Oclusão de ramo da aorta abdominal

PorMark A. Farber, MD, FACS, University of North Carolina;
Federico E. Parodi, MD, University of North Carolina School of Medicine
Revisado/Corrigido: ago 2023
Visão Educação para o paciente

Vários ramos da aorta podem ser ocluídos por aterosclerose, displasia fibromuscular ou outras condições, desencadeando sinais e sintomas de isquemia ou infarto. Efetua-se o diagnóstico pelos métodos de imagem. O tratamento envolve embolectomia, angioplastia e, às vezes, cirurgia de revascularização do miocárdio.

A oclusão dos ramos da aorta abdominal pode ser

Os locais comuns de oclusão incluem

  • Artérias mesentéricas superiores

  • Tronco celíaco

  • Artérias renais

  • Bifurcação da aorta

A oclusão crônica do tronco celíaco é mais comum entre mulheres por motivos desconhecidas.

Sinais e sintomas de oclusão do ramo aórtico abdominal

Manifestações clínicas (p. ex., dor, falência do órgão ou necrose) decorrem de isquemia ou infarto e variam dependendo da artéria envolvida e da agudeza.

Oclusão mesentérica aguda provoca isquemia e infarto intestinal, acarretando dor abdominal difusa e grave, normalmente fora de proporção com os achados físicos mínimos. A oclusão aguda do tronco celíaco pode desencadear infarto hepático ou esplênico.

Insuficiência vascular mesentérica crônica raramente provoca sintomas, a não ser que exista obstrução ou oclusão substancial e concomitante da artéria mesentérica superior e tronco celíaco, uma vez que a circulação colateral entre os principais troncos esplâncnicos é extensa. Os sintomas de insuficiência vascular mesentérica crônica tipicamente ocorrem de maneira pós-prandial (como angina intestinal) porque a digestão requer maior fluxo sanguíneo mesentérico; a dor começa cerca de 30 minutos a 1 hora após a alimentação e é constante, intensa e normalmente periumbilical e pode ser aliviada por nitroglicerina sublingual. Os pacientes passam a ter medo de se alimentar, sendo comum a perda ponderal e por vezes extrema. Raramente, desenvolve-se má absorção, o que contribui para perda ponderal. Os pacientes podem ter sopro abdominal, náuseas, vômito, diarreia ou constipação intestinal e fezes enegrecidas.

Embolia da artéria renal aguda pode provocar dor súbita no flanco, seguida de hematúria; pode ser diagnosticada erroneamente como nefrolitíase. A oclusão crônica pode ser assintomática ou desencadear hipertensão recente ou de difícil controle e outras sequelas de insuficiência renal.

A oclusão aguda da bifurcação da aorta ou dos seus ramos distais pode deflagar início súbito de dor em repouso, palidez, paralisia, ausência de pulsos periféricos e frio nos membros inferiores (ver Oclusão arterial periférica aguda). A oclusão crônica pode provocar claudicação intermitente nas pernas e na região glútea e disfunção erétil (síndrome de Leriche). Pulso femoral ausente; e índice tornozelo-braquial é anormal. Pode colocar em risco um dos membros.

Diagnóstico da oclusão do ramo aórtico abdominal

  • Exames de imagem

O diagnóstico baseia-se principalmente na história e no exame físico, sendo confirmado por ultrassonografia dúplex, angiografia por TC, angiografia por ressonância magnética ou angiografia tradicional.

Tratamento da oclusão do ramo aórtico abdominal

  • Embolectomia ou angioplastia transluminal percutânea em caso de oclusão aguda

  • Cirurgia ou angioplastia para oclusão grave crônica

A oclusão aguda é uma emergência cirúrgica que requer embolectomia ou ATP, com ou sem implante de stent. Laparotomia com enxerto de bypass e ressecção intestinal pode ser necessária se embolectomia ou ATP não for bem sucedida.

A oclusão crônica, se sintomática, pode exigir cirurgia ou angioplastia. A modificação dos fatores de risco e os fármacos antiplaquetários podem ajudar.

A oclusão mesentérica aguda (p. ex., artéria mesentérica superior), a qual provoca morbidade e mortalidade significativas, requer revascularização imediata. O prognóstico é reservado se o intestino não for revascularizado dentro de 4 a 6 horas.

Para tratar oclusão crônica da artéria mesentérica superior e do tronco celíaco, modificações da dieta podem aliviar os sintomas temporariamente. Se os sintomas forem graves, o desvio cirúrgico da aorta para as artérias esplâncnicas em posição distal à oclusão normalmente resulta em revascularização. A permeabilidade a longo prazo do enxerto excede 90%. Para pacientes apropriadamente selecionados (em especial entre os pacientes idosos que podem ser maus candidatos à cirurgia), a revascularização por ATP, com ou sem implante de stent, pode ser bem-sucedida. Os sintomas podem melhorar rapidamente, sendo possível recuperar o peso.

A oclusão aguda da artéria renal requer embolectomia e, às vezes, é possível efetuar ATP. O tratamento inicial da oclusão crônica envolve o uso de hipotensores. Se a pressão arterial não for controlada adequadamente ou a função renal degenerar-se, ATP com implante de stent ou, quando não for possível ATP, cirurgia aberta de revascularização miocárdica ou embolectomia podem melhorar o fluxo sanguíneo.

A oclusão da bifurcação da aorta requer embolectomia de urgência, realizada, geralmente, transfemoral. Se a oclusão crônica da bifurcação da aorta provocar claudicação, pode-se utilizar enxerto aortoilíaco ou aortofemoral para efetuar o desvio cirúrgico da oclusão. A ATP é uma alternativa para pacientes selecionados.

Pontos-chave

  • Oclusão do tronco da aorta abdominal pode ser aguda ou crônica.

  • Sintomas variam com base na acuidade da oclusão e artéria envolvida.

  • Diagnosticar oclusão do ramo da aorta abdominal com base na anamnese e exame físico e confirmá-la com exames de imagem.

  • Tratar a oclusão aguda como uma emergência cirúrgica; fazer embolectomia, angioplastia transluminal percutânea ou cirurgia de derivação. Tratar oclusão crônica com fármacos e mudanças no estilo de vida e, se grave, cirurgia ou angioplastia.

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