Câncer de colo do útero é uma neoplasia ginecológica comum e uma das principais causas de morte por câncer em países com baixa e média renda (1, 2). Há métodos eficazes de rastreamento e prevenção, que comprovadamente reduzem a incidência e a mortalidade por câncer de colo do útero (3, 4).
O rastreamento de câncer de colo do útero é recomendado a todas as mulheres nos Estados Unidos, com variações entre as principais organizações médicas em relação à idade inicial, escolha dos exames e frequência do rastreamento.
Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou uma estratégia global para eliminar o câncer de colo do útero como um problema de saúde pública, com os seguintes objetivos a serem alcançados até 2030 (ver WHO: Cervical Cancer Elimination Initiative):
90% das meninas estão totalmente vacinadas com a vacina contra o HPV aos 15 anos de idade
70% das mulheres fazem o rastreamento com um teste de alto desempenho aos 35 anos e novamente aos 45 anos
90% das mulheres identificadas com doença de colo do útero (pré- câncer ou câncer invasivo) recebem tratamento
Referências gerais
1. Sung H, Ferlay J, Siegel RL, et al: Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin 71 (3):209–249, 2021. doi: 10.3322/caac.21660
2. Bhatla N, Aoki D, Sharma DN, Sankaranarayanan R: Cancer of the cervix uteri: 2021 update. Int J Gynaecol Obstet 155 Suppl 1(Suppl 1):28-44, 2021. doi:10.1002/ijgo.13865
3. Koliopoulos G, Nyaga VN, Santesso N, et al: Cytology versus HPV testing for cervical cancer screening in the general population. Cochrane Database Syst Rev 8(8):CD008587, 2017. Publicado em 10 de agosto de 2017. doi:10.1002/14651858.CD008587.pub2
4. Arbyn M, Xu L, Simoens C, Martin-Hirsch PP: Prophylactic vaccination against human papillomaviruses to prevent cervical cancer and its precursors. Cochrane Database Syst Rev 5(5):CD009069, 2018. Publicado em 9 de maio de 2018. doi:10.1002/14651858.CD009069.pub3
Rastreamento de câncer do colo do útero
A triagem rotineira à procura de câncer de colo de útero detecta de maneira eficaz a doença pré-invasiva e em estágio inicial e diminui as taxas de incidência e mortalidade por câncer de colo do útero.
Utilizam-se dois tipos de exames de triagem para anomalias cervicais:
Exames à procura de genótipos de HPV de alto risco
Papanicolau (citologia cervical)
Se os exames de Papanicolau e HPV não estão disponíveis (p. ex., em ambientes com recursos limitados), a inspeção visual do colo do útero seguinte à aplicação de ácido acético ou iodo Lugol é um método alternativo de triagem.
As diretrizes para rastreamento de câncer de colo do útero variam um pouco; as diretrizes gerais incluem (ver tabela Rastreamento de câncer de colo do útero):
21 a 25 anos: idade inicial para rastreamento
21 a 29 anos: as opções incluem apenas o teste de Papanicolau realizado a cada 3 anos (preferido pela United States Preventive Services Task Force [USPSTF, 1]); apenas teste de HPV realizado a cada 5 anos (preferido pela American Cancer Society [ACS, 2]); ou realização combinada de teste de Papanicolau e de HPV a cada 5 anos
20 a 65 anos: as opções incluem realização combinada de teste de Papanicolau e de HPV a cada 5 anos (preferido pela USPSTF); apenas teste de HPV a cada 5 anos (preferido pela ACS); ou apenas teste de Papanicolau a cada 3 anos
> 65 anos, as orientações permanecem as mesmas: os testes são interrompidos se uma série adequada de testes anteriores foi normal ao longo dos 10 anos anteriores; deve-se continuar os testes se as mulheres não apresentaram resultados normais adequados ou iniciá-los se elas não foram examinadas anteriormente
Para pacientes rastreadas apenas com um teste de Papanicolau, se o resultado da citologia for CEASI (células escamosas atípicas de significado indeterminado), que é um achado inconclusivo, o teste de HPV é o método preferido de exame de seguimento; essa abordagem é chamada teste reflexo de HPV. Se o teste para HPV for negativo, os testes de rastreamento devem ser repetidos em 3 anos. Se o teste de HPV for positivo, deve-se fazer colposcopia.
Em mulheres submetidas à histerectomia total (remoção do colo do útero e útero) e sem história de câncer de colo do útero ou neoplasia intraepitelial de colo do útero de alto grau, não se recomenda rastreamento adicional.
O teste de Papanicolaou (citologia do colo do útero) foi desenvolvido em 1928 e foi um grande avanço na rastreamento de câncer de colo do útero. Os resultados da citologia cervical são relatados utilizando terminologia padronizada, o Sistema Bethesda (ver tabela Classificação citológica cervical pelo Sistema Bethesda).
Referências sobre triagem
1. US Preventive Services Task Force, Curry SJ, Krist AH, et al: Screening for Cervical Cancer: US Preventive Services Task Force Recommendation Statement. JAMA. 2018;320(7):674-686. doi:10.1001/jama.2018.10897
2. Fontham ETH, Wolf AMD, Church TR, et al: Cervical cancer screening for individuals at average risk: 2020 guideline update from the American Cancer Society. CA Cancer J Clin 70(5):321-346, 2020. doi:10.3322/caac.21628
Prevenção do câncer cervical
[Ver também Human Papillomavirus (HPV) Vaccine e Centers for Disease Control and Prevention: Human Papillomavirus (HPV) Vaccination Information for Clinicians.]
Várias vacinas contra HPV estão disponíveis em todo o mundo (1):
Uma vacina bivalente que protege contra os subtipos 16 e 18 (que causam a maioria dos cânceres cervicais)
Uma vacina quadrivalente que protege contra os subtipos 16 e 18 mais 6 e 11
A vacina 9-valente que protege contra os mesmos subtipos que a quadrivalente mais os subtipos 31, 33, 45, 52 e 58 (que provocam cerca de 15% dos cânceres cervicais)
Os subtipos 6 e 11 causam > 90% das verrugas genitais visíveis.
As vacinas têm como objetivo prevenir o câncer do colo do útero, mas não tratá-lo. Todos os três tipos de vacina são mais eficazes se administrados antes da primeira atividade sexual e potencial exposição ao HPV.
A vacina contra o HPV é recomendada a todas as pessoas, idealmente antes de se tornarem sexualmente ativos. A recomendação padrão é vacinar a partir dos 11 a 12 anos de idade, mas pode-se iniciar a vacinação aos 9 anos.
Referência sobre prevenção
1. World Health Organization: Immunization, Vaccines and Biologicals: Human papillomavirus vaccines (HPV)