Recém-nascidos pós-termo

PorArcangela Lattari Balest, MD, University of Pittsburgh, School of Medicine
Revisado/Corrigido: nov 2023
Visão Educação para o paciente

Recém-nascido pós-termo é aquele que nasce com ≥ 42 semanas de gestação.

A causa da pós-maturo é geralmente desconhecida, mas parto pós-termo anterior aumenta o risco em 2 a 3 vezes. Pós-maturidade pode ser causada por anomalias que afetam o eixo hipofisário-adrenal fetal (p. ex., anencefalia, hipoplasia da glândula adrenal, hiperplasia adrenal congênita) e por ictiose ligada ao X associada à deficiência de sulfatase placentária.

Fisiopatologia dos recém-nascidos pós-termo

Na maioria dos casos, o crescimento fetal continua até o parto. Mas, em alguns casos, a placenta involui à medida que a gestação avança e múltiplos infartos e degeneração dos vilos se desenvolvem, provocando insuficiência placentária. Nesses casos, o feto não recebe nutrientes e oxigênio adequados da mãe, resultando em um lactente franzino (decorrente da perda de tecido mole), desnutrido com reservas de glicogênio depletadas e maior volume de líquido amniótico. Esses recém-nascidos são dismaturos e, dependendo de quando a insuficiência placentária se desenvolve e da gravidade da doença, eles podem ser pequenos para a idade gestacional. Embora a insuficiência placentária com dismaturidade possa ocorrer em qualquer idade gestacional, é mais comum em gestações que progridem além de 41 a 42 semanas.

Complicações

Recém-nascidos pós-maturos têm maior morbidade e mortalidade do que aqueles nascidos a termo em grande parte por causa de

  • Asfixia perinatal

  • Síndrome da aspiração de mecônio

  • Hipoglicemia neonatal

Asfixia perinatal pode resultar de insuficiência placentária bem como de compressão do cordão umbilical secundária a oligoidrâmnio.

A síndrome da aspiração de mecônio pode ser incomumente grave porque o volume do líquido amniótico é diminuído e, portanto, o mecônio aspirado é menos diluído. Hipertensão pulmonar persistente frequentemente ocorre após aspiração de mecônio.

Hipoglicemia neonatal é uma complicação causada por insuficiência de reservas de glicogênio ou pelo aumento da produção de insulina (mais comumente causada por diabetes materno) no feto. Por causa do metabolismo anaeróbico, o glicogênio armazenado remanescente é rapidamente utilizado, surgindo hipoglicemia exagerada caso tenha ocorrido asfixia perinatal.

Sinais e sintomas dos recém-nascidos pós-termo

Recém-nascidos pós-termos permanecem alertas e parecem desenvolvidos. Eles têm uma quantidade diminuída de massa dos tecidos moles, particularmente gordura subcutânea. A pele pode tornar-se frouxa nas extremidades, sendo frequentemente seca e descamativa. As unhas das mãos e dos pododáctilos são compridas. As unhas, a pele e o cordão umbilical podem estar corados com mecônio impregnado no útero.

Diagnóstico de recém-nascidos pós-termo

  • Idade gestacional e exame físico

Diagnostica-se pós-termo com base na idade gestacional e achados do exame físico do neonato.

As definições de gestação a termo do American College of Obstetricians and Gynecologists são (1)

  • A termo precoce: 37 a 38 6/7 semanas

  • A termo: 39 a 40 6/7 semanas

  • Pré-termo tardio: 41 a 41 6/7 semanas

  • Pós-termo: ≥ 42 semanas

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. ACOG Committee Opinion No 579: Definition of term pregnancy. Obstet Gynecol 122(5):1139-1140, 2013. doi: 10.1097/01.AOG.0000437385.88715.4a

Tratamento de recém-nascidos pós-termo

  • Tratamento das complicações

A melhora do atendimento obstétrico ao longo das últimas duas décadas diminuiu acentuadamente o número de recém-nascidos que nasceram após 41 semanas de gestação, o que também diminuiu a incidência da síndrome da aspiração de mecônio.

Recém-nascidos pós-maturos e dismaturos têm risco de hipoglicemia e devem ser monitorados e tratados adequadamente.

Para recém-nascidos com asfixia perinatal, o tratamento depende da gravidade do processo da doença. Hipotermia terapêutica pode ajudar recém-nascidos com encefalopatia moderada ou grave que apresentaram acidose grave ao nascimento, baixo índice de Apgar em ≥ 5 minutos e/ou necessidade de reanimação prolongada.

Nem a incidência nem a gravidade da síndrome da aspiração de mecônio são reduzidas pela sucção endotraqueal no momento do parto, independentemente da viscosidade aparente do líquido ou nível de atividade do recém-nascido, assim deve-se reservar a entubação endotraqueal para os recém-nascidos que exigem assistência ventilatória ou que parecem ter obstrução das vias aéreas causada por mecônio. Recém-nascidos com a síndrome da aspiração de mecônio podem exigir ventilação assistida; ventilação de alta frequência às vezes é útil. Sedação é frequentemente necessária.

O tratamento com surfactantes não diminui a mortalidade geral, mas reduz a probabilidade da necessidade de tratamento com oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), portanto, utiliza-se com frequência surfactante em recém-nascidos com desconforto respiratório significativo. A ECMO está disponível em relativamente poucos centros neonatais e é geralmente reservada para neonatos ≥ 34 semanas de gestação com insuficiência respiratória hipóxica refratária ao tratamento médico convencional.

Trata-se a hipertensão pulmonar persistente com terapias de suporte e óxido nítrico inalável ou outros vasodilatadores pulmonares.

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