Coronavírus e síndromes respiratórias agudas (MERS and SARS)

PorBrenda L. Tesini, MD, University of Rochester School of Medicine and Dentistry
Revisado/Corrigido: abr 2022
Visão Educação para o paciente

Os coronavírus são vírus de RNA com envelope que causam doença respiratória de gravidade variável, do resfriado comum à pneumonia fatal.

Vários coronavírus, descobertos inicialmente em aves domésticas na década de 1930, causam doença respiratória, gastrointestinal, hepática e neurológica nos animais. Apenas 7 coronavírus sabidamente causam doença nos humanos.

Quatro de 7 coronavírus causam mais frequentemente sinais e sintomas do resfriado comum. Os coronavírus 229E, OC43, NL63 e HKU1 são responsáveis por cerca de 15 a 30% dos casos de resfriado comum. Em casos raros, pode haver infecção grave do trato respiratório inferior, incluindo bronquiolite e pneumonia, principalmente em crianças, idosos e pacientes imunocomprometidos.

Três dos 7 coronavírus causam infecção respiratórias muito mais graves nos humanos, por vezes fatais, do que os outros coronavírus e causaram grandes surtos de pneumonia fatal no século 21:

  • O Sars-CoV-2 é o novo coronavírus identificado como agente etiológico da doença causada pelo coronavírus 2019 (covid-19) que começou em Wuhan, na China, no final de 2019 e se espalhou por todo o mundo.

  • Mers-CoV foi identificado em 2012 como agente etiológico da síndrome respiratória do Oriente Médio (mers).

  • O Sars-CoV foi identificado em 2003 como agente etiológico de uma epidemia de síndrome respiratória aguda grave (sars), que começou na China próximo do fim do ano de 2002.

Os coronavírus que causam infecção respiratória grave são zoonoses. O Sars-CoV2 possui uma transmissão significativa de pessoa para pessoa.

Síndrome respiratória do Oriente Médio (mers)

A síndrome respiratória do Oriente Médio (mers) é uma doença respiratória aguda grave causada pelo coronavírus mers (mers-CoV).

A infecção por mers-CoV foi inicialmente descrita em setembro de 2012 na Arábia Saudita, mas um surto em abril de 2012 na Jordânia foi confirmado retrospectivamente. Até 2021, em todo o mundo, foram notificados mais de 2.500 casos de infecção pelo mers-CoV (com pelo menos 850 mortes relacionadas) em 27 países; todos os casos de mers foram associados a viagens ou residência em países na Península Arábica e cercanias, com > 80% na Arábia Saudita. O maior surto conhecido de mers fora da Península Arábica ocorreu na República da Coreia em 2015. O surto foi associado a um viajante que retornava da Península Arábica. Casos também foram confirmados em países da Europa, Ásia, Norte da África, Oriente Médio e Estados Unidos em pacientes que foram transferidos para esses países para serem tratados ou adoeceram após retornar do Oriente Médio. Apenas um número reduzido de casos foi notificado desde 2019 (1).

Estudos preliminares de soroprevalência indicam que a infecção não é generalizada na Arábia Saudita.

A Organização Mundial da Saúde considera que o risco de contrair infecção por mers-CoV é muito baixo para os peregrinos que viajam para a Arábia Saudita para o Umrah e Hajj.

A média de idade dos pacientes com MERS-CoV é cerca de 50 anos, e os pacientes são predominantemente do sexo masculino. A infecção tende a ser mais grave nos pacientes idosos e nos pacientes com doenças preexistentes como diabetes, cardiopatia crônica ou doença renal crônica.

Sinais e sintomas da MERS

O período de incubação de mers-CoV é cerca de 5 dias.

A maioria dos casos relatados foi de doença respiratória grave exigindo hospitalização, com letalidade de cerca de 35%; todavia, cerca de 21% dos pacientes tiveram sintomas leves ou foram assintomáticos (1). Febre, calafrios, mialgia e tosse são comuns. Sinais e sintomas gastrointestinais (p. ex., diarreia, vômitos e/ou dor abdominal) ocorrem em cerca de um terço dos pacientes. As manifestações podem ser suficientemente graves a ponto de exigir internação em uma unidade de tratamento intensivo, mas recentemente a proporção desses casos caiu abruptamente ao longo do tempo.

Referência sobre sinais e sintomas

Diagnóstico da MERS

  • Testes feitos por reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa em tempo real (PCR-TR) de amostras das secreções respiratórias altas e baixas e de sangue

Suspeitar de mers nos pacientes com infecção aguda inexplicada do trato inferior respiratório e que apresentaram algum dos seguintes sintomas em até 14 dias após o início da doença:

  • Viagens ou residência em uma área onde a mers foi descrita recentemente ou onde a transmissão pode ter ocorrido

  • Entrar em contato com a unidade de saúde na qual houve a trasmissão da mers

  • Contato próximo com um paciente que estava enfermo com suspeita de mers

Também deve-se suspeitar da mers nos pacientes que tiveram contato próximo com um paciente com suspeita de mers e apresentam febre, independentemente de terem ou não sintomas respiratórios.

As recomendações mais recentes estão disponíveis nos US Centers for Disease Control and Prevention (CDC) (MERS: Interim Guidance for Healthcare Professionals).

Os testes devem conter ensaios em tempo real por PCR-TR das secreções do trato respiratório inferior e superior, idealmente coletadas de diferentes locais e em diferentes momentos. O soro deve ser obtido de pacientes e de todos, mesmo contatos próximos assintomáticos, incluindo profissionais de saúde (para ajudar a identificar mers leve ou assintomática). O sangue é coletado imediatamente após a suspeita de mers ou depois da exposição dos contatos (amostra de fase aguda), e 3 a 4 semanas mais tarde (amostra da fase da convalescência). Nos Estados Unidos, o teste é feito nos departamentos de saúde estaduais ou nos Centers for Disease Control and Prevention (CDC).

Em todos os pacientes, radiografia de tórax detecta alterações, que podem ser discretas ou extensas, unilaterais ou bilaterais. Em alguns pacientes, os níveis de LDH e AST são altos e/ou os níveis de plaquetas e linfócitos são baixos. Alguns pacientes têm lesão renal aguda. Pode ocorrer coagulação intravascular disseminada e hemólise.

Tratamento do MERS

  • Tratamento de suporte

O tratamento da mers é de suporte. Para ajudar a prevenir a propagação de casos suspeitos, os profissionais de saúde devem utilizar precauções universais de contato e de transmissão respiratória.

Não existe vacina.

Informações adicionais

Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. CDC: Middle East Respiratory Syndrome (MERS) information for healthcare professionals

  2. World Health Organization: Middle East respiratory syndrome coronavirus (MERS-CoV)

Síndrome respiratória aguda grave (sars)

A síndrome respiratória aguda grave (sars) é uma doença respiratória aguda grave causada pelo coronavírus sars (Sars-CoV).

A sars é muito mais grave do que outras infecções por coronavírus. A sars é uma doença semelhante à influenza que, ocasionalmente, provoca insuficiência respiratória progressiva grave.

O Sars-CoV foi inicialmente detectado na província de Guangdong, China, em novembro de 2002 e, subsequentemente, disseminou-se para outros 28 países. Nesse surto, foram notificados > 8.000 casos em todo o mundo, com 774 mortes (aproximadamente uma taxa de letalidade de 10%, que aumenta significativamente de acordo com a idade, com uma taxa de mortalidade de > 50% naqueles com > 65 anos de idade) (1, 2). No surto de Sars-CoV, pela primeira vez os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) desaconselharam viajar para uma região. Esse surto diminuiu e não foram identificados novos casos desde 2004. Presumiu-se que a fonte imediata fossem os gatos-almiscarados (civetas) vendidos como alimento em um mercado de animais vivos e que provavelmente teriam sido infectados pelo contato com morcegos antes de serem capturados para venda. Os morcegos são hospedeiros frequentes do coronavírus.

A Sars-CoV é transmitida de pessoa para pessoa por contato pessoal próximo. Acredita-se que seja transmitida mais prontamente por gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.

O diagnóstico da sars é clínico e o tratamento é de suporte. A coordenação de práticas de controle de infecção imediatas e rígidas ajudou a controlar rapidamente o surto de 2002.

Embora nenhum caso novo tenha sido relatado desde 2004, não se deve considerar a sars eliminada porque o vírus causador tem um reservatório animal do qual é possível ressurgir.

Referências sobre SARS

  1. CDC Morbidity and Mortality Weekly Report: Revised U.S. Surveillance Case Definition for Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS) and Update on SARS Cases --- United States and Worldwide, 52(49);1202-1206, 2003

  2. Peiris JS, Yuen KY, Osterhaus AD, et al: The severe acute respiratory syndrome. N Engl J Med 349(25):2431-41, 2003. doi: 10.1056/NEJMra032498. PMID: 14681510

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