definido.
Pontos-chave
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A inalação de esporos do fungo dimórfico Blastomyces pode causar doença pulmonar e, menos comumente, infecção disseminada (particularmente na pele).
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Na América do Norte, a blastomicose é endêmica nas regiões em torno dos Grandes Lagos e vales do Ohio–Mississippi River (estendendo-se para o Atlântico Central e estados do sudeste).
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Diagnosticar utilizando cultura do material infectado; a sorologia é específica, mas não é tão sensível.
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Para infecção leve a moderada, usar itraconazol.
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Para doença grave, usar anfotericina B.
Informações adicionais
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Infectious Diseases Society of America’s Practice Guidelines for the Management of Blastomycosis