Barotrauma da orelha e seios da face

PorRichard E. Moon, MD, Duke University Medical Center
Revisado/Corrigido: abr 2023
Visão Educação para o paciente

Barotrauma é lesão tecidual causada por uma alteração relacionada com a pressão do volume de ar de um compartimento no corpo. Pode ocorrer na orelha (causando otalgia, perda auditiva e/ou sintomas vestibulares) ou nos seios da face (causando dor e congestão). O diagnóstico, às vezes, requer audiometria e teste vestibular. O tratamento, quando necessário, é administração de descongestionantes, analgésicos e corticoides orais ou, às vezes, correção cirúrgica de lesões graves da orelha média interna ou dos seios da face.

(Ver também Visão geral das lesões durante mergulho e Visão geral do barotrauma.)

O mergulho pode afetar as orelhas externa, média e interna. Normalmente, o mergulhador tem a sensação de ouvido cheio e dor durante a descida; se a pressão não for equilibrada rapidamente, pode ocorrer hemorragia na orelha média ou ruptura da membrana timpânica. O fluxo de água fria dentro da orelha média pode resultar em vertigem, náuseas e desorientação enquanto submerso. No exame do canal da orelha, a membrana timpânica pode apresentar congestão, hemotímpano e perfuração durante a insuflação de ar com otoscópio pneumático; perda da condução auditiva normalmente está presente. Quando a pressão no interior da orelha média permanece elevada durante ou após a subida de um mergulho, o nervo facial pode ser comprimido (baroparesia facial), resultando em paresia facial superior e inferior ipsilateral. A fraqueza tanto da face superior como inferior distingue a baroparesia facial do acidente vascular encefálico ou embolia gasosa arterial (1).

Barotrauma da orelha interna (BTOI) ocorre devido à ruptura da janela labiríntica (janela redonda ou oval) ou lacerações das membranas vestibular, basilar ou tectorial. Os sintomas, que incluem zumbido, perda auditiva, tontura, desequilíbrio, vertigem, nistagmo, ataxia, náuseas e vômitos, muitas vezes pioram com atividades e ruídos altos e melhoram com o repouso. Em geral, os sintomas começam durante a descida quando há dificuldade de equalizar a pressão da orelha média, mas podem ocorrer durante a subida, possivelmente devido à expansão do ar no interior da cóclea ou do aparelho vestibular. Os sintomas também podem ocorrer dias após um mergulho, frequentemente provocados por carregar peso ou realizar esforços (2).

Com mais frequência, barotrauma dos seios da face afeta os seios frontais, seguidos de seios etmoides e maxilar (3). Os mergulhadores experimentam desde pressão leve à dor intensa, com sensação de congestão nos compartimentos envolvidos dos seios da face durante subida ou descida e, às vezes, epistaxe. A dor pode ser forte, algumas vezes acompanhada de sensibilidade facial na palpação. A sobrepressurização do seio maxilar pode comprimir o ramo maxilar do nervo trigêmeo, causando hiperestesia sobre a bochecha. A sobrepressurização no seio esfenoidal ocasionalmente comprime o nervo óptico, causando diminuição da visão ou cegueira (3, 4).

Raramente, os seios da face podem romper ou causar pneumocéfalo com dor oral ou facial, náuseas, vertigem ou cefaleia. A ruptura do seio maxilar pode resultar em ar retro-orbital com diplopia decorrente da disfunção do nervo oculomotor. A compressão do nervo trigêmeo no seio maxilar pode causar parestesia facial. O exame físico pode detectar sensibilidade nos seios da face ou hemorragia nasal.

Também pode ocorrer barotrauma em razão da redução da pressão ambiente durante a ascensão à altitude.

Referências gerais

  1. 1. Molvaer OI, Eidsvik S. Facial baroparesis: A review. Undersea Biomed Res 14(30):277-295, 1987. PMID 3307083

  2. 2. Elliott EJ, Smart DR: The assessment and management of inner ear barotrauma in divers and recommendations for returning to diving. Diving Hyperb Med, 44(4):208-22, 2014. PMID: 25596834

  3. 3. Schipke JD, Cleveland S, Drees M: Sphenoid sinus barotrauma in diving: Case series and review of the literature. Res Sports Med, 26(1):124-137. doi: 10.1080/15438627.2017.1365292

  4. 4. Hanasono MM, Norbash AM, Shepard K, et al: Sphenoid pneumoceles cause episodic pressure-related blindness. West J Med 169(5):295-299, 1998. PMID: 9830365 PMCID: PMC1305327

Diagnóstico de barotrauma de orelha e seios faciais

  • Avaliação clínica

  • Às vezes, audiometria e teste vestibular

Em geral, o barotrauma que causa apenas dor na orelha ou nos seios da face é diagnosticado clinicamente.

Deve-se examinar o paciente com sintomas de trauma na orelha interna por barotrauma (p. ex., zumbido, perda auditiva ou vertigem) à procura de sinais de disfunção vestibular. Ele deve ser encaminhado para audiometria e teste vestibular formal urgente e possível cirurgia. Deve-se encaminhar esses pacientes a um otorrinolaringologista porque o tratamento cirúrgico imediato das lacerações da janela labiríntica pode reverter a perda auditiva.

Exames de imagem (p. ex., radiografia simples, TC) não são necessários para o diagnóstico de barotrauma dos seios da face ou compressão do nervo craniano não complicado, embora TC seja útil em casos de suspeita de ruptura nos seios da face ou compressão do nervo craniano.

Tratamento de barotrauma da orelha e seios da face

  • Descongestionantes e analgésicos

  • Às vezes, corticoides orais, reparo cirúrgico ou ambos

A maioria das lesões de barotrauma da orelha e seios da face se resolve espontaneamente e requer apenas tratamento sintomático e acompanhamento ao paciente com alta.

O tratamento com medicamentos para barotrauma dos seios da face e da orelha média é idêntico. Descongestionantes (geralmente oximetazolina a 0,05%, 2 borrifadas em cada narina duas vezes ao dia, por 3 a 5 dias ou pseudoefedrina, 30 a 60 mg por via oral, 2 a 4 vezes ao dia, até no máximo 240 mg/dia, de 3 a 5 dias) podem abrir as câmaras oclusas. Casos graves podem ser tratados com corticoides nasais. Pode-se controlar a dor com anti-inflamatórios não esteroides ou opioides.

Se houver sangramento ou evidência de derrame, devem ser dados antibióticos (p. ex., amoxicilina, 500 mg por via oral a cada 12 horas, por 10 dias; sulfametoxazol-trimetoprima SMX-TMP], 1 comprimido de dupla potência por via oral duas vezes ao dia, por 10 dias).

Para barotrauma da orelha média, alguns médicos também indicam a administração de corticoides orais (prednisona, 60 mg por via oral uma vez ao dia, por 6 dias, diminuindo-se após 7 a 10 dias) por um curto período.

O encaminhamento a um otorrinolaringologista é indicado para tratar sintomas graves ou persistentes. Cirurgia urgente (p. ex., timpanotomia para reparo direto de ruptura da janela do vestíbulo ou janela da cóclea, miringotomia para drenar líquido da orelha média, descompressão dos seios da face) pode ser necessária para tratar lesões graves da orelha interna ou média.

Prevenção de barotrauma no ouvido e seios paranasais

Durante o mergulho, pode-se evitar o barotrauma da orelha na descida por deglutição ou por expiração contra as narinas cerradas para abrir a tuba auditiva e equalizar a pressão entre a orelha média e o ambiente. A pressão atrás dos tampões de ouvido e dos óculos não pode ser equalizada, de modo que esses dispositivos não devem ser utilizados para mergulho.

A profilaxia com spray nasal a 0,05% de oximetazolina, 2 borrifos diários por narina ou pseudoefedrina 30 a 60 mg por via oral 2 a 4 vezes ao dia, até no máximo 240 mg/dia, começando 12 a 24 horas antes do mergulho, pode reduzir a incidência de barotrauma de orelha e seios da face. Mergulho não deve ser feito se a congestão não se resolver ou se infecção do trato respiratório superior ou rinite alérgica descontrolada estiver presente.

Pontos-chave

  • Se os pacientes têm zumbido, perda auditiva ou vertigem, solicitar audiometria urgente e teste vestibular.

  • Considerar a realização de uma TC se não tiver certeza da avaliação clínica ou se a lesão sinusal for complicada pela compressão de um nervo craniano.

  • Se os sintomas forem graves, prescrever um analgésico e um descongestionante.

  • Diminuir o risco de barotrauma na orelha e nos seios da face recomendando não mergulhar quando há congestão nasal e, algumas vezes, prescrevendo oximetazolina ou pseudoefedrina nasal profilática.

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. Divers Alert Network: 24-hour emergency hotline, 919-684-9111

  2. Duke Dive Medicine: Physician-to-physician consultation, 919-684-8111

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