Tifo epidêmico

(Tifo europeu, tifo clássico; tifo transmitido por piolho; febre das prisões)

PorWilliam A. Petri, Jr, MD, PhD, University of Virginia School of Medicine
Revisado/Corrigido: mar 2022
Visão Educação para o paciente

O tifo epidêmico é provocado por Rickettsia prowazekii. Os sintomas são febre alta prolongada, cefaleia intratável e exantema maculopapular.

(Ver também Visão geral das infecções por riquétsias e infecções relacionadas.)

Tifo epidêmico é uma doença por riquétsias.

Seres humanos são o reservatório natural para a R. prowazekii, que tem distribuição universal e é transmitido quando fezes de piolho são arranhadas ou esfregadas nos locais da picada ou de outras feridas (e, algumas vezes, nas mucosas dos olhos ou da boca). Nos Estados Unidos, as pessoas contraem tifo epidêmico após contato com esquilos voadores porque pulgas ou piolhos nesses animais podem ser os vetores.

Fatalidades são raras em crianças < 10 anos de idade, mas a mortalidade aumenta com a idade e pode alcançar 60% em pacientes não tratados com > 50 anos.

Sinais e sintomas do tifo epidêmico

Depois de um período de incubação de 7 a 14 dias, febre, cefaleia e prostração ocorrem de maneira súbita. A temperatura alcança 40° C em vários dias e permanece alta, com sinais leves de remissão matutina durante aproximadamente 2 semanas. A cefaleia é generalizada e intensa. Pequenas máculas róseas que aparecem do 4º ao 6º dia cobrem o corpo de modo rápido, geralmente nas axilas e na parte superior do tronco, normalmente excluindo as palmas, as plantas dos pés e a face. Mais tarde, o exantema torna-se escuro e maculopapular. Em casos graves, o exantema torna-se petequial e hemorrágico.

Esplenomegalia pode estar presente. Hipotensão ocorre na maioria dos pacientes gravemente enfermos. Colapso circulatório, insuficiência renal, sinais de encefalite, equimoses com gangrena e pneumonia são sinais de prognóstico reservado.

A doença de Brill-Zinsser, uma recrudescência do tifo epidêmico, pode ocorrer anos depois da infecção inicial se as defesas do hospedeiro falharem.

Diagnóstico do tifo epidêmico

  • Características clínicas

  • Biópsia do exantema com coloração de anticorpos por fluorescência direta para detectar organismos

  • Testes sorológicos na fase aguda e convalescente (sorologias não são úteis na fase aguda)

  • Reação em cadeia da polimerase (PCR [polymerase chain reaction])

Com frequência a infestação por piolho é óbvia e sugere fortemente o diagnóstico de tifo (p. ex., morar ou visitar uma área endêmica).

Para detalhes, ver Diagnóstico das infecções por riquétsias e infecções relacionadas.

Tratamento do tifo epidêmico

  • Doxiciclina

O tratamento primário do tifo endêmico é com doxiciclina, 200 mg por via oral uma vez, seguido por 100 mg duas vezes ao dia em adultos, até que o paciente melhore, tenha estado afebril por 24 a 48 horas e tenha recebido o tratamento durante pelo menos 7 dias.

Embora algumas tetraciclinas possam causar manchas dentais em crianças < 8 anos de idade, os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomendam que um curso de doxiciclina 2,2 mg/kg por via oral ou IV, duas vezes por dia é justificado (1). Pesquisas indicam que breves tratamentos com doxiciclina (5 a 10 dias, como usado para doença por riquétsias) podem ser utilizados em crianças sem causar manchas ou enfraquecimento do esmalte dentário (2).

Cloranfenicol, 500 mg por via oral ou IV 4 vezes ao dia, durante 7 dias, é o tratamento de 2ª linha. Coranfenicol oral não está disponível nos Estados Unidos, e seu uso pode causar efeitos hematológicos adversos, o que requer monitoramento dos índices sanguíneos.

Pacientes graves com tifo endêmico podem apresentar aumento significativo da permeabilidade capilar nas fases tardias; portanto, deve-se administrar líquidos IV cautelosamente para manter a pressão arterial (PA) e evitar a piora do edema pulmonar e cerebral.

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Centers for Disease Control and Prevention: Information for Healthcare Providers, Typhus Fevers

  2. 2. Todd SR, Dahlgren FS, Traeger MS, et al: No visible dental staining in children treated with doxycycline for suspected Rocky Mountain Spotted Fever. J Pediatr 166(5):1246-51, 2015. doi: 10.1016/j.jpeds.2015.02.015. Epub 2015 Mar 17. PMID: 25794784.

Prevenção de tifo epidêmico

Imunização e controle de piolhos são altamente efetivos para prevenção. Contudo, as vacinas não mais estão disponíveis. Piolhos podem ser eliminados com a aplicação de malationa ou lindano em pessoas infestadas. Deve-se lavar as roupas de cama e vestimentas pelo menos uma vez por semana em água quente (> 54° C), secadas sob calor intenso. Roupas e itens não laváveis podem ser lavados a seco ou selados em um saco plástico e armazenados por 2 semanas. Roupas de cama e vestimentas também podem ser tratadas com o inseticida permetrina.

Pontos-chave

  • Tifo epidêmico é prevalente em todo o mundo; seres humanos são o reservatório natural.

  • A infecção é transmitida entre seres humanos por piolhos corporais ao arranhar ou esfregar o local da picada ou feridas ou mucosas infectadas pelo piolho.

  • Pequenas máculas rosas cobrem rapidamente o corpo, mais tarde, tornam-se escuras e maculopapulares.

  • A mortalidade aumenta com a idade e pode alcançar 60% em pacientes não tratados > 50 anos de idade, colapso circulatório, insuficiência renal, sinais de encefalite, equimoses com gangrena e pneumonia são sinais de prognóstico reservado.

  • Suspeitar de tifo epidêmico com base em manifestações clínicas e sinais de infestação por piolho, bem como residência recente ou viagem para uma região endêmica; confirmar com anticorpos fluorescentes da biópsia da pele.

  • Tratar com doxiciclina ou cloranfenicol.

  • A doença de Brill-Zinsser, uma recrudescência do tifo epidêmico, pode ocorrer anos depois da infecção inicial se as defesas do hospedeiro falharem.

Doença de Brill-Zinsser

A doença de Brill-Zinsser é uma recrudescência de tifo epidêmico, que acontece anos depois de um ataque inicial.

Os pacientes com doença de Brill-Zinsser previamente tiveram tifo epidêmico ou viveram em uma área endêmica. Aparentemente, quando faltam defesas no hospedeiro, são ativados microrganismos viáveis retidos no corpo, provocando tifo recorrente; assim, a doença é esporádica, acontecendo em qualquer estação do ano ou área geográfica, na ausência de piolho infectado. Porém, piolhos que se alimentam em pacientes podem adquirir e transmitir o agente.

Sinais e sintomas da doença de Brill-Zinsser quase sempre são leves e se assemelham aos do tifo epidêmico com alterações circulatórias, hepáticas, renais e do sistema nervoso central. O curso febril remitente dura cerca de 7 a 10 dias. Exantema cutâneo é frequentemente evanescente ou ausente. A mortalidade é nula.

Ver detalhes do diagnóstico e tratamento em “Visão geral das infecções por riquétsias e infecções relacionadas”.

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