(Ver também Visão geral das doenças sexualmente transmissíveis.)
H. ducreyi é um bacilo Gram-negativo curto e delgado, com extremidades arredondadas.
Cancroide ocorre em raros surtos nos países desenvolvidos, mas é uma causa comum de úlceras genitais em grande parte dos países em desenvolvimento, muitas vezes adquiridas de prostitutas pelos homens. Como outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) que provocam ulceração genital, o cancroide aumenta o risco de transmissão do HIV.
Cada vez mais se percebe que H. ducreyi também causa úlceras cutâneas não genitais em crianças em certos países em desenvolvimento (p. ex., ilhas do Pacífico Sul [1]).
Referência geral
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1. Mitjà O, Lukehart SA, Pokowas G, et al: Haemophilus ducreyi as a cause of skin ulcers in children from a yaws-endemic area of Papua New Guinea: A prospective cohort study. Lancet Glob Health 2:e235–41, 2014. doi: 10.1016/S2214-109X(14)70019-1.
Sinais e sintomas
Após um período de incubação de 3 a 7 dias, aparecem pequenas pápulas dolorosas que rapidamente se rompem e se tornam úlceras rasas, amolecidas, dolorosas, com margens granulares e escavadas (com saliência no tecido) e borda avermelhada. As úlceras variam em tamanho e frequentemente coalescem. Erosão profunda ocasionalmente provoca nítida destruição tecidual.
Os linfonodos inguinais amolecem, aumentam e aglomeram-se, formando um abscesso flutuante (bubão). A pele sobre o abscesso pode se tornar vermelha e brilhante e se romper para formar uma fístula. A infecção pode se disseminar para outras áreas da pele, resultando em novas lesões. Fimose, estenose de uretra e fístula uretral podem ser resultados do cancroide.
Diagnóstico
Suspeita-se de cancroide em pacientes com úlceras genitais ou bubões inexplicados (que podem ser confundidos com abscessos) e naqueles que estiveram em áreas endêmicas. Úlceras genitais com outras causas (ver tabela Diferenciação das lesões genitais sexualmente transmissíveis comuns) podem lembrar cancroides.
Se disponível, uma amostra de pus de um bubão ou exsudato da extremidade de uma úlcera deve ser enviada para um laboratório com recursos para identificar H. ducreyi. Porém, o diagnóstico geralmente baseia-se somente em achados clínicos porque a cultura do organismo é dificultosa (requer meio contendo hemina e albumina e o crescimento é lento) e a identificação microscópica é confundida com flora mista em úlceras. Testes de PCR não estão disponíveis comercialmente, mas várias instituições têm testes aprovados altamente sensíveis (98,4%) e específicos (99,6%) para H. ducreyi. O diagnóstico clínico apresenta baixas sensibilidade (53 a 95%) e especificidade (41 a 75%).
Sorologias para sífilis e HIV e cultura para herpes devem ser realizadas para excluir outras causas de úlceras genitais. Entretanto, a interpretação dos resultados desses testes é complicada pelo fato de que as úlceras genitais decorrentes de outras condições podem estar coinfectadas por H. ducreyi.
Tratamento
O tratamento do cancroide deve ser iniciado imediatamente, sem esperar pelos resultados dos exames. É recomendado um dos seguintes:
Se não for possível realizar exame laboratorial para cancroide, os pacientes tratados de outras causas de úlceras genitais devem ser tratados com esquemas de antibióticos que também abranjam cancroide. O tratamento de pacientes com coinfecção por HIV em particular com esquemas de dose única, pode ser ineficaz. Nesses pacientes, as úlceras podem exigir até 2 semanas para curar, e linfadenopatia pode desaparecer de forma mais lenta.
O mais seguro, no caso de bubões, é fazer aspiração, para diagnóstico, ou incisão, para alívio sintomático, em associação à terapêutica antimicrobiana eficaz.
Deve-se examinar e tratar parceiros sexuais se tiveram contato sexual com o paciente durante os 10 dias antes do início dos sintomas do paciente.
Deve-se testar sífilis e HIV em 3 meses nos pacientes com cancroides.