Dor lombar

PorPeter J. Moley, MD, Hospital for Special Surgery
Revisado/Corrigido: out 2022
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Fatos rápidos

Dor lombar e dor no pescoço estão entre os motivos mais frequentes para consultas médicas. A dor geralmente resulta de problemas no sistema musculoesquelético, especialmente na coluna vertebral, incluindo os ossos da coluna vertebral (vértebras), discos e os músculos e ligamentos que dão sustentação. Ocasionalmente, a dor lombar resulta de um distúrbio que não envolve o sistema musculoesquelético.

A dor lombar se torna ainda mais frequente conforme as pessoas envelhecem, afetando mais da metade das pessoas com mais de 60 anos. Ela é muito dispendiosa em termos de pagamento de planos de saúde, invalidez e dias de trabalho perdidos.

A coluna vertebral consiste de ossos da coluna (vértebras). Existem discos amortecedores entre cada uma das vértebras. Os discos têm uma camada externa resistente de fibrocartilagem e um interior mole e gelatinoso chamado núcleo. Cada vértebra possui duas articulações atrás do disco. As articulações são chamadas facetas articulares. As facetas de um corpo vertebral repousam nas facetas do corpo vertebral abaixo dele, formando uma articulação. As facetas articulares e, assim, a coluna vertebral são estabilizadas por ligamentos e músculos, que incluem os seguintes:

  • Dois músculos iliopsoas, que percorrem ambos os lados da coluna vertebral

  • Dois músculos eretores da coluna vertebral, que percorrem a parte posterior da extensão da coluna vertebral

  • Muitos músculos paravertebrais pequenos, que correm entre as vértebras

Os músculos abdominais, que percorrem a parte inferior da caixa torácica até a pélvis, também auxiliam a estabilizar a coluna vertebral ao proporcionarem o suporte dos conteúdos abdominais. Os músculos das nádegas também ajudam a estabilizar a coluna vertebral. O conjunto desses músculos se chama músculos do tronco.

Envolta pela coluna vertebral está a medula espinhal. Ao longo da extensão da medula espinhal, os nervos espinhais emergem nas laterais através de espaços entre as vértebras, para conectar os nervos por todo o corpo. A parte do nervo espinhal mais próxima da medula espinhal é chamada de raiz nervosa espinhal. Por conta de sua posição, a raiz nervosa espinhal pode ser espremida (comprimida) quando a coluna vertebral estiver lesionada, causando a dor.

A parte inferior da coluna vertebral (coluna lombar) conecta a coluna vertebral na parte superior das costas (coluna torácica) com a pelve através do sacro abaixo. O sacro é o grande osso triangular na base da coluna vertebral, cuja parte inferior é o cóccix. A coluna lombar é flexível para permitir movimentos de giro, torção e flexão, e proporciona força para ficar em pé parado, andar e levantar peso. Portanto, a região lombar está envolvida em quase todas as atividades rotineiras. A dor na região lombar pode limitar muitas atividades e reduzir a qualidade de vida.

Tipos de dor nas costas

Tipos comuns de dor nas costas, incluindo local, irradiada e dor referida.

A dor local ocorre em uma região específica da região lombar. É o tipo mais comum de dor nas costas. A causa é geralmente uma pequena lesão discal, artrite na articulação e distensão e entorse muscular. A dor pode ser constante ou latejante ou, algumas vezes, intermitente e aguda. A dor repentina pode ser sentida quando uma lesão for a causa. A dor local pode ser agravada ou aliviada pelas mudanças de posição. A região lombar pode ficar sensível ao toque. Pode ocorrer espasmo muscular.

Dor irradiada é dor que sai da região lombar e desce pela perna. A dor pode ser surda ou pode ser aguda e intensa. Ela normalmente envolve apenas a parte lateral ou posterior da perna e pode descer até o pé ou apenas até o joelho. A dor irradiada geralmente indica a compressão de uma raiz nervosa causada por distúrbios, como uma hérnia de disco, ciática, osteoartrite ou estenose da coluna vertebral. Tossir, espirrar, se esforçar ou curvar enquanto as pernas estão retas pode desencadear a dor. Havendo pressão na raiz nervosa, a dor pode ser acompanhada por fraqueza muscular na perna, sensação de formigamento ou, até mesmo, perda de sensibilidade. Raramente, as pessoas perdem o controle da bexiga (incontinência urinária) ou o controle do intestino (incontinência fecal).

Dor referida é sentida em um local diferente da causa real da dor. Por exemplo, algumas pessoas, quando têm ataque cardíaco, sentem dor no braço esquerdo. A dor referida de órgãos internos para a região lombar tende a ser mais profunda e latejante, e é difícil de apontar o local exato. Geralmente, não há piora com o movimento, diferente da dor por doença musculoesquelética.

Causas de dor lombar

A maioria das dores nas costas é causada por distúrbios na coluna vertebral e nas articulações, músculos, ligamentos e raízes nervosas ao redor dela ou nos discos entre as vértebras. Com frequência, não há uma única causa específica que possa ser identificada. Qualquer distúrbio doloroso na coluna vertebral pode causar o reflexo de contração (espasmo) dos músculos em torno da coluna vertebral. Este espasmo pode piorar a dor existente. O estresse pode piorar a dor na região lombar, mas como isso acontece é incerto.

Ocasionalmente, a dor nas costas é devido a distúrbios fora da coluna, como câncer, distúrbios ginecológicos (por exemplo, síndrome pré‑menstrual), distúrbios renais (por exemplo, cálculos renais) e urinários (por exemplo, infecções nos rins, bexiga e glândula prostática) e do trato digestivo (por exemplo, diverticulite), além de distúrbios em grandes artérias próximas da coluna.

Causas comuns

Outras causas comuns de dor lombar incluem

Lesões podem ocorrer durante as atividades de rotina (por exemplo, levantamento de peso, exercícios, movimentar-se de forma inesperada) ou podem resultar de trauma como uma queda ou acidente de carro. Frequentemente, nenhuma estrutura específica lesionada é identificada nos exames de imagem, mas os médicos pressupõem que alguns músculos e/ou ligamentos foram afetados.

Osteoartrite (artrite degenerativa) faz com que a cartilagem entre as facetas articulares se desgaste, levando à formação de esporões (osteófitos) nos ossos. A doença ocorre em parte devido ao desgaste dos anos de uso. Pessoas que tensionam repetidamente uma articulação ou grupo de articulações estão mais propensas a desenvolver osteoartrite nessa área. Os discos entre as vértebras se deterioram, e os espaços entre as vértebras se estreitam, aumentando a pressão sobre as facetas articulares, que inflamam (artrite) e formam esporões nos ossos nas aberturas para as raízes nervosas. Com a degeneração grave e perda da altura do disco, osteófitos na abertura podem comprimir as raízes do nervo espinhal. Todas estas mudanças podem originar a dor na região lombar, bem como a rigidez.

Fraturas vertebrais por compressão (esmagamento) (fraturas vertebrais) se desenvolvem comumente quando a densidade óssea diminui devido à osteoporose, que geralmente se desenvolve conforme as pessoas envelhecem. As vértebras são especialmente suscetíveis aos efeitos da osteoporose. Fraturas vertebrais por compressão (que, às vezes, causam dor repentina e intensa nas costas) podem ser acompanhadas de compressão das raízes nervosas espinhais (que podem causar dor crônica nas costas). Porém, a maioria das fraturas originadas por osteoporose ocorre na região superior e média das costas, e causam dor nestas regiões, ao invés da região lombar.

Um disco rompido ou herniado pode causar dor lombar. O disco possui uma camada externa resistente e um interior macio e gelatinoso. Se um disco é repetidamente sobrecarregado pela vértebra acima e abaixo dele (como quando a pessoa se inclina para frente, particularmente ao levantar um objeto pesado), a camada externa pode se dilacerar (romper), causando dor. O interior do disco pode ser espremido através da laceração, de modo que a parte do interior crie uma protuberância para fora (hérnia). Esta protuberância pode comprimir, irritar e, até mesmo, lesionar uma raiz nervosa espinhal próxima a ela, causando ainda mais dor e sintomas que são sentidos em uma ou ambas as pernas. Um disco rompido ou herniado na coluna lombar que afete os nervos comumente causa ciática. No entanto, estudos de imagem, como ressonância magnética (RM), frequentemente mostram os discos protuberantes em pessoas sem sintomas ou problemas.

A estenose lombar da coluna vertebral é o estreitamento do canal medular, que percorre o centro da coluna vertebral e contém a medula espinhal e o feixe de nervos que se estende para baixo a partir da extremidade inferior da medula espinhal na região lombar. É a causa comum da dor na região lombar em idosos. A estenose da coluna vertebral também se desenvolve em pessoas de meia-idade, que nasceram com um canal medular estreito. A estenose da coluna vertebral é causada por diversas doenças, como osteoartrite, espondilolistese, espondilite anquilosante e doença de Paget do osso.

A estenose da coluna vertebral pode causar ciática, bem como dor lombar.

Espondilolistese é o deslocamento parcial de uma vértebra na região lombar. Um tipo geralmente ocorre durante a adolescência ou juventude (comum em atletas) e é causado por uma lesão que fratura uma parte da vértebra. Se os dois lados da vértebra estiverem envolvidos, a vértebra pode então deslizar para a frente sobre a vértebra abaixo dela. Espondilolistese também pode ocorrer em adultos mais velhos, mas, principalmente, como resultado de uma doença degenerativa. Adultos que desenvolvem espondilolistese correm o risco de desenvolver estenose lombar da coluna vertebral.

Fibromialgia é uma causa comum de dor que afeta muitas partes do corpo, às vezes incluindo a região lombar. Esta doença causa a dor crônica e generalizada (difusa) nos músculos e em outros tecidos moles em áreas distintas da região lombar. Fibromialgia também é caracterizada por sono de qualidade ruim e fadiga.

Você sabia que...

  • O fortalecimento dos músculos abdominais, bem como dos músculos das costas, ajuda a apoiar a coluna e a prevenir a dor na região lombar.

Causas menos comuns

Causas menos comuns de dor na região lombar incluem

Avaliação da dor lombar

O médico tem como objetivo identificar qualquer distúrbio grave. Como a dor na região lombar é geralmente causada por diversos problemas, diagnosticar uma única causa pode não ser possível. Os médicos poderão só ser capazes de discernir que a causa é uma doença musculoesquelética e qual será sua gravidade potencial.

Sinais de alerta

Em pessoas com dor na região lombar, certos sintomas e características são motivos de preocupação. Incluem

Quando consultar um médico

As pessoas devem consultar o médico imediatamente se tiverem febre ou qualquer sinal de alerta que sugira lesão nervosa, um aneurisma da aorta abdominal, um distúrbio digestivo ou do trato urinário. Pessoas com a maioria dos outros sinais de alerta devem consultar o médico no dia seguinte. Se a dor não for intensa e a pessoa não tiver sinais de alerta além da dor por mais de 6 semanas, sua necessidade de procurar um médico pode não ser tão urgente.

O que o médico faz

Primeiro, os médicos fazem perguntas sobre os sintomas e o histórico médico. Em seguida, o médico faz um exame físico. O que eles identificam no histórico e no exame físico frequentemente sugere uma causa e os exames que podem ser necessários (consulte a tabela Algumas causas e características da dor na região lombar).

O médico faz perguntas sobre a dor:

  • Como é a dor?

  • Quando e como ela começou?

  • Qual a intensidade?

  • Onde é, e para onde se irradia?

  • O que alivia ou piora (por exemplo, mudanças de posição e carregamento de peso)?

  • Há outros sintomas (como dormência, fraqueza, retenção de urina ou incontinência)?

Certas características da dor podem oferecer pistas para possíveis causas:

  • Geralmente, a dor local é a dor em uma área sensível ao toque e que piora pelas alterações de posição ou carregamento de peso.

  • A dor que se irradia para a perna, como a ciática, é geralmente causada pela compressão de uma raiz nervosa espinhal.

  • Dor que não é afetada por mudanças na posição das costas e não é acompanhada por sensibilidade pode ser dor referida.

  • A dor constante, intensa, que piora progressivamente, e não diminui com o repousar, especialmente se ela mantém a pessoa desperta durante a noite, pode ser uma hérnia de disco ou pode indicar câncer ou uma infecção.

O exame físico foca na coluna vertebral e na avaliação dos nervos da virilha e pernas, em busca por sinais de compressão da raiz nervosa. Os sinais de compressão da raiz nervosa dependem das raízes nervosas envolvidas e incluem fraqueza de um dos grupos de músculos na perna, reflexos anormais (testados ao bater levemente nos tendões abaixo do joelho e atrás do tornozelo), diminuição da sensibilidade em uma região da perna e, muito raramente, retenção de urina e incontinência urinária ou de fezes (incontinência fecal).

Os médicos podem pedir que a pessoa se movimente de certas maneiras, para determinar o tipo de dor. Os médicos geralmente pedem à pessoa que se incline para a frente e para trás. Eles podem pedir que a pessoa se deite e, em seguida, levante a perna sem dobrar o joelho para ver se isso causa dor, o que sugeriria uma hérnia de disco. Os médicos também podem inspecionar o abdômen da pessoa, procurando por locais sensíveis ou uma massa ou pulsos, especialmente em pessoas acima de 55 anos, que podem ter um aneurisma da aorta. Eles podem examinar a próstata nos homens ao realizar um exame de toque retal, e os órgãos reprodutivos internos da mulher ao realizarem um exame pélvico.

Com informações acerca da dor, o histórico clínico da pessoa e os resultados do exame físico, os médicos podem ser capazes de determinar uma possível causa.

Tabela

Exames

Geralmente, nenhum exame é necessário, pois a maioria das dores nas costas resulta de osteoartrite, distensões ou entorses ou outras doenças musculoesqueléticas pouco importantes e melhoram dentro de 6 semanas. Exames por imagem frequentemente são necessários se:

  • Houver suspeita de outra causa

  • Sinais de alerta estiverem presentes

  • A dor nas costas persistir

Pessoas que não respondem ao tratamento inicial ou aquelas cujos sintomas pioraram ou mudaram, podem ser submetidos a testes.

A radiografia da região lombar exibe apenas os ossos. Ela pode ajudar a detectar alterações degenerativas devido à osteoartrite, fraturas vertebrais por compressão, espondilolistese e espondilite anquilosante. No entanto, a ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) oferece imagens mais nítidas dos ossos e a RM, em especial, pode mostrar os tecidos moles (incluindo discos e alguns nervos). Geralmente, a RM ou TC é necessária quando os médicos estão procurando distúrbios que causam mudanças sutis no osso ou distúrbios do tecido mole. Por exemplo, a RM ou TC pode confirmar ou descartar o diagnóstico de hérnia de disco, estenose da coluna vertebral, câncer e, geralmente, infecção. Estes exames também indicam se os nervos estão sendo comprimidos.

Se houver suspeita da compressão da medula espinhal, a RM é feita imediatamente. Raramente, quando os resultados da RM são incertos, torna-se necessária a mielografia com TC. Em raras vezes, se houver suspeita de câncer ou infecção, a remoção do tecido (biópsia) é necessária. Ocasionalmente, a eletromiografia e os estudos da condução nervosa são feitos para confirmar a presença, localização e, em alguns casos, a duração e gravidade da compressão da raiz nervosa.

Prevenção da dor lombar

As pessoas podem reduzir seu risco de desenvolver dor lombar fazendo o seguinte:

  • Exercitar-se

  • Fortalecendo e alongando os músculos

  • Mantendo um peso saudável

  • Manter uma boa postura

  • Usando técnicas adequadas de levantamento de peso

A forma mais efetiva de prevenir a dor na região lombar é exercitar-se regularmente. Exercícios aeróbicos e exercícios específicos para fortalecimento e alongamento muscular podem ajudar.

Exercícios aeróbicos, como nadar ou andar, melhoram a forma física como um todo e fortalecem os músculos em geral.

Exercícios específicos para fortalecer e alongar os músculos do abdômen, nádegas e costas (músculos do tronco) podem ajudar a estabilizar a coluna vertebral e diminuir a tensão sobre os discos que amortecem a coluna vertebral e os ligamentos que a mantêm no lugar.

Exercícios de fortalecimento muscular incluem inclinações pélvicas e exercícios abdominais. Exercícios de alongamento incluem o alongamento joelho-tórax. Os exercícios de alongamento podem aumentar a dor nas costas em algumas pessoas e, portanto, devem ser feitos com cautela. Como uma regra geral, qualquer exercício que cause ou aumente a dor nas costas deve ser interrompido. Os exercícios devem ser repetidos até que se sinta os músculos levemente, mas não completamente, fatigados. A respiração durante cada exercício é importante. As pessoas que sentem dores nas costas devem consultar um médico antes de começarem a se exercitar.

Exercícios para prevenir a dor na região lombar

Inclinações pélvicas

Deite-se de costas com os joelhos dobrados, os calcanhares no chão e o peso nos calcanhares. Pressione a região lombar contra o chão, contraia as nádegas (levantando cerca de um centímetro [1 cm] do chão) e contraia os músculos abdominais. Mantenha a posição e conte até 10. Repita 20 vezes.

Exercícios abdominais

Deite-se de costas com o joelho dobrado e os pés no chão. Coloque as mãos cruzando o tórax. Contraia os músculos abdominais, levantando os ombros levemente cerca de 25 centímetros do chão, enquanto mantém a cabeça para trás (o queixo não pode tocar o tórax). Depois, solte os músculos abdominais lentamente, baixando os ombros. Fazer 3 séries de 10 repetições.

Alongamento joelho-tórax

Deite-se de costas. Coloque ambas as mãos atrás de um joelho e traga-o para o tórax. Conte até 10. Abaixe lentamente a perna e repita com a outra. Faça este exercício 10 vezes.

O exercício também pode ajudar as pessoas a manterem o peso ideal. Exercícios de levantamento de peso podem ajudar as pessoas a manterem a densidade óssea. Além disso, o exercício pode reduzir o risco de desenvolver dois quadros clínicos que podem causar a dor na região lombar – obesidade e osteoporose.

Manter uma boa postura ao ficar em pé e ao sentar reduz o estresse das costas. Deve-se evitar andar desengonçado. Os assentos de cadeira podem ser ajustados para ficar em uma altura que permita que os pés fiquem retos no chão, com os joelhos dobrados levemente e a região lombar ereta no encosto da cadeira. Se a cadeira não oferece suporte para a região lombar, pode ser utilizado um travesseiro. É aconselhado sentar com os pés no chão ao invés de cruzar as pernas. As pessoas devem evitar ficar em pé ou sentadas por longos períodos. Se ficar em pé ou sentado por longos períodos for inevitável, mudar de posição frequentemente pode reduzir o estresse das costas.

Aprender a levantar peso corretamente ajuda a prevenir lesões nas costas. Os quadris devem ficar alinhados com os ombros (não devem ficar rotacionados para nenhum dos lados). As pessoas não devem se curvar com as pernas quase completamente retas e esticar os braços para pegar um objeto. Ao invés disso, devem se curvar com os quadris e joelhos. Curvar-se assim mantém as costas eretas e ao esticar os braços em direção ao objeto, os cotovelos ficam na lateral do corpo. Por fim, mantendo o objeto próximo ao corpo, devem levantar o objeto esticando as pernas. Desta forma, as pernas, e não as costas, levantam o objeto. Elevar um objeto acima da cabeça ou se virar enquanto levanta este objeto aumenta o risco de lesões nas costas.

Tratamento da dor lombar

Se uma causa específica puder ser diagnosticada, o distúrbio encontrado é tratado. Por exemplo, antibióticos são utilizados para tratar uma infecção na próstata. Porém, não há tratamento específico para dor musculoesquelética devido a esforço físico, nem para muitas outras causas musculoesqueléticas. No entanto, muitas medidas gerais podem ajudar. Geralmente, estas medidas gerais também são utilizadas quando a raiz nervosa espinhal é comprimida.

Medidas gerais para dor nas costas

As medidas incluem:

  • Modificar atividades

  • Ingerir medicamentos que aliviam a dor

  • Aplicar fonte de calor ou frio na área dolorida

  • Exercícios leves conforme tolerado

Para dor na região lombar que se desenvolveu recentemente, o tratamento começa ao evitar atividades que estressam a coluna vertebral e causam dor – como levantar objetos pesados e se curvar. O repouso não acelera a melhora da dor, e a maioria dos especialistas recomenda a atividade moderada continuada. O repouso, se necessário para aliviar a dor intensa, não deve durar mais de 1 ou 2 dias. Repousos mais duradouros enfraquecem os músculos do tronco e aumentam a rigidez, piorando assim a dor nas costas e retardando a recuperação. Cintas e tração para a coluna vertebral não ajudam. A tração pode retardar a recuperação.

Paracetamol é geralmente recomendado para alívio da dor, a menos que haja inflamação presente. Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) com ou sem prescrição médica podem aliviar a dor e diminuir a inflamação. Se o paracetamol ou AINEs não fornecerem alívio suficiente para a dor, analgésicos opioides são ocasionalmente receitados; mas, se forem, eles devem ser usados apenas por um curto período de tempo, pois o uso prolongado pode, na verdade, aumentar a sensibilidade à dor, causar efeitos colaterais e o risco de desenvolver um transtorno relacionado ao uso de substâncias.

Relaxantes musculares, como carisoprodol, ciclobenzaprina, diazepam, metaxalona ou metocarbamol, são em alguns casos administrados para diminuir os espasmos musculares, mas sua utilidade é controversa. Esses medicamentos não são recomendados para idosos, que estão mais propensos a apresentar efeitos colaterais como sonolência e confusão. Os médicos tentam não receitar relaxantes musculares a menos que as pessoas tenham espasmos musculares visíveis e palpáveis. Se prescritos, os relaxantes musculares devem ser usados por não mais de 72 horas, exceto em algumas pessoas com distúrbios nos quais a dor se origina no cérebro ou na medula espinhal (síndrome de dor central). Por exemplo, ciclobenzaprina pode melhorar a qualidade do sono e reduzir a dor em pessoas com fibromialgia. Às vezes, os médicos orientam as pessoas para tomá-los apenas na hora de dormir.

A aplicação de calor ou frio pode ajudar (consulte Tratamento de dor e inflamação). Geralmente, fonte de frio é melhor do que fonte de calor durante os primeiros 2 dias após uma lesão. Bolsas de gelo e água gelada não devem ser aplicadas diretamente na pele. A bolsa de gelo deve estar envolvida (por exemplo, em plástico) e colocada sobre uma toalha ou pano. O gelo deve ser removido após 20 minutos, depois reaplicado por mais 20 minutos num período de 60 a 90 minutos. Pode-se repetir este procedimento durante as primeiras 24h. O calor, utilizando uma bolsa, pode ser aplicado nos mesmos períodos de tempo. Como a pele das costas pode estar sensível ao calor, as bolsas de calor devem ser utilizadas cuidadosamente para prevenir queimaduras. As pessoas não devem utilizar uma bolsa de calor na hora de dormir para evitar o risco de pegar no sono com a bolsa ainda nas costas.

Massagem pode fornecer algum alívio temporário da dor lombar. Alguns estudos sugerem que a acupuntura pode proporcionar benefícios similares, mas outros sugerem pouco ou nenhum benefício. A manipulação da coluna, realizada por um quiroprático ou alguns outros médicos (como médicos osteopatas), também pode proporcionar alívio quando combinada a um programa de exercícios. No entanto, a manipulação da coluna pode aumentar o risco de lesão adicional e deve ser evitada em pessoas com artrite inflamatória, problemas no pescoço que causem instabilidade das vértebras cervicais ou uma hérnia de disco.

Após a diminuição da dor, atividade leve, conforme recomendado por um médico ou fisioterapeuta, pode acelerar o processo de cura e recuperação. Em alguns casos, um curso de tratamento com um fisioterapeuta pode ajudar. Exercícios específicos para fortalecer e alongar as costas e os músculos do tronco são, geralmente, recomendados para auxiliar a prevenir a dor na região lombar de se tornar algo crônico ou recorrente.

É recomendado dormir em uma posição confortável, em um colchão mediano. Pessoas que dormem de costas podem colocar um travesseiro embaixo dos joelhos. Pessoas que dormem de lado devem utilizar um travesseiro para apoiar a cabeça em uma posição neutra (sem inclinar para baixo em direção à cama ou para cima em direção ao teto). Devem colocar outro travesseiro entre os joelhos com os quadris e joelhos levemente dobrados se isso aliviar a dor nas costas. As pessoas podem continuar a dormir de bruços se for confortável para elas.

Outras medidas preventivas (manter uma boa postura, levantar peso corretamente) devem ser continuadas ou iniciadas. Em resposta a estas medidas, a maioria dos episódios de dor nas costas são resolvidas entre alguns dias e 2 semanas. Independente do tratamento, 80 a 90% de tais episódios são resolvidos em até 6 semanas.

Tratamento da dor crônica nas costas

Medidas adicionais para o tratamento da dor crônica da região lombar são necessárias. Exercícios aeróbicos podem ajudar, e a redução de peso, se necessária, é aconselhada. Se os analgésicos não forem eficazes, outros tratamentos podem ser considerados.

A estimulação elétrica transcutânea dos nervos (TENS) pode ser utilizada. Os dispositivos TENS produzem uma sensação leve de formigamento ao gerarem uma corrente de baixa oscilação. Esta corrente pode bloquear a transmissão de um pouco da sensação de dor da medula espinhal ao cérebro. A corrente pode ser aplicada na área dolorida diversas vezes por dia por 20 minutos até algumas horas de uma só vez, dependendo da intensidade da dor.

Às vezes, um corticosteroide (como dexametasona ou metilprednisolona) mais um anestésico local (como a lidocaína) podem ser injetados periodicamente nas facetas articulares na coluna ou no espaço epidural – entre a coluna vertebral e a camada externa de tecido que reveste a medula espinhal. Essas injeções epidurais podem ser mais eficazes para ciática causada por uma hérnia de disco do que para uma estenose lombar da coluna vertebral. Contudo, não está claro se eles produzem um benefício de longo prazo. Eles são geralmente eficazes apenas por alguns dias ou semanas. O uso principal é para aliviar a dor o suficiente para que um programa de exercício, que pode fornecer um alívio duradouro da dor, possa ser iniciado.

Cirurgia para dor nas costas

Se uma hérnia de disco estiver causando uma dor ciática implacável ou crônica, enfraquecimento, perda de sensação ou perda do controle da bexiga e intestino, pode ser necessária a remoção cirúrgica da parte protuberante do disco (discectomia) e, em alguns casos, de parte da vértebra (laminectomia).

Em casos de estenose grave da coluna vertebral, uma grande porção da parte posterior da vértebra (a lâmina) pode ser removida cirurgicamente para alargar o canal medular (laminectomia lombar). Normalmente é necessária uma anestesia geral. A internação geralmente dura 4 ou 5 dias. As pessoas podem precisar de 3 a 4 meses antes de poderem continuar com suas atividades. Cerca de dois terços das pessoas têm uma boa ou completa recuperação. Durante a maior parte do repouso, tal cirurgia pode prevenir a dor e a piora dos sintomas.

Quando a coluna está instável (o que pode resultar de uma hérnia de disco grave, espondilolistese ou após uma laminectomia para estenose da coluna), uma cirurgia pode ser feita para fundir as vértebras (chamada fusão da coluna lombar). No entanto, a fusão diminui a mobilidade e pode colocar estresse adicional no restante da coluna vertebral e causar outros problemas.

Dor lombar: Cirurgia
Discectomia
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Fraturas por compressão vertebral

Fraturas vertebrais por compressão são bastante comuns em mulheres com mais de 50 anos de idade. Elas podem ser tratadas conservadoramente com coletes ortopédicos, analgésicos e, possivelmente, spray nasal de calcitonina, que não ajuda na consolidação óssea, mas pode diminuir a dor.

Existe duas opções cirúrgicas disponíveis caso a dor não seja adequadamente controlada:

  • Vertebroplastia: uma mistura de cimento é injetada no osso fraturado.

  • Cifoplastia: um balão é inserido no osso fraturado para criar espaço. O balão é, então, preenchido com cimento.

Contudo, estudos recentes mostraram que, em longo prazo, esses procedimentos cirúrgicos não são mais eficazes do que as opções não cirúrgicas.

Pontos-chave

  • A dor na região lombar é muito comum e geralmente causada por um distúrbio musculoesquelético da coluna vertebral e a soma de outros fatores, como a fadiga, obesidade e falta de exercício.

  • Em pessoas jovens, a dor na região lombar é raramente grave, e o exame é geralmente desnecessário, a menos que os sintomas persistam por semanas.

  • Pessoas com sinais de alerta ou mais de 55 anos de idade devem consultar um médico sem demora.

  • O fortalecimento dos músculos abdominais e das costas com exercícios específicos pode ajudar a prevenir os tipos mais comuns de dor na região lombar.

  • Para a maioria das dores na região lombar, evitar atividades que estressam as costas, tomar analgésicos e, em alguns casos, aplicar fonte de frio ou calor são tratamento suficiente.

  • O repouso prolongado e a tração podem retardar a recuperação.

  • Em casos graves, por exemplo, quando pessoas apresentam sensibilidade anormal e fraqueza nas pernas, pode ser necessária uma cirurgia.

  • Fraturas vertebrais por compressão podem ser tratadas de forma conservadora (com coletes ortopédicos, analgésicos e spray nasal de calcitonina) ou, ocasionalmente, de forma mais agressiva com cirurgia.

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