O edema é comum no final da gestação. Tipicamente, compromete os membros inferiores, mas, algumas vezes, manifesta-se por edema ou intumescência de mãos e face.
Etiologia
A causa mais comum de edema na gestação é
O edema fisiológico resulta da retenção de sódio induzida por hormônio. Também pode ocorrer edema quando o útero aumentado comprime intermitentemente a veia cava inferior na posição supina, obstruindo a via de saída de ambas as veias femorais.
As causas patológicas de edema são menos comuns, mas geralmente perigosas. Incluem
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Trombose venosa profunda (TVP)
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Celulite (ver tabela Algumas causas de edema no final da gestação)
A TVP é mais comum durante a gestação, devido ao estado de hipercoagulabilidade e porque a mulher pode se movimentar menos.
A pré-eclâmpsia resulta de hipertensão induzida pela gestação, porém nem toda mulher com eclâmpsia desenvolve edema.
A celulite, que habitualmente provoca eritema focal, quando extensa, pode assemelhar-se ao edema geral.
Algumas causas de edema no final da gestação
Avaliação
Tem o intuito de excluir TVP e pré-eclâmpsia. O edema fisiológico é diagnóstico de exclusão.
História
História de doença atual deve abranger o início e a duração dos sintomas, os fatores de piora e melhora (o edema fisiológico é atenuado pelo decúbito lateral esquerdo) e os fatores de risco de TVP e pré-eclâmpsia.
Os fatores de risco para TVP incluem
Os fatores de risco de pré-eclâmpsia incluem
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Hipertensão crônica
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História pessoal ou familiar de pré-eclâmpsia
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Idade < 17 anos ou > 35 anos
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Primeira gestação
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Doenças vasculares
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Resultados anormais de triagem sérica materna
A revisão dos sintomas deve buscar sintomas das possíveis causas, incluindo:
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Náuseas e vômitos, dor abdominal e icterícia: pré-eclâmpsia
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Dispneia: edema pulmonar ou pré-eclâmpsia
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Aumento súbito de peso ou edema das mãos e da face: pré-eclâmpsia
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Cefaleia, confusão, alterações do estado mental, visão embaçada ou convulsões: pré-eclâmpsia
A história clínica deve incluir história de TVP, embolia pulmonar, pré-eclâmpsia e hipertensão.
Exame físico
Começa com a revisão dos sinais vitais, particularmente a pressão arterial.
Avaliam-se as áreas de edema para identificar distribuição (i. e., se é bilateral e simétrico ou unilateral) e a existência de rubor, calor e sensibilidade.
O exame geral foca os sistemas que podem demonstrar achados de pré-eclâmpsia. O exame oftalmológico deve conter testes de campo visual para detecção de deficits e fundoscopia para avaliar edema de papila.
O exame cardiovascular envolve as auscultas cardíaca e pulmonar, para identificar sobrecarga de líquido (p. ex., ausculta de B3 ou B4, taquipneia e estertores), e a inspeção das veias do pescoço para evidenciar distensão venosa jugular. Deve-se palpar o abdome à procura de áreas de maior sensibilidade, especialmente na região epigástrica ou no hipocôndrio direito. O exame neurológico deve avaliar o estado mental para evidenciar confusão ou deficits neurológicos focais.
Sinais de alerta
Interpretação dos achados
Embora seja comum o desenvolvimento de edema durante a gestação, é aconselhável considerar e excluir as causas mais perigosas (pré-eclâmpsia e TVP):
Os achados clínicos ajudam a sugerir a causa (ver tabela Algumas causas de edema no final da gestação). Achados adicionais podem sugerir pré-eclâmpsia (ver tabela Alguns achados que sugerem pré-eclâmpsia).
Alguns achados que sugerem pré-eclâmpsia
Exames
Se houver a presunção de pré-eclâmpsia, avalia-se a proteinúria; hipertensão e proteinúria sugerem pré-eclâmpsia. Rotineiramente, utiliza-se o teste de fita urinário; mas, se o diagnóstico não for esclarecido, deve-se avaliar a proteinúria em amostra de 24 h. Muitos laboratórios podem avaliar a proteinúria mais rapidamente medindo e calculando a razão proteína urinária:creatinina urinária.
Se houver a suspeita de TVP, realiza-se ultrassonografia Doppler da extremidade inferior.
Tratamento
Pontos-chave
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Edema no final da gestação é comum e, em geral, benigno (fisiológico).
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Reduz-se o edema fisiológico pela adoção do decúbito lateral esquerdo, elevação dos membros inferiores e utilização de meias de compressão e uso de roupas largas que não restringem o fluxo sanguíneo.
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Hipertensão e proteinúria indicam pré-eclâmpsia.
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Edema unilateral de membro inferior, rubor, calor e dor exigem avaliação para o diagnóstico de TVP.