Em geral, define-se infertilidade como a incapacidade de conceber após 1 ano de relações sexuais regulares e desprotegidas.
Infertilidade é definida como uma doença pela OMS.
Em geral, as relações sexuais frequentes e desprotegidas resultam em concepção para 50% dos casais em 3 meses, para 75% em 6 meses e para 90% em 1 ano.
A infertilidade pode ser causada pelos seguintes:
Alterações espermáticas (35% dos casais)
Disfunção ovulatória ou (com menos frequência) diminuição da reserva ovariana (cerca de 20%)
Disfunção tubária e anormalidades pélvicas (cerca de 30%)
Alterações no muco cervical (≤ 5%)
Fatores não identificados (cerca de 10%)
A incapacidade de conceber muitas vezes leva a sentimentos de ansiedade, tristeza, frustração, raiva, culpa, ressentimento e inadequação.
Os casais que desejam conceber são encorajados a ter relações sexuais frequentes quando a concepção é mais provável— durante 6 dias, e particularmente 3 dias antes da ovulação. É mais provável que a ovulação ocorra cerca de 14 dias antes do início do próximo período menstrual.
Aferições diárias, matutinas, da temperatura corporal basal (TCB) podem ajudar a determinar quando a ovulação ocorre em mulheres com ciclos menstruais regulares. Uma diminuição sugere ovulação iminente; um aumento de ≥ 0,5° C sugere que a ovulação acabou de ocorrer. Entretanto, kits de testes preditivos de hormônio luteinizante (LH) comercialmente disponíveis, que identificam o pico do LH no meio do ciclo, são provavelmente a melhor maneira para as mulheres determinarem a ocorrência da ovulação e são menos demorados do que medir a temperatura corporal basal (TCB). A TCB pode ser útil se as mulheres não podem pagar ou não tem acesso a kits de previsão de LH. Não há evidências de que qualquer teste que determina quando ocorre a ovulação aumente a probabilidade de gestação em casais que têm relações sexuais regulares.
O uso excessivo de cafeína, tabaco ou álcool, que podem prejudicar a fertilidade, deve ser desencorajado.
Há cada vez mais evidências de que homens > 45 são menos férteis do que homens mais jovens, independentemente da idade da parceira.
Embora a infertilidade não abranja abortos recorrentes (aborto espontâneo), as consequências são as mesmas.
Avaliação da infertilidade
Exames dependem da causa suspeita:
Se as tentativas de engravidar não resultarem em gestação depois de ≥ 1 ano, deve-se avaliar ambos os parceiros. A avaliação começa com história, exame físico e aconselhamento. Os homens são avaliados quanto a alterações espermáticas e as mulheres são avaliadas quanto a alterações ovulatórias e tubárias e lpatologia pélvica.
A avaliação é feita antes de 1 ano se
A mulher tem > 35 anos.
Sabe-se que a mulher tem uma reserva ovariana reduzida (p. ex., porque tem apenas um ovário).
A mulher tem menstruação pouco frequente.
A mulher tem uma anormalidade conhecida do útero, trompas uterinas ou ovários.
O homem é conhecido por ser subfértil ou tem risco de subfertilidade.
Os exames são realizados de acordo com a causa suspeita (p. ex., para diminuição da reserva ovariana, medição do hormônio foliculoestimulante, e hormônio antimulleriano e contagem de folículos antrais, determinados por ultrassonografia transvaginal; para doenças espermáticas, análise do sêmen).
Grupos de apoio para casais (p. ex., Family Equality, RESOLVE) podem ajudar. O médico deve discutir a adoção se a probabilidade de conceber é baixa (geralmente confirmada após 3 anos de infertilidade, mesmo em mulheres < 35, ou após 2 anos de tratamento).
Tratamento da infertilidade
Tratamento da causa primária
Às vezes, medicações para induzir a ovulação ou a espermatogênese
Às vezes, técnicas de reprodução assistida
Se possível, trata-se a causa primária da infertilidade masculina ou feminina. Por exemplo, pode-se tratar as anormalidades estruturais (p. ex., varicocele testicular, leiomiomas uterinos) ou endócrinas (p. ex., adenoma hipofisário, doenças da tireoide) do trato reprodutivo. Deve-se incentivar os pacientes a fazer alterações para minimizar os fatores de risco modificáveis. Por exemplo, recomenda-se cessação do tabagismo para fumantes, perda ponderal para pacientes com sobrepeso, consumo moderado ou nenhum de álcool e consumo de uma dieta balanceada (com vitaminas, se necessário).
Em geral, o tratamento é voltado a melhorar a probabilidade de concepção, aumentando a disponibilidade de oócitos de alta qualidade (p. ex., indução de ovulação, doação de óvulos) ou espermatozoides (p. ex., gonadotrofinas para induzir a espermatogênese, doação de esperma) e realizando procedimentos para facilitar o contato entre o oócito e o espermatozoide a fim de alcançar a fertilização (p. ex., inseminação intrauterina, fertilização in vitro).
Pessoas com infertilidade podem experimentar tristeza, ansiedade, frustração, estresse emocional, sentimentos de inadequação, culpa ou raiva. Esses sentimentos podem levar a distúrbios do sono ou alimentares, ansiedade clínica ou depressão. Se necessário, deve-se oferecer aconselhamento e suporte comportamental à saúde.
É útil fornecer aos dois parceiros informações sobre o processo de tratamento. Essas informações incluem
Quais são as probabilidades de sucesso
O que o processo envolve, incluindo tempo e custos
Quando terminar o tratamento
Quando considerar a adoção
Grupos de apoio para pessoas inférteis (p. ex., Family Equality, RESOLVE) podem ajudar. O médico deve discutir a adoção se a probabilidade de conceber é baixa (geralmente confirmada após 3 anos de infertilidade, mesmo em mulheres < 35, ou após 2 anos de tratamento).
Informações adicionais
Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que O Manual não é responsável pelo conteúdo destes recursos.
Family Equality: essa organização visa promover a igualdade para as famílias LGBTQ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais ou transgêneros e queer e/ou questionamento) e fornecer informações sobre como construir famílias. O site web contém informações sobre o processo de engravidar (incluindo custos) e sobre adoção, paternidade e questões legais que dizem respeito à comunidade LGBTQ.
RESOLVE: The National Infertility Association: esse site fornece informações gerais sobre infertilidade, possíveis tratamentos e soluções (como adotar ou utilizar uma "barriga de aluguel") e questões financeiras, bem como links para grupos de apoio, maneiras de controlar o estresse e conselhos para amigos e familiares. Também inclui recursos para ajudar as pessoas LGBTQ+ a terem filhos.