Cerca de dois terços dos bebês conseguem dormir a noite toda regularmente até os 6 meses de idade. Mais tarde, nos primeiros anos de vida, as crianças podem ter períodos de despertar noturno, geralmente quando estão doentes ou há uma mudança na rotina. Conforme as crianças vão crescendo, a quantidade de sono com movimento rápido dos olhos (REM) aumenta, e é durante essa fase do ciclo de sono que ocorrem os sonhos, incluindo os pesadelos.
As famílias variam em suas atitudes sobre as crianças dormirem com os pais e outros hábitos de sono, e diferentes culturas variam em suas atitudes sobre os hábitos de sono também. Especialistas recomendam que os bebês durmam no mesmo quarto que os pais, mas não na mesma superfície de dormir, como uma cama (cama compartilhada). Acredita-se que compartilhar a cama ou uma superfície de dormir aumenta o risco de morte infantil relacionada ao sono, como a síndrome da morte súbita infantil (SMSI). É importante que os pais sejam francos um com o outro sobre suas preferências em relação ao sono, de maneira a evitar o estresse e o envio de mensagens contraditórias para seus filhos.
Para a maioria das crianças, os problemas do sono são intermitentes ou temporários, e geralmente não precisam de tratamento.
(Consulte também Considerações gerais sobre problemas comportamentais em crianças.)
Pesadelos
Pesadelos são sonhos assustadores que ocorrem durante o sono REM. As crianças que estão tendo pesadelos podem despertar completamente e podem se lembrar vivamente dos detalhes do sonho.
Pesadelos não são motivo de preocupação, a menos que ocorram com muita frequência. Eles podem ocorrer com mais frequência em momentos de estresse ou depois que uma criança assiste a um filme ou programa de televisão com conteúdo assustador ou violento. Se os pesadelos ocorrerem com frequência, os pais podem manter um diário das atividades da criança durante o dia antes de um pesadelo ocorrer, particularmente perto da hora de dormir, para ver se eles conseguem identificar a causa.
Terrores noturnos e sonambulismo
Terrores noturnos são episódios de despertar incompleto com ansiedade extrema que geralmente ocorrem nas primeiras horas após adormecer. Eles ocorrem no sono não REM (NREM) e são mais comuns em crianças com três a oito anos de idade.
Durante um terror noturno, a criança grita e parece assustada, apresenta frequência cardíaca acelerada, sudorese e respiração rápida. A criança parece não estar ciente da presença dos pais, pode se debater violentamente, não responder ao reconforto e pode falar, mas ser incapaz de responder a perguntas. As crianças não devem ser acordadas, pois isso as deixa ainda mais assustadas. Em geral, a criança volta a dormir após alguns minutos. Diferentemente do que ocorre no caso dos pesadelos, a criança não consegue recordar detalhes desses episódios. Terrores noturnos são dramáticos porque a criança grita e pode ficar inconsolável durante o episódio.
Cerca de um terço das crianças com terrores noturnos pode também apresentar sonambulismo (levantar-se da cama e caminhar pela casa aparentemente durante o sono). Cerca de 13% das crianças até cerca de 10 anos de idade têm pelo menos 1 episódio de sonambulismo.
Terrores noturnos e o sonambulismo quase sempre cessam sem tratamento, mas episódios podem ocorrer ocasionalmente durante anos. Em geral, nenhum tratamento é necessário, mas caso um destes distúrbios persista durante a adolescência ou idade adulta e seja grave, pode ser necessário tratamento. Às vezes, a criança que precisa de tratamento para terrores noturnos se beneficia com um sedativo ou determinados antidepressivos. No entanto, estes medicamentos são fortes e podem causar efeitos colaterais.
O sono é às vezes perturbado pela síndrome das pernas inquietas, e algumas crianças, especialmente aquelas que apresentam agitação e ronco, podem sofrer de apneia obstrutiva do sono. O médico pode recomendar suplementos de ferro para crianças com síndrome das pernas inquietas, mesmo que não tenham anemia por deficiência de ferro, e podem sugerir uma avaliação para apneia do sono em crianças que apresentam agitação e ronco.
Resistência a ir dormir
As crianças, especialmente entre um e dois anos de idade, com frequência resistem a ir dormir por causa da ansiedade de separação, enquanto crianças mais velhas podem estar tentando controlar aspectos do seu ambiente. Crianças pequenas choram quando deixadas sozinhas no berço ou saem dele para procurar seus pais.
Outra causa comum de resistência à hora de dormir é o atraso da hora de dormir. Essas situações surgem quando se permite que as crianças fiquem acordadas até tarde e durmam até mais tarde do que o normal. Se isso acontecer por um número suficiente de noites, o relógio interno da criança pode ser reajustado para uma hora de dormir mais avançada. Adiantar a hora de dormir em alguns minutos a cada noite é a melhor maneira de redefinir o relógio interno; mas, se necessário, um tratamento de curto prazo de medicamentos de venda livre para ajudar a dormir, como melatonina ou um anti-histamínico, pode ajudar a criança a reajustar seu relógio.
Quando os pais ficam muito tempo no quarto para confortar ou tirar as crianças da cama, a resistência para ir para a cama pode piorar. De fato, esses comportamentos dos pais reforçam o despertar noturno, no qual as crianças tentam reproduzir as condições nas quais adormeceram. Para evitar esses problemas, o pai ou a mãe pode precisar se sentar em silêncio no corredor, à vista da criança, e certificar-se de que ela fique na cama. A criança então estabelece então uma rotina de adormecer sozinha e aprende que sair da cama não é algo encorajado. A criança também aprende que os pais estão disponíveis, mas não oferecerão mais histórias ou brincadeiras. A criança acaba se acalmando e vai dormir. Fornecer à criança um objeto de apego (como um ursinho de pelúcia) é, com frequência, útil. Uma pequena luz noturna, ruído branco ou ambos podem ser reconfortantes. Alguns pais podem achar útil para estabelecer limites dando à criança um “passe de sono” que pode ser convertido em um período de tempo fora da cama.
O despertar durante a noite
Todas as pessoas despertam diversas vezes durante a noite. A maioria das pessoas, no entanto, em geral volta a adormecer por conta própria. As crianças com frequência apresentam episódios repetidos de despertares noturnos após uma mudança, uma doença ou outro evento estressante. Os problemas do sono podem piorar quando as crianças tiram longas sonecas no final da tarde ou são hiperestimuladas por brincadeiras antes da hora de dormir. O sono é às vezes perturbado pela síndrome das pernas inquietas, e algumas crianças, especialmente aquelas que apresentam agitação e ronco, podem sofrer de apneia obstrutiva do sono. O médico pode recomendar suplementos de ferro para crianças com síndrome das pernas inquietas, mesmo que não tenham anemia por deficiência de ferro, e podem sugerir uma avaliação para apneia do sono em crianças que apresentam agitação e ronco.
Permitir à criança dormir com os pais devido ao despertar noturno reforça o comportamento. Brincar ou alimentar a criança durante a noite ou repreender ou punir a criança por acordar durante a noite também são medidas contraproducentes. Levar a criança de volta para a cama com simples palavras tranquilizadoras é, em geral, mais eficaz.
Uma rotina da hora de dormir que inclua ler uma história curta, oferecer uma boneca ou cobertor preferido e usar uma pequena luz noturna (para crianças com mais de três anos de idade) é, com frequência, útil. Para diminuir a probabilidade de a criança despertar, é importante que as condições e o local onde a criança desperta durante a noite sejam os mesmos daqueles da hora na qual ela adormece. Assim, mesmo que seja permitido que uma criança deite em outro local (por exemplo, em outro quarto com seus pais), a criança não deve ter adormecido completamente quando colocada no berço ou na cama.
Os pais e outros cuidadores devem tentar manter a mesma rotina todas as noites, para que a criança aprenda o que esperar. Caso as crianças estejam com boa saúde física, deixar que elas chorem por alguns minutos frequentemente permite que elas se acalmem por si mesmas, o que diminuirá o despertar noturno. No entanto, chorar muito é contraproducente porque os pais podem sentir a necessidade de quebrar a rotina e ninar a criança para ela voltar a dormir.
Alguns pais de crianças entre 3 e 10 anos de idade podem achar útil um relógio de luz vermelha/verde. O relógio é colocado no quarto da criança, onde ela pode vê-lo. A luz verde é determinada pelos pais e indica à criança quando é aceitável sair da cama.
Mais informações
Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.
