Autolesão não suicida (ALNS)

PorChristine Moutier, MD, American Foundation For Suicide Prevention
Revisado/Corrigido: jul 2023
Visão Educação para o paciente

Autolesão não suicida é um ato autoinfligido que causa dor ou dano superficial, mas não pretende causar morte.

Embora os métodos utilizados às vezes se sobreponham àqueles de tentativas de suicídio (p. ex., cortar os pulsos com navalha), autolesão não suicida é distinta de suicídio porque os pacientes não pretendem que os atos sejam letais. Os pacientes podem afirmar especificamente a falta de intenção, ou a falta pode ser inferida pela utilização repetida de métodos claramente não letais. Apesar da falta de letalidade imediata, o risco a longo prazo de tentativas de suicídio e consumação de suicídio é maior e, portanto, a autolesão não suicida não deve ser menosprezada.

Exemplos mais comuns de autolesão não suicida incluem

  • Cortar ou perfurar a pele com um objeto pontiagudo (p. ex., faca, navalha, agulhas)

  • Queimar a pele (tipicamente com cigarro)

Os pacientes muitas vezes se autolesionam várias vezes em uma única sessão, criando múltiplas lesões no mesmo local, normalmente em áreas facilmente ocultáveis, mas acessíveis (p. ex., antebraços, frente das coxas). O comportamento é muitas vezes repetido, resultando em padrões extensos de cicatrizes. Os pacientes muitas vezes se preocupam com pensamentos sobre os atos lesivos.

A autolesão não suicida tende a começar no início da adolescência (1). As taxas dos estudos populacionais gerais são semelhantes entre homens e mulheres. A história natural não está clara, mas o comportamento parece diminuir após a idade adulta jovem. A prevalência também é alta em grupos criminosos, que tendem a ser compostos predominantemente por homens.

As motivações para autolesão não suicida não estão claras, mas autolesão pode ser

  • Uma maneira de reduzir a tensão ou sentimentos negativos

  • Uma maneira de resolver dificuldades interpessoais

  • Autopunição por supostos erros

  • Um pedido de ajuda

Alguns pacientes veem a autolesão como uma atividade positiva e, portanto, tendem a não procurar nem aceitar aconselhamento.

A autolesão não suicida é muitas vezes acompanhada de outros transtornos, especialmente transtorno de personalidade borderline, transtorno de personalidade antissocial, transtornos alimentares, transtornos por uso abusivo de álcool e substâncias, e autismo.

Referência geral

  1. 1. Klonsky ED, Victor SE, Saffer BY: Nonsuicidal self-injury: What we know, and what we need to know. Can J Psych 59(11):565-568, 2014. doi: 10.1177/070674371405901101

Diagnóstico da autolesão não suicida

  • Exclusão do comportamento suicida

  • Avaliação da autolesão

O diagnóstico da autolesão não suicida deve excluir comportamento suicida.

A avaliação da autolesão não suicida, como para o comportamento suicida, é essencial antes do início do tratamento.

Facilitar a discussão da autolesão com o paciente é essencial para uma avaliação adequada e ajuda os médicos a planejar o tratamento. Os médicos podem facilitar essas discussões fazendo o seguinte:

  • Validar a experiência do paciente comunicando que ouviram o paciente e levam as experiências do paciente a sério

  • Compreender as emoções do paciente (p. ex., confirmar que as emoções e ações do paciente são compreensíveis à luz das circunstâncias do paciente)

A avaliação da autolesão não suicida deve incluir:

  • Determinar que tipo e quantos tipos de autolesão o paciente se infligiu

  • Determinar com que frequência autolesões não suicidas acontecem e por quanto tempo elas vêm ocorrendo

  • Determinar a função da autolesão não suicida para o paciente

  • Verificar transtornos psiquiátricos coexistentes

  • Estimar o risco de tentativa de suicídio

  • Determinar a disposição do paciente a participar do tratamento

Tratamento da autolesão não suicida

  • Certas formas de psicoterapia (p. ex., terapia cognitivo-comportamental, terapia comportamental dialética, terapia de grupo de regulação emocional)

  • Tratamento dos transtornos coexistentes

A terapia cognitivo-comportamental é tipicamente feita como terapia individual ambulatorial, mas também pode ser feita em grupos em um ambiente de internação. A melhora ocorre ajudando uma pessoa a mudar a maneira como ela responde a seus pensamentos automáticos e desvinculando padrões negativos de pensamento-comportamento-humor.

A terapia comportamental dialética envolve terapia individual e em grupo por pelo menos 1 ano. Essa terapia focaliza a identificação e tentativa de mudar os padrões de pensamento negativo e promover mudanças positivas. Visa ajudar os pacientes a encontrar formas mais adequadas de responder ao estresse (p. ex., resistir a impulsos de comportar-se de forma autodestrutiva).

A terapia de grupo de regulação emocional é feita em um ambiente de grupo de 14 semanas. Essa terapia envolve ensinar os pacientes como aumentar a conscientização das suas emoções e fornece habilidades para lidar com elas. A terapia cognitivo-comportamental de regulação emocional ajuda os pacientes a aceitarem as emoções negativas como parte da vida e, dessa forma, a não responder a essas emoções de maneira tão intensa e impulsiva.

Nenhum medicamento foi aprovado para o tratamento de autolesão não suicida. Entretanto, naltrexona e certos antipsicóticos de segunda geração foram eficazes em alguns pacientes (1).

Transtornos psiquiátricos coexistentes (p. ex., depressão, transtornos alimentares, abuso de substâncias, transtorno de personalidade borderline, transtorno bipolar) devem ser tratados de forma adequada. Os pacientes devem ser encaminhados a um médico apropriado conforme necessário.

O cronograma de acompanhamento deve ser programado.

Referência sobre o tratamento

  1. 1. Turner BJ, Austin SB, Chapman AL: Treating nonsuicidal self-injury: a systematic review of psychological and pharmacological interventions. Can J Psychiatry. 2014 Nov;59(11):576-85. doi: 10.1177/070674371405901103

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. Self-Injury & Recovery Resources (SIRR): esse site foi lançado pela Universidade de Cornell em 2003 para abordar o fenômeno emergente da automutilação entre jovens e adultos jovens e acabou produzindo uma série de recursos para instruir leigos e profissionais sobre autolesão não suicida (ALNS), bem como avaliação e ferramentas de recuperação para ajudar no tratamento da ALNS.

quizzes_lightbulb_red
Test your KnowledgeTake a Quiz!
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS