Medicamentos antipsicóticos

PorMatcheri S. Keshavan, MD, Harvard Medical School
Revisado porMark Zimmerman, MD, South County Psychiatry
Revisado/Corrigido: modificado jul. 2025
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A psicose diz respeito a sintomas tais como delírios, alucinações, pensamento e fala desorganizados e movimentos corporais bizarros e inadequados (incluindo a catatonia), que indicam que a pessoa perdeu o contato com a realidade. Existem várias doenças mentais que causam os sintomas da psicose; consulte Introdução à esquizofrenia e transtornos relacionados.

Os medicamentos antipsicóticos podem ser eficazes no sentido de reduzir ou eliminar sintomas de psicose. Embora os medicamentos antipsicóticos sejam os mais frequentemente receitados para tratar a esquizofrenia, eles parecem ter eficácia no tratamento desses sintomas, independentemente de serem originados por esquizofrenia, mania, demência ou pelo uso de substâncias, como anfetaminas. (Consulte a tabela Medicamentos antipsicóticos.)

Depois que os sintomas imediatos tiverem desaparecido e dependendo da causa da psicose, é possível que a pessoa precise continuar tomando medicamentos antipsicóticos para reduzir a probabilidade de apresentar episódios futuros.

Como funcionam os medicamentos antipsicóticos

Os medicamentos antipsicóticos modificam a forma como são transmitidas as informações entre as células individuais do cérebro.

Estima-se que cérebro adulto seja formado por mais de 86 bilhões de células nervosas, denominadas neurônios. Cada neurônio no cérebro tem apenas uma única fibra longa, denominada axônio, que transmite informações para outros neurônios (consulte a figura Estrutura típica de um nervo). Cada neurônio estabelece contato com outros milhares de neurônios, como fios ligados entre si num grande painel de operações telefônicas.

A informação viaja para baixo pelo axônio da célula, como um impulso elétrico. Quando o impulso atinge a extremidade do axônio, libera-se uma quantidade mínima de uma substância química específica, denominada neurotransmissor, a fim de passar informações para a célula seguinte. Um receptor da célula detecta o neurotransmissor, o que faz com que a célula receptora gere um novo sinal.

Os sintomas de psicose parecem ser consequência de uma atividade excessiva das células sensíveis aos neurotransmissores dopamina e serotonina. Assim, os medicamentos antipsicóticos bloqueiam os receptores, de modo que a comunicação entre grupos de células fica reduzida.

O modo pelo qual os diversos medicamentos antipsicóticos bloqueiam os diversos tipos de neurotransmissores varia. Todos os medicamentos antipsicóticos regulam os níveis de dopamina. Os medicamentos antipsicóticos de segunda geração (tais como asenapina, clozapina, iloperidona, lurasidona, olanzapina, quetiapina, risperidona e ziprasidona) também bloqueiam os receptores da serotonina, que é outro neurotransmissor. Os antipsicóticos mais recentes, tais como a xanomelina, atuam através de seus efeitos sobre a acetilcolina.

A clozapina, que também bloqueia muitos outros receptores, é evidentemente o medicamento mais eficaz para tratar sintomas psicóticos. Porém, ela é pouco usada devido aos seus efeitos colaterais sérios e à necessidade de monitoramento com exames de sangue.

Tipos de medicamentos antipsicóticos

Os medicamentos antipsicóticos são divididos em 3 classes:

  • Antipsicóticos de primeira geração (antigos, convencionais, tradicionais)

  • Antipsicóticos de segunda geração (atípicos)

  • Medicamentos antipsicóticos mais modernos

Atualmente, aproximadamente 95% dos antipsicóticos receitados nos Estados Unidos são antipsicóticos de segunda geração. Os medicamentos antipsicóticos de segunda geração podem aliviar sintomas positivos (como alucinações), sintomas negativos (como falta de emoções) e comprometimento cognitivo (como redução do desempenho mental e da atenção). No entanto, as pesquisas não sabem ao certo se eles de fato causam um alívio maior dos sintomas que os medicamentos antipsicóticos de primeira geração, mas as pessoas têm mais propensão a tomá-los porque eles têm menos efeitos colaterais sérios e, às vezes, são menos caros do que os antipsicóticos de primeira geração.

A clozapina, o primeiro medicamento antipsicótico de segunda geração, é eficaz em até cinquenta por cento das pessoas que não respondem a outros medicamentos antipsicóticos. No entanto, devido a efeitos colaterais graves, ele é geralmente usado apenas em pessoas que não apresentaram resposta a outros medicamentos antipsicóticos.

Alguns antipsicóticos de primeira e segunda geração estão disponíveis na forma de preparados injetáveis de ação prolongada que precisam ser administrados somente uma vez a cada um ou dois meses. Esses preparados são úteis para muitas pessoas, incluindo as que não podem tomar medicamentos por via oral de maneira confiável todos os dias.

Antipsicóticos com novos modos de ação estão sendo atualmente estudados e estão se tornando disponíveis.

Tabela
Tabela

Efeitos colaterais dos medicamentos antipsicóticos

Os medicamentos antipsicóticos causam efeitos colaterais significativos, que podem incluir

  • Sonolência

  • Rigidez muscular

  • Tremores

  • Ganho de peso

  • Inquietação

A discinesia tardia é um transtorno do movimento involuntário hiperativo que pode ser causada pelo uso crônico de medicamentos antipsicóticos. Existe uma maior probabilidade de ela ocorrer com medicamentos de primeira geração que com os de segunda geração. A discinesia tardia é caracterizada pela contração dos lábios e da língua ou contorções dos braços ou das pernas. A discinesia tardia pode persistir mesmo depois de a pessoa parar de tomar o medicamento. Não há tratamento eficaz para os casos em que há persistência da discinesia tardia, embora os medicamentos clozapina ou quetiapina ocasionalmente ofereçam algum alívio aos sintomas. No entanto a valbenazina tem demonstrado ser eficaz em melhorar os sintomas da discinesia tardia. As pessoas que precisam tomar medicamentos antipsicóticos por longos períodos devem receber acompanhamento a cada 6 meses para detectar a presença de sintomas de discinesia tardia.

Os medicamentos antipsicóticos de segunda geração têm um risco significativamente menor de causar discinesia tardia, rigidez muscular e tremores que os antipsicóticos de primeira geração. No entanto, alguns desses medicamentos causam um aumento de peso significativo. Alguns também aumentam o risco de apresentar síndrome metabólica. Nessa síndrome, a gordura se acumula no abdômen, o nível de triglicérides (um tipo de gordura) no sangue aumenta, os níveis de colesterol de alta densidade (HDL, o colesterol “bom”) são baixos e a pressão arterial é alta. Além disso, a insulina tem menos eficácia (um quadro clínico denominado resistência à insulina), o que aumenta o risco de apresentar diabetes tipo 2. A clozapina pode causar convulsões ou uma supressão potencialmente fatal da atividade da medula óssea (que inclui a produção de glóbulos brancos). Assim, recomenda-se às pessoas que tomam clozapina nos Estados Unidos que façam exames semanais de contagem de glóbulos brancos durante, no mínimo, os primeiros 6 meses para que a administração da clozapina possa ser interrompida no primeiro indício de que o número de glóbulos brancos está baixo.

A síndrome neuroléptica maligna é um efeito colateral raro, porém potencialmente fatal, dos medicamentos antipsicóticos. Ela é caracterizada por rigidez muscular, febre, hipertensão arterial e alterações na função mental (como confusão e letargia).

A síndrome do QT longo é uma disritmia cardíaca potencialmente fatal que pode ser causada por vários tipos de antipsicóticos das duas classes. Esses medicamentos incluem a tioridazina, o haloperidol, a olanzapina, a risperidona e a ziprasidona. As pessoas que tomam esses medicamentos são monitoradas por meio de eletrocardiografia.

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