(Ver também Visão geral das imunodeficiências Visão geral das imunodeficiências Imunodeficiências estão associadas com ou predispõem os pacientes a várias complicações, como infecções, doenças autoimunes, linfomas e outros tipos de câncer. Imunodeficiências primárias são... leia mais e Abordagem ao paciente com distúrbios de imunodeficiência Abordagem ao paciente com suspeita de imunodeficiência Em geral, as imunodeficiências se manifestam pelo aparecimento de infecções recorrentes. Entretanto, as infecções recorrentes têm maior probabilidade de ter outras causas além da imunodeficiência... leia mais .)
A síndrome de DiGeorge é um imunodeficiência primária Imunodeficiências primárias Imunodeficiências estão associadas com ou predispõem os pacientes a várias complicações, como infecções, doenças autoimunes, linfomas e outros tipos de câncer. Imunodeficiências primárias são... leia mais que envolve defeitos nos linfócitos T Imunodeficiências celulares Imunodeficiências estão associadas com ou predispõem os pacientes a várias complicações, como infecções, doenças autoimunes, linfomas e outros tipos de câncer. Imunodeficiências primárias são... leia mais . Ela resulta de deleções na região cromossômica de DiGeorge no 22q11, de mutações em genes no cromossomo 10p13 e de mutações em outros genes não conhecidos, que causam desembriogênese das estruturas que se desenvolvem a partir das bolsas faríngeas durante a 8ª semana de gestação. A maioria dos casos é esporádica; meninos e meninas são igualmente afetados. Quando herdada, a herança é autossômica dominante Autossômico dominante As doenças genéticas determinadas por um único gene (doenças mendelianas) são as de análise mais fácil e as mais completamente compreendidas. Se a expressão de um traço requer apenas uma cópia... leia mais .
A síndrome de DiGeorge pode ser
Parcial: existe alguma função das células T
Completa: ausência de função das células T
Os pacientes podem apresentar cardiopatias congênitas Visão geral das anomalias cardiovasculares congênitas Cardiopatia congênita é a anomalia congênita mais comum e ocorre em quase 1% dos nascidos vivos ( 1). Entre as alterações congênitas, a cardiopatia congênita é a principal causa de mortalidade... leia mais (p. ex., coartação da aorta, tronco arterioso, tetralogia de Fallot, defeitos do septo atrial ou ventricular). Também têm hipoplasia ou aplasia do timo e das paratireoides, causando deficiência de células T e hipoparatireoidismo Hipoparatireoidismo A hipocalcemia é a concentração total de cálcio < 8,8 mg/dL (< 2,20 mmol/L) na presença de concentrações normais de proteínas plasmáticas ou concentração plasmática de cálcio iônico <... leia mais .
Sinais e sintomas da síndrome de DiGeorge
Lactentes com a síndrome de DiGeorge têm inserção baixa de orelhas, lábio leporino, atrofia e retração da mandíbula, hipertelorismo, filtro nasolabial curto, retardo de desenvolvimento e manifestações de cardiopatias congênitas Sinais e sintomas Cardiopatia congênita é a anomalia congênita mais comum e ocorre em quase 1% dos nascidos vivos ( 1). Entre as alterações congênitas, a cardiopatia congênita é a principal causa de mortalidade... leia mais (p. ex., sopro cardíaco, taquicardia, taquipneia, dispneia durante alimentação). O hipoparatireoidismo Hipoparatireoidismo A hipocalcemia é a concentração total de cálcio < 8,8 mg/dL (< 2,20 mmol/L) na presença de concentrações normais de proteínas plasmáticas ou concentração plasmática de cálcio iônico <... leia mais pode causar hipocalcemia sintomática; a tetania hipocalcêmica ocorre depois de 24 a 48 horas do nascimento.
As infecções recorrentes iniciam-se cedo após o nascimento, mas o grau de imunodeficiência varia de maneira considerável e as funções das células T podem melhorar espontaneamente.
Muitas vezes, o prognóstico depende da gravidade do distúrbio cardíaco.
Diagnóstico da síndrome de DiGeorge
Avaliação da função imunitária com níveis de imunoglobulina (Ig), títulos de vacina e contagens dos subconjuntos de linfócitos
Análise cromossômica
O diagnóstico da síndrome de DiGeorge baseia-se nos achados clínicos.
É feita a contagem absoluta de linfócitos, seguida da contagem dos subconjuntos de células B e T se houver linfopenia. Realizam-se exames de sangue para avaliar a função das células T e da paratireoide. Medem-se os níveis de Ig e títulos de vacina. Se houver suspeita de síndrome de DiGeorge completa, o teste do círculo de excisão do receptor de linfócitos T (TREC) também deve ser feito.
Avalia-se a função da paratireoide medindo-se os níveis de cálcio e hormônio paratireoideo. Concentrações baixas ou mesmo baixas-normais de PTH em pacientes com hipocalcemia são inapropriadas e sugerem hipoparatireoidismo.
A radiografia lateral do tórax é realizada para avaliar a sombra do timo.
FISH pode detectar a deleção na região do cromossomo 22q11; testes cromossômicos padronizados para verificar outras anormalidades também podem ser feitos.
Se houver suspeita de síndrome de DiGeorge ou os pacientes tiverem manifestações de defeitos cardíacos congênitos, realiza-se ecocardiografia. Cateterismo cardíaco pode ser necessário se os pacientes manifestarem cianose.
Como a maioria dos casos é esporádica, o rastreamento de parentes não é necessário.
Tratamento da síndrome de DiGeorge
Síndrome parcial: suplementação de cálcio e vitamina D
Síndrome completa: transplante de tecido tímico cultivado ou de células-tronco hematopoiéticas
Na síndrome de DiGeorge parcial, o hipoparatireoidismo é tratado com suplementos de cálcio e vitamina D; a sobrevida a longo prazo não é afetada.
Já a síndrome completa de DiGeorge é fatal, se o tratamento não for instituído, consistindo no transplante de cultura de tecido tímico ou transplante de células-tronco hematopoiéticas Transplante de células-tronco hematopoiéticas O TCTH é uma técnica de evolução rápida, que oferece potencial de cura para cânceres hematológicos ( leucemias, linfomas, mielomas) e outras doenças hematológicas (p. ex., imunodeficiência primária... leia mais . Uma revisão do transplante de timo mostrou resultados relativamente bons, com reconstituição de linfócitos T em 5 a 6 meses (1 Referência sobre o tratamento A síndrome de DiGeorge é uma hipoplasia ou aplasia do timo e das paratireoides, causando principalmente imunodeficiência das células T e hipoparatireoidismo. Recém-nascidos com síndrome de DiGeorge... leia mais ).
Referência sobre o tratamento
1. Davies EG, Cheung M, Gilmour K, et al: Thymus transplantation for complete DiGeorge syndrome: European experience. J Allergy Clin Immunol140: 1660–1670.e16, 2017.