Os cânceres de boca e da garganta podem ter a aparência de feridas abertas, formações em crescimento ou áreas descoloridas na boca.
Os médicos fazem biópsias para diagnosticar os cânceres da boca e da garganta.
Exames por imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons são feitos para determinar o tamanho do câncer e o quanto ele se propagou.
O tratamento depende da localização, tamanho e da extensão da disseminação do câncer e pode incluir cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
Em 2020, nos Estados Unidos, estima-se que houve 53.000 novos casos de cânceres de boca e garganta. Embora a incidência de câncer de boca e garganta esteja aumentando, suas taxas de cura também estão melhorando.
(Consulte também Considerações gerais sobre cânceres de boca, nariz e garganta Considerações gerais sobre cânceres de boca, nariz e garganta Cânceres da boca, nariz e garganta se desenvolvem em quase 65.000 pessoas nos Estados Unidos a cada ano. Esses cânceres são mais comuns nos homens porque ainda existem mais fumantes do sexo... leia mais .)
Tipos de câncer encontrados na boca e garganta
O carcinoma de células escamosas, que significa que o câncer se desenvolve nas células escamosas que revestem o interior da boca ou garganta, é de longe o tipo mais comum de câncer oral. Outros tipos de câncer, como o carcinoma verrugoso (verruga), melanoma maligno Melanoma O melanoma é um câncer de pele que começa nas células produtoras de pigmento da pele (melanócitos). Os melanomas podem surgir na pele normal ou em nevos já existentes. Podem formar placas da... leia mais e o sarcoma de Kaposi Sarcoma de Kaposi O sarcoma de Kaposi é um câncer de pele que causa múltiplas placas planas róseas, avermelhadas ou roxas ou inchaços na pele. Ele é causado por infecção pelo herpesvírus humano tipo 8. Uma ou... leia mais
são muito menos comuns.
Fatores de risco para câncer da boca e garganta
Os principais fatores de risco para os cânceres de boca e de garganta são
Tabagismo
Uso de álcool
Infecção pelo papilomavírus humano (HPV)
O uso de tabaco causa muitos cânceres de boca e garganta. O uso de tabaco inclui fumar cigarros, charutos ou cachimbo; mascar tabaco ou libra de betel (uma mistura de substâncias que inclui tabaco, também chamada de paan) e rapé. Nos Estados Unidos, fumar cigarros (particularmente mais de 2 maços por dia) é o principal fator de risco relacionado ao tabaco para o câncer de boca e garganta. Fumar charuto também pode aumentar o risco. Fumar cachimbo aumenta o risco de câncer nas partes dos lábios que tocam na haste do cachimbo. Mascar tabaco ou cheirar rapé aumenta em 50% o risco de desenvolver câncer nas bochechas, gengivas, e superfície interna dos lábios, onde o tabaco tem maior contato.
O uso crônico ou em altas doses de álcool também aumenta o risco de câncer de boca e de garganta. O aumento do risco é proporcional à quantidade de álcool consumido. Há alguma evidência de que o álcool contido em enxágues bucais pode contribuir para o câncer oral quando usado repetidamente por um período longo.
Os maiores riscos resultam do alto consumo combinado de tabaco e álcool, resultando em uma probabilidade de câncer duas a três vezes maior do que o consumo de cada um isoladamente. Tais usos combinados aumentam o risco de câncer da boca 100 vezes nas mulheres e 38 vezes nos homens; aumenta o risco de câncer de garganta em 30 vezes. Pacientes que após terem desenvolvido um câncer de boca ou garganta mantêm os hábitos de fumar e de beber têm mais que o dobro de probabilidade de desenvolver outro câncer de boca e garganta do que o restante da população.
Papilomavírus humano (HPV Infecção por papilomavírus humano (HPV) O papilomavírus humano (HPV) pode ser sexualmente transmissível e causar alterações nas células, o que pode levar a verrugas genitais ou a um pré‑câncer ou câncer do colo do útero, vagina, vulva... leia mais ), o vírus que causa verrugas genitais Infecção por papilomavírus humano (HPV) O papilomavírus humano (HPV) pode ser sexualmente transmissível e causar alterações nas células, o que pode levar a verrugas genitais ou a um pré‑câncer ou câncer do colo do útero, vagina, vulva... leia mais
e pode infectar a boca durante o sexo oral, está associado ao desenvolvimento de câncer de boca e de garganta. Câncer de boca e de garganta associado ao HPV está aumentando principalmente entre jovens na América do Norte e no norte da Europa. A infecção pelo HPV aumenta em 16 vezes o risco de câncer de garganta e o HPV causa 60% dos cânceres de garganta. O número de parceiros sexuais e a frequência de sexo oral são fatores de risco importantes. Certas variedades deste vírus predispõem a pessoa a câncer de garganta e, numa proporção menor, a câncer de boca.
Como mais pessoas estão sendo vacinadas contra o HPV, é esperado que cânceres de garganta causados pelo HPV se tornem menos comuns no futuro. No entanto, como o câncer de garganta leva muitos anos para se desenvolver, a diminuição levará anos para se tornar evidente.
Sexo é um fator de risco. Cerca de três quartos dos cânceres de boca e garganta ocorrem em homens.
Aumentando a idade, tal como na maioria dos cânceres, aumenta o risco.
Outros fatores que aumentam o risco de câncer da boca incluem as irritações repetidas que as extremidades de um dente partido, de obturações, cáries ou próteses dentárias mal adaptadas (como dentaduras) podem causar. Radiografias prévias de cabeça e pescoço, candidíase crônica Candidíase (infecção por levedura) A candidíase é uma infecção provocada pela levedura Candida. A candidíase tende a ocorrer nas áreas úmidas da pele. A candidíase pode causar erupções cutâneas, escamações, coceira e inchaço... leia mais e higiene oral insuficiente também são fatores de risco. Excessiva exposição ao sol pode causar câncer dos lábios.
Sintomas do câncer da boca e garganta
Os sintomas do câncer de boca e garganta variam um pouco, dependendo da localização do câncer.
O câncer de boca normalmente é indolor por um considerável período de tempo, mas acaba por causar dor à medida que o câncer cresce. Quando a dor aparece, isso geralmente ocorre com a deglutição, assim como uma dor de garganta. Algumas pessoas podem ter dificuldade para falar. Os carcinomas de células escamosas parecem feridas abertas (úlceras) e têm tendência a crescer nos tecidos subjacentes. As feridas podem ser manchas achatadas ou ligeiramente elevadas coloridas de vermelho (eritroplaquia Alterações pré-cancerosas na boca Os tumores podem se originar em qualquer tipo de tecido e em torno da boca, incluindo os tecidos conjuntivos, ossos, músculos e nervos. Os tumores ocorrem com mais frequência: Nos lábios Nas... leia mais ) ou brancas (leucoplaquia Alterações pré-cancerosas na boca Os tumores podem se originar em qualquer tipo de tecido e em torno da boca, incluindo os tecidos conjuntivos, ossos, músculos e nervos. Os tumores ocorrem com mais frequência: Nos lábios Nas... leia mais
).
Os cânceres de lábio e de outras partes da boca geralmente são duros como pedra ao toque e estão presos aos tecidos subjacentes. A maioria dos tumores não cancerosos nessas áreas move-se livremente. Áreas descoloridas nas gengivas, na língua ou no revestimento da boca também podem ser sinais de câncer. Uma área na boca que se tornou recentemente marrom ou descolorida e escurecida pode ser um melanoma Melanoma O melanoma é um câncer de pele que começa nas células produtoras de pigmento da pele (melanócitos). Os melanomas podem surgir na pele normal ou em nevos já existentes. Podem formar placas da... leia mais . Por vezes, pode aparecer uma zona marrom, plana e sardenta (a mancha do fumante) nos locais dos lábios onde o cachimbo ou cigarro é habitualmente sustentado entre os lábios.
O câncer de garganta normalmente causa dor de garganta que aumenta com a deglutição, dificuldade para engolir e falar, e dor de ouvido. Algumas vezes, um caroço no pescoço é o primeiro sinal de câncer da garganta.
Na maioria dos cânceres de boca e de garganta, quando os sintomas fazem com que se torne difícil comer, as pessoas começam a perder peso.
Diagnóstico do câncer da boca e garganta
Endoscopia
Biópsia
Exames de imagem para estadiamento
Para diagnosticar cânceres de boca e garganta, os médicos fazem uma biópsia (remoção de amostra de tecido para exame sob o microscópio) de qualquer área anormal vista durante o exame. Somente uma biópsia pode determinar se uma área suspeita é cancerosa. Se os médicos não virem um crescimento anormal na boca das pessoas que apresentarem os sintomas, eles examinarão a garganta usando um espelho especial e/ou um tubo de visualização flexível (endoscópio). Eles fazem uma biópsia de quaisquer áreas anormais visualizadas durante este exame.
Se a biópsia revelar um câncer, os médicos fazem exames de imagem para determinar a extensão (estágio Estadiamento do câncer Suspeita-se de câncer com base nos sintomas, nos resultados de um exame físico e, por vezes, nos resultados de exames preventivos de uma pessoa. Ocasionalmente, as radiografias obtidas por outras... leia mais ) do câncer, como
Uma combinação de tomografia por emissão de pósitrons (PET) Tomografia por emissão de pósitrons (PET) A tomografia por emissão de pósitrons (Positron Emission Tomography, PET) é um tipo de cintilografia. Um radionuclídeo é uma forma radioativa de um elemento, o que significa que ele é um átomo... leia mais
e TC
Esses exames de imagem são feitos para ajudar os médicos a determinar o tamanho e a localização do câncer, se ele se espalhou para as estruturas próximas ou se disseminou para os linfonodos Órgãos linfoides O sistema imunológico foi concebido para defender o corpo contra invasores estranhos ou perigosos. Tais invasores incluem Micro-organismos (comumente chamados germes, como bactérias, vírus e... leia mais no pescoço. Os médicos também usam um endoscópio para examinar dentro da boca descendo pela garganta para tentar detectar câncer nas estruturas vizinhas. Os médicos fazem laringoscopia (para ver o interior da laringe), broncoscopia (para ver o interior das vias respiratórias) e esofagoscopia (para ver o interior do esôfago).
Triagem
Uma vez que a detecção precoce aumenta enormemente a possibilidade de cura, os médicos e dentistas devem examinar cuidadosamente a boca e a garganta durante cada exame médico ou odontológico de rotina. O exame deve incluir a área sob a língua, que as pessoas normalmente não veem e na qual não sentem uma tumoração anormal, até que tenha se tornado bem grande.
Prognóstico do câncer da boca e garganta
Os índices de sobrevida para pessoas com câncer de boca e garganta variam muito dependendo
Da localização original do tumor
Se ele se disseminou e o quanto (o estágio)
Da causa
O índice de cura do carcinoma de células escamosas da boca é elevado caso se consiga retirar a totalidade do câncer e os tecidos circundantes normais sejam removidos antes do câncer se disseminar para os linfonodos. Em média, mais de 75% das pessoas que têm carcinoma da língua que não se disseminou para os linfonodos sobrevivem pelo menos 5 anos após o diagnóstico. Cerca de 75% das pessoas que têm carcinoma do assoalho da boca, que não se disseminou, sobrevivem pelo menos 5 anos após o diagnóstico. No entanto, se o câncer já tiver atingido os linfonodos, a porcentagem de sobreviventes por 5 anos decresce cerca da metade. Cerca de 90% das pessoas com carcinoma do lábio inferior sobrevivem por pelo menos 5 anos e o carcinoma raramente se dissemina. O carcinoma do lábio superior tende a ser mais agressivo e se dissemina.
Em média, 60% das pessoas que apresentam câncer de garganta sobrevivem ao menos 5 anos após o diagnóstico. As taxas são superiores a 75% se a causa for papilomavírus humano (HPV) Infecção por papilomavírus humano (HPV) O papilomavírus humano (HPV) pode ser sexualmente transmissível e causar alterações nas células, o que pode levar a verrugas genitais ou a um pré‑câncer ou câncer do colo do útero, vagina, vulva... leia mais e inferiores a 50% se a causa for outra.
Prevenção do câncer da boca e garganta
Evitar o consumo excessivo de álcool e de tabaco pode reduzir de forma significativa o risco de cânceres de boca e de garganta. Outra das medidas preventivas consiste em reparar as extremidades ásperas dos dentes partidos ou das obturações. Não se expor ao sol e usar protetor solar ajuda a reduzir o risco de câncer de lábios. Se as lesões causadas pelo sol afetarem uma área extensa do lábio, uma raspagem do lábio que retire toda a superfície externa, por meio de cirurgia ou laser, pode prevenir a evolução para formas de câncer.
As vacinas contra HPV Vacina contra o papilomavírus humano (HPV) A vacina contra o papilomavírus humano (HPV) ajuda a proteger contra a infecção pelas cepas de HPV que têm mais probabilidade de causar: Câncer cervical, câncer vaginal e câncer vulvar em mulheres... leia mais atuais agem em algumas variedades de HPV que causam cânceres de garganta; logo, a vacinação pode evitar o desenvolvimento de alguns desses cânceres.
Tratamento do câncer da boca e garganta
Cirurgia
A radioterapia, às vezes combinada com quimioterapia (quimiorradioterapia)
Os pilares do tratamento dos cânceres de boca e de garganta são cirurgia Cirurgia de câncer A cirurgia é uma forma tradicional de tratamento do câncer. É mais eficaz na eliminação da maioria dos tipos de câncer antes de ter se espalhado para os gânglios linfáticos ou locais distantes... leia mais e radioterapia Radioterapia para câncer A radiação é uma forma de energia intensa gerada por uma substância radioativa, como o cobalto, ou por equipamento especializado, como um acelerador de partículas atômicas (linear). A radiação... leia mais . Os médicos selecionam o tratamento baseados no tamanho e na localização do câncer.
Para o câncer de boca, a cirurgia normalmente é o tratamento inicial. Os médicos removem o câncer e, algumas vezes, também removem os linfonodos Órgãos linfoides O sistema imunológico foi concebido para defender o corpo contra invasores estranhos ou perigosos. Tais invasores incluem Micro-organismos (comumente chamados germes, como bactérias, vírus e... leia mais sob e por trás da mandíbula e ao longo do pescoço. Consequentemente, a cirurgia para os cânceres de boca pode ser deformante e psicologicamente traumática. Técnicas cirúrgicas reconstrutivas mais recentes, empregadas durante a cirurgia inicial, podem melhorar as funções e ajudar a restaurar a aparência normal. É possível substituir os dentes e as partes do maxilar inferior que faltam através de próteses. Fonoaudiologia e terapia de reabilitação da deglutição podem ser necessárias após cirurgias significativas. A radioterapia ou quimiorradioterapia é administrada após a cirurgia se o câncer estiver avançado.
Para as pessoas que não podem realizar cirurgia, a radioterapia é um primeiro tratamento alternativo. Em geral, a quimioterapia Quimioterapia e outros tratamentos sistêmicos contra o câncer Os tratamentos sistêmicos são aqueles que têm efeitos em todo o corpo, em vez de serem aplicados diretamente no câncer. A quimioterapia é uma forma de tratamento sistêmico que usa medicamentos... leia mais não é usada como tratamento inicial, mas é recomendada em adição à radioterapia para pessoas cujo câncer se espalhou para muito linfonodos.
No caso de câncer de garganta, os médicos usam, mais frequentemente, cirurgia como primeiro tratamento. Técnicas mais atuais permitem que os médicos operem através da boca, ao invés de fazer uma incisão no pescoço. Algumas técnicas empregam um endoscópio para guiar a cirurgia a laser. Outra técnica envolve o uso de um robô cirurgião. O cirurgião, a partir de um painel, controla os braços do robô e vê a cirurgia através de uma câmera acoplada a um endoscópio que foi inserido na boca da pessoa.
A radioterapia, ou, às vezes, quimiorradioterapia, pode ser usada tanto após uma cirurgia ou como primeiro tratamento. Tradicionalmente, os médicos têm usado a radioterapia para cânceres em estágio inicial e têm acrescentado a quimioterapia quando o câncer está mais avançado. Um tipo específico de radioterapia, chamado radioterapia de intensidade modulada (intensity-modulated radiation therapy, IMRT), permite que os médicos apliquem a radiação em uma área muito específica, o que pode reduzir os efeitos colaterais.
Efeitos colaterais do tratamento
A radioterapia da boca e garganta causa muitos efeitos colaterais, incluindo
Destruição das glândulas salivares o que deixa a boca seca e pode levar ao surgimento de cáries e outros problemas dentários.
Pouca capacidade dos maxilares em cicatrizar de lesões ou problemas dentários
Osteorradionecrose Osteonecrose da mandíbula relacionada ao uso de medicamentos (ONMRM) A osteonecrose da mandíbula relacionada ao uso de medicamentos (ONMRM) é um quadro clínico raro e potencialmente debilitante que envolve a exposição do osso da mandíbula. A ONMRM ocorre em algumas... leia mais , perda de osso e tecido mole ao redor da área irradiada
Alterações na pele, em caso de irradiação do pescoço
Alterações na voz e dificuldades para engolir, em caso de irradiação da garganta ou laringe
Devido a esses efeitos colaterais, todos os problemas dentários pré-existentes devem ser totalmente tratados antes de a radiação ser aplicada. Qualquer dente que possa se tornar problemático é extraído, deixando decorrer o tempo necessário para sua cicatrização, antes de aplicar a radiação.
Da mesma maneira, uma boa higiene dentária é fundamental para as pessoas que receberam radioterapia porque, após a exposição à radiação, a boca terá uma cicatrização ruim em caso de se precisar, algum dia, de uma cirurgia dentária, como uma extração dentária. Essa higiene inclui exames periódicos e um meticuloso cuidado em casa, inclusive com aplicações diárias de flúor. Se a pessoa, por fim, tiver que extrair um dente, uma terapia com oxigênio hiperbárico Terapia por recompressão A terapia por recompressão envolve a administração de oxigênio puro por várias horas em uma câmara selada a pressões superiores a 1 atmosfera. (Consulte também Considerações gerais sobre lesões... leia mais pode ajudar na cicatrização da mandíbula, sem causar osteorradionecrose.
Mais informações
Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
American Cancer Society: câncer da cavidade oral e orofaringe