Necrose cortical renal

PorZhiwei Zhang, MD, Loma Linda University School of Medicine
Revisado/Corrigido: mar 2023
Visão Educação para o paciente

A necrose cortical renal é a destruição do tecido cortical resultante de lesão arteriolar renal e levando a lesão renal aguda. Essa doença rara costuma surgir tipicamente em recém-nascidos e em gestantes e após o parto, se houver sepse e complicações da gestação. Os sinais e sintomas incluem hematúria macroscópica, dor no flanco, diminuição do débito urinário, febre e sintomas de uremia. Os sintomas da doença subjacente podem predominar. O diagnóstico é feito por ultrassonografia, TC ou biópsia renal. A taxa de mortalidade em 1 ano é 20%. O tratamento é direcionado à doença subjacente e à preservação da função renal.

Na necrose cortical renal, que pode ser irregular ou difusa, as lesões arteriolares renais bilaterais resultam em destruição e calcificação dos tecidos corticais e lesão renal aguda. Os tecidos corticais renais finalmente calcificam-se. O córtex justamedular, a medula e a área logo abaixo da cápsula são poupados.

Etiologia da necrose cortical renal

A lesão geralmente resulta da redução da perfusão da artéria renal secundária a vasospasmo, lesão microvascular, ou coagulação intravascular.

Cerca de 10% dos casos ocorrem em lactentes e crianças. As complicações da gestação aumentam o risco dessa doença em recém-nascidos e em mulheres, assim como a sepse. Outras causas [p. ex., coagulação intravascular disseminada (CIVD)] são menos comuns (ver tabela Causas da necrose cortical renal).

Tabela

Sinais e sintomas da necrose cortical renal

Hematúria macroscópica, dor no flanco e, algumas vezes, diminuição do débito urinário ou anúria abrupta podem ocorrer. A febre é comum e ocorre desenvolvimento de insuficiência renal e hipertensão. Entretanto, esses sintomas são geralmente obscurecidos pela doença subjacente.

Diagnóstico da necrose cortical renal

  • Exames de imagem ou biópsia renal

Há suspeita diagnóstica quando os sintomas típicos ocorrem em pacientes com causas potenciais.

O diagnóstico geralmente pode ser estabelecido por ultrassonografia ou TC. A biópsia renal é realizada apenas se o diagnóstico não for claro e não existir contraindicação. Estabelece o diagnóstico definitivo e as informações prognósticas.

Urinálise, hemograma completo, eletrólitos séricos, testes de função hepática e exames da função renal são realizados rotineiramente. Esses exames geralmente confirmam o diagnóstico de insuficiência renal aguda ou crônica (p. ex., indicadas por elevação da concentração de nitrogênio da ureia sanguínea e creatinina e por hiperpotassemia) e sugerem a causa. As anormalidades graves de eletrólitos podem estar presentes dependendo da causa (p. ex., hiperpotassemia, hiperfosfatemia, hipocalcemia). O hemograma geralmente detecta leucocitose (mesmo quando a causa não é sepse) e pode detectar anemia e trombocitopenia se a causa for hemólise, coagulação intravascular disseminada (CIVD) ou sepse. As aminotransferases podem estar elevadas em estados de hipovolemia relativa (p. ex., choque séptico, hemorragia pós-parto). Caso se suspeite de coagulação intravascular disseminada (CIVD), os exames de coagulação são realizados. Podem detectar baixas concentrações de fibrinogênio, aumento de produtos de degradação da fibrina e aumento do tempo de protrombina (TP)/RNI e do tempo de tromboplastina parcial (TTP). O exame de urina tipicamente detecta proteinúria e hematúria.

Tratamento da necrose cortical renal

  • Tratamento da causa subjacente

  • Preservação da função renal

O tratamento é direcionado para a doença de base e para a preservação da função renal (p. ex., com diálise precoce).

Prognóstico para necrose cortical renal

O prognóstico da necrose cortical renal era ruim no passado, com mortalidade > 50% no primeiro ano. Mais recentemente, com o uso de tratamento agressivo de suporte, a mortalidade em 1 ano pode ser de 20% e até 20% dos sobreviventes podem recuperar alguma função renal.

Pontos-chave

  • A necrose cortical renal é rara e costuma ocorrer em recém-nascidos e em gestantes ou após o parto com sepse e complicações da gestação.

  • Suspeitar do diagnóstico em pacientes de risco que desenvolvem sintomas típicos (p. ex., hematúria macroscópica, dor no flanco, diminuição da produção de urina, febre, hipertensão).

  • Confirmar o diagnóstico com exames de imagem ou biópsia renal.

  • Tratar a doença subjacente.

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