Endometriose

PorJames H. Liu, MD, Case Western Reserve University School of Medicine
Revisado/Corrigido: abr 2022
Visão Educação para o paciente

Na endometriose, as células endometriais funcionai são implantadas na pélvis fora da cavidade uterina. Os sintomas dependem do local dos implantes. A tríade clássica dos sintomas é dismenorreia, dispareunia e infertilidade, mas os sintomas também podem incluir disúria e dor durante a defecação. A gravidade dos sintomas não está relacionada com o estágio da doença. O diagnóstico é visualização direta e às vezes biópsia, geralmente por via laparoscópica. Os tratamentos incluem anti-inflamatórios, fármacos para suprimir a função ovariana e o crescimento do tecido endometrial, ablação cirúrgica e excisão dos implantes endometrióticos e, em casos graves e nenhum plano de gestação, apenas histerectomia ou histerectomia mais salpingo-ooforectomia bilateral.

A endometriose fica confinada à superfície peritoneal ou à superfície serosa dos órgãos pélvicos, geralmente nos ovários, ligamentos largos, fundo de saco posterior e ligamentos uterossacros.

Locais menos comuns incluem tubas uterinas, superfícies serosas dos intestinos delgado e grosso, ureteres, bexiga, vagina, colo do útero, cicatrizes cirúrgicas e, mais raramente, o pulmão, pleura e pericárdio.

Acredita-se que sangramentos decorrentes de implantes peritoneais iniciem a inflamação estéril, seguida por deposição de fibrina, formação de aderências e, com o tempo, cicatrizes que distorcem as superfícies peritoneais dos órgãos, resultando em dor e anatomia pélvica distorcida.

Aprevalência relatada varia, mas é cerca de

  • 6 a 10% em todas as mulheres

  • 25 a 50% em mulheres inférteis

  • 75 a 80% em mulheres com dor pélvica crônica

A média de idade ao diagnóstico é de 27 anos, mas a endometriose também ocorre em adolescentes.

Etiologia e fisiopatologia da endometriose

A hipótese mais amplamente aceita para a fisiopatologia da endometriose é de que as células endometriais são transportadas da cavidade uterina durante a menstruação e subsequentemente se implantam em locais ectópicos. Fluxo retrógrado do tecido menstrual pelas tubas uterinas é comum e pode transportar células endometriais viáveis para as cavidades pélvica e abdominal; o sistema linfático ou circulatório pode transportar as células endometriais viáveis para locais distantes (p. ex., a cavidade pleural).

Outra hipótese é a metaplasia celômica: o epitélio celômico se transforma em glândulas semelhantes às endometriais.

Microscopicamente, os implantes endometriais são constituídos por glândulas e estroma histologicamente idênticos ao endométrio localizado no interior da cavidade uterina. Esses tecidos contêm receptores de estrogênio e progesterona e, portanto, geralmente crescem, diferenciam-se e sangram em resposta a alterações nos níveis hormonais durante o ciclo menstrual; além disso, alguns implantes endometrióticos produzem estrogênio e prostaglandinas. Implantes podem se tornar autossustentáveis ou retroagirem, como pode ocorrer durante a gestação (provavelmente porque os níveis de progesterona são altos). Em última análise, os implantes causam inflamação e aumentam o número de macrófagos ativados e a produção de citocinas pró-inflamatórias.

A maior incidência em parentes de 1º grau de mulheres com endometriose e em grandes estudos com gêmeos (1) sugere que a hereditariedade é um fator.

Em pacientes com endometriose grave e anatomia pélvica distorcida, a taxa de infertilidade é alta, possivelmente porque a anatomia distorcida e inflamação interferem nos mecanismos de captação do óvulo, fertilização de oócitos e transporte tubal.

Algumas pacientes com endometriose mínima e anatomia pélvica normal, também são inférteis; as razões da fertilidade comprometida não estão claras, mas podem incluir:

  • Maior incidência da síndrome do folículo luteinizado não roto

  • Aumento da produção de prostaglandinas peritoneais ou da atividade dos macrófagos peritoneais que pode afetar a fertilização, os espermatozoides e a função dos oócitos

  • Endométrio não receptivo (por causa da disfunção na fase lútea ou outras anormalidades)

Potenciais fatores de risco para endometriose são

  • História familiar de parentes de 1º grau com endometriose

  • Gravidez tardia ou nuliparidade

  • Menarca precoce

  • Menopausa tardia

  • Ciclos menstruais encurtados (< 27 dias) com menstruação intensa e prolongada (> 8 dias)

  • Defeitos do ducto paramesonéfrico (p. ex., remanescente não comunicante do corno uterino, hipoplasia cervical com obstrução da via de saída uterina)

  • Exposição a dietilestilbestrol no útero

Potenciais fatores de proteção parecem ser

  • Partos múltiplos

  • Lactação prolongada

  • Menarca tardia

  • Uso a longo prazo de contraceptivos orais em baixa dose (contínuos ou cíclicos)

  • Exercício regular (especialmente se iniciado antes dos 15 anos, se realizado por > 4 horas/semana, ou ambos)

Referência em relação à etiologia e à fisiopatologia

  1. 1. Saha R, Pettersson HJ, Svedberg P, et al: Heritability of endometriosis. Fertil Steril 104 (4):947–952, 2015. doi: 10.1016/j.fertnstert.2015.06.035 Epub 2015 Jul 22.

Sinais e sintomas da endometriose

A tríade clássica dos sintomas é dismenorreia, dispareunia e infertilidade. Dor pélvica cíclica na linha média, especificamente dor antes ou durante a menstruação (dismenorreia) e durante relação sexual (dispareunia), é típica e pode ser progressiva e crônica (duração > 6 meses). Massas anexiais e infertilidade também são típicas. Cistite intersticial com dor suprapúbica ou pélvica, frequência urinária e incontinência de urgência é comum. Sangramento intermenstrual é possível.

Algumas mulheres com endometriose extensa são assintomáticas; outras com endometriose mínima sofrem dores incapacitantes. Dismenorreia é um importante indicador no momento do diagnóstico, especialmente se começar depois de vários anos de menstruações relativamente sem dor.

Os sintomas muitas vezes diminuem ou desaparecem durante a gestação. A endometriose tende a se tornar inativa após a menopausa porque os níveis de estrogênio e progesterona diminuem.

Os sintomas podem variar de acordo com o local dos implantes.

  • Ovários: os implantes ovarianos podem formar endometriomas (massa cística de 2 a 10 cm localizada em um ovário); um endometrioma pode se romper, causando dor abdominal aguda e sintomas peritoneais

  • Estruturas anexiais: os implantes podem formar aderências anexiais, resultando em massa ou dor pélvica

  • Bexiga: disúria, hematúria, dor suprapúbica ou pélvica (particularmente durante a micção), polaciúria, urge-incontinência ou uma combinação de todos os sintomas

  • Intestino grosso: dor durante a evacuação, distensão abdominal, diarreia ou constipação ou sangramento retal durante a menstruação

  • Estruturas extrapélvicas: A endometriose não pélvica pode causar dor pélvica não específica

O exame pélvico pode ser normal, ou os achados podem incluir útero retrovertido e fixo, ovários maiores ou mais sensíveis, massas ovarianas fixas, septo reto-vaginal engrossado, induração do fundo de saco, nódulos no ligamento uterossacral e/ou massas anexiais. Raramente, podem-se visualizar lesões na vulva, colo do útero, vagina, cicatriz umbilical ou cicatrizes cirúrgicas.

Diagnóstico da endometriose

  • Visualização direta, geralmente durante a laparoscopia pélvica

  • Às vezes, biópsia

Suspeita-se de endometriose com base nos sintomas típicos. É comum confundir o diagnóstico com doença inflamatória pélvica, infecção do trato urinário ou síndrome do intestino irritável. Culturas cervicais e/ou urinárias negativas sugerem a possibilidade de endometriose.

Deve-se confirmar o diagnóstico de endometriose pela visualização direta, geralmente por meio de laparoscopia pélvica, mas algumas vezes também por laparotomia, exame vaginal, sigmoidoscopia ou cistoscopia. Biópsia não é necessária, mas os resultados confirmam o diagnóstico.

A aparência macroscópica (p. ex., lesões claras, vermelhas, azul, marrons, pretas) e o tamanho dos implantes variam durante o ciclo menstrual. Mas, tipicamente, as lesões iniciais são claras ou vermelhas (hemorrágicas). À medida que o sangue nas lesões se oxida, elas se tornam púrpuras e, depois, marrons; então se transformam em manchas marrons azuladas ou purpúreas com > 5 mm que lembram queimaduras por pólvora.

Microscopicamente, glândulas e estroma endometriais costumam estar presentes. Elementos estromais na ausência de elementos glandulares indicam uma variante rara da endometriose chamada endometriose estromal.

Exames de imagem não detectam de forma confiável a endometriose; entretanto, esses exames às vezes mostram a extensão da endometriose e, portanto, podem ser utilizados após o diagnóstico para monitorar a doença e a resposta ao tratamento. Uma ultrassonografia mostrando um cisto ovariano consistente com um endometrioma é altamente sugestiva do diagnóstico. A presença e o tamanho dos endometriomas ovarianos são parte do sistema de estadiamento da endometriose (estádio III: pequenos endometriomas; estádio IV: grandes endometriomas) e a diminuição no tamanho do endometrioma pode evidenciar uma resposta ao tratamento.

Como o tecido endometrial tem um sinal único de RM, a RM está se tornando cada vez mais útil para avaliar pacientes que podem apresentar endometriose (1). RM com ponderação em T1 e T2 pode detectar algumas lesões endometrióticas na pelve, sobretudo lesões maiores. Hemorragia nas tubas uterinas ou em um cisto ovariano sem aumento do fluxo sanguíneo sugere endometriose. Múltiplas áreas profundas e vastas de endometriose indicam endometriose grave (estágio IV).

Nenhum exame laboratorial contribui para o diagnóstico da endometriose.

Dicas e conselhos

  • Considerar endometriose se as pacientes têm dor pélvica cíclica persistente, particularmente se também têm dispareunia ou infertilidade.

Pode-se indicar testes para outras doenças de infertilidade.

Estadiar a endometriose ajuda os médicos a formular um plano de tratamento e avaliar a resposta à terapia. Segundo a American Society for Reproductive Medicine, a endometriose pode ser classificada como estágio I (mínima), II (leve), III (moderada) ou IV (grave), com base em

  • Número, localização e profundidade dos implantes

  • Presença de endometriomas e aderências finas ou densas (ver tabela Estágios da endometriose)

Tabela

O índice de endometriose e fertilidade (IEF) foi desenvolvido para estadiar infertilidade associada à endometriose; esse sistema pode ajudar a prever as taxas de gestação após vários tratamentos. Fatores utilizados na classificação IEF incluem

  • Idade da mulher

  • Número de anos de infertilidade

  • História ou ausência de gestações prévias

  • Classificação de função mínima para ambas as tubas uterinas, fímbrias e ovários

  • Classificações (lesão e total) de endometriose da American Society for Reproductive Medicine

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Guerriero S, Saba L, Pascual MA, et al: Transvaginal ultrasound vs magnetic resonance imaging for diagnosing deep infiltrating endometriosis: systematic review and meta‐analysis. Ultrasound Obstet Gynecol 51 (5):586–595, 2018. doi: 10.1002/uog.18961

Tratamento da endometriose

  • Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para o desconforto

  • Contraceptivos de estrogênio-progesterona

  • Fármacos para inibir a função ovariana

  • Cirurgia conservadora de ressecção ou ablação do tecido endometriótico, com ou sem fármacos

  • Histerectomia total abdominal com ou sem salpingo-ooforectomia bilateral se a doença é grave e a paciente já tiver prole constituída

O tratamento conservador sintomático começa com analgésicos (geralmente AINEs) e contraceptivos hormonais.

Utilizam-se fármacos e cirurgia conservadora principalmente para controlar os sintomas. Na maioria das pacientes, a endometriose reaparece 6 meses a 1 ano depois da interrupção do tratamento, a menos que a função ovariana seja interrompida de maneira completa e permanente. A endometriose também pode recorrer após cirurgia conservadora.

O tratamento cirúrgico conservador da endometriose é excisão ou ablação dos implantes endometrióticos e remoção de aderências pélvicas durante a laparoscopia. Um tratamento mais definitivo deve ser individualizado com base na idade da paciente, sintomas, desejo de preservar a fertilidade e extensão do distúrbio.

Considera-se histerectomia abdominal total com ou sem salpingo-ooforectomia bilateral o tratamento definitivo da endometriose. Ajuda a prevenir complicações e modifica o curso da doença, além de aliviar os sintomas; entretanto, a endometriose pode recorrer.

Terapia medicamentosa

Fármacos que suprimem a função ovariana inibem o crescimento e a atividade dos implantes endometrióticos. Os seguintes costumam ser utilizados:

Só utilizam-se os fármacos a seguir quando as mulheres não podem tomar contraceptivos orais combinados ou quando o tratamento com contraceptivos orais combinados é ineficaz:

  • Progesteronas

  • Agonistas e antagonistas do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH)

  • Danazol

Tabela

Agonistas do GnRH aumentam inicialmente a secreção hipotalâmica de GnRH, mas o uso contínuo então diminui temporariamente a liberação hipofisária do hormônio foliculoestimulante (FSH), resultando em diminuição da produção de estrogênio pelos ovários; entretanto, o tratamento limita-se a 6 meses porque o uso a longo prazo pode resultar em perda óssea. Se o tratamento durar > 4 a 6 meses, pode-se utilizar progesterona ou bisfosfonatos simultaneamente para minimizar a perda óssea. Se houver recorrência da endometriose, será necessário tratar as mulheres novamente.

Elagolix, um antagonista do GnRH, diminui diretamente a secreção de GnRH e, assim, suprime a liberação hipofisária de FSH e a produção de estrogênio pelos ovários. Está disponível em 2 doses diferentes; a dose mais alta está disponível para tratar a dispareunia, bem como outros sintomas da endometriose. O uso a longo prazo pode resultar em perda óssea. Se o tratamento durar > 6 meses, pode-se utilizar progesterona simultaneamente (como terapia de reposição) para minimizar a perda óssea.

Relugolix, antagonista do GnRH, combinado com estradiol 1 mg e noretindrona 0,5 mg, está passando por ensaios clínicos para uso como tratamento primário da endometriose; essa combinação minimiza as ondas de calor e a perda óssea; o uso limita-se a 24 meses porque a possível perda óssea contínua pode ser irreversível.

O danazol, uma droga androgênica sintética e antigonadotrofina, inibe a ovulação. Entretanto, seus efeitos adversos androgênicos limitam o seu uso.

Combinação decontraceptivos hormonais orais cíclicos ou contínuos, administrados após o uso de danazol ou de agonistas do GnRH, podem reduzir a progressão da doença, sendo liberados para mulheres que desejam retardar os planos de uma gestação.

O tratamento medicamentoso não altera as taxas de fertilidade em mulheres com endometriose mínima ou leve.

Cirurgia

Tratam-se os casos moderados a graves de endometriose com maior efetividade por ablação ou excisão do maior número possível de implantes e, ao mesmo tempo, restauração da anatomia pélvica e preservação da fertilidade o máximo possível. Pode-se fazer ablação dos implantes endometrióticos superficiais. Para implantes profundos e extensos, excisão.

As indicações específicas para a cirurgia laparoscópica incluem

  • Dor pélvica moderada a grave que não responde a fármacos

  • Presença de endometriomas

  • Adesões pélvicas significativas

  • Obstrução da trompa uterina

  • Desejo de manter a fertilidade

  • Dor durante a relação sexual

A laparoscopia costuma ser utilizada para remover as lesões; as lesões peritoneais e ovarianas podem ser eletrocauterizadas ou, raramente, vaporizadas ou excisadas a laser. Endometriomas devem ser removidos porque a remoção previne a recorrência de forma mais eficaz do que a drenagem. Após esse tratamento, as taxas de fertilidade são inversamente proporcionais à gravidade da endometriose. Se a ressecção está incompleta, às vezes administram-se agonistas de GnRH durante o período perioperatório, mas não está claro se essa tática aumenta as taxas de fertilidade. A ressecção dos ligamentos uterossacros com eletrocauterização por via laparoscópica ou laser pode reduzir a dor na região mediana da pelve.

Pode-se tratar endometriose retovaginal, a forma mais grave da doença, com os tratamentos usuais para endometriose; entretanto, ressecção ou cirurgia do colon pode ser necessária para prevenir a obstrução do colo.

Deve-se reservar a histerectomia com ou sem conservação ovariana para pacientes com dor pélvica moderada a grave que não querem ter mais filhos e que preferem um procedimento definitivo. Faz-se histerectomia para remover aderências ou implantes que ligam-se ao útero ou fundo de saco.

Se mulheres < 50 anos exigem histerectomia com salpingo-ooforectomia bilateral, deve-se considerar suplementação de estrogênio (p. ex., para prevenir sintomas da menopausa). Além disso, a terapia concomitante e contínua com progesterona (p. ex., 2,5 mg de acetato de medroxiprogesterona por via oral uma vez ao dia) costuma ser recomendada porque, se apenas estrogênio é administrado, o tecido residual pode crescer, resultando em recorrência. Se os sintomas persistirem após a salpingo-ooforectomia em mulheres > 50, pode-se tentar a terapia contínua com progesterona isoladamente (acetato de noretindrona 2,5 to 5 m, acetato de medroxiprogesterona, 5 mg por via oral uma vez ao dia, progesterona micronizada, 100 a 200 mg por via oral ao deitar).

Pontos-chave

  • Endometriose é uma causa comum de dor pélvica cíclica e crônica, dismenorreia, dispareunia e infertilidade.

  • A fase da endometriose não se correlaciona com a gravidade dos sintomas.

  • Confirmar o diagnóstico geralmente por laparoscopia; biópsia não é imperativa, mas pode ajudar no diagnóstico.

  • Tratar a dor (p. ex., com AINEs) e, dependendo dos objetivos de fertilidade das pacientes, geralmente utilizar fármacos que suprimem a função do ovário para inibir o crescimento e a atividade dos implantes endometrióticos.

  • Para endometriose moderada a grave, considerar ablação ou excisão do maior número possível de implantes e, ao mesmo tempo, restaurar a anatomia pélvica normal.

  • Reservar a histerectomia para mulheres que tiveram os filhos desejados ou que preferem um procedimento definitivo.

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