A lesão do manguito rotador inclui tendinite e rompimentos parciais ou totais; bursite subacromial pode resultar de tendinite. Os sintomas são dor na região do ombro e, com rompimento grave, fraqueza. O diagnóstico é feito através do exame e, às vezes, testes diagnósticos. O tratamento inclui AINEs, manutenção da amplitude do movimento e exercícios de fortalecimento do manguito rotador.
O manguito rotador constitui-se dos músculos supraespinal, infraespinal, redondo menor e subescapular (SITS, supraspinatus, infraspinatus, teres minor, subscapularis), junto com o bíceps e tríceps; ajuda a estabilizar o úmero na fossa glenoide da escápula durante muitos movimentos esportivos em que os membros superiores são posicionados acima da cabeça (p. ex., arremesso, natação, levantamento de peso e no saque, em esportes com raquete).
Etiologia da lesão do manguito rotador
A lesão do manguito rotador pode ser uma lesão aguda ou crônica do esporte, mas normalmente ocorre por razões não relacionadas a atividades esportivas e em pessoas sem história de uso excessivo.
Um estiramento do manguito rotador é uma lesão traumática, aguda e única aos músculos. Em geral, a tendinite resulta da compressão crônica do tendão supraespinal entre cabeça umeral e arco coracoacromial (acrômio, articulação acromioclavicular, processo coracoide e ligamento caracoacromial). Atividades que requerem que o membro superior seja movido acima da cabeça repetidamente, como arremesso no beisebol, levantar pesos acima do ombro, dar o saque nos esportes com raquete e nadar estilo livre, borboleta ou de costas, aumentam o risco.
Acredita-se que o tendão supraespinal seja especialmente suscetível, pois apresenta região subvascularizada próxima à sua inserção na tuberosidade maior. Reação inflamatória resultante e edema posterior estreitam o espaço subacromial, acelerando a irrigação ou o dano do tendão. Se o processo não for interrompido, a inflamação pode levar ao rompimento parcial ou completo do manguito rotador. A tendinite degenerativa no manguito rotador é comum entre adultos não atletas (> 40 anos) pela mesma razão. A bursite subacromial (inflamação, edema e fibrose da região da bursa acima do manguito rotador) resulta normalmente de lesão no manguito.
Sinais e sintomas da lesão do manguito rotador
Bursite subacromial, tendinite do manguito rotador e rompimento parcial do manguito causam dor no ombro, especialmente quando o membro superior é movido acima da cabeça. A dor normalmente é pior entre 60° e 120° (arco doloroso de movimento) de abdução ou flexão do ombro, sendo normalmente mínima ou ausente a < 60° ou > 120°. Pode ser descrita como uma dor persistente que está mal localizada. Rompimento completo resulta em dor aguda e fraqueza do ombro. Em rompimentos maiores do manguito rotador, fraqueza da rotação externa é particularmente aparente.
Diagnóstico da lesão do manguito rotador
Exame físico
Às vezes, RM ou artroscopia
O diagnóstico é por história e exame físico, incluindo manobras provocativas (ver também Exame do ombro). O manguito rotador não pode ser palpado diretamente, porém pode ser examinado indiretamente por manobras que testam músculos específicos; dor significante ou fraqueza é considerada resultado positivo.
O músculo supraespinal é avaliado quando o paciente tenta resistir à pressão abaixo do membro superior mantido em flexão para frente, com os polegares apontando para baixo (teste da “caneca vazia” ou teste de Jobe).
Os músculos infraespinal e redondo menor são avaliados quando o paciente tenta resistir à pressão da rotação externa com os membros superiores mantidos ao lado do corpo, com os cotovelos flexionados a 90°; essa posição isola a função muscular do manguito rotador dos outros músculos, bem como do deltoide. Fraqueza durante esse teste sugere disfunção significante do manguito rotador (p. ex., rompimento total).
O músculo subescapular é avaliado quando o paciente coloca a mão no dorso com a parte posterior da mão tocando a coluna lombar. O examinador levanta a mão da região lombar. O paciente deve conseguir manter a mão sem tocar a pele dorsal (teste de levantamento de Gerber).
O teste de Neer verifica compressão nos tendões do manguito rotador do arco coracoacromial. Ele é feito colocando o membro superior do paciente em flexão forçada (braço levantado sobre a cabeça) com o membro superior totalmente pronado.
O teste de Hawkins também verifica compressão. É feito pela elevação do membro superior do paciente a 90°, flexionando o cotovelo em 90° e então rotacionando forçosamente o ombro no sentido interno.
O teste de Apley avalia a combinação da amplitude de movimento do ombro pedindo que o paciente tente tocar a escápula contralateral: tocar a parte superior da cabeça, a nuca e a escápula contralateral com as pontas dos dedos testa a abdução e a rotação externas; tocar por baixo, atrás do dorso, a escápula oposta com a parte posterior da mão testa a abdução e a rotação interna.
Articulações acromioclavicular e esternoclavicular, coluna cervical, tendão do bíceps e escápula podem ser fonte da dor no ombro. Essas áreas devem ser examinadas para verificar sensibilidade ou deformidade, o que indica problema no local.
O pescoço deve sempre ser examinado como parte da avaliação do ombro, pois a dor pode ser referida ao ombro pela coluna cervical (especialmente com radiculopatia C5).
A suspeita de lesão no manguito rotador pode ser avaliada com RM se um breve ciclo de tratamento conservador não resultar em resolução dos sintomas.
Tratamento da lesão do manguito rotador
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)
Exercícios
Algumas vezes, cirurgia
Na maioria dos casos de tendinite e bursite, repouso, AINEs e exercícios de fortalecimento do manguito rotador são suficientes. Injeções de corticoides no espaço subacromial são ocasionalmente indicadas (p. ex., quando os sintomas são agudos e graves ou quando tratamentos anteriores foram ineficazes ou AINEs são contraindicados). A cirurgia pode ser necessária para bursite crônica que é resistente ao tratamento conservador que consiste em remover o excesso de osso e diminuir o a compressão. O reparo cirúrgico é recomendado se uma lesão no manguito rotador for grave (p. ex., um rompimento completo).
1. Deitar-se em decúbito ventral com o braço envolvido para fora da borda da cama com o polegar apontando para longe do corpo.
2. Manter o cotovelo retificado e estender o braço no nível do tronco e, ao mesmo tempo, comprimir a escápula para baixo e para trás.
3. Retornar à posição inicial.
4. Executar 3 séries de 10 repetições.
5. Adicionar peso leve como tolerado.
Courtesy of Tomah Memorial Hospital, Department of Physical Therapy, Tomah, WI; Elizabeth C.K. Bender, MSPT, ATC, CSCS; and Whitney Gnewikow, DPT, ATC.
1. Deitar-se no lado não acometido com o travesseiro entre o braço e o corpo do lado acometido.
2. Dobrar o cotovelo envolvido a 90°.
3. Preparar a escápula retraindo e pressionando (comprimindo em direção da coluna e para baixo).
4. Mover o antebraço para cima girando o ombro, de modo que o dorso da mão aponte para o teto.
5. Voltar lentamente à posição inicial e repetir.
6. Fazer 3 séries de 10 repetições, 1 vez por dia.
7. Adicionar peso leve como tolerado.
Courtesy of Tomah Memorial Hospital, Department of Physical Therapy, Tomah, WI; Elizabeth C.K. Bender, MSPT, ATC, CSCS; and Whitney Gnewikow, DPT, ATC.
1. Manter o peso na mão sobre o lado acometido.
2. Curvar ligeiramente os quadris e joelhos e apoiar a parte superior do corpo com a outra mão colocada na mesa ou cama.
3. Dobrar o cotovelo em 90° e estender o ombro para elevar o cotovelo até a altura do ombro, retraindo (comprimindo) a escápula.
4. Voltar à posição inicial.
5. Fazer 3 séries de 10 repetições, 1 vez por dia.
6. Instruções especiais
a. Começar com peso de 0,5 a 1 kg (isto é, uma lata de sopa).
Courtesy of Tomah Memorial Hospital, Department of Physical Therapy, Tomah, WI; Elizabeth C.K. Bender, MSPT, ATC, CSCS; and Whitney Gnewikow, DPT, ATC.
1. Colocar a faixa para fixar o objeto no nível da cintura.
2. Colocar o travesseiro ou a toalha enrolada entre o cotovelo e o corpo no lado acometido.
3. Apertar a faixa com a mão acometida, com o cotovelo fletido em 90° e o polegar apontando para cima.
4. Girar o braço internamente (puxar a mão para dentro do corpo), então retornar lentamente à posição inicial.
5. Fazer 3 séries de 10 repetições, 1 vez por dia.
6. Instruções especiais
a. Começar com a banda de menor resistência.
b. Manter o braço na lateral e o cotovelo flexionado a 90°.
Courtesy of Tomah Memorial Hospital, Department of Physical Therapy, Tomah, WI; Elizabeth C.K. Bender, MSPT, ATC, CSCS; and Whitney Gnewikow, DPT, ATC.
1. Colocar a faixa para fixar o objeto no nível da cintura.
2. Colocar o travesseiro ou a toalha enrolada entre o cotovelo e o corpo no lado acometido.
3. Apertar a faixa na mão envolvida, com o cotovelo fletido em 90° e o polegar apontando para cima.
4. Girar o braço externamente e retornar lentamente à posição inicial.
5. Fazer 3 séries de 10 repetições, 1 vez por dia.
6. Instruções especiais
a. Começar com a banda de menor resistência.
b. Manter o braço na lateral e o cotovelo flexionado a 90°.
Courtesy of Tomah Memorial Hospital, Department of Physical Therapy, Tomah, WI; Elizabeth C.K. Bender, MSPT, ATC, CSCS; and Whitney Gnewikow, DPT, ATC.
1. Começar com o braço na lateral, manter o cotovelo esticado e o polegar apontando para cima.
2. Mover o braço para frente até aproximadamente 30° para que esteja na posição da escápula ou na elevação do plano escapular.
3. Nessa posição, mover o braço para cima a fim de mantê-lo em um intervalo sem dor.
4. Retornar à posição inicial.
5. Realizar 3 séries de 10 repetições, 1 vez por dia.
6. Adicionar peso leve como tolerado.
Courtesy of Tomah Memorial Hospital, Department of Physical Therapy, Tomah, WI; Elizabeth C.K. Bender, MSPT, ATC, CSCS; and Whitney Gnewikow, DPT, ATC.
1. Deitar-se em decúbito ventral com o braço acometido para o lado, fora da borda da cama, e o cotovelo fletido em 90°.
2. O antebraço deve estar fora da borda da cama com o polegar em direção ao corpo.
3. Retrair e pressionar a escápula (comprimir na direção da coluna e para baixo).
4. Girar o antebraço para cima.
5. Voltar à posição inicial e repetir.
6. Fazer 3 séries de 10 repetições, 1 vez por dia.
7. Instruções especiais
a. Não deixar que a escápula se mova ao levantar o antebraço.
Courtesy of Tomah Memorial Hospital, Department of Physical Therapy, Tomah, WI; Elizabeth C.K. Bender, MSPT, ATC, CSCS; and Whitney Gnewikow, DPT, ATC.
1. Deitar-se em decúbito ventral com o braço acometido para baixo da borda da mesa e o polegar apontando para longe do corpo.
2. Retrair e pressionar a escápula (comprimir na direção da coluna e para baixo).
3. Levantar o braço até o nível do ombro.
4. Abaixar o braço em direção ao chão e repetir.
5. Fazer 3 séries de 10 repetições, 1 vez por dia.
6. Instruções especiais
a. Não deixar que a escápula se mova ao levantar o braço.
b. Manter o polegar apontado para o teto.
Courtesy of Tomah Memorial Hospital, Department of Physical Therapy, Tomah, WI; Elizabeth C.K. Bender, MSPT, ATC, CSCS; and Whitney Gnewikow, DPT, ATC.
Pontos-chave
O manguito rotador constitui-se dos músculos supraespinal, infraespinal, redondo menor e subescapular (SITS, supraspinatus, infraspinatus, teres minor, subscapularis); eles ajudam a estabilizar a cabeça do úmero durante muitos movimentos esportivos em que os membros superiores são posicionados acima da cabeça (p. ex., arremesso, natação, levantamento de peso e no saque, em esportes com raquete) e ajudam na elevação e rotação do ombro.
A musculatura do manguito rotador pode romper-se em um quadro agudo; instabilidade do ombro, fraqueza do manguito rotador ou impacto mecânico no espaço subacromial podem causar tendinite (em particular do tendão supraespinal) e resultar em bursite subacromial.
O diagnóstico geralmente baseia-se em exame físico, mas alguns pacientes requerem RM e/ou artroscopia.
Tratar com AINEs, repouso e exercícios para o manguito rotador; injeção de corticoide no espaço subacromial também é uma opção.
O reparo cirúrgico é recomendado se uma lesão for grave (p. ex., um rompimento completo).

