(Ver também Acidose metabólica Acidose metabólica Acidose metabólica é a redução primária no bicarbonato (HCO3−), tipicamente com diminuição compensatória da pressão parcial de dióxido de carbono (Pco2); o pH pode estar acentuadamente... leia mais , regulação ácido-base Regulação ácido-base Os processos metabólicos no corpo humano produzem continuamente ácidos e, em menor grau, bases. O íon hidrogênio (H+) é especialmente reativo; pode se ligar a proteínas com cargas... leia mais e desequilíbrios ácido-base Distúrbios ácido-base Os desequilíbrios ácido-base são alterações patológicas da pressão parcial de dióxido de carbono (Pco2) ou de bicarbonato sérico (HCO3−) que tipicamente produzem valores de pH arterial... leia mais .)
O lactato é um subproduto normal do metabolismo da glicose e de aminoácidos. Existem 2 tipos principais de acidose láctica:
Acidose láctica tipo A
Acidose láctica tipo B
Um terceiro tipo, a acidose D-láctica (encefalopatia D-láctica) é uma forma incomum de acidose láctica.
Acidose láctica tipo A
A forma mais grave da acidose láctica, a do tipo A, ocorre quando há produção excessiva de ácido láctico no tecido isquêmico — como subproduto da geração de ATP (adenosine triphosphate) durante deficit de oxigênio. A produção excessiva ocorre tipicamente durante a hipoperfusão tecidual global no choque hipovolêmico Choque hipovolêmico O choque é um estado de hipoperfusão de órgãos, com resultante disfunção celular e morte. Os mecanismos podem envolver volume circulante diminuído, débito cardíaco diminuído e vasodilatação... leia mais , cardíaco Choque cardiogênico Inúmeras complicações podem ocorrer como resultado da síndrome coronariana aguda e aumentar a taxa de morbidade e mortalidade. Pode-se categorizar aproximadamente as complicações como Disfunção... leia mais ou séptico Sepse e choque séptico A sepse é uma síndrome clínica de disfunção de órgãos com risco de vida, causada por uma resposta desregulada a infecções. No choque séptico há uma redução crítica da perfusão tecidual; pode... leia mais , sendo agravada pela diminuição do metabolismo do lactato no tecido hepático mal perfundido. Também pode ocorrer na hipóxia primária por doença pulmonar e em várias hemoglobinopatias Visão geral da hemoglobinopatias Hemoglobinopatias são doenças genéticas que afetam a estrutura ou a produção das moléculas de hemoglobina. As moléculas de hemoglobina são formadas por cadeias de polipeptídeos cuja estrutura... leia mais .
Acidose láctica tipo B
A acidose láctica tipo B ocorre em estados de perfusão tecidual normal (e, portanto, de produção de ATP) e é menos nefasta.
As causas englobam a hipóxia tecidual (p. ex., como no uso vigoroso dos músculos durante esforço, convulsões, tremores por hipotermia), algumas doenças sistêmicas e congênitas, câncer e ingestão de alguns fármacos ou toxinas (ver tabela ). Os medicamentos incluem inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa e biguanidas metformina e fenformina (embora a fenformina não esteja mais disponível). O metabolismo pode ser reduzido por insuficiência hepática ou deficiência de tiamina.
Acidose D-láctica
A acidose D-láctica é uma forma incomum de acidose láctica na qual o excesso de ácido D-láctico é produzido. O ácido D-láctico é normalmente produzido em pequenas quantidades como produto do metabolismo de carboidratos por bactérias no colo. Em pacientes com desvio jejunoileal ou ressecção intestinal e síndrome do intestino curto resultante, o excesso de ácido D-láctico é produzido e absorvido sistemicamente. Persiste na circulação porque a desidrogenase láctica só pode metabolizar o L-lactato, mas, por outro lado, é quimicamente semelhante ao L-lactato e tem efeitos semelhantes no equilíbrio ácido-base.
Sinais e sintomas de acidose láctica
Os sinais e sintomas da acidose láctica são dominados por aqueles da doença subjacente (p. ex., choque no tipo A, ingestão de toxinas no tipo B).
Os sintomas neurológicos, como confusão, ataxia e fala arrastada, ocorrem após ingestão rica em carboidratos e são característicos da acidose D-láctica.
Diagnóstico da acidose láctica
Gasometria arterial e eletrólitos séricos
Cálculo do hiato aniônico e intervalo delta
Níveis lácticos sanguíneos
Os valores da gasometria arterial na acidose láctica tipo A e B são os mesmos dasoutras acidoses metabólicas Diagnóstico Acidose metabólica é a redução primária no bicarbonato (HCO3−), tipicamente com diminuição compensatória da pressão parcial de dióxido de carbono (Pco2); o pH pode estar acentuadamente... leia mais . O diagnóstico requer pH do sangue de < 7,35 e lactato de > 45 a 54 mg/dL (> 5 a 6 mmol/L). Alterações lácticas menos extremas e de pH são chamadas hiperlactatemia.
Na acidose D-láctica, o hiato aniônico é menor que o esperado para a redução no bicarbonato (HCO3−) e pode ocorrer uma diferença osmolar urinária (diferença entre a osmolaridade urinária medida e a calculada). Análises laboratoriais típicas para lactato não são sensíveis ao lactato D. Níveis específicos de lactato D estão disponíveis e às vezes são necessários para esclarecer a causa da acidose em pacientes com múltiplas causas potenciais, incluindo problemas intestinais.
Tratamento da acidose láctica
Tratamento da causa
O tratamento das acidoses lácticas tipos A e B é semelhante àquele para outras acidoses metabólicas Tratamento Acidose metabólica é a redução primária no bicarbonato (HCO3−), tipicamente com diminuição compensatória da pressão parcial de dióxido de carbono (Pco2); o pH pode estar acentuadamente... leia mais .
O tratamento da causa é primordial. Ao tratar a perfusão tecidual inadequada, se possível, não utilizar vasopressores porque estes podem agravar a isquemia tecidual. Bicarbonato é potencialmente perigoso na acidose com hiato aniônico elevado, mas pode ser considerado quando o pH < 7,00, com um pH alvo de ≤ 7,10.
Na acidose D-láctica, o tratamento é feito com hidratação venosa, restrição de carboidratos e, algumas vezes, antibióticos orais (p. ex., metronidazol) na síndrome do intestino curto e bicarbonato para a acidose grave.
Pontos-chave
Há 2 tipos principais de acidose láctica, tipo A e tipo B; o tipo A é mais grave porque é causado por isquemia.
O diagnóstico requer pH do sangue de < 7,35 e lactato de > 45 a 54 mg/dL (> 5 a 6 mmol/L).
Evitar pressores quando possível para acidose láctica tipos A e B porque agravam a isquemia tecidual.