Reações de fotossensibilidade

PorJulia Benedetti, MD, Harvard Medical School
Revisado/Corrigido: jan 2022
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Fatos rápidos

A fotossensibilidade, por vezes conhecida como uma alergia ao sol, constitui uma reação do sistema imunológico desencadeada pelos efeitos da luz solar.

  • A luz do sol pode provocar reações do sistema imunológico.

  • Podem surgir erupções com coceira, ou áreas de vermelhidão e inflamação nas manchas da pele exposta ao sol.

  • O diagnóstico é geralmente feito com base em uma avaliação médica.

  • Essas reações são, na maioria das vezes, resolvidas sem nenhum tratamento.

(Consulte também Considerações gerais sobre radiação solar e danos à pele).

As reações da fotossensibilidade incluem urticária solar, fotossensibilização química e erupção polimorfa à luz, caracterizadas, geralmente, por uma erupção acompanhada de coceira e manchas na pele exposta ao sol. As pessoas podem herdar uma tendência para desenvolver estas reações. Determinadas doenças, como lúpus eritematoso sistêmico e algumas porfirias, também podem provocar reações cutâneas mais sérias à luz solar.

Urticária solar

A urticária (protuberâncias ou vergões grandes, vermelhos, acompanhados de coceira) que surge apenas alguns minutos depois da exposição ao sol é chamada de urticária solar. A urticária normalmente dura por minutos ou horas. Uma pessoa pode estar propensa ao desenvolvimento de urticária solar por um longo período, às vezes indefinido. As pessoas com grandes áreas afetadas às vezes manifestam dores de cabeça e sibilos e sentem tontura, fraqueza e náuseas.

Urticária solar
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Esta fotografia mostra urticária solar em uma mulher que estava usando uma camiseta regata. Esse tipo de urticária aparece poucos minutos após a exposição ao sol.
© Springer Science+Business Media

Fotossensibilidade química

São conhecidas mais de 100 substâncias, que se engolidas ou aplicadas na pele, provocam reações na pele induzidas pelo sol. Um número limitado provoca a maioria das reações ( see table Alguns medicamentos e substâncias que tornam a pele sensível à luz do sol). Há dois tipos de fotossensibilidade química: a fototoxicidade e a fotoalergia.

Na fototoxicidade, as pessoas sentem dor e desenvolvem vermelhidão, inflamação e, às vezes, descoloração castanha ou cinza-azulada nas áreas da pele que estiveram expostas à luz solar durante um curto período de tempo. Esses sintomas assemelham-se àqueles da queimadura solar, porém a reação é diferente de queimadura solar na medida em que ocorre apenas após a pessoa ter ingerido alguns medicamentos (tais como tetraciclinas ou diuréticos) ou compostos químicos, ou os tenha aplicado na pele (como perfumes e alcatrão de carvão). Algumas plantas (que incluem limas, aipo e salsinha) contêm compostos chamados furanocumarinas, que deixa a pele de algumas pessoas mais sensível aos efeitos da luz UV. Essa reação é chamada de fitofotodermatite. Todas as reações fototóxicas aparecem apenas nas áreas da pele que foram expostas ao sol. Elas geralmente aparecem dentro de horas, após a exposição ao sol.

Na fotoalergia, uma reação alérgica causa vermelhidão na pele, escamação, coceira e, às vezes, bolhas e pontos que se assemelham a urticária. Esse tipo de reação pode ser causado por loções pós-barba, protetores solares e sulfonamidas. As substâncias que causam a fotoalergia são capazes de fazê-lo somente após a pessoa ter se exposto tanto à substância, quanto à luz solar, pois é a luz solar que torna a substância capaz de provocar a fotoalergia. As reações fotoalérgicas podem também afetar as áreas da pele que não foram expostas ao sol. Ela geralmente aparece no prazo de 24 a 72 horas após a exposição ao sol.

Alguns medicamentos e substâncias que tornam a pele sensível à luz do sol

  1. Medicamentos ansiolíticos

    1. Alprazolam

    2. Clordiazepoxida

  2. Antibióticos

    1. Quinolona

    2. Sulfonamidas

    3. Tetraciclinas (sobretudo a doxiciclina)

    4. Trimetoprima

  3. Antidepressivos

    1. Antidepressivos tricíclicos

  4. Medicamentos antifúngicos

    1. Griseofulvina

  5. Anti-hiperglicêmicos

    1. Sulfonilureias

  6. Medicamentos antimaláricos

    1. Cloroquina

    2. Quinino

  7. Antipsicóticos

    1. Fenotiazinas

  8. Medicamentos quimioterápicos

    1. Dacarbazina

    2. Fluorouracila

    3. Metotrexato

    4. Vimblastina

  9. Diuréticos

    1. Furosemida

    2. Tiazidas

  10. Medicamentos usados para tratar a acne

    1. Isotretinoína

  11. Medicamentos cardíacos

    1. Amiodarona

    2. Quinidina

      Medicamentos para alívio da dor (analgésicos)

      Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs; especialmente piroxicam e cetoprofeno)

  12. Substâncias sensibilizantes

    1. Antibacterianos aplicados na pele (por exemplo, clorexidina e hexaclorofeno)

    2. Alcatrão de carvão

    3. Fragrâncias

    4. Furocumarinas presentes em plantas, como limão, aipo e salsinha

    5. Protetores solares

Erupção polimorfa à luz

Esta erupção é uma reação à luz do sol (principalmente à luz UVA) que não é completamente entendida. É um dos problemas mais comuns relacionados com a pele e ocorre com mais frequência entre as mulheres e as pessoas que vivem nos climas do norte, que não se expõem ao sol regularmente.

A erupção aparece na forma de múltiplos nódulos vermelhos em áreas vermelhas e inchadas (chamadas de placas) e, raramente como bolhas na pele exposta ao sol. Essas placas, que vêm acompanhadas de coceira, normalmente aparecem de 30 minutos a várias horas após a exposição ao sol. Entretanto, novas placas podem se desenvolver muitas horas, ou vários dias depois.

A erupção, geralmente desaparece num período de alguns dias ou semanas. É característico dessa doença que as pessoas que a apresentam e continuam a se expor ao sol se tornem, aos poucos, menos sensíveis aos efeitos da luz solar, um processo conhecido como endurecimento.

Erupção polimorfa à luz
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Esta fotografia mostra protuberâncias vermelhas e áreas salientes na parte superior das costas.
Imagem cedida por cortesia do Dr. E. Laurie Tolman.

Diagnóstico de reações de fotossensibilidade

  • Avaliação médica

  • Às vezes fototestes (adesivo cutâneo e teste de reprodução da reação)

Não existem exames específicos para detectar reações de fotossensibilidade. O médico suspeita dessas doenças quando surge uma erupção cutânea apenas nas zonas expostas ao sol. Uma meticulosa análise do histórico médico da pessoa, dos sintomas cutâneos, eventuais doenças, dos medicamentos tomados por via oral ou de substâncias aplicadas na pele (por exemplo, medicamentos ou cosméticos) pode ajudar o médico a definir o tipo e a causa da reação de fotossensibilidade. É possível que o médico realize exames para descartar doenças que sabidamente tornam algumas pessoas propensas a ter essas reações (por exemplo, o lúpus eritematoso sistêmico).

Quando ocorre uma erupção cutânea numa área da pele que foi exposta ao sol e o diagnóstico não estiver definido, os médicos podem realizar testes com adesivos colocados na pele e testes de reprodução da reação que envolvem a exposição à luz UV (fototeste), quando a pessoa não estiver fazendo uso de nenhum medicamento que provoque reações de fotossensibilidade. Esses exames podem ajudar a esclarecer que tipo de reação de fotossensibilidade pode ser a causa.

Prevenção e tratamento

  • Evitar exposição excessiva ao sol, usar roupas protetoras e protetor solar (prevenção)

  • No caso de fotossensibilidade, interromper medicamentos ou produtos químicos e, às vezes, tomar corticosteroides

  • No caso de urticária solar, anti-histamínicos, corticosteroides ou protetores solares ou, às vezes, terapia com luz ultravioleta (UV)

  • No caso de erupção polimorfa à luz, corticosteroides ou hidroxicloroquina e, às vezes, exposição à luz UV

Todas as pessoas devem evitar a exposição excessiva ao sol, mas pessoas sensíveis à luz solar, por qualquer razão, devem ser especialmente cuidadosas e usar roupas protetoras, evitar a luz do sol o máximo possível e usar protetor solar regularmente (consulte prevenção de queimadura solar).

Se possível, todos os medicamentos ou produtos químicos que podem causar fotossensibilidade devem ser interrompidos após consultar o médico. Para tratar as reações químicas da fotossensibilidade, são aplicados na pele corticosteroides, e a substância que está causando tal reação é evitada.

A urticária solar pode ser difícil de tratar, mas é possível que o médico tente bloqueadores de histamina H1 (anti-histamínicos), corticosteroides aplicados na pele ou protetor solar. Se esses tratamentos não funcionarem, pode ser tentada terapia de luz ultravioleta (UV). Algumas pessoas podem ser beneficiadas pelo omalizumabe, um medicamento que pode ajudar a diminuir as reações alérgicas no corpo.

Pessoas com erupção polimorfa à luz ou fotossensibilidade causada pelo lúpus eritematoso sistêmico (lúpus) podem se beneficiar do tratamento com corticosteroides aplicados na pele ou com hidroxicloroquina ou corticosteroides tomados por via oral. Ocasionalmente, pessoas com erupção polimorfa à luz podem ser dessensibilizadas dos efeitos da luz do sol aumentando-se aos poucos sua exposição à luz UV ( see page Fototerapia).

Tomar Polypodium leucotomos (um suplemento alimentar à base de alguns tipos de samambaias tropicais) ou nicotinamida (uma forma de vitamina B3) por via oral pode ajudar a prevenir sintomas em pessoas suscetíveis à fotossensibilidade causada pela exposição ao sol.

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