Parassomias

PorRichard J. Schwab, MD, University of Pennsylvania, Division of Sleep Medicine
Revisado/Corrigido: mai 2022
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    As parassonias são comportamentos incomuns que ocorrem pouco antes de adormecer, durante o sono ou ao acordar.

    (Consulte também Considerações gerais sobre o sono).

    Durante o sono, podem ocorrer nas crianças e nos adultos diversos comportamentos inconscientes, dos quais as pessoas não se lembram mais tarde.

    Imediatamente antes de adormecer, quase todas as pessoas sentem, ocasionalmente, solavancos breves e involuntários dos braços ou de todo o corpo. Por vezes, também sacodem as pernas. Algumas pessoas sofrem paralisias do sono (tentam se mexer, mas não conseguem) ou alucinações breves, quando começam a dormir ou ao acordar. As pessoas podem cerrar ou ranger os dentes ou, ainda, ter pesadelos.

    O sonambulismo, o bater com a cabeça e os terrores noturnos são mais frequentes nas crianças e podem ser muito angustiantes para os pais. As crianças não costumam lembrar-se desses episódios. Outras parassonias incluem pesadelos, distúrbio de comportamento do sono durante o movimento rápido dos olhos (REM) e cãibras na perna relacionadas ao sono.

    Terrores noturnos

    Esses episódios assustadores fazem com que a pessoa se sente, resultam gritos e na pessoa se debatendo. Os olhos ficam bem abertos e o coração acelera. As pessoas parecem muito assustadas. Os episódios geralmente ocorrem quando as pessoas estão parcialmente despertas ou quando acabaram de acordar da fase mais profunda do sono com movimento não rápido dos olhos (NREM), normalmente durante as primeiras horas da noite.

    Os terrores noturnos diferem dos pesadelos e podem levar ao sonambulismo.

    Os terrores noturnos são mais frequentes entre as crianças. As crianças não devem ser acordadas, pois isso as deixa ainda mais assustadas. Embora as crianças pareçam altamente angustiadas, elas não têm memória dos eventos ou imagens mentais após despertar e não têm problemas psicológicos como resultado desses comportamentos. Os pais não precisam ficar excessivamente angustiados. Geralmente, as crianças deixam de ter episódios conforme crescem e ficam mais velhas.

    Nos adultos, os episódios estão geralmente associados a problemas psicológicos ou a transtorno relacionado ao uso de álcool.

    Para as crianças, a garantia de seus pais pode ser tudo o que elas necessitam. Se o trabalho de escola ou outras atividades forem afetados, tratar crianças maiores com determinados benzodiazepínicos (como o diazepam, clonazepam ou alpralozam) pode ajudar. Esses medicamentos, que são usados para tratar a ansiedade (medicamentos ansiolíticos) e induzir o sono (sedativos), são dados 90 minutos antes de se deitar. Podem ajudar as crianças a dormirem e fazer com que os terrores noturnos sejam menos prováveis de ocorrer. No entanto, o uso de benzodiazepínicos a lon­go prazo pode levar a dependência medicamentosa. Logo, estes medicamentos são geralmente tomados por apenas um período relativamente curto (cerca de 3 a 6 semanas)

    Os adultos podem se beneficiar da psicoterapia ou do tratamento medicamentoso.

    Pesadelos

    Os pesadelos constituem em sonhos aterrorizantes e vívidos, seguidos de um acordar brusco. As crianças são mais propensas a ter pesadelos do que os adultos. Os pesadelos ocorrem durante o movimento rápido dos olhos (REM).

    Pesadelos são mais prováveis de ocorrer quando a pessoa se encontra sob estresse, em estado febril, excessivamente cansada ou quando tiver consumido álcool.

    O tratamento de pesadelos, caso seja necessário, deve ter seu foco na cura de qualquer problema subjacente.

    Sonambulismo

    O sonambulismo, mais frequente no final da infância e durante a adolescência, consiste em caminhar de forma semi-inconsciente durante o sono, sem se dar conta. Os episódios de sonambulismo ocorrem durante a fase mais profunda do sono NREM.

    Os sonâmbulos podem murmurar repetidamente, e alguns chegam a machucar-se ao tropeçar em obstáculos enquanto andam. A maioria dos sonâmbulos não têm memória de sonambulismo.

    Não dormir o suficiente e se comportar de maneiras que não são favoráveis ​​ao sono (consulte a tabela Mudanças no comportamento para melhorar o sono) podem tonar mais provável o sonambulismo. Por exemplo, consumir cafeína, fazer exercícios ou assistir a um programa de televisão emocionante antes de deitar pode desencadear o sonambulismo.

    Normalmente, não é necessário nenhum tratamento específico a menos que o sonambulismo resulte em lesão.

    As seguintes medidas gerais podem ajudar a tornar o sonambulismo menos provável:

    • Tomar medidas para melhorar o sono – por exemplo, perto da hora de dormir, evitar fazer qualquer atividade estimulante (como se exercitar ou consumir cafeína)

    • Instalar alarmes para despertar o sonâmbulo quando ele sai da cama

    • Instalar alarmes de porta

    As seguintes medidas podem ajudar a evitar lesões durante o sonambulismo:

    • Suavemente levar o sonâmbulo de volta para a cama, ao invés de maneira forçada despertá-lo, o que poderia agitá-lo

    • Remover obstáculos ou objetos quebráveis que possam estar no caminho do sonâmbulo

    • Manter janelas fechadas e trancadas

    • Para o sonâmbulo, dormir em uma cama baixa ou em um colchão no chão para evitar quedas da cama quando o sonâmbulo tenta sair da cama

    Os benzodiazepínicos, particularmente o clonazepam, geralmente ajudam, se medidas gerais não forem eficazes. No entanto, esses medicamentos têm efeitos colaterais significativos, como a sonolência durante o dia. O uso de benzodiazepínicos em lon­go prazo pode levar a dependência medicamentosa.

    Distúrbio de comportamento do sono durante o movimento rápido dos olhos

    Esse transtorno consiste em falar (muitas vezes de maneira profana) e às vezes fazer movimentos agressivos durante a fase de sono com movimento rápido dos olhos (REM), geralmente em resposta a um sonho.

    O distúrbio de comportamento do sono REM é mais comum entre idosos. A maioria das pessoas com esse distúrbio tem uma doença que causa degeneração do tecido cerebral, como doença de Parkinson, atrofia multissistêmica ou demência por corpos de Lewy. O risco de desenvolvimento de doença de Alzheimer pode ser um pouco maior. Algumas pessoas desenvolvem doença de Parkinson anos após o distúrbio de comportamento do sono REM ser diagnosticado.

    As pessoas com distúrbio de comportamento do sono REM, ao contrário daquelas com terrores noturnos, estão, por vezes, conscientes de ter sonhado vividamente durante esses episódios quando acordam no dia seguinte.

    Os movimentos agressivos podem incluir agitar os braços, dar socos e chutes. O comportamento agressivo não é intencional e não é dirigido a ninguém. As pessoas podem, inadvertidamente, se machucar ou machucar seu(sua) companheiro(a). Além disso, esse comportamento interfere com o sono, fazendo com que as pessoas fiquem cansadas e sonolentas durante o dia.

    Os médicos podem, muitas vezes, diagnosticar o distúrbio de comportamento do sono REM com base nos sintomas relatados pela pessoa ou companheiro(a) da pessoa. Mas se eles não puderem, geralmente é feita a polissonografia com eletromiografia (EMG).

    Para verificar doenças que causam degeneração do cérebro, os médicos realizam um exame neurológico para avaliar o estado mental e a função do cérebro e nervos. Caso uma anormalidade seja detectada, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) pode ser realizada.

    Não há cura para a doença. Mas o clonazepam, uma benzodiazepina (que é um sedativo), alivia os sintomas na maioria das pessoas. Uma dose baixa é eficaz. O medicamento geralmente é continuado indefinidamente. A melatonina também pode ajudar a aliviar os sintomas de distúrbio de comportamento do sono REM.

    Os(as) companheiros(as) devem ser advertidos sobre a possibilidade de se machucar e podem querer dormir em outra cama até que o medicamento comece a fazer efeito. As pessoas com distúrbio de comportamento do sono REM devem remover objetos cortantes e móveis que estiverem próximos à cama.

    Cãibras das pernas relacionadas ao sono

    As cãibras musculares ocorrem com frequência na panturrilha ou no pé durante o sono em pessoas saudáveis de meia-idade e mais idosas.

    Os médicos geralmente diagnosticam as cãibras das pernas relacionadas ao sono baseados em sintomas após descartarem outros problemas físicos ou deficiências. Não são necessários testes adicionais.

    Para evitar essas cãibras, as pessoas devem estender os músculos afetados por alguns minutos antes de ir dormir. Geralmente, o alongamento assim que as cãibras ocorrem alivia sintomas prontamente e é preferido ao tratamento com medicamentos. Evitar cafeína e outros estimulantes pode ajudar.

    Muitos medicamentos (tais como quinina, suplementos de cálcio e magnésio, difenidramina, benzodiazepinas e mexiletina) têm sido usados, mas é pouco provável que algum seja eficaz. Além disso, os efeitos colaterais, especialmente com quinina e mexiletina, podem ser incômodos.

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