Os distúrbios da medula espinhal podem causar problemas graves permanentes, como paralisia ou perda de controle da bexiga e do intestino (incontinência urinária Incontinência urinária em adultos A incontinência urinária é a perda involuntária de urina. A incontinência pode ocorrer em homens e mulheres em qualquer idade, mas é mais comum em mulheres e idosos, afetando cerca de 30% das... leia mais e incontinência fecal Incontinência fecal A incontinência fecal consiste na perda do controle da defecação. A incontinência fecal pode ocorrer de forma breve, durante episódios de diarreia ou quando fezes endurecidas ficam alojadas... leia mais ). Às vezes, esses problemas podem ser evitados ou minimizados se a avaliação e o tratamento forem feitos rapidamente.
As causas das doenças da medula espinhal incluem lesões, infecções, bloqueio do fornecimento de sangue e compressão por um osso fraturado ou tumor.
Normalmente, os músculos estão fracos ou paralisados, a sensação é anormal ou perdida e pode ser difícil controlar a função da bexiga e do intestino.
Os médicos baseiam o diagnóstico em sintomas e resultados de um exame físico e exames por imagem, como ressonância magnética.
Se possível, o quadro clínico que causa a doença da medula espinhal é corrigido.
Geralmente, a reabilitação é necessária para recuperar o máximo de função possível.
Anatomia da medula espinhal
A medula espinhal Medula espinhal A medula espinhal é uma estrutura comprida, frágil e fusiforme, que começa no final do tronco cerebral e se estende quase até o fim da espinha. É constituída por feixes de axônios dos nervos... leia mais é a principal via de comunicação entre o cérebro e o resto do corpo. Trata-se de uma estrutura longa, espessa e frágil que se estende a partir da base do cérebro no sentido descendente. A medula é protegida pelas costelas (vértebras) da espinha (coluna). As vértebras são separadas e amortecidas por discos formados por cartilagem.
A espinha é dividida em quatro seções e cada uma delas leva uma letra.
Cervical (C): Pescoço
Torácica (T): Tórax
Lombar (L): Região lombar
Sacral (S): Pelve e cóccix
Em cada região da coluna vertebral, encontram-se numeradas, começando pela parte superior. Esses rótulos (letra mais um número) são usados para indicar as localizações (níveis) na medula espinhal. Os médicos podem, às vezes, determinar o local em que a medula espinhal está danificada (o nível) com base nos sintomas que a pessoa apresenta. Como exemplo, se as pernas, o tronco e as mãos de uma pessoa estiverem paralisados, mas ela conseguir mover ombros e cotovelos normalmente, a medula espinhal cervical entre os níveis 7 e 8 (C7 para C8) está lesionada.
Onde a medula espinhal está lesionada?
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Ao longo de toda a medula espinhal, distribuem-se 31 pares de nervos espinhais que saem por entre os espaços localizados entre as vértebras. Cada nervo espinhal sai de uma vértebra específica na medula espinhal até uma região específica do corpo. Com base neste fato, a superfície da pele foi dividida em áreas chamadas dermátomos. Dermátomo é uma área da pele em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa. A perda de sensação em um dermátomo determinado permite que os médicos localizem onde a medula espinhal está lesionada.
Dermátomos
A superfície da pele está dividida em áreas específicas, chamadas dermátomos. Dermátomo é uma área da pele em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa. Os nervos sensoriais transportam informações sobre sensações como tato, dor, temperatura e vibração desde a pele até a medula espinhal. As raízes da coluna vertebral vêm em pares - uma em cada lado do corpo. Há 31 pares:
Há dermátomos para cada uma dessas raízes nervosas. A informação sensitiva proveniente de um dermátomo específico é transportada por fibras nervosas sensitivas até a raiz nervosa espinhal de uma determinada vértebra. Por exemplo, as informações sensoriais de uma faixa de pele na parte de trás da coxa são transmitidas pelas fibras nervosas sensitivas para a 2ª vértebra sacral (S2) da raiz nervosa. | |
Um nervo espinhal tem duas raízes nervosas (uma raiz motora e uma raiz sensitiva). A única exceção é o primeiro nervo espinhal, que não tem raiz sensitiva.
Raiz motora: a raiz na parte dianteira (raiz motora ou anterior) contém fibras nervosas que transportam impulsos (sinais) a partir da medula espinhal aos músculos para estimular o movimento muscular (contração).
Raiz sensitiva: a raiz da parte posterior (a raiz sensitiva ou posterior) contém fibras nervosas que transportam informações sensitivas sobre o tato, a posição, a dor e temperatura do corpo até medula espinhal.
A medula espinhal termina na parte lombar (por volta da L1 ou L2), mas a raiz nervosa continua, formando um ramo que lembra um rabo de cavalo (chamado cauda equina Síndrome da cauda equina A síndrome da cauda equina ocorre quando o feixe de nervos que se estende da parte inferior da medula espinhal é comprimido ou danificado. A causa mais comum de síndrome da cauda equina é um... leia mais ).
A medula espinhal é altamente organizada. O centro da medula, em forma de borboleta, constitui a substância cinzenta. Suas “asas” são chamadas cornos:
Os cornos dianteiros (anteriores ou motores) contêm células nervosas que transmitem os sinais a partir do cérebro ou da medula espinhal pela raiz motora até os músculos.
Os chifres traseiros (posteriores ou sensoriais) contêm células nervosas que recebem sinais sobre dor, temperatura e outras informações sensoriais pela raiz desde as células nervosas fora da medula espinhal.
A parte externa da medula espinhal consiste de uma massa branca que contém os caminhos das fibras nervosas (chamados tratos ou colunas). Cada trato transporta um tipo específico de sinal nervoso, seja para ir até o cérebro (tratos ascendentes) ou para voltar dele (tratos descendentes).
Medula espinhal: de e para e para cima e para baixo
Os nervos espinhais transportam os impulsos nervosos até a medula espinhal e a partir dela por duas raízes nervosas:
No centro da medula espinhal, uma área em forma de borboleta de massa cinzenta ajuda a restabelecer os impulsos para os nervos da espinha e a partir dele. As “asas” são chamadas cornos.
Os impulsos vão para cima (até o cérebro) ou para baixo (a partir do cérebro) até a medula espinhal pelos diferentes caminhos (tratos). Cada trato transporta um tipo diferente de sinal nervoso, seja para ir ou voltar do cérebro. A seguir, alguns exemplos:
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Causas de distúrbios da medula espinhal
As doenças da medula espinhal podem originar-se fora da medula ou, menos frequentemente, dentro dela.
Fora da medula espinhal
Essas doenças incluem
A medula espinhal pode sofrer uma compressão provocada por um osso (como na espondilose cervical Espondilose cervical A espondilose cervical é a degeneração dos ossos do pescoço (vértebras) e dos discos entre elas, exercendo pressão (compressão) sobre a medula espinhal no nível do pescoço. A osteoartrite é... leia mais , na estenose vertebral ou numa fratura), por um acúmulo de sangue (hematoma), um tumor, uma bolsa de pus (abscesso) ou por uma ruptura ou hérnia do disco Hérnia de disco Uma hérnia de disco ocorre quando o revestimento resistente de um disco na coluna sofre laceração ou se rompe. O interior macio e gelatinoso pode, então, criar uma protuberância para fora (hérnia)... leia mais .
Dentro da medula espinhal
Essas doenças incluem cavidades preenchidas com líquido (siringes Siringomielia da medula espinhal ou do tronco cerebral Um cisto consiste numa cavidade cheia de líquido que surge na medula espinhal (denominada siringomielia), no tronco cerebral (denominada siringobulbia) ou em ambos. Os cistos podem estar presentes... leia mais ), bloqueio do fornecimento de sangue Bloqueio do fornecimento de sangue para a medula espinhal O bloqueio de uma artéria que leva sangue até a medula espinhal evita que esta medula receba o sangue e, assim, oxigênio. Como resultado, os tecidos podem morrer (chamado infarto). As causas... leia mais , inflamação (como ocorre na mielite transversa aguda Mielite transversa aguda É uma inflamação que afeta a medula espinhal em toda sua largura (transversal) e, assim, bloqueia a transmissão dos impulsos nervosos que vão para cima e para baixo da medula espinhal. A mielite... leia mais ), tumores, abscessos, sangramento (hemorragia), deficiência de vitamina B12 Deficiência de cobre A deficiência de cobre é rara em pessoas saudáveis e ocorre com mais frequência em bebês que têm outros problemas de saúde ou apresentam uma anomalia genética hereditária. (consulte também Considerações... leia mais , deficiência de cobre Deficiência de cobre A deficiência de cobre é rara em pessoas saudáveis e ocorre com mais frequência em bebês que têm outros problemas de saúde ou apresentam uma anomalia genética hereditária. (consulte também Considerações... leia mais , infecção pelo vírus da imunodeficiência humana Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é uma infecção viral que destrói progressivamente certos glóbulos brancos e é tratada com medicamentos antirretrovirais. Se não for tratada... leia mais (HIV), COVID-19 COVID-19 A COVID-19 é uma doença respiratória aguda que pode ser grave e é causada por um coronavírus chamado SARS-CoV-2. Os sintomas da COVID-19 variam significativamente. Dois tipos de testes podem... leia mais , esclerose múltipla Esclerose Múltipla (EM) Na esclerose múltipla, são danificadas ou destruídas as zonas de mielina (a substância que cobre a maioria das fibras nervosas) e as fibras nervosas subjacentes no cérebro, nervos ópticos e... leia mais e sífilis Sífilis A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela pode ocorrer nos três estágios de sintomas, separados por períodos de aparente boa saúde... leia mais .
A radioterapia também pode danificar a medula espinhal.
Sintomas de distúrbios da medula espinhal
Devido à maneira como funciona e está organizada a medula espinhal, a lesão na medula geralmente produz padrões específicos de sintomas com base na localização da lesão. Abaixo seguem vários padrões que podem ocorrer:
Perda de sensação Nervos sensitivos Quando houver a suspeita de um transtorno neurológico, o médico avalia por exame físico todos os sistemas do organismo, concentrando-se em diferentes partes do sistema nervoso. A avaliação do... leia mais (como capacidade de sentir um toque leve, dor, temperatura ou vibração ou sentir onde os braços e as pernas estão)
Diminuição da transpiração
Paralisia
Ao identificar qual função foi perdida, frequentemente os médicos podem dizer qual parte da medula espinhal foi danificada (como parte dianteira, traseira, lateral, central ou toda a medula). Ao identificar a localização específica dos sintomas (por exemplo, quais músculos estão paralisados e quais partes do corpo não têm sensação), os médicos podem determinar onde a medula espinhal está lesionada (ou seja, o nível específico da medula).
As funções controladas pelas áreas da medula espinhal abaixo da lesão podem ser total ou parcialmente perdidas. As funções controladas pelas áreas da medula espinhal acima da lesão não são afetadas.
Quando de repente ocorre fraqueza ou paralisia, os músculos ficam moles (flácidos), perdendo o tônus. Após os músculos ficarem flácidos, o tônus muscular aumenta ao longo de dias a semanas e os músculos tendem a se contrair involuntariamente (chamado espasmos ou espasticidade).
Quando doenças (como espondilose cervical Espondilose cervical A espondilose cervical é a degeneração dos ossos do pescoço (vértebras) e dos discos entre elas, exercendo pressão (compressão) sobre a medula espinhal no nível do pescoço. A osteoartrite é... leia mais e paraplegia espástica hereditária Paraplegia espástica hereditária A paraplegia espástica hereditária (familiar) compreende um grupo de doenças hereditárias raras que causam fraqueza gradual com espasmos musculares (fraqueza espástica) nas pernas. As pessoas... leia mais ) danificam a medula espinhal lentamente, elas podem causar paralisia com tônus muscular aumentado e espasmos musculares (chamado paralisia espástica).
Os espasmos podem ocorrer porque os sinais do cérebro não conseguem passar pela área lesionada para ajudar a controlar alguns reflexos. Como resultado, os reflexos ficam mais pronunciados por dias ou semanas. Por isso, os músculos controlados pelo reflexo podem se apertar, ficar enrijecidos e contrair-se incontrolavelmente de tempos em tempos.
Diagnóstico de distúrbios da medula espinhal
Exame físico
Ressonância magnética ou mielografia com tomografia computadorizada
Em geral, os médicos conseguem reconhecer uma doença na medula espinhal com base em seus padrões característicos de sintomas. Os médicos sempre fazem um exame físico, que dá pistas ao diagnóstico e, se a medula espinhal estiver lesionada, ajuda ao médico a determinar onde está a lesão. É realizado um exame por imagens para confirmar o diagnóstico e determinar a causa.
A ressonância magnética (RM) é o exame por imagem mais preciso para detectar problemas na medula espinhal. A RM mostra a medula espinhal, e também as anomalias nos tecidos moles em volta da medula (como abscessos, hematomas, tumores e discos rompidos) e nos ossos (como tumores, fraturas e espondilose cervical).
Recorre-se à mielografia Mielografia Em algumas ocasiões, é necessário recorrer a procedimentos diagnósticos para confirmar o diagnóstico sugerido pelo histórico clínico e pelo exame neurológico. Os exames de imagem comumente usados... leia mais com tomografia computadorizada (TC), quando a RM não está disponível. Para mielografia com TC, a TC é realizada depois que um agente de contraste radiopaco (que pode ser visualizado nas radiografias) é injetado no espaço ao redor da medula espinhal.
Podem ser feitas radiografias para detectar problemas na coluna vertebral, tais como fraturas ou tumores, mas geralmente prefere-se a TC, pois ela fornece mais informações sobre os ossos.
Tratamento de distúrbios da medula espinhal
Tratamento da causa quando possível
Prevenção de complicações
Fisioterapia e terapia ocupacional
Se os sintomas de disfunção da medula espinhal (como paralisia ou perda de sensação) ocorrerem de repente, a pessoa deve imediatamente ir ao pronto-socorro. Às vezes, ao fazer isso, é possível evitar lesão permanente na medula espinhal ou paralisia. A causa é corrigida ou tratada, se possível. Entretanto, esse tratamento geralmente é impossível ou malsucedido.
As pessoas paralisadas ou que são confinadas à cama por causa de uma doença na medula espinhal requerem cuidados especializados para evitar complicações, que incluem:
Úlceras de decúbito Úlceras de decúbito : as enfermeiras inspecionam a pele diariamente, mantendo-a seca e limpa e viram a pessoa com frequência. Quando necessário, é usada uma cama especial com uma superfície que reduz a pressão e fornece suporte. Essa cama pode ser girada para alterar a pressão exercida sobre o corpo de frente para trás e de um lado para o outro. Superfícies incluem sobreposições e colchões de ar, espuma, gel e água para o colchão. Outras superfícies ou colchões requerem eletricidade para funcionar. Por exemplo, algum deslocamento da pressão de apoio de uma área do corpo da pessoa para outra. Algumas têm bolsas de ar que são infladas e desinfladas alternadamente por uma bomba,
Problemas urinários: se a pessoa estiver imobilizada e não puder ir ao banheiro, será necessário recorrer a um cateter. Para diminuir o risco de uma infecção das vias urinárias, os enfermeiros recorrem a técnicas de esterilização quando introduzem a sonda e aplicam pomadas ou soluções antibacterianas com regularidade.
Pneumonia: para reduzir o risco de pneumonia, terapeutas e enfermeiras podem ensinar exercícios de respiração profunda à pessoa. Podem também colocar a pessoa em ângulo para ajudar a drenar as secreções acumuladas nos pulmões (drenagem postural) ou podem sugar as secreções.
Coágulos sanguíneos: anticoagulantes, como heparina ou heparina de peso molecular baixo, podem ser administrados por injeção. Se uma pessoa não conseguir tomar anticoagulantes (por exemplo, devido a uma disfunção hemorrágica ou úlcera no estômago), é inserido um filtro, às vezes, chamado de guarda-chuva Filtros de veia cava inferior: Uma forma de prevenir a embolia pulmonar , na veia cava inferior (a maior veia que transporta o sangue desde o abdômen até o coração). O filtro prende os coágulos sanguíneos que se soltaram das veias da perna, antes que cheguem ao coração.
A perda considerável das funções corporais pode ser devastadora, causando depressão e perda da autoestima. O aconselhamento formal pode ser bem útil. Saber ao certo o que aconteceu e com o que se pode contar a curto e a longo prazo ajuda a pessoa a enfrentar a perda e preparar para a reabilitação.
Reabilitação
esta ajuda as pessoas a recuperarem o máximo de função possível. Uma equipe formada por enfermeiros, um fisioterapeuta Fisioterapia (FT) Fisioterapia, um componente de reabilitação, consiste em exercitar e manipular o corpo com ênfase nas costas, nos braços e nas pernas. Pode melhorar a função articular e muscular, ajudar as... leia mais , um terapeuta ocupacional Terapia ocupacional (TO) A terapia ocupacional, um componente da reabilitação, tem por objetivo melhorar a capacidade do indivíduo de realizar as atividades básicas de cuidados pessoais, as tarefas diárias e as atividades... leia mais , um assistente social, um nutricionista, um psicólogo, um conselheiro e, às vezes, um médico especializado em reabilitação (fisiatra), além da própria pessoa e familiares, proporcionam os melhores cuidados. A enfermeira pode ensinar à pessoa maneiras de lidar com a disfunção da bexiga e do intestino, como inserir um cateter, quando usar laxantes ou como estimular os movimentos da bexiga usando um dedo.
A fisioterapia envolve exercícios para fortalecer e esticar os músculos. As pessoas podem aprender a usar os dispositivos de auxílio, como suporte, andador ou cadeira de rodas e como lidar com os espasmos musculares.
A terapia ocupacional ajuda as pessoas a reaprender a fazer as tarefas diárias e ajuda a melhorar a destreza e coordenação. Aprendem técnicas especiais para ajudar a compensar as funções perdidas. Os terapeutas ou conselheiros ajudam algumas pessoas a fazerem os ajustes necessários para voltar a trabalhar e a seus hobbies e atividades. Ensina-se às pessoas a lidar com a disfunção sexual. O sexo ainda é possível para muitas pessoas, mesmo quando a sensação é perdida.
É importante que a família e os amigos próximos deem apoio emocional.