Mesotelioma

PorCarrie A. Redlich, MD, MPH, Yale Occupational and Environmental Medicine Program Yale School of Medicine;
Efia S. James, MD, MPH, Yale School of Medicine;Brian Linde, MD, MPH, Yale Occ and Env Medicine Program
Revisado/Corrigido: mai 2020
Visão Educação para o paciente

O mesotelioma pleural é a única doença maligna pleural conhecida e é causada pela exposição ao asbesto em quase todos os casos. O diagnóstico baseia-se em história, radiografia de tórax ou achados radiológicos e biópsia tecidual. O tratamento é sintomático, podendo requerer cirurgia e/ou quimioterapia.

(Ver também Visão geral das doenças relacionados ao asbesto e Visão geral da doença pulmonar ambiental.)

O asbesto é um silicato que ocorre naturalmente, cuja resistência ao calor e propriedades estruturais o tornam útil para a inclusão em materiais da construção civil e naval, freios de automóveis e alguns tecidos. Crisotilo (uma fibra serpentina), crocidolita e amosita (anfibólio, ou fibras retas) são os 3 tipos principais de asbesto que provocam doença.

Os indivíduos que trabalham com asbesto têm até 10% de risco de desenvolver mesotelioma ao longo da vida, com latência média de 25 a 30 anos. O risco não depende do tabagismo. O mesotelioma surge da superfície mesotelial da cavidade pleural e pode disseminar-se localmente ou metastatizar-se nos linfonodos hilares e mediastinais, pericárdio, diafragma, peritônio, fígado, suprarrenais ou rins e, raramente, na túnica vaginal do testículo.

Sinais e sintomas do mesotelioma

Com maior frequência, os pacientes desenvolvem dispneia e dor torácica não pleurítica. Os sintomas constitucionais são incomuns na vigência das manifestações clínicas iniciais. A invasão da parede torácica e de outras estruturas adjacentes pode provocar dor intensa, rouquidão, disfagia, síndrome de Horner, plexopatia braquial ou ascite.

Diagnóstico do mesotelioma

  • Radiografia de tórax

  • Citologia do líquido pleural ou biópsia pleural

  • Às vezes, toracoscopia guiada por vídeo ou toracotomia

  • Estadiamento com TC do tórax, mediastinoscopia e ressonância magnética (RM) ou, às vezes, com tomografia com emissão de pósitrons (positron emission tomography [PET]) e broncoscopia

A forma pleural do mesotelioma, que representa > 90% de todos os casos (os outros 10% incluem mesoteliomas pericárdicos e peritoneais), manifesta-se na radiografia por espessamento pleural difuso uni ou bilateral, que parece encerrar os pulmões, provocando, habitualmente, o velamento dos ângulos costofrênicos. Evidenciam-se derrames pleurais em 95% dos casos, sendo, classicamente, unilaterais, hemorrágicos e extensos. O diagnóstico baseia-se na citologia do líquido pleural ou na biópsia pleural. O aumento nos níveis de hialuronidase no líquido pleural é sugestivo, mas não diagnóstico, de mesotelioma.

Se o diagnóstico é incerto após esses procedimentos, efetua-se biópsia por cirurgia com toracoscopia guiada por CTAV ou toracotomia. As proteínas solúveis relacionadas com a mesotelina, liberadas no soro por células mesoteliais, estão sendo estudadas como possíveis marcadores tumorais para detecção e monitoramento da doença, mas a taxa de falso-positivos pode limitar sua eficácia.

Efetuam-se estadiamento com TC do tórax, mediastinoscopia e RM. A sensibilidade e especificidade da RM e TC são comparáveis, embora a RM seja útil para determinar a extensão do tumor na parede torácica, diafragma, estruturas mediastinais, medula e medula espinal. A tomografia com emissão de pósitrons (PET, positron emission tomography) pode ter melhor sensibilidade e especificidade para a distinção entre espessamento pleural benigno e maligno. A broncoscopia exclui doenças malignas endobrônquicas coexistentes.

Atualmente não há diretrizes para monitoramento à procura de mesotelioma em pessoas expostas ao asbesto. Biomarcadores séricos estão surgindo como uma potencial modalidade para diagnosticar e monitorar pacientes, mas são necessárias análises adicionais para validar seu uso na prática clínica (1).

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Solbes E, Harper RW: Biological responses to asbestos inhalation and pathogenesis of asbestos-related benign and malignant disease. J Investig Med 66(4):721–727, 2018. doi: 10.1136/jim-2017-000628

Prognóstico do mesotelioma

O mesotelioma continua sendo um câncer incurável e a sobrevida a longo prazo é rara. Pode-se considerar a cirurgia de remoção da pleura, do pulmão ipsilateral, do nervo frênico, do hemidiafragma e do pericárdio, combinada com quimioterapia ou radioterapia, embora isso não modifique substancialmente o prognóstico ou o tempo de sobrevida. Nenhum tratamento prolonga substancialmente a sobrevida. A taxa média de sobrevida a partir do momento do diagnóstico é 9 a 12 meses, dependendo da localização e do tipo de célula. O estágio imaginológico e histopatológico fornece a informação prognóstica mais forte (1). Pacientes com prognóstico pior são caracterizados por

  • Idade > 75 anos no momento do diagnóstico

  • Estado de baixo desempenho

  • Nível da desidrogenase láctica (LDH) > 500 U/L (> 8,4 microkat/L)

  • Contagem de plaquetas > 400.000/microL (> 400 × 109/L)

  • Dor torácica

  • Histologia não epitelial

Referência sobre prognóstico

  1. 1. Herndon JE, Green MR, Chahinian AP, et al: Factors predictive of survival among 337 patients with mesothelioma treated between 1984 and 1994 by the Cancer and Leukemia Group B. Chest 113 (3):723–731, 1998.

Tratamento do mesotelioma

  • Cuidados de suporte

  • Pleurodese ou pleurectomia para derrames pleurais e alívio da dispneia

  • Analgesia com opioides e, às vezes, radioterapia

  • Quimioterapia para redução do tumor e alívio dos sintomas

  • Inscrição em ensaios clínicos de terapias experimentais

O foco principal do tratamento é sintomático, visando o alívio da dor e da dispneia.

Levando-se em consideração a natureza difusa da doença, a radioterapia é geralmente inadequada, exceto como ferramenta para tratar a dor localizada e as metástases no trato criado por punções com agulha. Deve ser evitada no tratamento da dor de raiz nervosa.

Para ajudar a reduzir a dispneia provocada por derrames pleurais, pode-se utilizar a pleurodese ou a pleurectomia.

A analgesia adequada é difícil, mas é importante obtê-la. Habitualmente, utilizam-se opioides, administrados por catéteres transcutâneos ou epidurais de demora.

Como as taxas de morbidade e mortalidade são elevadas na pneumonectomia extrapleural, pleurectomia e decorticação são cada vez mais utilizadas se todo o tumor macroscopicamente visível estiver limitado a um hemitórax e puder ser removido. Mas ressecção completa geralmente não é viável, caso em que o acréscimo de quimioterapia e radioterapia prolonga a sobrevida (1).

Tratamentos conservadores incluem quimioterapia combinada (p. ex., com pemetrexede e um composto de platina) e radioterapia. A quimioterapia pode aliviar os sintomas na maioria dos casos e, algumas vezes, diminui o tamanho do tumor. Quimioterapia combinada com pemetrexede e cisplatina prolongou a sobrevida em 3 meses em comparação com cisplatina isolada (2). Nesse estudo, o acréscimo de ácido fólico e suplementação de vitamina B12 reduziu a toxicidade. Ensaios clínicos demonstraram que a adição de bevacizumabe ao pemetrexede e à cisplatina prolonga a sobrevida (3), bem como a adição de nintedanibe à cisplatina e ao pemetrexede (4). O inibidor da tirosina quinase cediranibe demonstrou ser promissor em ensaios clínicos como um fármaco de segunda linha (5, 6). Imunoterapia com antimetotelina também mostrou ser promissora e atualmente está sendo investigada em combinação com o tratamento padrão com cisplatina-pemetrexede (7).

Tratamentos sob investigação incluem vacinação imunoterapêutica, viroterapia oncolítica, terapia gênica, terapia fotodinâmica e quimioterapia intrapleural hipertérmica.

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Nelson DB, Rice DC, Niu J, et al: Long-term survival outcomes of cancer-directed surgery for malignant pleural mesothelioma: Propensity score matching analysis. J Clin Oncol 35 (29):3354–3362, 2017. doi: 10.1200/JCO.2017.73.8401.

  2. 2. Vogelzang NJ, Rusthoven JJ, Symanowski J, et al: Phase III study of pemetrexed in combination with cisplatin versus cisplatin alone in patients with malignant pleural mesothelioma. J Clin Oncol 21 (14):2636–2644, 2003.

  3. 3. Zalcman G, Mazieres J, Margery J, et al: Bevacizumab for newly diagnosed pleural mesothelioma in the Mesothelioma Avastin Cisplatin Pemetrexed Study (MAPS): A randomised, controlled, open-label, phase 3 trial. Lancet 387 (10026):1405–1414, 2016. doi: 10.1016/S0140-6736(15)01238-6

  4. 4. Grosso F, Steele N, Novello S: Nintedanib plus pemetrexed/cisplatin in patients with malignant pleural mesothelioma: Phase II results from the randomized, placebo-controlled LUME-Meso trial. J Clin Oncol 35:91–3600, 2017. doi: 10.1200/JCO.2017.72.9012

  5. 5. Tsao AS, Moon J, Wistuba II, et al: Phase I trial of cediranib in combination with cisplatin and pemetrexed in chemonaive patients with unresectable malignant pleural mesothelioma (SWOG S0905). J Thorac Oncol 12:1299–1308, 2017. doi: 10.1016/j.jtho.2017.05.021

  6. 6. Tsao AS, Miao J, Wistuba II, et al: Phase II trial of cediranib in combination with cisplatin and pemetrexed in chemotherapy-naïve patients with unresectable malignant pleural mesothelioma (SWOG S0905). J Clin Oncol 37:2537–2547, 2019. doi: 10.1200/JCO.19.00269

  7. 7. Hassan R, Thomas A, Alewine C, et al: Mesothelin immunotherapy for cancer: Ready for prime time? J Clin Oncol 34:4171–4179,  2016. doi: 10.1200/JCO.2016.68.3672

Pontos-chave

  • O mesotelioma quase sempre está relacionado com o abesto e é pleural em mais de 90% dos casos.

  • A sobrevida média a partir do momento do diagnóstico é de 9 a 12 meses, e a cura não é possível.

  • O tratamento é voltado a cuidados de suporte, mas muitos tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos demonstraram melhorar a sobrevida.

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