A ereção persistente (priapismo) consiste numa ereção anormal, persistente e dolorosa que não é acompanhada de desejo sexual nem de excitação. É mais comum em meninos de 5 a 10 anos de idade e em homens de 20 a 50 anos. (Consulte também Considerações gerais sobre sintomas do trato urinário.)
O pênis é composto por três espaços cilíndricos (cavidades) de tecido através dos quais o sangue pode passar (chamado de tecido erétil). As duas maiores cavidades, os corpos cavernosos, localizam-se lado a lado. A terceira cavidade (o corpo esponjoso) circunda a uretra e termina na extremidade com formato de cone do pênis (glande). Quando essas cavidades se enchem de sangue, o pênis fica maior e rígido (ereto). Os músculos, então, se enrijecem ao redor das veias da virilha, evitando que o sangue saia do pênis e mantendo-o ereto.
Priapismo isquêmico
A maioria dos casos de ereção persistente envolve um problema no fluxo sanguíneo para fora do pênis. O sangue volta, evitando que sangue novo, rico em oxigênio, entre no pênis. Como resultado, o pênis pode ficar sem oxigênio. Este quadro clínico é conhecido como priapismo isquêmico ou priapismo de baixo fluxo. Dor intensa ocorre se uma ereção durar mais do que quatro horas. O pênis pode estar ereto enquanto a glande pode estar macia. O priapismo prolongado pode causar disfunção erétil ou mesmo a morte do tecido peniano.
Priapismo recorrente é uma forma periódica de priapismo isquêmico em que os episódios de ereção se alternam com períodos em que o pênis não está ereto.
Priapismo não isquêmico
Menos comum, o priapismo é devido a um fluxo sem controle do sangue no pênis. Tal fluxo sanguíneo anormal normalmente resulta de uma lesão em uma artéria na área da virilha. O priapismo não isquêmico também é conhecido como priapismo de alto fluxo. É menos doloroso do que o priapismo isquêmico e não leva à morte do tecido. O pênis fica ereto, mas não totalmente rígido. A disfunção erétil subsequente é muito menos comum do que no priapismo isquêmico.
Causas
O priapismo provavelmente resulta de anormalidades dos vasos sanguíneos, glóbulos vermelhos ou nervos que fazem o sangue ficar preso no tecido erétil do pênis. Algumas vezes os médicos não são capazes de determinar a causa do priapismo.
Causas comuns
As causas diferem com base na idade.
Em homens, a causa mais comum é
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Medicamentos para tratar a disfunção erétil
Os medicamentos tomados para causar uma ereção, incluindo aqueles tomados via oral (avanafila, sildenafila, tadalafila e vardenafila) e aqueles injetados no pênis (por exemplo, alprostadil) podem causar priapismo.
Em meninos, as causas mais comuns são
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Distúrbios sanguíneos (por exemplo, anemia falciforme e, menos comumente, leucemia)
Causas menos comuns
Avaliação
As informações a seguir podem ajudar as pessoas a saber quando procurar um médico e o que esperar durante a avaliação.
Sinais de alerta
Quando consultar um médico
O que o médico faz
Os médicos primeiramente fazem perguntas sobre os sintomas e histórico médico e, em seguida, realizam um exame físico. O que eles identificam no histórico e exame físico frequentemente sugere uma causa para o priapismo e os exames que podem ser necessários (consulte a tabela Algumas causas e características do priapismo).
Os médicos perguntam
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Há quanto tempo a ereção está presente
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Se há dor
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Se houve uma lesão no pênis ou na área da virilha
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Se há quadros clínicos (como anemia falciforme) que possam causar o priapismo
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Que medicamentos foram tomados, incluindo medicamentos para disfunção erétil e drogas recreativas
Embora os médicos foquem no exame físico dos genitais para detectar sinais de lesão ou câncer, também examinam o abdômen e realizam um exame de toque retal. Os médicos também podem realizar um exame neurológico para verificar sinais de distúrbio da medula espinhal.
Some Causes and Features of Priapism
Causa |
Características comuns* |
Exames |
Medicamentos para disfunção erétil (como alprostadil, papaverina, fentolamina, avanafila, sildenafila, tadalafila ou vardenafila) |
Priapismo doloroso em homens que tomaram um desses medicamentos imediatamente antes do priapismo ter começado |
Somente exame médico |
Drogas recreativas (como anfetaminas e cocaína) |
Priapismo doloroso Se anfetaminas ou cocaína foi a causa, agitação e ansiedade |
Exame médico Ocasionalmente triagem de drogas |
Outros medicamentos (como anticoagulantes, certos medicamentos antidepressivos, anti-hipertensivos, medicamentos psicoestimulantes, antipsicóticos, corticosteroides ou lítio) |
Priapismo doloroso em meninos ou homens em tratamento de um distúrbio |
Somente exame médico |
Distúrbios sanguíneos (como leucemia, mieloma múltiplo, anemia falciforme ou traços ou talassemia) |
Em meninos ou jovens, frequentemente de descendência africana ou mediterrânea |
Um hemograma completo Exames de sangue para verificar hemoglobina anormal (eletroforese de hemoglobina) |
Câncer de próstata que se espalhou para as áreas próximas à próstata ou qualquer câncer que tenha se espalhado para os genitais |
Em homens com mais de 50 anos que apresentam piora dos sintomas, indicando que a abertura da bexiga para a uretra (saída da bexiga) está bloqueada (como um jato de urina fraco, dificuldade para começar a micção e gotejamento ao final da micção) Algumas vezes, sangue na urina |
Exames de sangue para medir o nível de antígeno específico da próstata TC ou RM |
Distúrbios da medula espinhal, como estreitamento do canal espinhal (estenose da medula espinhal) ou compressão da medula espinhal |
Fraqueza ou entorpecimento das pernas Retenção de urina ou perda incontrolável de urina (incontinência urinária) ou de fezes (incontinência fecal) |
RM ou TC da medula |
Lesão de uma artéria |
Priapismo moderadamente doloroso e levemente rígido Em homens que sofreram uma lesão recente no pênis ou na área da virilha |
Ultrassonografia duplex do pênis (ultrassonografia que mede o fluxo sanguíneo e mostra a estrutura dos vasos sanguíneos através do qual o sangue flui) Angiografia (radiografia dos vasos sanguíneos) RM |
*As características incluem os sintomas e os resultados do exame médico. As características mencionadas são típicas, mas nem sempre estão presentes. |
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TC = tomografia computadorizada; RM = ressonância magnética. |
Exames
A necessidade de exames depende do que os médicos encontram no histórico e no exame físico. Frequentemente, o tipo de priapismo (isquêmico ou não isquêmico) e a causa são óbvios, como o uso de um medicamento para tratar a disfunção erétil. Se não estiver claro se o priapismo é isquêmico ou não isquêmico, os médicos podem tirar uma amostra de sangue do pênis para testar a presença de oxigênio e outros gases (medição de gás do sangue arterial). Ultrassonografia duplex do pênis (ultrassonografia que mede o fluxo sanguíneo e mostra a estrutura dos vasos sanguíneos através do qual o sangue flui). Esses exames ajudam a diferenciar o priapismo isquêmico do não isquêmico. A ultrassonografia também pode apresentar os padrões de fluxo sanguíneo no priapismo e as anormalidades anatômicas que contribuem para o priapismo. Se a causa ainda não for óbvia, os médicos fazem exames para verificar distúrbios sanguíneos e infecções do trato urinário. Os exames incluem
A eletroforese de hemoglobina é um exame de sangue para verificar a presença de hemoglobina (a proteína que transporta o oxigênio nos glóbulos vermelhos) anormal, como ocorre na anemia falciforme.
Como alguns meninos e homens podem ficar constrangidos em admitir que usam drogas recreativas, os médicos algumas vezes fazem a triagem de drogas. Em determinadas situações, uma ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) também é feita.
Tratamento
Medidas simples que podem ser tomadas imediatamente incluem aplicar gelo, subir escadas ou ambos. Entretanto, o priapismo é uma emergência. O tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, de preferência por um urologista em um pronto-socorro.
Os médicos prescrevem para os meninos e homens que sentem dor significativa um remédio para a dor (analgésico). Outras medidas normalmente são necessárias se o priapismo for isquêmico. Após o entorpecimento do pênis com anestesia local, os médicos podem injetar no pênis um medicamento que faz com que os vasos sanguíneos que transportam o sangue para o pênis se estreitem (por exemplo, fenilefrina), diminuindo o fluxo sanguíneo para o pênis e fazendo o inchaço diminuir. Os médicos também podem retirar sangue do pênis com o uso de uma agulha e seringa (aspiração). Retirar o sangue ajuda a reduzir a pressão e o inchaço. Algumas vezes os médicos também lavam as veias do pênis com solução de água e sal (salina) para ajudar a remover o sangue pobre em oxigênio ou coágulos sanguíneos.
Essas medidas podem ser repetidas. Se ainda assim não tiverem êxito, os médicos podem criar um desvio cirúrgico. Um desvio é uma passagem cirurgicamente inserida no pênis para desviar o fluxo de sangue e permitir que a circulação no pênis volte ao normal.