É a drenagem de líquido através da orelha. Ela pode ser serosa, serossanguinolenta ou purulenta. Os sintomas associados podem incluir otalgia, febre, prurido, vertigem Tontura e vertigem Tontura é um termo impreciso, usado, muitas vezes, por pacientes para descrever várias sensações relacionadas, incluindo Desmaios (uma sensação de síncope iminente) Visão turva Sensação de desequilíbrio... leia mais , zumbido Zumbido Zumbido, tinido ou acufeno é um ruído no ouvido. É experimentado por 10 a 15% da população. Zumbido subjetivo é percepção do som, na ausência de um estímulo acústico e é ouvido apenas pelo paciente... leia mais e perda auditiva Perda auditiva Em todo o mundo, cerca de meio bilhão de pessoas (quase 8% da população mundial) tem perda auditiva (1). Mais de 10% das pessoas nos EUA têm algum grau de perda auditiva que compromete sua comunicação... leia mais .
Etiologia da otorreia
As causas da otorreia podem ser provenientes do meato acústico externo, da orelha média ou da calota craniana. Certas origens tendem a se manifestar de forma aguda em razão da gravidade de seus sintomas ou condições associadas. Outros costumam ter um curso mais indolente, crônico, mas, às vezes, se manifestam de forma aguda (ver tabela Algumas causas de otorreia Algumas causas de otorreia ).
Em geral, as causas mais comuns são
Otite média crônica Otite média (supurativa crônica) A otite média crônica supurativa é uma supuração persistente, crônica (> 6 semanas) através de perfuração da MT. Os sintomas incluem otorreia nã... leia mais
(com perfuração do tímpano, colesteatoma, ou ambos)
Os casos mais graves são otite externa necrosante Mastoidite A mastoidite é a infecção bacteriana das células aéreas da mastoide, que normalmente ocorre após otite média aguda. Os sintomas incluem vermelhidão, sensibilidade... leia mais e tumores malignos da orelha.
Avaliação da otorreia
História
A história da doença atual em pacientes com otorreia deve abranger a duração dos sintomas e se são recorrentes. Achados associados significantes incluem dor, prurido, hipoacusia, vertigem e zumbido. Os pacientes são questionados sobre atividades que podem afetar o canal auditivo ou a membrana timpânica (p. ex., natação, uso de cotonetes ou outros objetos, uso de gotas otológicas). Traumatismo craniano suficiente para ocasionar uma fístula liquórica é relatado prontamente.
A revisão dos sistemas deve buscar sintomas de deficit de par craniano e sintomas sistêmicos sugerindo granulomatose com poliangiite Granulomatose com poliangiite (GPA) A granulomatose com poliangiite é caracterizada por inflamação granulomatosa necrosante, vasculite de pequenos e médios vasos e glomerulonefrite necrosante focal, geralmente... leia mais (p. ex., rinorreia, tosse, artralgia).
A história clínica deverá questionar quanto doenças otológicas conhecidas, cirurgias prévias (particularmente timpanostomia para tubo de ventilação) e diabetes ou imunodeficiência.
Exame físico
Começa com a aferição dos sinais vitais e pesquisa de febre.
A orelha e as regiões adjacentes (sobretudo o processo mastoideo) são inspecionadas para descartar hiperemia e edema. A palpação do pavilhão auricular e do trago é importante para verificar piora da dor. O conduto auditivo é examinado com ajuda de um otoscópio; o aspecto da secreção e a presença de lesões no conduto, tecido de granulação e corpos estranhos podem ser vistos. Edema e secreção podem dificultar a visão de todo o conduto (a lavagem não deve ser utilizada em caso de perfuração timpânica), mas, quando possível, a membrana timpânica é examinada quanto inflamação, perfuração, distorção e sinais de colesteatoma (p. ex., debris em conduto auditivo, massas polipoides em membrana timpânica).
Caso o conduto externo esteja gravemente edemaciado (por ex., casos de otite externa grave) ou exista otorreia volumosa, a aspiração cuidadosa pode permitir exame adequado e também o tratamento tópico (p. ex., aplicação de gotas otológicas, com ou sem curativo externo).
Os pares cranianos devem ser testados. A mucosa nasal é examinada quanto às lesões granulares aumentadas e a pele é inspecionada quanto às lesões vasculíticas; ambas podem sugerir granulomatose com poliangiite Granulomatose com poliangiite (GPA) A granulomatose com poliangiite é caracterizada por inflamação granulomatosa necrosante, vasculite de pequenos e médios vasos e glomerulonefrite necrosante focal, geralmente... leia mais .
Sinais de alerta
Os achados a seguir são particularmente preocupantes:
Traumatismo craniano recente
Qualquer disfunção de par craniano (incluindo perda de audição neurossensorial)
Febre
Eritema do tecido da orelha ou periauricular
Diabetes ou imunodeficiência
Interpretação dos achados
A otoscopia geralmente pode diagnosticar membrana timpânica perfurada Perfuração traumática da membrana timpânica A perfuração traumática da membrana timpânica pode causar dor, otorragia, perda auditiva, zumbido e vertigem. O diagnóstico baseia-se na otoscopia. O tratamento quase... leia mais , otite média externa Otite externa (grave) Otite externa é uma infecção grave da pele do canal auditivo, geralmente causada por bactérias (Pseudomonas é mais comum). Os sintomas incluem dor, secreç... leia mais , corpo estranho Obstruções da orelha externa O canal auditivo pode ser obstruído por cerume, objeto estranho ou inseto. Podem resultar em coceira, dor e perda auditiva condutiva temporária. A maioria das causas de obstruç... leia mais ou outras fontes descomplicadas de otorreia. Alguns achados são altamente sugestivos (ver tabela Algumas causas da otorreia Algumas causas de otorreia
). Outros achados são menos específicos, mas indicam um problema mais grave que envolve mais do que um distúrbio localizado da orelha média ou externa:
Vertigem e zumbido (distúrbio da orelha interna)
Deficits de pares cranianos (distúrbio envolvendo a base do crânio)
Eritema e sensibilidade nas orelhas, tecidos circundantes, ou ambos (infecção significativa)
Exames
Muitos casos de otorreia são esclarecidos após avaliação clínica.
Se a fístula liquórica está em questão, a secreção pode ser testada para glicose ou beta-2-transferrina; essas substâncias estão no líquido cerebrospinal, mas não em outros tipos de secreção.
Pacientes sem etiologia óbvia no exame requerem um audiograma, TC do osso temporal ou RM com gadolínio. Quando há granulação no canal auditivo, deve-se considerar a biópsia se a avaliação clínica e a TC não forem claramente sugestivas de colesteatoma.
Tratamento da otorreia
O tratamento é direcionado à causa da otorreia. Muitos médicos não tratam suspeita de fístula liquórica com antibióticos sem diagnóstico definitivo, pois fármacos podem mascarar o início de meningite.
Pontos-chave
Otorreia aguda em paciente sem problemas crônicos do sistema auditivo ou imunodeficiência é provavelmente o resultado de otite externa ou otite média supurada.
Otite externa grave pode necessitar de referência para a especialidade, para limpeza mais extensa e possível colocação de curativo.
Pacientes com sintomas auditivos crônicos ou recorrentes (diagnosticados ou não), achados de alterações dos pares cranianos ou sintomas sistêmicos devem ser encaminhados ao especialista.