(Ver também Visão geral da doença pulmonar ambiental.)
As doenças relacionadas com edificações constituem um grupo heterogêneo de enfermidades em que a etiologia está ligada ao ambiente dos edifícios modernos herméticos. Esses edifícios caracterizam-se pela vedação de janelas, passando a depender de sistemas de aquecimento, ventilação e condicionamento do ar. A maioria dos casos ocorre em edifícios de escritórios não industriais, mas pode ocorrer em edifícios de apartamentos, residência de uma única família, escolas, museus e livrarias.
Doenças relacionadas com edificações podem ser específicas e inespecíficas. O diagnóstico baseia-se na história de exposição e achados clínicos. O tratamento quase sempre é de suporte.
Doenças específicas relacionadas com edificações
Doenças específicas relacionadas com edifificações são aquelas em que há comprovação da ligação entre a doença e a exposição relacionada com edificações. Os exemplos incluem
Febre por inalação
A febre por inalação é uma reação febril causada por exposições a poeiras ou aerossóis orgânicos. Os sintomas começam 4 a 12 horas após a exposição. Sintomas incluem febre, enxaquecas e mal-estar geral. Os nomes utilizados para descrever esse tipo de doença relacionada com edifício são febre do umidificador, febre de grãos, febre de confinamento suíno e micotoxicose, dependendo do agente etiológico. Os vapores de metais e polímeros também podem desencadear doença febril. Utiliza-se o termo síndrome da poeira orgânica tóxica para englobar a reação subaguda febril e respiratória ao pó orgânico que costuma ser altamente contaminado com endotoxina bacteriana. O termo pneumonite tóxica também é comumente usado, mas menos específico.
Em edifícios não industriais, a DRE denominada febre do umidificador ocorre como consequência de umidificadores ou outros tipos de unidades de ventilação que servem de reservatório para o crescimento de micróbios (bactérias e fungos) e como método de disseminação em aerossol destes contaminantes. A doença normalmente se manifesta como febre baixa, mal-estar, enxaqueca, tosse e dispneia. A melhora com a remoção da exposição (p. ex., final de semana longe do edifício de escritórios) é com frequência uma das primeiras indicações da etiologia. A febre do umidificador tem início agudo e (p. ex., 4 a 12 horas depois da exposição) e é autolimitada (geralmente, 2 a 3 dias). Os sinais físicos podem ser sutis ou ausentes. O agrupamento de casos é comum.
Ao contrário das condições mediadas imunologicamente (p. ex., a pneumonite por hipersensibilidade e a asma relacionada com edifícios), as febres por inalação não requerem período de sensibilização. A doença pode ocorrer na primeira exposição. Em geral, os episódios agudos não exigem tratamento diferente da remoção do ambiente contaminado e administração de antipiréticos. Se houver persistência dos sintomas, pode ser necessária a investigação ulterior para excluir infecção, pneumonite por hipersensibilidade, ou outras condições. A coleta biológica para detectar micróbios aerotransportados no ambiente de trabalho pode ser onerosa e demorada, mas é necessária em alguns casos para documentar a fonte de ar contaminado. As febres por inalação de todos os tipos são geralmente prevenidas pela boa manutenção dos sistemas de ventilação.
Doenças inespecíficas relacionadas com edificações
Doenças inespecíficas relacionadas com edificações são aquelas em que a ligação entre a doença e a exposição relacionada com o edifício é mais difícil de comprovar.
O termo “síndrome do edifício doente” é usado como uma referência à doença que ocorre em agrupamentos dentro de um edifício, mas esse termo está sendo substituído por doenças relacionadas a edifícios. Doenças relacionadas com edificações frequentemente causam sintomas inespecíficos, incluindo
Olhos lacrimejantes, secos, inflamados, ou pruriginosos
Rinorreia ou congestão nasal
Opressão ou faringite
Pele pruriginosa e seca ou exantema sem explicação
Cefaleia, letargia e dificuldade de concentração
Alguns fatores relacionados com o edifício parecem ser responsáveis pelos sintomas em algumas situações. Esses fatores incluem a temperatura mais elevada do edifício, maior umidade e baixa ventilação, acarretando, tipicamente, a impossibilidade de incorporar ar fresco suficiente para o interior do edifício. No entanto, fatores do paciente, como sexo feminino, história de atopia, maior atenção às sensações corporais, preocupação quanto ao significado dos sintomas, ansiedade, depressão e, ocasionalmente, histeria de massas, também parecem estar subjacentes ao desenvolvimento de sintomas.