(Ver também Introdução a infecções do trato urinário.)
As bactérias podem entrar na bexiga durante a inserção do cateter, através do lúmen da sonda ou ao redor da parte externa da sonda. Ocorre o desenvolvimento de um biofilme ao redor da parte externa da sonda e no uroepitélio. As bactérias penetram nesse biofilme, que as protege mecanicamente contra o fluxo de urina, das defesas do hospedeiro e dos antibióticos, dificultando a eliminação das bactérias. Mesmo com cuidados assépticos meticulosos durante a inserção do cateter, a chance de desenvolvimento de bacteriúria significativa a cada dia é de 3 a 10%. Dentre os pacientes que desenvolvem bacteriúria, 10 a 25% desenvolvem sintomas de ITU. Poucos desenvolvem sepse.
Os fatores de risco de ITU incluem duração da sondagem, sexo feminino, diabetes melito, abertura de um sistema fechado, e técnicas assépticas subótimas. Cateteres vesicais de demora também predispõem à ITU fúngica.
A infecção das vias urinárias podem se desenvolver em mulheres durante os dias após a remoção do cateter.
Sinais e sintomas
Pacientes com ITUAC podem não ter alguns dos sintomas típicos de infecções do trato urinário (disúria, frequência), mas podem reclamar que sentem a necessidade de urinar ou desconforto suprapúbico. Mas esses sintomas de ITU do trato inferior também podem ser causados pela obstrução do cateter ou desenvolvimento de cálculos vesicais. Sintomas de pielonefrite aguda ou crônica podem também se desenvolver sem a presença de sintomas urinários típicos. Pacientes podem apresentar sintomas inespecíficos como mal-estar, febre, dor no flanco, anorexia, estado mental alterado e sinais de sepse.
Diagnóstico
O teste só é feito em pacientes que podem exigir tratamento, incluindo aqueles com sintomas, e pacientes com alto risco de desenvolver sepse, como
Os testes diagnósticos incluem exame de urina e cultura. Caso se suspeite de bacteremia, realizam-se hemoculturas. Devem ser feitas culturas de urina, preferencialmente depois da substituição do cateter (para evitar que bactérias colonizem a cultura), então diretamente por punção da sonda com agulha, tudo feito com técnica asséptica, minimizando a contaminação da amostra.
Em mulheres que retiraram a sonda, recomenda-se que sejam submetidas a cultura de urina em 48 h independentemente do surgimento de sintomas.
Tratamento
Pacientes assintomáticos de baixo risco não são tratados. Pacientes sintomáticos e alto risco são tratados com antibióticos e medidas de suporte. O cateter deve ser substituído quando o tratamento começa. A escolha do antibiótico empírico é a mesma que para pielonefrite aguda. Às vezes, vancomicina é acrescentada ao regime. Subsequentemente, os antibióticos com o espectro mais estreito de atividade, com base na cultura e testes de sensibilidade, devem ser utilizados. A duração ideal não está bem estabelecida, mas 7 a 14 dias são razoáveis em pacientes que tiveram uma resposta clínica satisfatória, incluindo o desaparecimento das manifestações sistêmicas.
Mulheres e homens assintomáticos com remoção recente de sonda e que apresentem ITU diagnosticada por cultura de urina devem ser tratados de acordo com os resultados da cultura. A duração ideal do tratamento não é conhecida.
Prevenção
As medidas mais eficazes para prevenção são evitar a sondagem e remover a sonda o mais rapidamente possível. Também reduzem o risco a otimização da técnica asséptica e a manutenção de um sistema fechado de drenagem. A frequência e mesmo quando trocar rotineiramente os cateteres são desconhecidos. Cateterismo intermitente tem menos riscos do que o uso de um cateter permanente e deve ser usado sempre que possível. A profilaxia antibiótica e cateteres revestidos com antibióticos não são mais recomendados para pacientes que exigem cateteres de demora a longo prazo.
Pontos-chave
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O uso prolongado de cateteres urinários de demora aumenta o risco de bacteriúria, embora a bacteriúria geralmente seja assintomática.
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A ITU sintomática pode se manifestar com sintomas sistêmicos (p. ex., febre, estado mental alterado, diminuição da pressão arterial) e nenhum ou poucos sintomas típicos de ITU.
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Fazer exame e cultura de urina se os pacientes tiverem sintomas ou estiverem com risco de sepse (p. ex., por causa de imunocomprometimento)
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Tratar de forma semelhante a outras infecções do trato urinário complicadas.
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Sempre que possível, evitar o uso de cateteres ou removê-los na primeira oportunidade.